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10 de mai. de 2008

MEIO AMBIENTE E INDIOS NO BRASIL

Como participante do "Grupo Brasil", criado por iniciativa de ex-colega do Centro de Pesquisas do Cacau (na Bahia), o experiente e competente engenheiro agrônomo, pedólogo, Luiz Ferreira da Silva, dei minha contribuição às discussões sobre a causa indígena, escrevendo o ensaio que segue.
GIGA-ZOOLÓGICO HUMANO
Confesso sentir-me obrigado a dizer que em pleno século das esperanças de mudanças, continuamos com as mesmas atitudes de séculos anteriores. Mormente com referência às relações homem-Natureza preocupa-me o fato de que ainda há brasileiros (e muitos) que pensam que vivemos num país com recursos inesgotáveis. E em assim sendo, continuamos, sob a égide governamental, tratando nossos recursos naturais como filho de rico que não sabe (ou nem quer saber!) o que herdou e “torra tudo”. As leis (ah! As Leis) são, só da União, milhares. As nossas leis concernentes ao meio ambiente são tidas como as mais avançadas do mundo. Mas, como disse Tacitus Publius Cornelius, no ano de nascimento de Cristo, "Corruptissima republica, plurimae leges” = Quanto mais leis tem um país, mais corrupto ele é. Por isso, penso que logicamente elas devem existir, mas desacompanhadas como são, de um processo educativo efetivo e eficiente, é de insignificante valia. Empresários e povo, continuam desrespeitando-as, atropelando os direitos alheios, subornando e, entre tantos outros mais desmazê-los, praticando sutil, dissimulada e ardilosamente preconceitos sociais e raciais. Este é o caso dos nossos índios, penso eu. Assim vejamos alguns aspectos.
À medida que avançamos no tempo, as necessidades de qualquer povo, mudam. Seria insanidade negarmos que qualquer índio hoje não deseje ter acesso às facilidades descobertas pelo Homo economicus moderno, como uma boa geladeira para estocar alimentos (produzidos por tecnologia viável, como bem afirma nosso estimado amigo Luiz Ferreira em suas apreciações no Grupo Brasil), televisão para se atualizar, telefonia para comunicar-se nas distâncias deste imenso país, além dos elementos estruturais fundamentais de uma sociedade, como educação, assistência médico-hospitalar, sanitarismo etc. que se constituem no que hoje chamamos de boa qualidade de vida. Ao invés disso, fazemos de conta que estamos preocupados em preservar a cultura indígena e reservamos para eles, espaços gigantescos (confundindo santuário ecológico com terra indígena, segundo o indigenista “Zeca Cabelo-de-Milho”) (observação importante: como ecólogo, e não “ecologista”, odeio este termo “santuário”, que é irreal, utópico mas é a paixão de “ecologistas”, grupo este com o qual NÃO me identifico). De novo cito nosso amigo Luiz Ferreira em seus escritos: “cultura, tradição e folclore, podem ser preservados sem atrasar ninguém”. E de novo cito o Zeca, que acertadamente analisa que “os índios querem se integrar, produzir, ter acesso à informação, estão sedentos de conhecimento” (apud Revista IstoÉ 30/04/2008). Espaço para eles há em excesso: 46% do território do estado de Roraima, ou “mais do que um Portugal”, para se viver na cadeia alimentar primitiva: “plantas naturais crescendo, herbívoros devorando-as e índios predadores comendo os herbívoros e mantendo o equilíbrio ecológico; pois se herbívoros não existissem o planeta Terra seria só mata; e se os índios não existissem, os herbívoros se excederiam em número e devorariam todas as plantas... e se extinguiria a vida na biosfera terrestre”. Ao afirmar isto, sinto-me em plena sala de aula explicando para leigos como funciona este modelo simples de um ecossistema em homeostase, ou equilíbrio dinâmico ... e nada mais do que isso!
Quanto à nossa política indigenista, insiste-se em manter este importante segmento do nosso povo, marginalizado em “giga-zoológicos”.E enquanto a integração não acontece, lá vivem eles praticando igualzinho ao que ocorre no resto do país: corrupção, posse de bens alheios, alcoolismo ... e até infanticídio (tradição cultural deles; omissão nossa). Indiozinho com deformação física, com perna aleijada, não serve para caçar, mas poderia ser um excelente profissional em diversas áreas da sociedade moderna (educação, engenharias, medicina, informática e muitas outras...). Indios adultos são facilmente cooptados a fazer o que não se deve, como plantar maconha, matar seres humanos ... . Pela lei, não se lhes pode imputar responsabilidades. Até quando serão considerados “incapazes”?
Agricultura itinerante, plantios sem técnicas adequadas, contrabando de madeira... são delapidações que nos fazem perder a oportunidade de gerar divisas produtivamente, ganhar “créditos de carbono” e usufruir da rica biodiversidade tropical.
Em termos de avaliação política não é a toa que surgiram expressões brasileiras referentes a político honesto (raríssimo): “esse é tão ruim, que nem parente ele ajuda” e a político desonesto (comuníssimo): “esse rouba mas faz”. Bandalheira: sempre existiu, dizem os “otimistas”, mas se agrava em perpetuidade, digo eu “pessimista”. Nossa “pobre-marionete” do Ministério do Meio Ambiente não tem presença significativa no governo. Sinto mais pena dela do que revolta! Precisaríamos de espaço aqui para descrever as atrocidades cometidas contra nosso maior patrimônio (e o maior do mundo, sem medo de errar): a amazônia.
E os Presidentes da nossa república? Alguém sarcasticamente mostrou a diferença nas obras dos governos anterior e atual: FHC, professor universitário aposentado com 10 anos de trabalho e sociólogo de competência duvidosa disse “Esqueçam o que eu escrevi” e Lula, torneiro-mecânico, nordestino batalhador preocupado com as injustiças sociais disse “Escrevam o que eu esquecí”.
Breno Grisi
(ECÓLOGO; jamais Ecologista)

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