Contribuindo para entendermos a Natureza, respeitá-la e continuarmos vivendo!
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29 de jul. de 2014
ACIDENTE COM PETRÓLEO/ÓLEO NA AMAZÔNIA É PROBLEMÁTICO
Peru: Vazamento de óleo mata toneladas de peixe e afeta saúde
26 de jul. de 2014
PATATIVA-TROPEIRA (Sporophila beltoni) RECÉM-DESCOBERTA E JÁ "NATURALMENTE VULNERÁVEL"!
Ave recém descoberta no Brasil está ameaçada de extinção
Mal foi descoberta e já está em risco: captura de exemplares silvestres para abastecer mercado clandestino de aves agrava a situação do pássaro
[Reproduzido de EXAME.com]
Rio de Janeiro - O patativa-tropeira (Sporophila beltoni), uma nova espécie de ave descrita no final do ano passado no Brasil, está em perigo de extinção, alertaram nesta quinta-feira os biólogos que a estudaram e catalogaram.
"Ela já pode ser considerada globalmente em perigo de extinção", afirmou o biólogo e zoólogo Marcio Repenning da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e um dos autores do artigo científico em que a ave foi apresentada mundialmente, que acrescentou que a captura de exemplares silvestres desta espécie para abastecer o mercado clandestino de aves agrava a situação.
De acordo com a pesquisadora Carla Suertegaray Fontana, também da PUC-RS e co-autora do artigo, a espécie é "naturalmente vulnerável", já que sua população está reduzida a 4.500 casais em idade reprodutiva. A espécie se alimenta de sementes de capins nativos e vive em campos naturais altos e de vegetação densa.
A ave é considerada nativa do Brasil e foi identificada apenas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, assim como em algumas áreas do Cerrado, para onde migram após a reprodução na primavera e no verão.
Ela foi descrita em artigo publicado no final de 2013 no jornal especializado "The Auk" e seu nome científico, Sporophila beltoni, é uma homenagem ao ornitólogo William Belton.
A espécie sempre foi confundida com a Sporophila plumbea, uma ave da família Thraupidae com habitat em vários países sul-americanos e popularmente conhecida no Brasil como patativa. O bico amarelo, no entanto, distingue claramente o patativa-tropeira dos demais.
22 de jul. de 2014
NENHUMA NOVIDADE: SOMEM AS NUVENS E O SATÉLITE REGISTRA DESMATAMENTOS NA AMAZÔNIA
De acordo com o boletim, 27% do desmate ocorreu dentro deUnidades de Conservação. As mais prejudicadas foram a Área de Proteção Ambiental (APA) do Tapajós (68,25 km2), APA Triunfo do Xingu (51,80 km²) e a Reserva Extrativista (Resex) de Jaci Paraná (24,57 km²).
21 de jul. de 2014
INUNDAÇÕES DO RIO PARAGUAI: ALGUMA COISA A VER COM AQUECIMENTO GLOBAL (?)
Impacto de inundação no Paraguai reflete mudança climática, segundo analistas
16 de jul. de 2014
PAPAGAIO-DA-CARA ROXA: RESISTE, APESAR DE AMEAÇADO
A Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental(SPVS) colocou sua equipe em campo para contabilizar a população de papagaios-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), espécie ameaçada de extinção. Durante 3 dias, cerca de 50 pessoas se empenharam para ao fim contar mais de 7 mil indivíduos, distribuídos entre o litoral sul de São Paulo e o litoral norte de Santa Catarina.
O Censo do Papagaio-de-cara-roxa é realizado desde 2003 e funciona da seguinte maneira: pesquisadores e voluntários visitam os dormitórios coletivos dos papagaios, onde os papagaios se concentram para passar a noite. Os dormitórios são ninhos artificiais feitos pela SPVS em locais de ocorrência da espécie, entre o litoral sul de São Paulo e o litoral norte de Santa Catarina. A espécie, endêmica dessa faixa litorânea da Mata Atlântica, vive em bandos e usa os dormitórios para repouso e reprodução. Para contá-los, é preciso ficar posicionado perto dos dormitórios no final do dia e ao amanhecer. As contagens são repetidas quatro vezes em cada dormitório.
Este foi o 12º Censo do Papagaio-de-cara-roxa, que reuniu cerca de 50 pessoas e foi realizado entre os dias 30 de maio e 01 de junho.
O total preciso foi de 7.451 papagaios. No litoral do Paraná foram contabilizados 5.959 aves em seis dormitórios – quase 800 indivíduos a mais na comparação com o ano passado, quando o número foi de 5.160. Já no litoral de São Paulo, a população teve aumento de 62% de um ano para o outro: pulou de 926 para 1.492 indivíduos. Nessa região, foram visitados sete dormitórios localizados na Ilha do Cardoso, Ilha Comprida, Cananeia e Itanhaém.
Mesmo com a boa notícia, a equipe da SPVS segue cautelosa. De acordo com Elenise Sipinski, bióloga e pesquisadora responsável pelo projeto, apesar do aumento nos números, a população ainda é estável. “Para considerarmos um crescimento, os dados precisam ser mantidos durante os anos. O fato de a população não ter diminuído já revela que os esforços para a conservação vêm sendo positivos para a espécie”, afirma.
Segundo a SPVS, a maior área de concentração do papagaio-de-cara-roxa são as unidades de conservação de proteção integral localizadas no litoral paranaense, como o Parque Nacional de Superagui, em Guaraqueçaba, e a Estação Ecológica Ilha do Mel, em Paranaguá. “Foram quatro mil indivíduos registrados no interior dessas unidades, ou seja, quase 70% da população total”, diz Sipinski.
Sem registro
O papagaio-de-cara-roxa só existe na Mata Atlântica, e estima-se que a sua população total seja de 8 mil indivíduos. A espécie é classificada Vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).O dormitório localizado em Guaratuba, Paraná, foi o único dessa edição onde durante três dias nenhuma ave foi encontrada. Para Elenise, o a explicação é a região já ter sido alterada no passado e a espécie alvo de captura. “Voltaremos em breve para nos certificar da situação”, diz.
No litoral de Santa Catarina, área também considerada como de ocorrência da espécie, desde 2011, a equipe vem buscando registros. Para Maria Cecília Abbud, bióloga e integrante do projeto, a “ausência das aves pode indicar a diminuição do habitat da espécie em virtude de alterações do espaço”.
14 de jul. de 2014
2014: ANO LIMITE PARA A "APLICAÇÃO DO PNRS-PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS"
Atualmente, o lixo produzido na região metropolitana do Rio de Janeiro – estimado pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) em cinco mil toneladas de lixo domiciliar e três mil toneladas de lixo coletado nas ruas a cada dia - é enviada ao CRT Santa Rosa, no município de Seropédica. O aterro sanitário, inaugurado em 2011, agora ostenta o título de “maior da América Latina” que outrora pertenceu a Gramacho, mas tem equipamentos mais modernos que o antecessor, como, por exemplo, uma estação de tratamento de chorume (líquido resultante da decomposição do lixo orgânico) que, segundo a SEA, foi inaugurada em 2013.
A escolha de Seropédica, entretanto, também é alvo de críticas. Em sua tese de doutorado, Cícero Pimenteira, pesquisador da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), trata o aterro como “um erro no planejamento estratégico do estado” e lembra que ele está “situado sobre o Aqüífero Piranema e próximo ao rio Guandu, principal responsável pelo abastecimento de água do Rio de Janeiro”.
Sérgio Ricardo vai além: “Está vazando chorume no Aqüífero Piranema, que tem capacidade para abastecer aproximadamente 600 mil pessoas e seria o grande manancial do estado. Uma grande tarefa para o futuro seria preservar o Aqüífero Piranema, mas, em vez disso, o Rio de Janeiro está enterrando lá dez mil toneladas de lixo por dia”, diz.
13 de jul. de 2014
MICROPLÁSTICOS NOS OCEANOS CAUSAM DANOS À VIDA MARINHA
10 de jul. de 2014
GOVERNO DA NAMÍBIA AUTORIZA CAÇA A ELEFANTES RAROS DO DESERTO
8 de jul. de 2014
INCÊNDIOS "OCULTOS" NA AMAZÔNIA: QUEIMA DO SUB-BOSQUE INVÍSIVEL AOS SATÉLITES GRAÇAS ÀS FOLHAGENS DAS ÁRVORES
Incêndios ocultos na Amazônia desafiam cientistas
Thomas Sparrow
[Reproduzido de BBC Mundo, Washington]
De seu escritório no Centro Espacial Goddard, da Nasa, Douglas Morton analisa um fenômeno oculto e danoso na Amazônia.
São incêndios rente ao solo, de baixa intensidade e expansão lenta - meio metro por minuto - mas capazes de manter suas chamas acesas por semanas e destruir áreas consideráveis de selva.
O fogo de sub-bosque (a área mais próxima ao solo) destruiu mais de 85 mil quilômetros quadrados no sul da Amazônia entre 1999 e 2010, segundo a Nasa, o equivalente a quase duas vezes a área do Espírito Santo.
Estes incêndios são um desafio para Morton e seus colegas da agência espacial dos EUA, porque os satélites, usados para detectar chamas muito maiores e mais destrutivas, não identificam facilmente fogo tão próximo do chão.
"A razão por que (os incêndios) são considerados ocultos é que o fogo queima o sub-bosque e a folhagem das árvores bloqueia o sinal do satélite", disse Morton.
Da sede da Nasa no Estado de Maryland, ele combina suas análises remotas com dados recolhidos em visitas a áreas afetadas em países como o Brasil, para onde viaja constantemente.
O uso de satélites
Embora os satélites tenham dificuldade para detectar incêndios que ocorrem sob as copas das árvores, Morton depende deles, pois existem áreas da Amazônia que só são acessíveis com ajuda remota.
"(Estes dados) são realmente importantes para estudar a dinâmica do ecossistema da floresta amazônica", disse.
Para evitar as dificuldades impostas pelas restrições dos satélites, Morton e sua equipe estão recorrendo ao que a Nasa descreveu como "técnica inovadora": ao invés de se concentrar em encontrar incêndios ocultos ativos, o que eles fazem é analisar os danos que eles deixam para trás e a recuperação posterior da área.
Assim, por exemplo, foi possível determinar que em épocas de grande atividade de incêndios ocultos, como os anos de 2005, 2007 e 2010, a área de floresta afetada foi consideravelmente maior do que a área de desmatamento para a agricultura, de acordo com um estudo publicado no ano passado.
A análise também permitiu concluir que os riscos para estes incêndios são particularmente ligados às alterações climáticas: condições específicas de seca, por exemplo, são ideais para estes incêndios se espalharem por grandes áreas.
Por outro lado, os incêndios que estão ligados ao desmatamento, um dos principais problemas na Amazônia, são movidos mais por pressões econômicas, tais como o uso da terra para a agricultura.
"Obviamente, é importante saber onde há incêndios hoje, mas é a informação temporal que nos ajuda a fazer a investigação, a entender como as variações climáticas e as forças econômicas estão mudando os padrões de incêndios", disse.
No ano passado, o governo informou que o desmatamento da Amazônia brasileira aumentou 28% em 12 meses.
Morton tem viajado frequentemente ao Brasil para entender o fenômeno. Sua última viagem à região amazônica foi em 2012, ao Estado do Pará, onde realizou medições na floresta.
Ele diz que o objetivo de suas viagens é vincular o conhecimento local com as observações remotas dos satélites. Assim, espera estudar as variações no uso da terra, as mudanças climáticas e como as pressões econômicas - por exemplo, para a agricultra - estão afetando a atividade dos incêndios.
7 de jul. de 2014
ANTES DA COPA "fuleco" O TATU-BOLA, ERA O TAL! MAS TUDO INDICA QUE SUA SOBREVIVÊNCIA VAI MAL!!!
A FIFA, o Fuleco e o esquecimento do tatu de verdade
*Enrico Bernard biólogo, e professor do Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Pernambuco, onde é responsável pelo Laboratório de Ciência Aplicada à Conservação da Biodiversidade. |
Em 2012, a FIFA e o Governo Brasileiro escolheram o tatu-bola como mascote da Copa. A FIFA determinara que comunicar a importância do meio ambiente e da ecologia era um de seus objetivos para o mundial, e a escolha do tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) parecia perfeita: uma espécie tipicamente brasileira, carismática e cuja forma de bola remetia automaticamente ao futebol. Batizaram-no como Fuleco, junção das palavras futebol e ecologia, nome que embora não tenha agradado ao público brasileiro, reforçava sua mensagem ecológica. Conservacionistas comemoraram, afinal a escolha poderia trazer alguma esperança para a conservação do tatu-bola e de seu principal habitat. Além de toda a atenção da mídia, royalties provenientes da venda da imagem e dos produtos do mascote poderiam ser revertidos para programas de conservação. Através do Fuleco, o tatu tirara a sorte grande, entrando para o tão propagandeado – e hoje mal fadado- "legado da Copa".
Os anos se passaram, a Copa foi se aproximando nem a FIFA e nem o Governo Brasileiro tinham ideia de que esta escolha lhes colocaria em uma grande saia justa. Para entender o comprimento desta saia, é preciso entender primeiro a situação do tatu-bola. A espécie Tolypeutes tricinctus é restrita à caatinga e manchas de cerrado adjacente. Ela aparece na Lista vermelha da IUCN como Vulnerável e a recente revisão da Lista Brasileira de Espécies Ameaçadas de Extinção – a ser publicada em breve- apontará que o seu status na verdade piorou, devendo ser classificada como Ameaçada. Embora não existam estimativas populacionais na natureza, relatos de pesquisadores e moradores locais apontam que a espécie vem desaparecendo de áreas onde antes era abundante, muito em função da caça e da perda da vegetação nativa da caatinga, convertida para carvão ou degradada pelo sobrepastoreio de gado. De fato, a caatinga já perdeu 46% de sua cobertura original, e o restante encontra-se sob forte pressão humana. Para piorar a situação do tatu, a caatinga tem a menor proteção entre os biomas terrestres brasileiros, com cerca de somente 1% na forma de parques e reservas. Além de poucas, as áreas protegidas da caatinga estão em mau estado de conservação, sem orçamento ideal e com "equipes" de apenas um gestor. Em suma, a FIFA e Governo Brasileiro haviam escolhido uma espécie endêmica, ameaçada, típica de um ecossistema pouco protegido, sob forte pressão humana, e sofrendo de problemas ambientais crônicos. Uma escolha delicada.
Mascote relegado
"Como quase todas as obras relacionadas à Copa, o papel esperado para o Fuleco também parecia ter sido superdimensionado." |
Com a aproximação da Copa e a falta de medidas concretas para a conservação do tatu-bola, o que era expectativa se transformou em frustração: a FIFA tinha esquecido seu mascote. Como quase todas as obras relacionadas à Copa, o papel esperado para o Fuleco também parecia ter sido superdimensionado. Havia uma sensação de algo inacabado. O legado parecia negado. Neste cenário de frustração e indignação, eu e cinco colegas, todos apreciadores do bom futebol e pesquisadores ou gestores envolvidos direta ou indiretamente com conservação da caatinga e de seus mamíferos, decidimos expor nossa opinião e fazer algum barulho. Em um artigo publicado na edição de maio da revista científica Biotropica, questionamos o abandono do tatu-bola pelos organizadores da Copa. Provocamos a FIFA e o Governo Brasileiro a honrarem compromissos previamente assumidos, e os desafiamos a assumirem mais alguns. Basicamente destacamos três pontos que se cumpridos pela FIFA e pelo Governo Brasileiro poderiam deixar algum legado de fato para o tatu bola e a caatinga:
1- Honrar com os US$668 milhões em investimentos previstos para os 46 "Parques da Copa", anúncio feito no final de 2011, mas que na prática se transformaram em menos de 2% do valor, e para apenas um terço destes parques.
2- Expandir a área protegida de caatinga com a criação de um parque para o tatu-bola. E aproveitando o clima de competição, desafiamos a FIFA e o Governo Brasileiro a assumirem uma meta ambiciosa: 1.000 hectares de caatinga declarados protegidos para cada gol marcado durante a Copa.
3- Acelerar a conclusão e publicação do Plano de Ação para a Conservação do Tatu-bola, pondo fim a uma espera de quase 20 anos por um plano formal para retirar esta espécie da lista de ameaçadas.
A menos de um mês da Copa, e contando com uma excepcional cobertura de mídia – confesso que muito maior do que poderíamos imaginar- nosso desafio rapidamente estava estampado pelos maiores veículos de comunicação do Brasil e do mundo. Dezenas de jornais e sites estampavam o esquecimento do Fuleco. As redes Facebook e Twitter ajudaram a espalhar nossa mensagem a uma velocidade impressionante. Sites de cyber-ativismo nos procuraram e propuseram que a criação do parque para o tatu-bola se transformasse em campanhas públicas (e enquanto escrevo, uma destas campanhas ultrapassou as 140 mil assinaturas). Recebemos dezenas de mensagens de colegas pesquisadores e conservacionistas nos parabenizando pela iniciativa. A Association for Tropical Biology and Conservation, a maior organização científica do mundo dedicada a assuntos de conservação tropical, transformou nosso desafio em umaresolução oficial, agregando uma voz de peso ao coro que pedia à FIFA e ao Governo Brasileiro ações concretas pela conservação do tatu-bola.
Uma resposta pífia
"Pressionada por uma agência de notícias britânica, que queria um posicionamento, a FIFA simplesmente declarou que a escolha do Fuleco "ajudou a aumentar a consciência sobre o tatu-bola e seu status de espécie vulnerável no Brasil" |
Toda essa cobertura causou uma propaganda bastante negativa para os organizadores da Copa. A situação do Fuleco era agora ainda mais constrangedora. E com todo esse barulho, o que fizeram FIFA e o Governo Brasileiro? Pressionada por uma agência de notícias britânica, que queria um posicionamento, a FIFA simplesmente declarou que a escolha do Fuleco "ajudou a aumentar a consciência sobre o tatu-bola e seu status de espécie vulnerável no Brasil", complementando que seu mascote não seria "usado para promover mensagens ambientais específicas". Já o Governo Brasileiro, talvez preocupado com sua imagem como país anfitrião, acelerou seus trabalhos e anunciou no dia 22 de maio a publicação do Plano de Ação para a conservação do tatu-bola. De fato, entre as 38 ações previstas neste plano está a criação de áreas protegidas específicas para a proteção integral do tatu. A onda positiva repercutiu em outros níveis administrativos, e o Governo do Estado de Pernambuco se solidarizou com o tatu-bola e se comprometeu a criar um parque estadual para proteger a espécie e a caatinga.
Fim do jogo? Vitória? Não. Longe disso. Sabemos que ainda há um longo caminho pela frente até que a situação do tatu-bola possa ser considerada melhor. Sabemos também que a falta de recursos financeiros tem o poder de destruir boas intenções conservacionistas. Executar as ações previstas no Plano de Ação e criar áreas protegidas têm um custo, e o orçamento do Ministério do Meio Ambiente vem sendo reduzido ano após ano. Por isso, o silêncio da FIFA ainda nos incomoda bastante, principalmente considerando o volume de dinheiro envolvido.
Dinheiro sobrando
"94 minutos jogados, ou uma partida dos times mais mal colocados, pagariam o Plano de Ação do Tatu." |
Esta é a Copa mais rentável da história, com um lucro estimado de cerca de 5 bilhões de dólares. Em dezembro a FIFA anunciou a criação de um fundo fiduciário que deverá ser destinado às causas sociais, o World Cup Legacy Trust, com um aporte inicial de 20 milhões de dólares. O valor arrecadado com o licenciamento de produtos do Fuleco até agora não foi divulgado pela FIFA. Tanto o fundo fiduciário quanto os royalties são recursos que poderiam ajudar na criação e implementação dos parques previstos no Plano de Ação do tatu.
Indo mais além, bancar todo o plano de ação não sairia caro para a FIFA. A premiação total na Copa soma US$ 576 milhões. As seleções que ficarem mais mal colocadas (do 17º ao 32º lugares) receberão US$ 8 milhões só por participarem. Fazendo uma conta rápida: se uma seleção fizer apenas três jogos e for desclassificada, e considerando cada partida com 90 minutos, cada minuto jogado vale U$ 29,629.00. O custo total da execução do Plano de Ação para a Conservação do Tatu é de R$ 6,3 milhões (ou cerca de US$ 2.81 milhões). Então, 94 minutos jogados, ou uma partida dos times mais mal colocados, pagariam o Plano de Ação do Tatu. Dona FIFA, não seja mesquinha! Banque o Plano de Ação para a conservação do batu-bola e coroe com um verdadeiro legado ambiental esta Copa que, até aqui, vem sendo um sucesso dentro de campo.
5 de jul. de 2014
"PRESLEY", O MAIS VELHO MACHO DE ARARINHA-AZUL MORRE, AOS 40 ANOS DE IDADE
Aos 40 anos, morre a Ararinha-azul mais velha do mundo
Daniele Bragança - 02/07/14
Há duas semanas morreu Presley, o macho de ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) mais velha do mundo. Com aos 40 anos de idade, Presley foi um dos últimos da espécie que tiveram a sorte de viver uma parte da vida na natureza. Ele foi o exemplo vivo do desastre ambiental perpetuado pelo tráfico de animais silvestres: retirado de seu habitat natural, foi vendido como animal de estimação nos Estados Unidos, até virar alvo de iniciativas oficiais de conservação, que conseguiram trazê-lo de volta ao Brasil (mas não à natureza) 15 anos depois.
Viveu por quase 10 anos na Fundação Lymington − centro de conservação localizado no interior de São Paulo −, onde foram feitas várias tentativas de reprodução em cativeiro, sem sucesso. Em março deste ano, especialistas da Universidade de Giessen, da Alemanha, colheram sêmen de Presley por eletroejaculação. Porém, os espermatozóides tinham problemas morfológicos e de mobilidade, consequência dos problemas cardíacos e idade avançada da ave.
Presley viveu na Fundação até ser internado no Hospital Veterinário da UNESP de Botucatu, em 20 de junho. Já não se alimentava sozinho. Lá, sob cuidados veterinários, morreu no dia 25.
De acordo com a assessoria do Instituto Chico Mendes, a necropsia de Presley foi realizada no Laboratório de Patologia Comparada de Animais Selvagens (LAPCOM), da Universidade de São Paulo, e as células germinativas da ave foram preservadas (conservação de germoplasma) para serem transplantadas em outro macho, que passaria a produzir o esperma de Presley. Esta técnica já foi realizada em outros grupos de aves e é a última tentativa para incorporar o material genético desta ave no grupo das ararinhas-azuis hoje em cativeiro.
"Ele era um dos últimos indivíduos do ambiente natural. Como essa espécie é extinta na natureza, existem poucas matrizes para reprodução. Ele é muito valioso para ampliar a diversidade genética e evitar os cruzamentos entre aparentados", explica Patrícia Serafini, analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisas e Conservação das Aves Silvestres (Cemave/ICMBio).
O ICMBio tem um plano para reintroduzir a espécie de volta no seu habitat. A ararinha-azul está extinta da natureza e só é encontrada em cativeiro.
2 de jul. de 2014
BOAS NOTÍCIAS SOBRE O PERIQUITO-CARA-SUJA
Nova descoberta reforça esperanças para o periquito-cara-suja
Dentre as aves florestais ameaçadas de extinção pela destruição de seu habitat, muitas restam ilhadas em pequenos fragmentos remanescentes de matas maiores, sem boas perspectivas de prosperar devido à consanguinidade. Para outras, a sorte não é melhor, pois são alvos de traficantes da fauna silvestre. Agora, imagine uma ave que sofre com estes dois problemas sobrepostos, acentuados por sua distribuição naturalmente restrita às sensíveis serras verdes (ou parcialmente secas), isoladas pela árida vegetação da Caatinga há milhares de anos. Pois bem, esta ave é o periquito cara-suja (Pyrrhura griseipectus), que permaneceu por 35 anos sem registros comprovados em nenhum lugar além da Serra de Baturité, no Ceará, até que em 2010 foi divulgada no ((o))eco, em primeira mão, sua descoberta em inselbergues no município cearense de Quixadá. A despeito do grau de ameaça em que se encontra, a seleção natural fez do cara-suja uma espécie resistente, pois se reproduz bem e é versátil em sua dieta. Enfim, com o mínimo de nossa ajuda ele pode continuar sua longa existência na terra.