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11 de nov. de 2018

NOVO GOVERNO, NOVA MINISTRA DA AGRICULTURA E...O QUE ACONTECERÁ COM A AMAZÔNIA!?

Tão logo foi indicada a nova Ministra da Agricultura, vem alguém e me pergunta: a Amazônia correrá riscos de devastação?
Sai governo entra governo e a preocupação sempre será crescimento ilimitado; ou seja, agronegócio sempre predominará. “Tal crescimento indiferenciado e ilimitado é considerado essencial por praticamente todos os economistas (exceto Herman Daly) e políticos, apesar  de que nos dias de hoje deveria ser mais do que suficientemente claro que a expansão ilimitada em um planeta finito só pode levar ao desastre”, observação de Fritjof Capra e Pier Luigi Luisi, em sua recente publicação A Visão Sistêmica da Vida. Concordo com esses autores mencionados.
Eis, resumidamente, minha opinião.
Há uma “montanha” de relatos, discussões e vários artigos sobre a problemática da Amazônia.
Eu mesmo já postei um sem número desse material informativo no meu blog ecologiaemfoco. Destaco alguns, que eu, sem nenhum “expertise” sobre os mais de 5 milhões de km2 da Amazônia Legal, considero importantes, pelas informações que já colhi:
1. Todo o gado da Amazônia poderia ser mantido em 1/3 da área hoje com rebanho.
2. Levar cana-de-açúcar e soja para lá, é uma temeridade.
3. A Embrapa Meio Ambiente já destacou que há grandes possibilidades de aumento da produção agropecuária com aplicações tecnológicas disponíveis no Brasil.
4. Recuperação de solos degradados deve ter prioridade de financiamento sobre novas áreas devastadas.
5. Desmatar florestas onde há extrativismo produtivo só porque há grandes extensões de reservas florestais e indígenas, parece ser um tanto quanto estúpido! E também é preciso ver se há necessidade real de destinar novas áreas de floresta para esses fins de preservação; embora seja importante considerar que em solos pobres de nada adianta substituir florestas por cultivo nem pastagem! Em resumo: saber distinguir entre conservação e preservação é crucial.
6. Nunca se deve esquecer de que as chuvas que caem no sudeste e sul do Brasil vêm predominantemente da Amazônia. “Rios voadores” é uma realidade científica:
https://youtu.be/jT0FgvjRthY
7. A consorciação Floresta-Lavoura-Pastagem já é praticada e incentivada  por lei. E vem dando resultados altamente positivos para produção e conservação. Pecuaristas particulares (e não governo!) já comprovam.
8. Comparar extensões de terras cultivadas no Brasil, tendo pouco mais de 200 milhões de pessoas, com China e Índia, cada uma com mais de 1 bilhão... ou mesmo com os Estados Unidos, com 330 milhões... é um equívoco enorme!
Venho acompanhando o andamento de grande parte desse nosso fabuloso patrimônio natural em vários “sites” (amazonia.org; Imazon; INPE; oeco.org...) e nas publicações da Embrapa e na revista Biotaneotropica da FAPESP (nesta é intensivamente contemplado o Novo Código Florestal Brasileiro e seus “pepinos”).
A situação é complexa, mas já temos bons “experts” em lidar com seus amplos temas.
Agronegócio na Amazônia fundamentado na concepção única e exclusiva dos donos do negócio...é assustador!
Oremos!!!

8 de nov. de 2018

1/3 DA VEGETAÇÃO NATIVA DO BRASIL ESTÁ EM ÁREAS POBRES

Reproduzido de O ESTADÃO



Dado faz parte de diagnóstico da biodiversidade apresentado nesta quinta-feira por cientistas brasileiros; relatório procura dar subsídio à tomada de decisões


Um terço da cobertura vegetal nativa do Brasil está concentrada em áreas pobres, que deveriam ser consideradas prioritárias para a conservação de espécies. Esse e outros dados fazem parte de um diagnóstico sobre a biodiversidade do País, apresentado nesta quinta-feira, 8, por cientistas brasileiros. O documento reúne informações para dar subsídio à tomada de decisão de gestores nessa área. 
O Brasil é um dos países mais ricos em biodiversidade do mundo, mas enfrenta desafios. "A situação se agravou nos últimos dez anos. Os principais causadores dessa perda ainda são a mudança do uso da terra, que leva à degradação ambiental, e, mais recentemente, as mudanças climáticas", explica Carlos Joly, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES), responsável pelo documento.  
Nesta quinta-feira, uma versão resumida do 1º Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos foi apresentada no Museu do Amanhã, no Rio. O trabalho, desenvolvido por dezenas de cientistas de diferentes áreas do conhecimento e várias partes do país, se inspira na iniciativa internacional de mapeamento do setor, o Painel Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Ecossistema, coordenado por quatro agências da Organização das Nações Unidas (ONU). 

Pobreza verde

A publicação brasileira compila informações e pesquisas sobre cobertura vegetal, culturas agrícolas, qualidade das águas, além da diversidade cultural do País. Um mapa da "pobreza verde" faz parte da publicação. Com base em um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o mapeamento mostra áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade. 
São 398 municípios que reúnem três características: b aixa renda, alta cobertura vegetal nativa e alta vulnerabilidade às mudanças climáticas. Segundo a pesquisa, mais de um terço (36%) da cobertura vegetal nativa do Brasil se concentra em 7% dos municípios brasileiros - e essas cidades abrigam 22% da população “
 brasileira.
Espalhadas pelos biomas da AmazôniaCerrado Caatinga, as localidades têm um desafio pela frente: tirar suas populações da pobreza mantendo a floresta de pé. "Como as pessoas podem sair da pobreza não às custas da natureza, mas a partir dela? Não tem receita de bolo, mas mostramos opções que talvez precisem ganhar escala", diz o professor da UFRJ Fábio Scarano, que também coordena a BPBES.  
Entre os municípios prioritários, a maior parte deles está localizada na Caatinga - um dos biomas mais destruídos e que, paradoxalmente, recebe menos atenção. Fora da Amazônia, a maioria (62%) dos pontos estratégicos não tem áreas de proteção ambiental, de acordo com a pesquisa.  
“Mesmo biomas que considerávamos pouco alterados, como dos Pampas e da Caatinga, isso na verdade se devia à falta de conhecimento. Eles que estão passando por processos (de alteração) distintos, porque não são formações florestais como a Amazônia e a Mata Atlântica, mas que têm consequências desastrosas do ponto de vista biodiversidade”, diz Joly.  

'Pedra no sapato'

Um dos objetivos do relatório, segundo os pesquisadores, é apresentar a biodiversidade não como uma “pedra no sapato” da economia brasileira, mas como um ativo. Para isso, o estudo também reúne informações sobre oportunidades que advém da diversidade brasileira.  
De acordo com a pesquisa, mais de 245 espécies da flora do País são base de produtos cosméticos e farmacêuticos e ao menos 36 espécies botânicas nativas possuem registro de fitoterápicos. A conservação da biodiversidade tem impacto, ainda, nos cultivos. Das 141 culturas agrícolas analisadas no País, 85 dependem de polinização por animais, de acordo com o documento.  
“É uma coisa sistêmica no Brasil: a biodiversidade, os recursos naturais de modo geral, são tratados como um problema, quando no fundo são a solução”, diz Scarano. Para os pesquisadores, a época, pós-eleições, é propícia à discussão. "Estamos em um momento de renovação de governadores, de boa parte do Congresso Nacional, do governo federal. É a hora de buscar interlocutores, mostrar o trabalho que foi realizado e avançar", diz Joly. 
Procurado na quarta-feira, 7, antes da divulgação oficial do documento, o Ministério do Meio Ambiente informou que não poderia comentar o estudo sem ter conhecimento completo dos dados.