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30 de ago. de 2020

APRENDENDO COM A NATUREZA. BRASIL: UMA HISTÓRIA E MUITAS ESTÓRIAS

 


Subtítulo plausível para esta obra de leitura enriquecedora e agradável, de Eduardo Bueno (publicada em 2010 pela “Texto Editores Ltda., São Paulo, 480 p., ilustrações em cores”; e que comprei em 16/nov/2010 por R$62,91); valeu o investimento e o incentivo à produção cultural brasileira.

Ciclo da borracha. Reporto-me ao Capítulo 15, Brasil Amazônico, desse livro, sendo fiel ao propósito maior do meu blog, ecologiaemfoco.blogspot.com, onde postei: a Natureza e relações antrópicas; e desta feita um “misto quente: história com meio ambiente”. Faço comentários especificamente do tema “Ciclo da Borracha”, em que Eduardo Bueno começa citando Charles Marie de La Condamine, relatando a entrada oficial da borracha no mundo da ciência, em 1743, com as seguintes palavras (p. 176): “A resina chamada cautchu nas terras da província de Quito, vizinhas ao mar, é também muito comum nas margens do Marañon e se presta para os mesmos usos. Quando fresca, pode ser moldada na forma desejada. É impermeável à chuva, mas o que a torna mais notável é sua grande elasticidade. Fazem-se garrafas que não são frágeis, botas, bolas ocas, que se achatam quando apertadas, mas retornam à forma original quando cessa a pressão”. Eduardo Bueno complementa, entre várias outras informações sobre a borracha: “Em poucos anos se tornaria o produto vegetal mais importante e mais cobiçado do planeta, provocando o “boom” econômico que faria Manaus se transformar, quase que da noite para o dia, de aldeia indígena, em capital industrial e recolocando (depois do açúcar e antes do café) o Brasil no mapa econômico mundial”. Esse produto fabuloso, o cao o’chu (árvore que chora), depois batizado de látex, provocou muitas modificações nos usos e costumes da humanidade, tendo participado decisivamente do progresso mundial (depois da invenção dos motores à explosão), pois os pneus dos veículos automotores eram fabricados com o látex da seringueira (Hevea brasiliensis). Participaram dessa arrancada (BUENO, 2010; p. 177) nomes hoje conhecidos como “marcas comerciais”, como os de Charles Goodyear (em 1839 criou a vulcanização, adicionando enxofre à borracha quente), John Dunlop (em 1888, com o pneu de bicicleta), Karl Benz (que em torno de 1885 criara o automóvel movido a gasolina e que ganharia em seguida, pneus de borracha) ...

O apogeu da borracha brasileira. O apogeu da borracha ocorreu entre 1879 e 1912. Em 1880 (continua BUENO, 2010, em sua narrativa), Manaus, com 50 mil habitantes, exportou 12 mil toneladas de borracha para a Europa. A seca no nordeste, de 1877-79 provocara a migração, principalmente de cearenses, para a Amazônia, fazendo com que esses novos seringueiros extraíssem látex de 8 milhões de árvores espalhadas por 3 milhões de quilômetros quadrados (imensa área, considerando-se que naquela época a seringueira existia com certa exclusividade na bacia hidrográfica do rio Amazonas). Mesmo com a taxa de mortalidade “nas alturas”, devido à malária e febre amarela, mas cada seringueiro ganhando da Ford U$5 por hora de trabalho, os seringueiros levaram suas esposas, filhos, tios, tias, sobrinhos... amontoando-se em barracos de caixa de madeira e lona e mesmo sob calor e chuva “iam levando”... até que começa a ocorrer...

A derrocada. Destaco inicialmente o que afirma BUENO (2010; p. 177): “Embora a produção de borracha brasileira viesse a ganhar sobrevida com a eclosão da II Guerra Mundial, a exploração incompetente, cruel e irracional deste extraordinário recurso vegetal acabaria transformando aquele ciclo econômico numa espécie de ópera-bufa”. Esta não me parece ser uma explicação plausível. Vejamos a seguir. E agora duas “estórias” sobre o declínio dos nossos seringais. Primeiramente uma possível “estória pra boi dormir”: ... que os exageros dos barões da borracha, de Manaus, conduziram à falência desse item ímpar, de exportação; depois outra, pior ainda: que os seringueiros “torravam seus ganhos na bebida” e se descuidaram da produção. E agora, não uma “estória”, mas uma história verossímil: o fungo Microcyclus ulei, causador do mal-das-folhas da seringueira (Hevea brasiliensis), é o maior responsável pelo insucesso da heveicultura nas áreas tradicionais de cultivo no Brasil. Isso já me explicava, no início da década dos de 1970, Dr. Paulo Alvim (fitofisiólogo principal da OEA e diretor científico do CEPEC – Centro de Pesquisas do Cacau, Ilhéus-Itabuna, BA): um minúsculo fungo destruiu um projeto econômico de grandes proporções e até um sonho norteamericano, a Fordlândia, uma cidade construída com milhões de dólares em plena selva amazônica, visando explorar borracha para a fabricação de pneus para os carros fabricados pelo maior magnata do mundo, Henry Ford; e que entre 1927 e 1945 tal cidade viveu momentos de glória no estilo norteamericano. Daí veio o fungo, que encontrou condições ideais à sua proliferação, ou seja, cultivos homogêneos da seringueira sem possíveis “inimigos naturais”, num ecossistema onde o equilíbrio natural dinâmico (ou homeostase) foi rompido “sem nenhuma precaução”, transformando tal sonho em pesadelo irreversível. Em 1876 o inglês Henry Wickhamlevara milhares de mudas da seringueira para a  Inglaterra, com a intenção de plantá-las depois na Malásia, que após mais ou menos 30 anos se tornou o maior produtor mundial do látex (hoje, Indonésia e Tailândia são dois outros grandes produtores). Já em 1913 as seringueiras malaias produziram 47 mil toneladas de látex, contra 37 mil toneladas no Brasil.

Lição a se aprender. Espero que tudo isso nos sirva de lição para todas as gerações subsequentes. Muito cuidado com os cultivos homogêneos! Aprender com a Natureza é privilégio dos racionais! Ao Eduardo Bueno (que duvido que leia este “bloguinho”) uma sugestão para inserir a presente historieta (recontada aqui por mim) da derrocada da seringueira ao “Ciclo da Borracha”.



28 de ago. de 2020

MUITO DIFÍCIL CONCORDAR COM A ATUAL POLÍTICA DE CONSERVAÇÃO DA AMAZÔNIA


O mínimo que se espera é efetiva preservação das reservas! 




 Philip Martin Fearnside é um dos cientistas contemplados com o Prêmio Nobel da Paz concedido ao Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC), em 2007. Pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), com sede em Manaus, no Amazonas, ele vive na região amazônica desde a década de 70. Podemos dizer que o norte-americano é uma testemunha viva dos grandes impactos socioambientais que ocorrem na região, como as aberturas de rodovias, entre elas, a Transamazônica (BR-230) e a BR-174, que cortou as terras dos indígenas Kinja (Waimiri Atroari) ao meio e quase dizimou a etnia. Também estudou os impactos das construções das hidrelétricas de Balbina, no Amazonas, Tucuruí Belo Monte, ambas no Pará, Santo Antônio e Jirau, em Rondônia.

Doutor pelo Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, autor de centenas de artigos científicos sobre os desmatamentos, queimadas e mudanças climáticas, Fearnside acompanha a cada ano a chamada “temporada das queimadas” na Amazônia. “Há sinais de que o ano Prodes de 2021, que está iniciando este mês de agosto, pode ser ainda pior”, alerta o pesquisador, que é também colunista da agência Amazônia Real.

O Prodes é o Projeto de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que deste 1988 detecta com muita precisão a taxa de desmatamento anual na região amazônica. No período de 2019 a agosto de 2020 a floresta perdeu 9,2 mil quilômetros quadrados, uma área equivalente a seis vezes o tamanho do município de São Paulo.

Com o aumento dos desmatamentos, as queimadas chegaram ao ápice no mês de julho. Estados como Pará, Amazonas e Mato Grosso, que abrigam a maior parte de florestas nativas do bioma Amazônia, têm respectivamente 30%, 26% e 3% mais focos de calor este ano do que os registrados no mesmo período de janeiro a agosto de 2019. Os dados são do Inpe.

Além do desmonte da política ambiental no governo de Jair Bolsonaro (sem partido), para Philip Fearnside é o discurso do próprio presidente que “encoraja o desmate”. O cientista diz isso porque o governo mantém as tropas federais na região para impedir os desmatamentos. Já proibiu a queimada da floresta pela agropecuária, mas nada parece mudar. As Forças Armadas estão na área sob o comando do vice Presidente general Hamilton Mourão. À frente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, o militar tem sido cobrado pelos empresários do agronegócio por causa do aumento dos desmatamentos, pois países que importam os produtos do setor ameaçam boicotar o Brasil por causa da política anti ambientalista de Bolsonaro e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles

Para Fearnside, com a pandemia do novo coronavírus o momento ficou mais crítico na Amazônia e o “governo precisa reconstruir tudo que foi desmontado na área ambiental e depois fortalecer esta área mais ainda”. Sobre Salles, o cientista é taxativo: “precisa [Bolsonaro] trocar imediatamente o ministro do meio ambiente por uma pessoa com compromisso com a área ambiental”, diz. Leia toda a entrevista em


https://amazonia.org.br/2020/08/amazonia-em-chamas-20-precisa-trocar-imediatamente-o-ministro-do-meio-ambiente-diz-cientista-do-ipcc-sobre-ricardo-salles/

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27 de ago. de 2020

GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA

Mais uma atualização, com novos termos e algumas correções ortográficas.

 https://1drv.ms/b/s!AlSvfvbpbplfsUPmZoKE1PoXVMtY



23 de ago. de 2020

RESISTÊNCIA DA NATUREZA: TEM LIMITES ÀS MÁS AÇÕES ANTRÓPICAS

 Nas proximidades do extremo oriental do Brasil, na ponta do Cabo Branco, pedras soltas colocadas na beira-mar, ações  de escavadeira sobre as poças de marés (fotos abaixo) e medidas duvidosas de proteção à orla marítima, causam preocupações a todos na cidade de João Pessoa-PB.

Eu tenho documentado, com fotos e vídeos, desde 2004, o que vem ocorrendo com a preservação da falésia do Cabo Branco. Nos vídeos abaixo, destinados a meus alunos na disciplina Estudos de Impactos Ambientais, eu procuro enfatizar que nosso primeiro ato de preservação é observar como a Natureza resiste ao vai e vem das marés!

Efetuar o enrocamento nos pontos desprotegidos da base da falésia, utilizando rochas grandes, seria uma medida que, a meu ver, reforçaria sua proteção natural. No topo da falésia, onde passa uma via asfaltada próxima à sua borda, fazem-se necessárias modificações corretivas, principalmente no que diz respeito à condução das águas pluviais. Trepidação causada por veículos pesados, precisa ser evitada. Quanto à proteção da orla com calçada, acredito que a colocação de gabiões confeccionados com cabos e arames galvanizados, surtiriam efeito protetor da referida orla. Contanto que tais gabiões recebessem manutenção!

Em resumo, acredito ser melhor “proteger-se do mar, do que atacá-lo”.

1º vídeo: pontos resistentes e pontos frágeis da falésia:

https://youtu.be/cuuN7hORW38

2º vídeo: fotos evidenciando resistência natural da falésia:

https://youtu.be/Q7zrbCJN2pQ




18 de ago. de 2020

QUEIMADAS NA AMAZÔNIA: MEIOS INEFICIENTES PARA CONTÊ-LAS!!!

 Reproduzido de:


https://amazonia.org.br/2020/08/amazonia-em-chamas-20-queimadas-consomem-arvores-e-animais-no-sul-do-amazonas/



A intensidade dos incêndios florestais só é possível observar do alto. Imagens registradas pelo sobrevoo realizado pela agência Amazônia Real, entre os dias 9 e 12 de agosto, mostram as queimadas avançando e árvores como seringueiras e castanheiras, e outras espécies com mais de 40 metros de altura, em chamas. Cenas desoladas, como de carcaças de animais carbonizados – como cobras, tamanduás e cotias – que tentaram fugir do fogo na floresta também foram registradas pela agência Amazônia Real.

Brigadistas do PrevFogo, grupo vinculado ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), tentam desde julho apagar as queimadas na região de Apuí, o município do sul do Amazonas mais afetado pelo fogo em 2020. Esta região do estado enfrenta a maior pressão de frentes de desmatamentos, grilagem de terra, exploração madeireira e avanço de agronegócio e da pecuária.