Caros leitores: é uma lástima que tenhamos que baixar nossas cabeças e nos submetermos à "genialidade" dos nossos congressistas, que ignorando todo o conhecimento científico que se desenvolve neste país, por suas sólidas instituições de pesquisa (Universidades, Embrapa, INPA e alguns outros órgãos de pesquisa brasileiros...), aprovou (nesta "primeira fase") a MUTILAÇÃO do Código Florestal brasileiro.
A mídia, por sua vez, divide-se, entre um comentário inteligente feito pela economista Miriam Leitão (postagem anterior deste blog) e um comentário submisso à classe produtora inconsequente do jornalista Joelmir Beting, na Band.
Vejam, abaixo, minha mensagem a essa emissora de televisão, que enviei hoje:
Prezados senhores da equipe de notícias/jornalismo da Band:
Sempre acompanhei o Band News e o Terra Viva. Sempre confiei em ambos, principalmente pela imparcialidade.
Venho observando no entanto, a forte tendência dessa importante emissora formadora de opinião, em nível nacional, em contemplar favoravelmente em seus comentários diários a MUTILAÇÃO que querem executar no Código Florestal Brasileiro. Um pequeno exemplo: os comentários de hoje pelo jornalista Joelmir Behting favorável a essa mutilação aprovada pela Câmara Federal, encerrou-se com a frase: ..."os produtores rurais precisam e o Brasil merece"... Ou algo parecido!
É uma lástima. Pode ser muito duro, afirmar isso, mas é a verdade: Este respeitável comentarista não sabe nada a respeito de meio ambiente. Não tem nenhuma percepção sobre o que seja necessário para se manter o país como grande produtor de alimentos. Nem tampouco que não se deve, em hipótese alguma, desmatar margens de rios nem encostas e topos de morros.
Postei informações sobre isso em meu blog de ecologia: www.ecologiaemfoco.blogspot.com. Neste blog os senhores verão meu perfil.
E nesta oportunidade ofereço-me para dar umas "aulinhas" ao digníssimo jornalista (e demais colegas, do Terra Viva, caso desejem) sobre o PORQUÊ de não se perpetrar tal mutilação no Código Florestal. Dou aulas sobre Ecologia de Ecossistemas e Economia Ambiental.
Observações finais: 1) Esta é uma questão de responsabilidade social, simplesmente porque: desenvolvimento sustentável social é precedido pelo desenvolvimento sustentável econômico, que por sua vez fundamenta-se (fatalmente) no desenvolvimento sustentável ecológico. Este é o primeiro capítulo das "aulinhas". 2) Vou divulgar esta mensagem no "ecologiaemfoco".
Respeitosamente,
Breno Grisi
MSc Ecologia (USP)
PhD em Ecologia (Universidade de Essex, Inglaterra)
Pós-doutor (Rothamsted Experimental Station, Inglaterra)
Ex-Professor da UFBA
Ex-Pesquisador Adjunto da CEPLAC, Bahia.
Professor Aposentado da UFPB (atualmente, em Universidades particulares, em João Pessoa, PB)
Autor de vários artigos de pesquisa em diversos ecossistemas e agrossistemas brasileiros (e da Ingalterra)
Autor do "Glossário de Ecologia e Ciências Ambientais"
Contribuindo para entendermos a Natureza, respeitá-la e continuarmos vivendo!
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26 de mai. de 2011
9 de mai. de 2011
MUTILAÇÃO DO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO: UMA AVALIAÇÃO IMPORTANTE DE UMA ECONOMISTA
Transcrevi este artigo da economista Míriam Leitão (articulista dos jornais O Globo, Diário de Pernambuco...) sobre a mutilação inconsequente que nossos legisladores pretendem executar neste mês de maio.
Para os leitores que por acaso ainda sintam dificuldade em entender a relação “vegetação abundante / água sempre presente”, anexei vídeo da TV Globo, denominado CERRADO: NASCENTES DE 8 BACIAS”.
Olho no Futuro (Míriam Leitão)
Esta semana o Brasil pode tomar uma decisão que vai afetar as futuras gerações. O país tem diante de si muitas dúvidas, mas já tem uma certeza: até agora, errou muito. O Código Florestal não é sobre o conflito entre produtores rurais e ambientalistas, é sobre os erros do passado, as chances e riscos do futuro. O debate tem sido medíocre.
O fotógrafo brasileiro e global Sebastião Salgado passou os últimos anos olhando o presente do futuro num projeto chamado Gênesis, que lembra o passado mais inicial. Fotografa o que resta de protegido na Natureza. Essa ideia surgiu quando voltou para a fazenda em que cresceu no interior de Minas, Aimorés. Tudo árido, desmatado, morros pelados, erosões. Nada lembrava a vida cheia de verde que ele tinha visto na infância. Ele começou a replantar. Mil, duas mil, um milhão de mudas de espécies nativas. A água, que havia secado, brotou de novo; as árvores cresceram, voltaram animais, pássaros. A mulher do fotógrafo e autora do projeto, Lélia Salgado, quando me contou o momento da descoberta da água retornada, se emocionou.
Os produtores pensam estar protegendo seus interesses quando defendem anistias e leis que aceitam mais desmatamento. Podem estar secando seus rios, revoltando os leitos que vão mostrar suas fúrias nas tempestades, minando o solo, que vai secar, desabar ou se partir nas crateras da erosão. Podem estar contratando o acirramento de fenômenos climáticos extremos que destruirão suas terras, plantações e a economia do país.
O dilema que está diante de nós é maior do que temos visto. O Brasil é ao mesmo tempo um dos maiores produtores de alimentos do mundo, o país com a maior diversidade biológica do planeta, um dos grandes reservatórios de água. Como é possível conciliar a abundância das chances que temos? Há países que administram a escassez. Temos sorte.
Os ruralistas disseram que querem mais terra para plantar. Com a produção deles, o Brasil garante a balança comercial, aproveita a alta das commodities, acumula reservas cambiais, entra em todos os mercados como o primeiro do mundo em muitos produtos. Os produtores são parte do nosso sucesso como país. Os ambientalistas dizem que o país já destruiu demais. Foram 333 mil km2 na Amazônia nos últimos 20 anos (11 Bélgicas, quase uma vez e meia o território do Reino Unido). Além disso, reduziu a quase nada a Mata Atlântica, é insensível ao Cerrado, ameaça o Pantanal, despreza a Caatinga. Os ambientalistas são parte do nosso melhor projeto. Os cientistas fizeram um grupo de trabalho, reuniram mentes brilhantes, estudaram profundamente e fizeram um relatório que alerta para os riscos de o país escolher mais desmatamento. Foram ignorados e disso deram ciência ao país. A Agência Nacional de Águas (ANA) ouviu os técnicos e avisou: sem a cobertura vegetal, vamos perder água; o elemento da vida que está ficando cada vez mais escasso. A agência foi ignorada como se chovesse no molhado.
No meio dessa complexidade, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) escolheu apequenar seu campo de visão e viu apenas um dos lados do polígono. Não entendeu que esses são conflitos não antagônicos, para usar uma linguagem que talvez ele ainda tenha de memória. É preciso ver toda essa diversidade. Escolhendo ouvir só os produtores de visão estreita, ele pode estar revogando os interesses mais permanentes dos próprios produtores. Sem proteção do meio ambiente não haverá água, sem água não haverá produção. Sem meio ambiente não há agronegócio. Os interesses são mais convergentes do que parecem.
Os produtores têm razão em reclamar que a lei mudou no meio do caminho em alguns pontos. Olhar esses pontos com sinceridade é necessário. A ANA lembrou as políticas de incentivo ao desmatamento e as alterações de tópicos da lei e separou o que o projeto misturou: "Quem agiu de boa fé" e "quem comprovadamente gerou passivo ambiental." O projeto mistura tudo quando anistia quem desmatou até 22 de julho de 2008. O texto como foi escrito estatiza os custos e privatiza o lucro.
Os cientistas alertam que uma pequena alteração feita no texto representa um risco imenso. Se a mata em torno dos rios tiver que ser calculada a partir da menor calha, e não das bordas maiores, os rios da Amazônia que enchem e encolhem ao longo do ano podem perder 60% da sua proteção.
A ANA – Agência Nacional de Águas, a Academia Brasileira de Ciências e a SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência avisam que não se deve mudar o código. A tarefa é aprimorar a lei e melhorar a implementação. A ideia de que uma lei deve ser jogada fora porque muitos não a respeitaram é estranha. Ela não foi entendida nem pelo governo que a baixou em 1965, mas para nossa sorte ela ficou atual. Protege áreas frágeis da erosão e dos deslizamentos. Protege rios e mananciais de água. Cria a obrigação de cada proprietário reservar uma parte da sua terra para a vegetação natural. Está em sintonia com o tempo da mudança climática que já está entre nós.
A oposição desistiu do futuro; o governo decidiu escolher o menos pior. Erram os dois. O sensato é querer o melhor. Olhar para as exigências que o planeta nos faz para as próximas e decisivas décadas. Entender como aumentar a produção conservando os ativos. Fazer mais com cada hectare de terra da agricultura e da pecuária. Tirar mais informação da biodiversidade que recebemos por herança. Não se deve votar com olhos paroquiais. É pelo porvir que se vota, congressistas. Leis não são mudadas para apagar o crime do passado, mas para garantir o melhor futuro.
Para os leitores que por acaso ainda sintam dificuldade em entender a relação “vegetação abundante / água sempre presente”, anexei vídeo da TV Globo, denominado CERRADO: NASCENTES DE 8 BACIAS”.
Olho no Futuro (Míriam Leitão)
Esta semana o Brasil pode tomar uma decisão que vai afetar as futuras gerações. O país tem diante de si muitas dúvidas, mas já tem uma certeza: até agora, errou muito. O Código Florestal não é sobre o conflito entre produtores rurais e ambientalistas, é sobre os erros do passado, as chances e riscos do futuro. O debate tem sido medíocre.
O fotógrafo brasileiro e global Sebastião Salgado passou os últimos anos olhando o presente do futuro num projeto chamado Gênesis, que lembra o passado mais inicial. Fotografa o que resta de protegido na Natureza. Essa ideia surgiu quando voltou para a fazenda em que cresceu no interior de Minas, Aimorés. Tudo árido, desmatado, morros pelados, erosões. Nada lembrava a vida cheia de verde que ele tinha visto na infância. Ele começou a replantar. Mil, duas mil, um milhão de mudas de espécies nativas. A água, que havia secado, brotou de novo; as árvores cresceram, voltaram animais, pássaros. A mulher do fotógrafo e autora do projeto, Lélia Salgado, quando me contou o momento da descoberta da água retornada, se emocionou.
Os produtores pensam estar protegendo seus interesses quando defendem anistias e leis que aceitam mais desmatamento. Podem estar secando seus rios, revoltando os leitos que vão mostrar suas fúrias nas tempestades, minando o solo, que vai secar, desabar ou se partir nas crateras da erosão. Podem estar contratando o acirramento de fenômenos climáticos extremos que destruirão suas terras, plantações e a economia do país.
O dilema que está diante de nós é maior do que temos visto. O Brasil é ao mesmo tempo um dos maiores produtores de alimentos do mundo, o país com a maior diversidade biológica do planeta, um dos grandes reservatórios de água. Como é possível conciliar a abundância das chances que temos? Há países que administram a escassez. Temos sorte.
Os ruralistas disseram que querem mais terra para plantar. Com a produção deles, o Brasil garante a balança comercial, aproveita a alta das commodities, acumula reservas cambiais, entra em todos os mercados como o primeiro do mundo em muitos produtos. Os produtores são parte do nosso sucesso como país. Os ambientalistas dizem que o país já destruiu demais. Foram 333 mil km2 na Amazônia nos últimos 20 anos (11 Bélgicas, quase uma vez e meia o território do Reino Unido). Além disso, reduziu a quase nada a Mata Atlântica, é insensível ao Cerrado, ameaça o Pantanal, despreza a Caatinga. Os ambientalistas são parte do nosso melhor projeto. Os cientistas fizeram um grupo de trabalho, reuniram mentes brilhantes, estudaram profundamente e fizeram um relatório que alerta para os riscos de o país escolher mais desmatamento. Foram ignorados e disso deram ciência ao país. A Agência Nacional de Águas (ANA) ouviu os técnicos e avisou: sem a cobertura vegetal, vamos perder água; o elemento da vida que está ficando cada vez mais escasso. A agência foi ignorada como se chovesse no molhado.
No meio dessa complexidade, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) escolheu apequenar seu campo de visão e viu apenas um dos lados do polígono. Não entendeu que esses são conflitos não antagônicos, para usar uma linguagem que talvez ele ainda tenha de memória. É preciso ver toda essa diversidade. Escolhendo ouvir só os produtores de visão estreita, ele pode estar revogando os interesses mais permanentes dos próprios produtores. Sem proteção do meio ambiente não haverá água, sem água não haverá produção. Sem meio ambiente não há agronegócio. Os interesses são mais convergentes do que parecem.
Os produtores têm razão em reclamar que a lei mudou no meio do caminho em alguns pontos. Olhar esses pontos com sinceridade é necessário. A ANA lembrou as políticas de incentivo ao desmatamento e as alterações de tópicos da lei e separou o que o projeto misturou: "Quem agiu de boa fé" e "quem comprovadamente gerou passivo ambiental." O projeto mistura tudo quando anistia quem desmatou até 22 de julho de 2008. O texto como foi escrito estatiza os custos e privatiza o lucro.
Os cientistas alertam que uma pequena alteração feita no texto representa um risco imenso. Se a mata em torno dos rios tiver que ser calculada a partir da menor calha, e não das bordas maiores, os rios da Amazônia que enchem e encolhem ao longo do ano podem perder 60% da sua proteção.
A ANA – Agência Nacional de Águas, a Academia Brasileira de Ciências e a SBPC - Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência avisam que não se deve mudar o código. A tarefa é aprimorar a lei e melhorar a implementação. A ideia de que uma lei deve ser jogada fora porque muitos não a respeitaram é estranha. Ela não foi entendida nem pelo governo que a baixou em 1965, mas para nossa sorte ela ficou atual. Protege áreas frágeis da erosão e dos deslizamentos. Protege rios e mananciais de água. Cria a obrigação de cada proprietário reservar uma parte da sua terra para a vegetação natural. Está em sintonia com o tempo da mudança climática que já está entre nós.
A oposição desistiu do futuro; o governo decidiu escolher o menos pior. Erram os dois. O sensato é querer o melhor. Olhar para as exigências que o planeta nos faz para as próximas e decisivas décadas. Entender como aumentar a produção conservando os ativos. Fazer mais com cada hectare de terra da agricultura e da pecuária. Tirar mais informação da biodiversidade que recebemos por herança. Não se deve votar com olhos paroquiais. É pelo porvir que se vota, congressistas. Leis não são mudadas para apagar o crime do passado, mas para garantir o melhor futuro.
2 de mai. de 2011
ENERGIA NUCLEAR: TER OU NÃO TER!!! EIS A QUESTÃO
CAPÍTULO III ─ TRATAMENTO DOS RESÍDUOS RADIOATIVOS NA SUÉCIA
[BILINGUE. Reportagem da CNN, na seção “Ecosolutions”]
Vamos começar observando como a Suécia, um país que optou pela utilização da energia nuclear na geração de eletricidade, vem planejando tratar os resíduos radioativos (ou lixo atômico) descartados das suas usinas nucleares. Na Suécia os 10 reatores nucleares existentes produzem quase metade da eletricidade do país, que tem acumulado mais de 5 mil toneladas de resíduos. Estes vêm sendo mantidos em tanques de água “blindado” com 8 m de espessura, a 40 m de profundidade; com monitoramento de 24h por dia, todos os dias do ano. Uma tarefa que os engenheiros da SKB (sigla em sueco para Manejo de Combustível e Resíduo Nuclear, um conjunto corporativo de companhias de energia nuclear) consideram difícil de ser cumprida por milhares de anos.
O novo local planejado é próximo da usina nuclear de Forsmark, em Osthammar, na região central da Suécia. Quase 90% da população local aprovam os procedimentos da SKB. Após três décadas de pesquisas a SKB concluiu que em Osthammar há um lugar perfeito para abrigar “permanentemente” o resíduo nuclear gerado no país. Nesse local a rocha mãe cristalina tem cerca de 1,9 bilhão de anos, apresentando-se estável.
O plano é enterrar 12 mil toneladas de resíduo nuclear em tubulações de cobre, resistente à corrosão, a 500 m de profundidade nas rochas cristalinas. Enterradas em rochas cristalinas as tubulações de cobre não sofreriam corrosão. Esta ocorre quando o cobre é exposto a certas condições de solo (ação termogalvânica, por exemplo). Há registros de canos de cobre encontrados em muito bom estado no Egito e que lá estariam desde uns 5 mil anos atrás. O cobre é um dos poucos metais que existe na forma natural. Esses resíduos nas tubulações de cobre estarão isolados do contato humano por pelo menos 100 mil anos.
Há um vídeo no site da CNN (em “Eco Solutions”), em inglês, (http://cnn.com/video/?/video/tech/2011/04/24/eco.sweden.nuclear.repository.cnn) que descreve o local escolhido e o processo de armazenamento que será utilizado pela SKB da Suécia. Eis um resumo do vídeo:
INGLÊS: Final repository for nuclear waste.
PORTUGUÊS: Depósito final para resíduo nuclear.
INGL.: The plan is to bury the country's expected 12,000 tons of nuclear waste in corrosion-resistant copper canisters under 500 meters of crystalline bedrock. There it will remain isolated from human contact for at least 100,000 years.
PORT.: O plano é enterrar as esperadas 12 mil toneladas de resíduo radioativo do país, em tubulações de cobre resistentes à corrosão, 500 m abaixo de rochas cristalinas. Lá estarão isolados do contato humano por pelo menos 100 mil anos.
INGL.: The idea, which still needs final approval, was developed by Swedish Nuclear Fuel and Waste Management company (SKB) a collective of Sweden's nuclear power companies.
PORT.: A ideia, que ainda necessita de aprovação final, foi desenvolvida pela SKB, uma companhia de Manejo de Combustível e Resíduo Radioativo que coletivamente representa todas as companhias de energia nuclear suecas.
INGL.: The latest poll showed that 88% of Osthammar residents are in favor of having the storage site in their community.
PORT.: A última enquete mostrou que 88% dos residents de Osthammar estão a favor de terem o local de armazenamento em sua comunidade.
INGL.:Swedes have a complicated relationship to nuclear power. Following the Three Mile Island incident in the U.S. in 1979, Sweden voted to shut down all its nuclear reactors by 2010.
PORT.: Os suecos têm uma complicada relação com energia nuclear. Logo após o acidente em Three Mile Island nos Estados Unidos, em 1979, eles votaram a favor do fechamento dos reatores nucleares até 2010.
INGL.: However the decision was overturned by a new government and only two reactors were decommissioned. Today Sweden's 10 nuclear reactors produce almost half of the country's electricity.
PORT.: No entanto a decisão foi revertida por um novo governo e somente 2 reatores foram desativados. Hoje, os 10 reatores nucleares da Suécia produzem quase metade da eletricidade do país.
INGL.: Sweden has so far accumulated more than 5,000 tons of spent fuel. It is stored in a bright blue water tank, 40 meters underground in the southern city of Oskarshamn. But even though the radiation is shielded by eight meters of water, this facility has to be monitored 24 hours a day, every day of the year. "And we will certainly not do that for the next 100,000 years", Brita Freudenthal, SKB's guide at the facility told me.
PORT.: A Suécia tem até agora acumulado mais de 5 mil toneladas de combustível gasto [= resíduo]. Estão armazenadas num tanque de água azul (“bluewater tank”..., há 40 m de profundidade no solo, na cidade de Oskarshamn, no sul. Mas embora a radiação esteja blindada por 8 m de água, esta instalação tem que ser monitorada 24 horas por dia, todos os dias do ano. “E nós certamente não faremos isso pelos próximos 100 mil anos”, afirmou Brita Freudenthal, guia da SKB na instalação, que assim me disse.
ALGUNS DEPOIMENTOS DA POPULAÇÃO LOCAL.
INGL.: "The women talk more about the water, if they can eat the berries in the forest, if they can eat the moose they hunt. Men are more interested in the technology, if the canister will be safe”. Said Saida Laârouchi Engstrom from SKB.
PORT.: “As mulheres falam mais acerca da água, se eles podem comer os frutos da floresta, se eles podem comer os alces que caçam. Os homens estão mais interessados na tecnologia, se as tubulações são seguras”. Afirmou Saida Laârouchi Engstrom da SKB.
INGL.: Erik and Catharina Waernulf live in Forsmark with their four young children.
"SKB are very good at giving information" Catharina said. "I think the closer you live the less scared you are. The waste has to be stored somewhere, so why not here?" Erik added.
PORT.: Erik e Catharina Waernulf vivem em Forsmark com seus 4 filhos pequenos. “A SKB é muito boa em dar informações”, disse Catharina. “Eu acho que quanto mais perto você vive menos temeroso você fica. O resíduo tem que ser armazenado em algum lugar, assim porque não aqui”? Acrescentou Erik.
INGL.: For the mayor of Osthammar, Jacob Spangenberg, whether or not to accept the repository has nothing to do with the new investment and the new jobs it would generate. "This is a possibility for our nation and our society to solve a very, very difficult problem," he said.
PORT.: Para o prfeito de Osthammar, Jacob Spangenberg, aceitar ou não o depósito não tem nada a ver com novos investimentos e novos empregos que seriam gerados. “Esta é uma possibilidade para nosso país e nossa sociedade para solucionar um problema muito muito difícil”, afirmou ele.
INGL.: Mayor Spangenberg has the ultimate right of veto if he is not satisfied with the results.
PORT.: O prefeito Spangenberg tem o direito de veto se ele não estiver satisfeito com os resultados [do plano].
INGL.: But if the application doesn't go through, or Osthammar doesn't accept the results of the review, what is Sweden going to do with the waste? It's a tricky question that not only this Nordic country has to face.
PORT.: Mas se a solicitação não for adiante, ou Osthammar não aceitar os resultados dos estudos, o que a Suécia vai fazer com o resíduo? É uma questão delicada que não somente este país nórdico tem que enfrentar.
ALGUMAS CONCLUSÕES (DOS 3 CAPÍTULOS AQUI POSTADOS).
Onde residiriam então os principais problemas do uso da energia termonuclear?
Certezas: dentre as principais termoelétricas até hoje desenvolvidas, a energia termonuclear é a que menos causa impacto ambiental. Sua implantação ocorre em área restrita. Sua radiação emitida normalmente é de cerca de 1% da radiação natural. Elas não emitem poluentes (gás carbônico nem outros gases) nem queimam oxigênio. Economicidade no uso de combustível: um combustível nuclear contendo 3,1% de urânio físsil (U-235), por exemplo, produz aproximadamente, 80.000 vezes a energia produzida pela mesma quantidade de carvão mineral.
Dúvidas: as maiores preocupações, de todas as sociedades mundiais, residem nos dois mais evidentes fatores seguintes: o que fazer com os resíduos (lixo atômico) e as chances de acidentes.
Caso Brasil: embora se propale que as usinas de Angra dos Reis (I, II e III) estejam instaladas em solos com características de instabilidade, na praia de Itaorna (“à beira-mar”) e inseridas em região com alta densidade populacional humana (entre as cidades de Angra dos Reis e Paraty, no Rio de Janeiro) e que a usina projetada para o nordeste deverá ser instalada em Itacuruba, Pernambuco, na margem esquerda do rio São Francisco, muitos estão confiantes que elas são seguras e que no Brasil cataclismos são incomuns. Mas acidentes não são provocados somente pela Natureza. A natureza humana conta. E muito!!!
Portanto, parece, para a maioria das pessoas, que CONFIABILIDADE é o item em que esse sistema mais “peca”. Com uma conotação especial no Brasil, por razões apresentadas no Capítulo I postado neste blog em 27 de abril de 2011 (ver em especial o item O QUE JUSTIFICARIA ESTAR CONTRA AS USINAS NUCLEARES).
[BILINGUE. Reportagem da CNN, na seção “Ecosolutions”]
Vamos começar observando como a Suécia, um país que optou pela utilização da energia nuclear na geração de eletricidade, vem planejando tratar os resíduos radioativos (ou lixo atômico) descartados das suas usinas nucleares. Na Suécia os 10 reatores nucleares existentes produzem quase metade da eletricidade do país, que tem acumulado mais de 5 mil toneladas de resíduos. Estes vêm sendo mantidos em tanques de água “blindado” com 8 m de espessura, a 40 m de profundidade; com monitoramento de 24h por dia, todos os dias do ano. Uma tarefa que os engenheiros da SKB (sigla em sueco para Manejo de Combustível e Resíduo Nuclear, um conjunto corporativo de companhias de energia nuclear) consideram difícil de ser cumprida por milhares de anos.
O novo local planejado é próximo da usina nuclear de Forsmark, em Osthammar, na região central da Suécia. Quase 90% da população local aprovam os procedimentos da SKB. Após três décadas de pesquisas a SKB concluiu que em Osthammar há um lugar perfeito para abrigar “permanentemente” o resíduo nuclear gerado no país. Nesse local a rocha mãe cristalina tem cerca de 1,9 bilhão de anos, apresentando-se estável.
O plano é enterrar 12 mil toneladas de resíduo nuclear em tubulações de cobre, resistente à corrosão, a 500 m de profundidade nas rochas cristalinas. Enterradas em rochas cristalinas as tubulações de cobre não sofreriam corrosão. Esta ocorre quando o cobre é exposto a certas condições de solo (ação termogalvânica, por exemplo). Há registros de canos de cobre encontrados em muito bom estado no Egito e que lá estariam desde uns 5 mil anos atrás. O cobre é um dos poucos metais que existe na forma natural. Esses resíduos nas tubulações de cobre estarão isolados do contato humano por pelo menos 100 mil anos.
Há um vídeo no site da CNN (em “Eco Solutions”), em inglês, (http://cnn.com/video/?/video/tech/2011/04/24/eco.sweden.nuclear.repository.cnn) que descreve o local escolhido e o processo de armazenamento que será utilizado pela SKB da Suécia. Eis um resumo do vídeo:
INGLÊS: Final repository for nuclear waste.
PORTUGUÊS: Depósito final para resíduo nuclear.
INGL.: The plan is to bury the country's expected 12,000 tons of nuclear waste in corrosion-resistant copper canisters under 500 meters of crystalline bedrock. There it will remain isolated from human contact for at least 100,000 years.
PORT.: O plano é enterrar as esperadas 12 mil toneladas de resíduo radioativo do país, em tubulações de cobre resistentes à corrosão, 500 m abaixo de rochas cristalinas. Lá estarão isolados do contato humano por pelo menos 100 mil anos.
INGL.: The idea, which still needs final approval, was developed by Swedish Nuclear Fuel and Waste Management company (SKB) a collective of Sweden's nuclear power companies.
PORT.: A ideia, que ainda necessita de aprovação final, foi desenvolvida pela SKB, uma companhia de Manejo de Combustível e Resíduo Radioativo que coletivamente representa todas as companhias de energia nuclear suecas.
INGL.: The latest poll showed that 88% of Osthammar residents are in favor of having the storage site in their community.
PORT.: A última enquete mostrou que 88% dos residents de Osthammar estão a favor de terem o local de armazenamento em sua comunidade.
INGL.:Swedes have a complicated relationship to nuclear power. Following the Three Mile Island incident in the U.S. in 1979, Sweden voted to shut down all its nuclear reactors by 2010.
PORT.: Os suecos têm uma complicada relação com energia nuclear. Logo após o acidente em Three Mile Island nos Estados Unidos, em 1979, eles votaram a favor do fechamento dos reatores nucleares até 2010.
INGL.: However the decision was overturned by a new government and only two reactors were decommissioned. Today Sweden's 10 nuclear reactors produce almost half of the country's electricity.
PORT.: No entanto a decisão foi revertida por um novo governo e somente 2 reatores foram desativados. Hoje, os 10 reatores nucleares da Suécia produzem quase metade da eletricidade do país.
INGL.: Sweden has so far accumulated more than 5,000 tons of spent fuel. It is stored in a bright blue water tank, 40 meters underground in the southern city of Oskarshamn. But even though the radiation is shielded by eight meters of water, this facility has to be monitored 24 hours a day, every day of the year. "And we will certainly not do that for the next 100,000 years", Brita Freudenthal, SKB's guide at the facility told me.
PORT.: A Suécia tem até agora acumulado mais de 5 mil toneladas de combustível gasto [= resíduo]. Estão armazenadas num tanque de água azul (“bluewater tank”..., há 40 m de profundidade no solo, na cidade de Oskarshamn, no sul. Mas embora a radiação esteja blindada por 8 m de água, esta instalação tem que ser monitorada 24 horas por dia, todos os dias do ano. “E nós certamente não faremos isso pelos próximos 100 mil anos”, afirmou Brita Freudenthal, guia da SKB na instalação, que assim me disse.
ALGUNS DEPOIMENTOS DA POPULAÇÃO LOCAL.
INGL.: "The women talk more about the water, if they can eat the berries in the forest, if they can eat the moose they hunt. Men are more interested in the technology, if the canister will be safe”. Said Saida Laârouchi Engstrom from SKB.
PORT.: “As mulheres falam mais acerca da água, se eles podem comer os frutos da floresta, se eles podem comer os alces que caçam. Os homens estão mais interessados na tecnologia, se as tubulações são seguras”. Afirmou Saida Laârouchi Engstrom da SKB.
INGL.: Erik and Catharina Waernulf live in Forsmark with their four young children.
"SKB are very good at giving information" Catharina said. "I think the closer you live the less scared you are. The waste has to be stored somewhere, so why not here?" Erik added.
PORT.: Erik e Catharina Waernulf vivem em Forsmark com seus 4 filhos pequenos. “A SKB é muito boa em dar informações”, disse Catharina. “Eu acho que quanto mais perto você vive menos temeroso você fica. O resíduo tem que ser armazenado em algum lugar, assim porque não aqui”? Acrescentou Erik.
INGL.: For the mayor of Osthammar, Jacob Spangenberg, whether or not to accept the repository has nothing to do with the new investment and the new jobs it would generate. "This is a possibility for our nation and our society to solve a very, very difficult problem," he said.
PORT.: Para o prfeito de Osthammar, Jacob Spangenberg, aceitar ou não o depósito não tem nada a ver com novos investimentos e novos empregos que seriam gerados. “Esta é uma possibilidade para nosso país e nossa sociedade para solucionar um problema muito muito difícil”, afirmou ele.
INGL.: Mayor Spangenberg has the ultimate right of veto if he is not satisfied with the results.
PORT.: O prefeito Spangenberg tem o direito de veto se ele não estiver satisfeito com os resultados [do plano].
INGL.: But if the application doesn't go through, or Osthammar doesn't accept the results of the review, what is Sweden going to do with the waste? It's a tricky question that not only this Nordic country has to face.
PORT.: Mas se a solicitação não for adiante, ou Osthammar não aceitar os resultados dos estudos, o que a Suécia vai fazer com o resíduo? É uma questão delicada que não somente este país nórdico tem que enfrentar.
ALGUMAS CONCLUSÕES (DOS 3 CAPÍTULOS AQUI POSTADOS).
Onde residiriam então os principais problemas do uso da energia termonuclear?
Certezas: dentre as principais termoelétricas até hoje desenvolvidas, a energia termonuclear é a que menos causa impacto ambiental. Sua implantação ocorre em área restrita. Sua radiação emitida normalmente é de cerca de 1% da radiação natural. Elas não emitem poluentes (gás carbônico nem outros gases) nem queimam oxigênio. Economicidade no uso de combustível: um combustível nuclear contendo 3,1% de urânio físsil (U-235), por exemplo, produz aproximadamente, 80.000 vezes a energia produzida pela mesma quantidade de carvão mineral.
Dúvidas: as maiores preocupações, de todas as sociedades mundiais, residem nos dois mais evidentes fatores seguintes: o que fazer com os resíduos (lixo atômico) e as chances de acidentes.
Caso Brasil: embora se propale que as usinas de Angra dos Reis (I, II e III) estejam instaladas em solos com características de instabilidade, na praia de Itaorna (“à beira-mar”) e inseridas em região com alta densidade populacional humana (entre as cidades de Angra dos Reis e Paraty, no Rio de Janeiro) e que a usina projetada para o nordeste deverá ser instalada em Itacuruba, Pernambuco, na margem esquerda do rio São Francisco, muitos estão confiantes que elas são seguras e que no Brasil cataclismos são incomuns. Mas acidentes não são provocados somente pela Natureza. A natureza humana conta. E muito!!!
Portanto, parece, para a maioria das pessoas, que CONFIABILIDADE é o item em que esse sistema mais “peca”. Com uma conotação especial no Brasil, por razões apresentadas no Capítulo I postado neste blog em 27 de abril de 2011 (ver em especial o item O QUE JUSTIFICARIA ESTAR CONTRA AS USINAS NUCLEARES).
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