O início do título acima tomei emprestado do livro de Maria José Aragão “Civilização Animal: a Etologia numa Perspectiva Evolutiva e Antropológica” (2006, livro publicado pela USEB – União Sul-Americana de Estudos da Biodiversidade, Pelotas, RS) (www.useb.com.br). Um livro onde a autora mostra sabiamente que os seres humanos precisam ainda evoluir e livrar-se da irracionalidade que os humanos pensam ser atributo exclusivo dos “outros” animais. Comunicação e linguagem; emoções e sentimentos; sensibilidade; percepção; sociabilização etc. não são exclusividades de seres humanos.
O ser humano vem se afastando da Natureza em velocidade vertiginosa. O viver em centros urbanos artificializados o fez não somente enxotar dos seus ambientes concretados a vida silvestre, como tratar com total desprezo e arrogância a vida animal. Muitas vezes sem piedade (para quem não se choca facilmente, é só dar uma olhada em inúmeros vídeos sobre mau trato aos animais, em divulgação pela internet). Não há mais espaço para os ditos animais domésticos (cães, gatos), nem tampouco para aves as mais diversas (inúmeros passarinhos, corujas, gaviões etc.) nem répteis (calangos, lagartixas, lagartos em geral). Já faz muito tempo que não consigo ver borboletas no nosso reduzido jardim! Nem nos jardins dos vizinhos!!!
A cadeia alimentar em que o ser humano está inserido justifica a utilização de animais na nossa alimentação. Porém, o processo civilizatório, aliado ao conhecimento científico que hoje temos sobre fontes de alimentos e aliado aos avanços da tecnologia, nos fazem crer que poderíamos diversificar mais nossa alimentação; fazê-la mais vegetariana do que carnívora ou pelo menos, fazermos uso de fonte de proteína animal procedente de animais situados na escala mais “inferior” da evolução: peixes, por exemplo. Para mim, pessoalmente, a carne (dita vermelha) proveniente de animais situados na escala “superior” da evolução (de bovinos, caprinos, ovinos, suínos...) contrasta, e muito, com minha “filosofia de vida”: esses animais têm um olhar parecidíssimo com o olhar humano! E os estudos dos seus genomas vêm mostrando altos percentuais de semelhanças com os seres humanos!!! E a ciência da nutrição vem mostrando que carne vermelha não é tão saudável como a carne (dita) branca (de frango, peixes, mariscos e outros). Neste blog já postei informações comparando a alimentação humana com base em cereais como bem mais vantajosa sobre a alimentação à base de carnes (COMER MAIS (E MELHOR) E MATAR MENOS: O DILEMA “CARNE OU CEREAIS”???, postado em 05/07/2009).
É possível que um curto período de observações da vida fora das cidades, nos fizessem resgatar tal sentimento de convivência e afetividade com os animais e as plantas. O contato com nossos índios talvez nos fizesse mais humanos, no sentido tradicional deste termo. Vejam as fotos neste ensaio (as índias amamentando animais são guajás, do noroeste do Maranhão).
Em resumo: é a prática do ecocentrismo (em oposição ao egocentrismo).
Não me atrevo a discorrer mais sobre este importantíssimo tema. Sugiro a leitura desse livro, acima mencionado. Assim como a visita a vários sites de associações de defesa animal, disponíveis na internet.