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27 de mai. de 2014

MATA ATLÂNTICA AINDA RESISTE A DESMATAMENTOS!


[Reproduzido de OECO

Desmatamento na Mata Atlântica cresce 9%
((o))eco - 27/05/14]

Entre 2012 e 2013, a Mata Atlântica perdeu 23,9 mil hectares de floresta, um aumento de 9%, comparado com o período anterior (2011 e 2012), quando foram registrados 21.9 mil hectares de desmate. É a maior perda de cobertura florestal desde 2008. Os dados, divulgados na manhã desta terça-feira (27), fazem parte da 9ª edição do Atlas de Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, feito pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).


Minas Gerais se manteve como o estado que mais desmata Mata Atlântica, com 8.437 ha de áreas destruídas. É o quinto ano consecutivo que o estado se mantém na liderança do ranking dos que mais desmatam. Junto com Piauí (6.633 ha), Bahia (4.777 ha) e Paraná (2.126 ha), os 4 estados destruíram, sozinhos, mais de 90% do total do desmatamento verificado no período, o equivalente a 21,9 mil hectares (Veja Tabela).


O desmatamento no estado poderia ter sido pior. Desde junho do ano passado, o estado sofre com uma moratória, que impede a concessão de licenças e autorizações para supressão de vegetação nativa do bioma. A ação do governo de Minas foi realizada após pedido da SOS Mata Atlântica e deu certo. Mesmo liderando a lista, o estado apresentou redução de 22% na taxa de desmatamento, que ao período de 2011-2012.

“Consideradas as médias mensais de desmatamento em Minas, tivemos uma redução de 64% no ritmo dos desfloramentos após o anúncio da moratória, que passou de 960 ha para 344 ha por mês. A resposta do governo foi positiva, mas os índices ainda são os maiores do país e há muito trabalho a ser feito, não só para conter o desmatamento, mas para restaurar e recuperar essa floresta“, afirmou Marcia Hirota, diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica e coordenadora do Atlas pela organização.

Redução aparente

São Paulo e Rio de Janeiro aparecem bem no Atlas, com redução de 51% e 72% do desmatamento, comparado com o período anterior. Para Flávio Jorge Ponzoni, do Inpe, esses números podem esconder o efeito puxadinho da nova dinâmica de desmatamento dos 2 estados. Como não sobrou muita floresta para desmatar, as novas áreas incorporadas são pequenas, menores que 3 hectares, e portanto ficam fora da vista dos satélites.

“O Estado já não tem muita mata para ser derrubada. Mas resta esse desmatamento da expansão urbana que não aparece nas estatísticas e é muito perigoso”, afirma Márcia Hirota.

Mata Atlântica se distribuí ao longo da costa do país,  atingindo áreas de 17 estados. Em 28 anos, perdeu cerca de 1.850 mil hectares, o equivalente à área de 12 cidades de São Paulo. Nessa extensa área, restam apenas 8,5% de remanescentes florestais acima de 100 ha e vivem atualmente mais de 69% da população brasileira.

22 de mai. de 2014

240 DEPUTADOS SE UNEM NUMA FRENTE PARLAMENTAR PARA "DETONAR" AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO!!!

Engenheira agrônoma, presidente da Associação O Eco, membro do Conselho da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e da comissão mundial de Parques 

Nacionais da UICN.

[Reproduzido de www.oeco.org.br]


Criação de frente parlamentar contra UCs é pesadelo ambiental
Maria Tereza Jorge Pádua - 18/05/14

Por mais que queiramos não conseguimos entender o porquê e o para quê de uma frente parlamentar, criada com a assinatura de 240 deputados do nosso legislativo e registrada dia 22 de abril deste ano para:

Art. 2° A Frente Parlamentar é instituída para o cumprimento das seguintes finalidades:
I - acompanhar, propor e analisar proposições e programas que disciplinem todos os assuntos referentes ao reassentamento involuntário em áreas protegidas;
II - divulgar os problemas causados pela criação de áreas protegidas, notadamente, unidades de conservação e terras indígenas às populações residentes nas áreas a serem desapropriadas antes da criação da Área Protegida;
III - acompanhar as ações a serem empreendidas pelo Poder Público no sentido de proteger os direitos dessas populações;
IV - realizar encontros, simpósios, seminários, debates e outros eventos, com vistas a aventar as medidas legislativas necessárias a uma rápida resolução dos conflitos fundiários;
V - articular e integrar as iniciativas e atividades da Frente Parlamentar com as ações de governo e das entidades da sociedade civil;
VI - promover a divulgação das atividades Frente Parlamentar em Defesa das Populações Atingidas por Áreas Protegida (Unidades de Conservação e Terras Indígenas), no âmbito do Parlamento e junto à sociedade.

A rede é constituída por: “Art. 3° A Frente será composta por Deputados Federais e representantes de entidades da sociedade civil que subscreverem termo de adesão a este Estatuto.”

Não passa pela nossa cabeça que este fato tenha realmente ocorrido, mais parece um horrível pesadelo. O Requerimento 10.028/2014 foi apresentado pelo deputado Weverton Rocha (PDT-MA). É um enorme pesadelo para os ecólogos, cientistas, profissionais e demais técnicos, ou de ambientalistas da área. Nunca um país democrata, considerado relativamente adiantado e desenvolvido, assistiu uma excrecência destas. Mas parece que em nosso país pode tudo.

A começar pelas justificativas da proposta inicial, se é que há justificativas para deter ou extinguir Unidades de Conservação, ou áreas protegidas, como queira, os erros e enganos, típicos de quem não entende do assunto e da legislação em vigor, são gritantes (o que é da justificativa está em itálico):

1. É afiançado que o Brasil possui o maior número (o grifo é nosso) de áreas protegidas, dentre todos. Esta verdade não existe se for bem explicitada: a) reservas indígenas ou áreas indígenas não são Unidades de Conservação ou áreas protegidas, como querem esses deputados; b) RPPNs são particulares.
2. Além do mais o que realmente interessa é a extensão das mesmas e, em termos relativos, o Brasil possui menos de 10 % de sua extensão territorial em unidades de conservação, ocupando um dos últimos lugares entre os países democratas e mais desenvolvidos;
3. É afiançado que se quer evitar as indesejadas e violentas remoções de populações locais. Provem em qual Unidade de Conservação ou área protegida este fato ocorreu no Brasil. NUNCA OCORREU NAS MESMAS;
3. Leiam a Lei em vigor sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) – Lei 9985 de 2.000, que institui o sistema. Não se consideram legalmente no sistema as  Reservas Indígenas, Parques Indígenas, ou Áreas Indígenas, como categorias de Unidades de Conservação. As populações indígenas tampouco aceitaram estar no sistema nacional, com razão, pois os mesmos têm uso direto dos recursos naturais, conforme previsto pela Constituição em suas reservas, sem as restrições impostas pelas categorias de manejo previstas no SNUC.

O Brasil já é o campeão de extinção e recategorização de áreas protegidas ou Unidades de Conservação. Uma recente publicação nos demonstra que nosso país perdeu 5,2 milhões de hectares de unidades de conservação nos últimos anos “igual à extensão de Costa Rica”, através da extinção ou recategorização de nossas unidades de conservação legalmente estabelecidas.

O que mais desejam os deputados de nosso país? Acabar com todos os Parques Nacionais? Dar as terras de nossos museus vivos em troca de votos? Não entendem que a agricultura, a pecuária, a medicina, a indústria em geral, precisam desesperadamente de nossa biodiversidade protegida em unidades de conservação, além dos serviços ambientais, em especial os recursos hídricos?

O que vão fazer a classe científica, as universidades afins, as ONGs com esta nova bomba? As últimas políticas públicas mostram claramente um enorme retrocesso da área ambiental, nunca visto em um país sem guerras. O que aconteceu para que falhássemos tanto? Não conseguimos, nós, os profissionais da área, motivar nossos compatriotas para impedir que tudo vá para o ralo. Esta nova ameaça desta frente parlamentar, onde estão situados os humanos que nos representam, deverá nos empurrar mais celeremente para o ralo a que me refiro.

13 de mai. de 2014

RAINHA DA MOTOSSERRA, KÁTIA ABREU: "NOSSA FUTURA MRS. THATCHER"???

[Reproduzido de http://www.oeco.org.br/guardian-environment-network/28294-rainha-da-motosserra-brasileira-ataca-ambientalistas]

Entrevista a The Guardian Environment Network


"Rainha da motosserra" brasileira ataca ambientalistas

Fora da estufa política de Brasília, provavelmente, há poucos que conhecem o nome do chefe do poderoso lobby agrícola do Brasil, no entanto, a mulher em questão, Kátia Abreu, está rapidamente se tornando a política brasileira mais interessante, importante - e perigosa.

A senadora e fazendeira do Tocantins foi uma força influente no enfraquecimento do Código Florestal do Brasil, responsabilizado por muitos pelo recente aumento do desmatamento da Amazônia. Seu apoio - no parlamento e em uma ácida coluna de jornal - por mais estradas através da Amazônia, controle do Congresso sobre demarcação de reservas indígenas, monoculturas mais eficientes e "sementes exterminadoras" geneticamente modificadas lhe rendeu a ira dos ambientalistas, que a chamavam de "senhorita desmatamento", "rainha da motosserra" e "Face do mal".

Abreu, no entanto, se mantém desafiadora, e diz que se prepara para um dia disputar a presidência e quer ajudar o Brasil a superar os EUA como o maior produtor de alimentos do mundo. "Concorrer à presidência não é um plano, é destino. Estou me preparando para isso, caso esse seja o meu destino", disse ela em uma entrevista concedida em seu escritório em Brasília. "A crítica dos ambientalistas radicais é a melhor forma de endosso. Isso me dá satisfação. Isso mostra que estou no caminho certo e fazendo o papel certo".

[Para quem desejar se inteirar sobre as ideias desta senhora, tida como "gênio do agronegócio" e que não quer nem ouvir falar em econegócio, acesse o link acima]

[Em tempo: Kátia Abreu se mantém desafiadora, e diz que se prepara para um dia disputar a presidência e quer ajudar o Brasil a superar os EUA como o maior produtor de alimentos do mundo. "Concorrer à presidência não é um plano, é destino. Estou me preparando para isso, caso esse seja o meu destino"]

... e muitas outras observações típicas da "rainha da motosserra"...

7 de mai. de 2014

DESMATAMENTO ELEVA EM 100 VEZES OS CUSTOS DE TRATAMENTO DE ÁGUA




Além de alterar o ciclo de chuvas, prejudicar a recarga de aquíferos subterrâneos e, consequentemente, reduzir os recursos hídricos disponíveis para o abastecimento humano, o desmate da vegetação que recobre as bacias hidrográficas tem forte impacto sobre a qualidade da água, encarecendo em cerca de 100 vezes o tratamento necessário para torná-la potável.

O alerta foi feito pelo pesquisador José Galizia Tundisi, do Instituto Internacional de Ecologia (IIE), durante palestra apresentada no terceiro encontro do Ciclo de Conferências 2014 do programa BIOTA-FAPESP Educação, realizado no dia 24 de abril, em São Paulo.

"Em áreas com floresta ripária [contígua a cursos d'água] bem protegida, basta colocar algumas gotas de cloro por litro e obtemos água de boa qualidade para consumo. Já em locais com vegetação degradada, como o sistema Baixo Cotia [bacia hidrográfica do rio Cotia, na Região Metropolitana de São Paulo], é preciso usar coagulantes, corretores de pH, flúor, oxidantes, desinfetantes, algicidas e substâncias para remover o gosto e o odor. Todo o serviço de filtragem prestado pela floresta precisa ser substituído por um sistema artificial e o custo passa de R$ 2 a R$ 3 a cada mil metros cúbicos para R$ 200 a R$ 300. Essa conta precisa ser relacionada com os custos do desmatamento", afirmou Tundisi.

Quando a cobertura vegetal na bacia hidrográfica é adequada - e isso inclui não apenas as florestas ripárias como também matas de áreas alagadas e demais mosaicos de vegetação nativa -, a taxa de evapotranspiração é mais alta, ou seja, uma quantidade maior de água retorna para a atmosfera e favorece a precipitação.

Além disso, explicou Tundisi, o escoamento da água das chuvas ocorre mais lentamente, diminuindo o processo erosivo. Parte da água se infiltra no solo por meio dos troncos e raízes, que funcionam como biofiltros, recarrega os aquíferos e garante a sustentabilidade dos mananciais.

"Em solos desnudos, o processo de drenagem da água da chuva ocorre de forma muito mais rápida e há uma perda considerável da superfície do solo, que tem como destino os corpos d'água. Essa matéria orgânica em suspensão altera completamente as características químicas da água, tanto a de superfície como a subterrânea", explicou Tundisi.

De acordo com o pesquisador, a mudança na composição química da água é ainda mais acentuada quando há criação de gado ou uso de fertilizantes e pesticidas nas margens dos rios. Ocorre aumento na turbidez e na concentração de nitrogênio, fósforo, metais pesados e outros contaminantes - impactando fortemente a biota aquática.

Tundisi lembrou que, além de garantir água para o abastecimento humano, os ecossistemas aquáticos oferecem uma série de outros serviços de grande relevância econômica, como geração de hidroeletricidade, irrigação, transporte (hidrovia), turismo, recreação e pesca.

A mensuração do valor desses serviços ecossistêmicos é o objetivo do projeto "Pesquisas ecológicas de longa duração nas bacias hidrográficas dos rios Itaqueri e Lobo e represa da UHE Carlos Botelho, Itirapina, SP, Brasil (PelD)", coordenado por Tundisi com apoio da FAPESP e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

"São serviços estratégicos e fundamentais para o desenvolvimento do Estado de São Paulo. Sua valoração é de fundamental importância para a implantação de projetos de economias verdes, dando ênfase à conservação dessa estruturas de vegetação e áreas alagadas", disse.

5 de mai. de 2014

NOVO CÓDIGO FLORESTAL EVITA RECUPERAÇÃO DE 50 MILHÕES DE HECTARES


[Reproduzido de www.oeco.org.br]

O desastre da mudança do Código Florestal em números
Vandré Fonseca - 30/04/14


Manaus, AM -- O novo Código Florestal reduziu em 58% as áreas degradadas que deveriam ser restauradas, segundo um estudo publicado no início desta semana na revista Science. O artigo, denominado "Cracking Brazil's Forest Code" (Desvendando o Código Florestal do Brasil), é o primeiro a quantificar as implicações da lei aprovada pelo Congresso e sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 2012. O texto é assinado por sete pesquisadores brasileiros e um americano.

O estudo foi liderado pelo geólogo Britaldo Soares-Filho, coordenador do Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele explica que o Código não alterou os critérios de preservação, mas para a restauração do que já havia sido desmatado. "É como se tivéssemos dois códigos, um para a preservação e outro para a restauração", explica o pesquisador.

De acordo com os resultados, se a legislação anterior fosse seguida, cerca de 50 milhões de hectares de florestas deveriam ser restaurados. Mas mudanças definidas pelo Congresso Nacional derrubaram a necessidade de restaurar 29 milhões de hectares. Entre os 21 milhões de hectares que devem ser restaurados, existem 4,6 milhões de hectares de Áreas de Proteção Permanente (APP) que, para Britaldo Soares-Filho, têm de ser recuperados para a proteção da água. Da área que sobra (cerca 16,4 milhões de hectares), apenas 550 mil hectares são áreas aptas para a agricultura.

A lei permite ainda que cerca de 88 milhões de hectares sejam desmatados legalmente. Essa permissão tem forte impactos na Caatinga e, principalmente, no Cerrado, onde a reserva legal é de apenas 20% da propriedade e existem muitas áreas que podem ser desmatadas, dentro da lei.

No Cerrado, onde existe um interesse maior do agronegócio, esse risco é maior. O estudo estima que a nova lei permite o desmatamento legal de um adicional de 4 milhões de hectares do bioma. A bióloga Márcia Macedo, também da UFMG, afirma que apenas metade da floresta original permanece intacta no Cerrado e o desmatamento está aumentando na região. "Essa é uma área quase do tamanho da Califórnia. Permitir que isso acontecesse seria um desastre ambiental", enfatiza Márcia Macedo.

O estudo demonstra também que os possíveis avanços do Código Florestal, como a possibilidade de venda de créditos de áreas restauradas e o Cadastro Ambiental Rural (CAR), são prejudicados pela demora em detalhar melhor a lei. "Falta uma série de decretos para regulamentar o Código. Isso criou uma confusão jurídica", afirma Britaldo Soares-Filho. "Muita gente que estava restaurando parou, porque mudou a regra e ficou sem saber o que fazer", completa.

O pesquisador destaca também o efeito negativo da anistia dada pelo novo código. Segundo ele, fazendas embargadas devido a multas que chegam a milhares de reais poderão ter suas dívidas perdoadas. "A anistia de multa vai ficar estimulando o fazendeiro a desafiar o Ibama no futuro", prevê. Ele está preocupado também com outros fatores que podem aumentar o desmatamento, como o fim da moratória da soja, prevista para o fim deste ano. "Esta redução do desmatamento conseguida no Brasil ainda não está assegurada e esta insegurança jurídica incentiva o desmatamento", afirma.