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23 de ago. de 2021

USO DA TERRA E DOS DEMAIS RECURSOS NATURAIS, ALIADOS A MUDANÇAS CLIMÁTICAS, CAUSANDO PERDAS DE SUPERFÍCIES DE ÁGUA

Reproduzido de:

 https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,levantamento-mostra-que-pais-perde-16-da-superficie-de-agua-em-30-anos,70003818428

Todos os biomas brasileiros foram afetados e suas perdas mensuradas em pesquisa inédita do MapBiomas, projeto que reúne universidades, organizações ambientais e empresas de tecnologia. Ao todo, 3,1 milhões de hectares de superfície de água sumiram, o equivalente a mais de uma vez e meia de todo o recurso hídrico disponível no Nordeste.

Segue-se texto mais completo (incluindo vídeo)  reproduzido de:

https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/brasil-perde-15-de-superficie-de-agua-desde-o-comeco-dos-anos-1990/


“Mudanças no uso e cobertura da terra, construção de barragens e de hidrelétricas, poluição e uso excessivo dos recursos hídricos para a produção de bens e serviços alteraram a qualidade e disponibilidade da água em todos os biomas brasileiros. Ao mesmo tempo, secas extremas e inundações associadas às mudanças climáticas aumentaram a pressão sobre os corpos hídricos e ecossistemas aquáticos”, explica Carlos Souza, coordenador do GT de Água do MapBiomas.

É importante lembrar que vivemos o pior índice de chuvas dos últimos 91 anos, e o Brasil se prepara para atravessar uma das piores crises hídricas e energéticas. Os reservatórios de hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste chegaram ao fim de julho com o armazenamento médio mais baixo de toda a série histórica disponibilizada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) – que teve início em 2000. Os números para o mês são piores, inclusive, que julho de 2001, ano em que o país enfrentou um racionamento de energia.

“Se não implantarmos a gestão e uso sustentável dos recursos hídricos, considerando as diferentes características regionais e os efeitos interconectados com o uso da terra e as mudanças climáticas, será́ impossível alcançar as metas de desenvolvimento sustentável”, alerta.

O estado com a maior perda absoluta e proporcional de superfície de água na série histórica de 35 anos analisada pela equipe do MapBiomas foi o Mato Grosso do Sul, com uma redução de 57%. Se em 1985 o estado tinha mais de 1,3 milhão de hectares cobertos por água, em 2020 eram apenas pouco mais de 589 mil hectares. Mais de 780 mil hectares de água foram perdidos no período.

Essa redução se deu basicamente no Pantanal, mas toda a bacia do Paraguai é afetada pela redução da superfície de água. Em segundo lugar está o Mato Grosso, com uma perda de quase 530 mil hectares, seguido por Minas Gerais, com um saldo negativo, entre a água que entrou e a que se esvaiu, de mais de 118 mil hectares.

Vários pontos de maior redução da superfície da água encontram-se próximos a fronteiras agrícolas, o que sugere que o aumento do consumo, construção de pequenas represas em fazendas, que provoca assoreamento e fragmentação da rede de drenagem e que vem junto com o desmatamento e aumento de temperatura, são fatores que podem explicar a diminuição da superfície da água no Brasil.

Além disso, o aumento de temperatura global de 1,5º C, com contribuição significativa pelas ações humanas, segundo o relatório recente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), pode estar contribuindo para esse processo de redução de superfície de água no Brasil. Vários casos indicam os efeitos combinados do uso da terra e das mudanças climáticas.

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19 de ago. de 2021

REPRODUÇÃO SEXUADA: AO LONGO DA ESCALA EVOLUTIVA…CRESCEM AS IMPLICAÇÕES PSICOSSOCIAIS

 Embora possa não ter relação direta com o escopo deste blog, ecologiaemfoco, eventualmente perguntam-me se tenho opiniões a dar sobre discussões recentes e muitas vezes “acaloradas” envolvendo sexualidade e possíveis implicações com as características naturais ou atributos da população humana. Pessoas que me perguntam são geralmente de outras áreas de atividades, daí o subtítulo que se segue:

Ilustrações: acima, Mundo Educação; em baixo, Brasil Escola

DE UM BIÓLOGO PARA NÃO-BIÓLOGOS: BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE REPRODUÇÃO E SEXO NA NATUREZA. UMA LEITURA CONSTRUTIVA EM TEMPOS DIFÍCEIS PARA UMA SOCIEDADE COM PRINCÍPIOS MORAIS EM QUESTIONAMENTO 


Eu inicio mencionando, com destaque, um dos conselhos dados por Bertrand Russell (matemático e filósofo inglês, de nossa era) que sugeriu (e eu concordo plenamente): “quando você estiver estudando um assunto ou considerando alguma filosofia, pergunte a você mesmo quais são os fatos; olhe apenas e somente para quais são os fatos e qual é a verdade que os fatos revelam; nunca se deixe desviar para o que você gostaria de acreditar ou pelo que você acha que traria benefícios às crenças sociais se fosse acreditado”.

Na Natureza (meu respeito particular, ao escrevê-la sempre com inicial maiúscula; e para distinguí-la da natureza de um objeto qualquer!) vem prevalecendo ao longo dos mais de três bilhões de anos da vida no planeta Terra, a perpetuação das espécies. E para isso vem ocorrendo um eficiente e eficaz processo de reprodução. No início os seres vivos com estruturas muito simples, com uma só célula (organismos unicelulares, os microrganismos, como bactérias, protozoários, fungos…) reproduziam-se dividindo-se ao meio; ou criando protuberâncias que se destacavam e formavam novos organismos. Mas isso trazia uma grande desvantagem à sobrevivência: os descendentes herdavam exatamente as mesmas características de quem lhes deu origem; ou seja, se alguma modificação ocorresse no ambiente e esse novo organismo não tivesse herdado uma estrutura ou função que se adaptasse a tal modificação, ele sucumbiria. Mas  e se esse organismo fosse resultado do cruzamento de dois organismos? Um macho e uma fêmea?

Sabe-se, desde a introdução do conhecimento do processo de evolução na Natureza, do naturalista inglês Charles Darwin (criando o que se conhece por Darwinismo) que surgiu na maioria dos seres vivos multicelulares, em 99% deles (organismos constituídos por sistema mais complexo, com múltiplas células, com inúmeras diferentes estruturas e funções) os sexos: masculino e feminino. Surgiu assim uma grande desvantagem principalmente pelo fato de que a partir daí, dois diferentes indivíduos seriam necessários para reproduzir, ou seja, para perpetuar a espécie! Mas uma vantagem muito superior parecia “estar programada” para prevalecer em tais espécies: o enriquecimento do patrimônio genético do descendente, herdando características do pai e da mãe! Eu disse “programada”, mas isso certamente seria uma eresia para os evolucionistas! Que sempre afirmam que “tudo foi criado ao acaso e por necessidade”. 

Mas, como bem perguntou o esquecido co-autor da teoria da evolução Alfred Wallace Russell: é possível justificar exclusivamente pelo processo de seleção natural, da teoria darwinista, que os seres humanos desenvolvessem atributos de raciocínio abstrato, habilidade matemática, bom senso, amor à música e aptidão musical, apreciação à arte e talento artístico e senso moral (este citado por último, mas ao meu ver, o mais importante!) como necessários à sobrevivência?! E ele acrescentou: “Nada na evolução pode contabilizar a alma do homem. A diferença entre o homem e outros animais é intransponível”. Essas peculiaridades ele denominou de inteligência soberana.

Por quê tais organismos foram se tornando bissexuados? Teria o processo de seleção natural, da sobrevivência dos mais aptos, eliminado todos aqueles organismos multicelulares que não seguiram essa “linha de conduta”?

A Natureza não dá saltos! Gostam de afirmar os evolucionistas; querendo dizer que a existência dos fósseis são evidências de que a evolução presenteou a Terra com sua maior obra. Perfeita. O ser humano. No majestoso universo que sabemos existir, que surgiu de um “Big Bang”, como afirmado pela ciência, a estrutura mais complexa, dotada de recursos extraordinários, pesa somente cerca de 1.340 gramas: o cérebro humano! Capaz de criar e desenvolver ciência e infinitos benefícios tecnológicos. Mas também capaz de distorcer, desviando do seu curso natural, o seu maior patrimônio destinado à sua perpetuação: as características da reprodução humana. Não se contentam em impor novos comportamentos psico-sociais. Mas também mutilam suas características estruturais. O biologicamente masculino é moldado para o socialmente feminino; e vice-versa. Talvez não exista nada de mal gerado para a sociedade, quando isso seja decisão tomada por um ser humano que atingiu o máximo de compreensão do que seja ele ou ela na idade adulta. Mas estimular, induzir e conduzir crianças em tenra idade a modificar sua condição biológica natural, seja relacionada à aparência ou comportamento…é perversidade!!! Pergunta final: mas não seria essa uma peculiaridade ou exclusividade do ser humano? Só este ser na Terra age com perversidade. E ainda está em evolução.

Devemos “deixar como está, para ver como é que fica”? Jamais! É nosso dever de seres pensantes, proteger nossas crias, defendendo-lhes o direito de seguirem o curso normal de suas características que lhes foram proporcionadas pela Natureza!!!

Breno Grisi

Biólogo, Professor (aposentado) de Ecologia, UFPB

João Pessoa (segundo ano da pandemia do Covid-19)

16 de ago. de 2021

BARRAGEM EM CONGONHAS, MINAS GERAIS: AGUARDANDO MAIS UMA TRAGÉDIA?!


Foto abaixo de Estado de Minas





Uma população de aproximadamente 54 mil habitantes cercada por 24 barragens. O maior ativo econômico de Congonhas, na Região Central de Minas Gerais, a 89 quilômetros de Belo Horizonte, se tornou também a principal preocupação de moradores. Do total de empreendimentos, 54% têm dano potencial associado considerado alto. 

A preocupação é grande com a Barragem Casa de Pedra, devido à sua localização: praticamente dentro da cidade, é a que todos veem, parecendo abraçar a área urbana. A estrutura fica a 250 metros de casas e a 2,5 quilômetros do Santuário do Bom Jesus de Matozinhos, patrimônio cultural da humanidade. 

Em 2019 o Observatório Sismológico da UnB registrou mais de 40 tremores na região de Congonhas (MG).

O professor da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) e da pós-graduação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), engenheiro hidráulico Carlos Barreira Martinez, lembra que a cidade antecede a barragem. 

OBS.:

A cidade de Congonhas, na região Central de Minas Gerais, guarda um dos mais relevantes conjuntos religiosos do Brasil colonial: o santuário do Bom Jesus de Matosinhos. Ali se destacam as estátuas dos 12 profetas, obra que, em 1985, recebeu o título de Patrimônio da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A autoria é do escultor e arquiteto Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Além dos profetas, o conjunto possui uma igreja e seis capelas com os Passos da Paixão, cujos personagens, também esculpidos por Aleijadinho, foram pintados por Manuel da Costa Athaíde. Os dois artistas se tornaram a maior expressão da arte colonial brasileira.



11 de ago. de 2021

AQUECIMENTO GLOBAL E AS CONSEQUÊNCIAS NOS EXTREMOS CLIMÁTICOS

 Reproduzido de https://www.oeco.org.br/reportagens/mudancas-climaticas-ja-afetam-todas-as-regioes-do-planeta-afirma-ipcc/


Destaques:

1) A temperatura da superfície global foi 1,1 ºC mais alta entre 2011 e 2020 do que entre 1850 e 1900, com aquecimento mais forte sobre a terra do que os oceanos, uma vez que eles absorvem gigantescas quantidades de calor.

2) Cada meio grau adicional de aquecimento global causará aumentos estatisticamente significativos nos extremos de temperatura, na intensidade de fortes chuvas e na gravidade de secas em algumas regiões.


As mudanças climáticas já estão afetando todas as regiões da Terra, de diferentes maneiras. A frequência e a intensidade dos eventos climáticos extremos, por exemplo, aumentaram na maioria das áreas terrestres desde 1950 e irão se agravar nas próximas décadas proporcionalmente ao aquecimento global. Se a temperatura do planeta aumentar 4 ºC, por exemplo, o número de eventos climáticos extremos em algumas regiões pode se tornar nove vezes maior.

O alerta foi feito por cientistas ligados ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em um informe lançado nesta segunda-feira (09/08), em Genebra, na Suíça, reunindo as principais conclusões da contribuição do Grupo de Trabalho 1 (WG1) para o sexto relatório de avaliação (AR6) do órgão. A publicação sintetiza o conhecimento sobre as bases físicas das ciências relacionadas ao clima.

“O relatório reflete esforços extraordinários, em circunstâncias excepcionais”, diz Houesung Lee, presidente do IPCC. “As inovações e os avanços na ciência refletidos nele fornecem uma contribuição inestimável para as negociações climáticas e para a tomada de decisão”, avalia.

Segundo o documento, é inequívoco que a ação humana, por meio da emissão de gases de efeito estufa originados principalmente pela queima de combustíveis fósseis para geração de energia e, no Brasil, por mudanças no uso e cobertura da terra, aqueceu o sistema climático e que estão ocorrendo mudanças generalizadas e rápidas.

Nos últimos 50 anos, a temperatura da superfície global aumentou a uma taxa sem precedentes e é muito provável que a década mais recente tenha sido a mais quente desde o pico do último período interglacial, há 125 mil anos.

É provável que as emissões de gases de efeito estufa – principalmente gás carbônico (CO2) e metano – tenham contribuído para o aquecimento de 1,1 ºC da temperatura. Em contrapartida, a emissão de aerossóis (partículas em suspensão no ar), gerados pela queima de combustíveis fósseis, pode ter contribuído com um resfriamento de 0,5 ºC, estimam os autores do relatório.

“Isso significa que os aerossóis, que espalham radiação de volta para o espaço, ajudando dessa forma a resfriar o planeta, estão mascarando um terço do aquecimento atual”, diz à Agência FAPESP Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e autor-líder do capítulo 6 do relatório.

“Se os aerossóis forem retirados, por meio da interrupção da queima de carvão para geração de energia pelas usinas termelétricas e da eletrificação do setor de transporte, que já está ocorrendo no mundo todo, esse mascaramento deixará de existir. Só com isso a temperatura do planeta vai aquecer meio grau nas próximas décadas”, explica Artaxo, que é membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG).

Redução imediata nas emissões

O relatório sublinha que, se não forem feitas reduções imediatas, em grande escala e sustentadas nas emissões de CO2 e de outros gases de efeito estufa, é muito alta a chance de o nível de aquecimento global alcançar ou exceder 1,5 ºC na década atual.

A limitação das emissões de CO2 e de outros gases de efeito estufa, como o metano e o ozônio, que também são poluentes atmosféricos, contribuiria não só para estabilizar o clima como também geraria benefícios para a saúde por meio da melhoria da qualidade do ar, indicam os autores da publicação.

Embora os benefícios para a qualidade do ar venham a surgir rapidamente, pode levar de 20 a 30 anos para que as temperaturas globais se estabilizem por meio dessa medida, estimam os cientistas.

“É a primeira vez que um relatório do IPCC enfatiza a relação entre a poluição do ar urbana e as mudanças climáticas globais. Isso é extremamente importante porque 80% da população mundial viverá em cidades até 2050, que sofrerão simultaneamente os impactos das mudanças climáticas e da poluição do ar”, avalia Artaxo.

A intensidade e a duração de eventos climáticos extremos, como as ondas de calor, irão aumentar mesmo se o aquecimento global se estabilizar em 1,5 ºC. Nesse cenário, haverá aumento das ondas de calor, estações quentes mais longas e temporadas de frio mais curtas.

Já com o aquecimento global de 2 ºC, os extremos de calor atingiriam mais frequentemente os limiares de tolerância crítica para a agricultura e a saúde, projetam os autores.

“Com a limitação do aquecimento entre 1,5 ºC e 2 ºC, os impactos dos eventos climáticos extremos seriam menores, porque permitiria a adaptação”, diz José Marengo, pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres (Cemaden) e editor e revisor do capítulo 3 do relatório.

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Em escala global, os eventos de chuva forte se intensificarão em cerca de 7% para cada grau adicional de aquecimento, uma vez que uma atmosfera mais quente é capaz de reter mais umidade, estimam os cientistas.

“Eventos climáticos extremos previstos para ocorrer em algumas décadas já estão acontecendo e o relatório mostra que a tendência é de aumento”, diz Marengo.

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