...na fogueira das discussões, é óbvio!
Tenho observado que grande parte das pessoas que defendem a perpetuidade da queima livre e desmedida de lenha, nas celebrações juninas, utilizam-se muito do argumento da manutenção das nossas tradições culturais e pouquíssimo dos fatos ambientais. Eu não sou contra tal tradição cultural, contanto que nela seja inserida uma limitação consciente, com preocupações para não alimentar a tão disseminada “cultura do desperdício”, que viceja no nosso país. Já nos basta a barbárie da perda de um terço do alimento produzido no Brasil, do local de sua produção até a mesa do consumidor.
Numa análise muito resumida, dois aspectos vêm se sobressaindo entre aqueles que, incontinente, defendem a manutenção dessa tradição, sem nenhum reparo: 1) A manutenção das fogueiras por tratar-se de uma tradição cultural (a comida típica, a dança e as brincadeiras em torno da fogueira...), manifestação religiosa (relembrando o ato de Isabel avisando à N.Sra. que tinha dado à luz, o devoto pisando em brasa...); tudo isso sob a óptica dos cristãos católicos, até há pouco tempo uma massa cristã dominante! 2) A contribuição ínfima desse ato de queima, ao aquecimento global ou efeito estufa.
Como ecólogo, não me atrevo a comentar sobre tradições religiosas, nem sobre a importância das manifestações de fé, ou mesmo diversão, uma das pouquíssimas de que dispõe o residente no sertão nessa curta época do ano, argumentam alguns. Atenho-me a comentar um pouco sobre o segundo aspecto dessa questão: a problemática ambiental.
Àqueles que priorizam a defesa das tradições, lembro-lhes que muitas outras tiveram que ser abandonadas por serem reconhecidamente “fora dos tempos atuais” ou impossíveis de serem praticadas, algumas em termos puramente ambientais, outras por princípios humanitários e outras por tudo isso e mais por terem sido adotadas práticas de maior avanço tecnológico e conseqüentemente, maior rendimento, conforto etc. Vejamos algumas: (1) tenho amigos que relatam com saudade os tempos em que saíam para o mar e traziam dezenas de quilos de lagosta, camarão e peixe (observação quase inútil: lembro-me que a última vez que comi lagosta, foi comprada pela minha mãe na porta de casa, nos anos 1967-69); (2) conheço senhores que relembram quando “se divertiam” nos fins de semana, saindo para caçar e seus filhos também praticavam matança similar com suas atiradeiras abatendo passarinhos, lagartixas e outros pobres animais; (3) quando em 1949 morei em Patos, bravio sertão paraibano, tinhamos energia elétrica até o começo da noite, gerada por queima de lenha (em João Pessoa e muitas outras cidades também foi assim, antes de mudar para queima de óleo e a partir da década de 1950 para geração hidrelétrica); (4) donde concluímos que a madeira era abundante (outra observação quase inútil: nos anos 1973-76 morei em Ilhéus, na Bahia, numa casa com o assoalho de quartos e salas taqueado com jacarandá, e hoje relembrando, acho que vou rir, porque se chorar, os móveis de minha casa, todos em aglomerado, se esfacelarão aos pingos de lágrima!).
E a contribuição das fogueiras ao efeito estufa? Grande parte dos processos na Natureza, mormente os deletérios, se somam. Se pudermos evitar a redução de gases do carbono emanados de atividades passíveis de contrôle, que o façamos. Não poderemos evitar que gás metano (do efeito estufa) seja emanado dos arrozais e da ruminação de bovinos, pois a população humana em breve chegará aos 10 bilhões e a expansão desse cultivo e de pastagens é inevitável. Os manguezais nos estuários também emanam tais gases, mas são responsáveis por uma das maiores produções de alimento do mundo.
Mas podemos reduzir emanação de gases do efeito estufa, optando por carros econômicos (enquanto um “SUV-Sport Utility Vehicle”, essas caminhonetonas, percorrem uma média de 5 km com 1 litro de gasolina, o meu carrinho percorre 14 km); podemos abolir a queima de florestas; e está ao nosso alcance atos simples, mas que contribuem positivamente, como a fogueira comunitária. Um lembrete importante: o São João é, antes de tudo, uma festa comunitária, bem lembrado pelo amigo agrônomo, pedólogo, Luiz Ferreira.
Tenho observado que grande parte das pessoas que defendem a perpetuidade da queima livre e desmedida de lenha, nas celebrações juninas, utilizam-se muito do argumento da manutenção das nossas tradições culturais e pouquíssimo dos fatos ambientais. Eu não sou contra tal tradição cultural, contanto que nela seja inserida uma limitação consciente, com preocupações para não alimentar a tão disseminada “cultura do desperdício”, que viceja no nosso país. Já nos basta a barbárie da perda de um terço do alimento produzido no Brasil, do local de sua produção até a mesa do consumidor.
Numa análise muito resumida, dois aspectos vêm se sobressaindo entre aqueles que, incontinente, defendem a manutenção dessa tradição, sem nenhum reparo: 1) A manutenção das fogueiras por tratar-se de uma tradição cultural (a comida típica, a dança e as brincadeiras em torno da fogueira...), manifestação religiosa (relembrando o ato de Isabel avisando à N.Sra. que tinha dado à luz, o devoto pisando em brasa...); tudo isso sob a óptica dos cristãos católicos, até há pouco tempo uma massa cristã dominante! 2) A contribuição ínfima desse ato de queima, ao aquecimento global ou efeito estufa.
Como ecólogo, não me atrevo a comentar sobre tradições religiosas, nem sobre a importância das manifestações de fé, ou mesmo diversão, uma das pouquíssimas de que dispõe o residente no sertão nessa curta época do ano, argumentam alguns. Atenho-me a comentar um pouco sobre o segundo aspecto dessa questão: a problemática ambiental.
Àqueles que priorizam a defesa das tradições, lembro-lhes que muitas outras tiveram que ser abandonadas por serem reconhecidamente “fora dos tempos atuais” ou impossíveis de serem praticadas, algumas em termos puramente ambientais, outras por princípios humanitários e outras por tudo isso e mais por terem sido adotadas práticas de maior avanço tecnológico e conseqüentemente, maior rendimento, conforto etc. Vejamos algumas: (1) tenho amigos que relatam com saudade os tempos em que saíam para o mar e traziam dezenas de quilos de lagosta, camarão e peixe (observação quase inútil: lembro-me que a última vez que comi lagosta, foi comprada pela minha mãe na porta de casa, nos anos 1967-69); (2) conheço senhores que relembram quando “se divertiam” nos fins de semana, saindo para caçar e seus filhos também praticavam matança similar com suas atiradeiras abatendo passarinhos, lagartixas e outros pobres animais; (3) quando em 1949 morei em Patos, bravio sertão paraibano, tinhamos energia elétrica até o começo da noite, gerada por queima de lenha (em João Pessoa e muitas outras cidades também foi assim, antes de mudar para queima de óleo e a partir da década de 1950 para geração hidrelétrica); (4) donde concluímos que a madeira era abundante (outra observação quase inútil: nos anos 1973-76 morei em Ilhéus, na Bahia, numa casa com o assoalho de quartos e salas taqueado com jacarandá, e hoje relembrando, acho que vou rir, porque se chorar, os móveis de minha casa, todos em aglomerado, se esfacelarão aos pingos de lágrima!).
E a contribuição das fogueiras ao efeito estufa? Grande parte dos processos na Natureza, mormente os deletérios, se somam. Se pudermos evitar a redução de gases do carbono emanados de atividades passíveis de contrôle, que o façamos. Não poderemos evitar que gás metano (do efeito estufa) seja emanado dos arrozais e da ruminação de bovinos, pois a população humana em breve chegará aos 10 bilhões e a expansão desse cultivo e de pastagens é inevitável. Os manguezais nos estuários também emanam tais gases, mas são responsáveis por uma das maiores produções de alimento do mundo.
Mas podemos reduzir emanação de gases do efeito estufa, optando por carros econômicos (enquanto um “SUV-Sport Utility Vehicle”, essas caminhonetonas, percorrem uma média de 5 km com 1 litro de gasolina, o meu carrinho percorre 14 km); podemos abolir a queima de florestas; e está ao nosso alcance atos simples, mas que contribuem positivamente, como a fogueira comunitária. Um lembrete importante: o São João é, antes de tudo, uma festa comunitária, bem lembrado pelo amigo agrônomo, pedólogo, Luiz Ferreira.