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18 de jun. de 2008

A POLÊMICA DAS FOGUEIRAS

Conta-se que certo indivíduo tentou convencer outros, de diversas nacionalidades, a pularem num precipício. Ao inglês, convenceu-o dizendo que era um “pedido da rainha”; ao italiano, dizendo que lá embaixo “lhe esperava a Sophia Loren”; ao francês, “que era pela glória da França” e este despencou aos gritos de “Vive la France”!; ao americano dissuadiu-o dizendo que ele iria lá encontrar “1 milhão de dólares”; e ao brasileiro ... colocando uma placa É PROIBIDO PULAR.
Como professor de ecologia e pesquisador, nunca fui muito simpatizante do “proibir” e talvez por isso, nunca me atraiu a advocacia. Optei pela educação. Esta me parece ter bases mais construtivas e duradouras. Gostamos de dizer que muitos povos respeitam a lei, enquanto nós a tememos! É fato conhecido que nós aqui no Brasil dispomos das mais completas leis de proteção ambiental do mundo. E é também fato conhecido que nós estamos entre os maiores destruidores da Natureza, no mundo. Donde concluo que sensibilizar nosso povo para a necessidade de nos adaptarmos à mudança dos tempos e conscientizá-lo para a urgência em agir, em benefício das gerações futuras, é um imperativo incontestável. Enxergar muito mais adiante do que somente algumas poucas gerações à frente, como costumamos fazer ao dizermos “isto é para os meus filhos e netos”, faz-se necessário e urgente. Nossa responsabilidade é deixarmos a Natureza para as gerações futuras (sem limite), no mínimo, com os recursos que encontramos. Muitos ecólogos e outros profissionais que lidam com as questões ambientais, acham que temos o dever de deixar o nosso planeta em condições melhores até! Um dos fortes motivos para isso: a cada dia que se passa dispomos de mais conhecimento e melhores condições tecnológicas para assim fazê-lo.
Conservar a Natureza envolve muitas atitudes e procedimentos. Um deles, que sempre vem à tona nesta época do ano por suas conseqüências negativas é a queima desenfreada de lenha. Em alguns locais de nossa maravilhosa região nordeste existe até concurso para ver quem monta a maior fogueira! Oh meu Deus! Só me vem à mente esta expressão. Não gosto de sair de casa na véspera do São João para não ter que ver e sentir tamanho desperdício, principalmente porque tenho certeza que tal recurso natural renovável, não será renovado. Se assim o fosse, respeitando-se o uso adequado do solo, este lado negativo de nossas tradições se reduziria.
Reconheço e respeito as nossas tradições culturais da nossa festa do milho e de manifestação religiosa. Assar o milho numa fogueirinha e brincar em torno dela não é nenhuma tragédia ambiental. Mas soltar balão pode ser uma tragédia! O aquecimento global, a poluição atmosférica com gases do efeito estufa e partículas sólidas não sofrerão grandes acréscimos por causa disso. Mas, ainda sonho com o dia em que nesse momento de celebração, possamos reduzir o gasto com este recurso natural que ainda é de ampla utilidade para nós. A lenha ainda é o combustível para cozer alimento de muitas pessoas pobres; alimenta fornalhas de padarias, olarias e outros processos de produção. Quando estou em sala de aula, trabalhando com futuros pedagogos, insisto em que eles tentem convencer as pessoas das ruas em que moram, ou seus familiares, para fazerem apenas uma fogueirinha ou uma fogueira comunitária. Ao invés de 10 fogueiras por rua, 1 só fogueira já reduziria em 90% o gasto de lenha.
A consciência ecológica do agir localmente é um trabalho de formiguinha que só aparecerá globalmente se a prática dos 3 Rs (reduzir, reutilizar, reciclar) tornar-se rotina no dia-a-dia nas escolas e na nossa vida. Por isso, só acredito na EDUCAÇÃO.

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