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9 de abr. de 2009

NA ANTÁRTICA A PERDA E O GANHO DE GELO COMPROVAM AQUECIMENTO GLOBAL














PERDA DE GELO. A notícia já percorre o mundo, via “cyberspace”: uma ponte de gelo (Wilkins) ligando duas ilhas na Antártica, Charcot e Latady, rompeu-se. As fotos acima (imagens do “Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer – MODIS”, instalado no satélite Aqua, da NASA) mostram o rompimento. Na imagem da esquerda (de 31/março/2009) vê-se a ponte ainda intacta, apresentando a aparência “lisa”, sem quebras. Poucos dias depois (em 06/abril/2009) foi obtida outra imagem, a foto da direita, em que a ponte aparece despedaçando-se. Desde 2008 a “European Space Agency” vem acompanhando a existência e quebra da ponte de Wilkins. A ponte Wilkins é a décima, das maiores plataformas, a sofrer colapso nos anos recentes. Uma prova de que há elevação de temperatura perturbando o frágil equilíbrio da criosfera do nosso planeta.
Embora o colapso dessa ponte de 13 mil km quadrados não exerça ação direta no aumento do nível do oceano, sua desintegração indiretamente reduzirá a estabilidade das geleiras que “a alimentam”. Christian Lambrechts, do departamento de advertências e estudos da “UNEP – United Nations Environment Programme” (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) afirma que tal colapso exporá nova área da superfície do oceano, que assim absorverá mais radiação solar, contribuindo para o contínuo e acelerado aquecimento da região.
A lição maior aprendida com esse fato é de que as modificações na Antártica estão ocorrendo mais rápido do que se pensava. No início da década de 1990 estimava-se que em 30 anos ocorreriam fenômenos como esse. E ainda, segundo a pesquisadora Angelika Humbert, do Instituto de Geofísica da Universidade Münster, Alemanha, isso serve como advertência de que as plataformas de gelo da Antártica são potencialmente instáveis em escalas curtas de tempo.
GANHO DE GELO. A revista inglesa “New Scientist” já divulgara em 01/junho/2002, em artigo intitulado: “Está mais quente mas, há mais gelo”, que apesar das notícias sobre colapso de plataformas de gelo, há acréscimos de uns 200 mil quilômetros de gelo na Antártica. Mas os céticos do aquecimento global talvez concordem (ou não) com a seguinte possível explicação: um aumento da precipitação de neve vem ocorrendo como resultante de maior umidade proveniente da evaporação da água devido ao aumento da temperatura. Com isso, análises de dados obtidos nos últimos 20 anos de observação das imagens de satélite contradizem as previsões de que metade do mar de gelo da Antártica desaparecerá no século vindouro. Ou seja, as precipitações extras de neve superariam o derretimento das geleiras pelo aumento da temperatura atmosférica (do aquecimento global). Estima-se que o mar de Ross tenha mais 13% de gelo do que em 1979.
Mas há observações de que tal crescimento em geleiras é localizado; e que em algumas áreas o derretimento supera o acréscimo de geleiras. Algumas geleiras, como a de Larsen, tem ciclos de acréscimo e derretimento.
Mais geleiras mais água doce no oceano e daí... com esse aumento o oceano torna-se mais estável, reduzindo-se a transferência de calor proveniente de sua zona mais profunda. Isso facilita o congelamento da água, que assim refletirá mais a radiação solar incidente, contribuindo para reduzir (vagarosamente) o efeito do aquecimento global. Essa situação na Antártica está em contraste gritante com a região Ártica, onde já vêm sendo registradas perdas de 40% da camada de gelo de verão nos últimos 50 anos.

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