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28 de abr. de 2011
ENERGIA NUCLEAR: TER OU NÃO TER!!! EIS A QUESTÃO
CAPÍTULO II ─ EXTRAÇÃO, PROCESSAMENTO, UTILIZAÇÃO E ALGUNS REVESES
A figura anexada neste texto ilustra (resumidamente; adaptado de MILLER & SPOOLMAN, 2009, Living in the Environment, Belmont, Cengage Learning) o processo de utilização do potencial energético de dois radioisótopos: urânio-235 (beneficiado para UF6=hexafluoreto de urânio e convertido para UO2=dióxido de urânio) e plutônio-239 (beneficiado para PuO2-dióxido de plutônio).
A usina nuclear (UTN = usina termonuclear; denominação da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica), com um ou mais reatores, é uma parte de todo o processo do ciclo de combustível nuclear. Este ciclo consta da mineração do urânio e plutônio, seus processamentos e enriquecimentos, transformando-os em combustível nuclear. O reator é a parte da usina nuclear onde o calor é gerado pela fissão de núcleos atômicos, sendo utilizado para a produção de vapor. O vapor aciona um conjunto turbina-gerador elétrico. Assim, este sistema nuclear gerador de vapor equivale às caldeiras de carvão, a óleo combustível ou a gás das usinas termoelétricas convencionais. Os geradores mais comuns são os de “água leve”; a água é desmineralizada e tratada quimicamente para torná-la um meio refrigerante apropriado para os reatores (85% dos reatores do mundo e 100% nos Estados Unidos). Os reatores são altamente INEFICIENTES, com perda de energia em torno de 83%. O urânio-235 minerado tem somente 0,7% de sua composição passível de fissão; e após o enriquecimento passa a ter 3%. Este é processado em forma de “pellets” (do tamanho de borrachas do topo de lápis tradicional) de UO2 (dióxido de urânio), tendo cada um a energia equivalente a uma tonelada de carvão mineral. Esses “pellets” são acondicionados em tubos que são chamados de bastões de combustível.
No reator os bastões são mantidos sob resfriamento com água, que mantém os bastões sem derreter-se (se derreter, a catástrofe poderá ser incontrolável, vazando radioatividade para o ambiente). O derretimento dos bastões, portanto, deve ser evitado a “qualquer custo”. O reator é uma estrutura de grande dimensão, de paredes muito grossas de concreto reforçado com aço (em princípio, imune a cataclismos os mais diversos e até mesmo a colisões com aviões e a alguns tipos de bombardeamento).
ALGUNS REVESES. 1) “THREE MILE ISLAND”. Este foi o primeiro acidente com energia nuclear no mundo e sem dúvida, o pior acidente nuclear (até agora) dos Estados Unidos. Ocorreu nessa usina situada em Harrisburg, Pennsylvania, em 29 de março de 1979. Ocorreu problema na refrigeração e parte do núcleo do reator tornou-se intensamente radioativo e parcialmente descoberto, fazendo com que metade dele derretesse, caindo para o fundo. Embora, felizmente, a estrutura de contenção tivesse evitado liberação em massa da radioatividade e não ocorreram vítimas fatais, não se sabe ao certo a quantidade de radioatividade que possa ter escapado para a atmosfera. Cinquenta mil pessoas foram evacuadas das proximidades e outras 50 mil deslocaram-se por conta própria. Prejuízo calculado: U$1,2 bilhão (limpeza ambiental, indenizações...) (o reator custou U$700 milhões). 2) CHERNOBYL. Desde o dia em que este acidente ocorreu na Ucrânia, em 26 de abril de 1986, foi ele considerado o pior acidente da história da energia nuclear no mundo (mas agora surgiu o de Fukushima, no Japão, cujo desdobramento ainda continua). Em Chernobyl ocorreu uma série de explosões que destruiu o teto do reator, ocorrendo derretimento e incêndio no moderador de grafite durante 10 dias. Estima-se que a radiação vazada (5,2 milhões de terabecquereis) foi 100 vezes superior à gerada pelas bombas atômicas lançadas pelos americanos em Hiroshima e Nagasaki no final da Segunda Guerra Mundial. Problemas no delineamento (“design”) do reator, diferente dos demais do mundo e falha humana são apontados como causas principais. Fala-se que “apenas” 56 pessoas morreram como consequência imediata da exposição à radiação. A OMS-Organização Mundial da Saúde estima que 9 mil poderão morrer em consequência desse acidente ao longo do tempo e a Academia Russa de Medicina estimou que esse total poderá passar dos 200 mil. A dificuldade de se saber com exatidão as consequências fatais foram abordadas por muitas fontes de análise desse tipo de acidente. No blog, em inglês, que mantenho na internet (www.ecologyintofocus.blogspot.com) reproduzi uma dessas avaliações publicadas no jornal inglês “The Guardian”. Os números divulgados por várias fontes confiáveis são “assustadores”; mas os defensores do uso da energia nuclear têm a seu favor um fato (incontestável, como eles mesmos afirmam): “ninguém pode provar que as mortes são consequências do acidente em Chernobyl” (nem na Ucrânia e nem muito menos no raio de 500 km, na área atingida pelo vazamento, segundo a ONU). 3) FUKUSHIMA (DAIICHI). Postei no presente blog dois ensaios sobre o ocorrido no Japão, começando com o terremoto de 9 graus na escala Richter que atingiu a costa leste em 11 de março de 2011. O primeiro ensaio, NOVO CHERNOBYL: APÓS DESASTRES E TRAGÉDIAS É SEMPRE HORA DE REPENSAR foi postado em 17 de março de 2011 e o segundo ensaio PRIORIDADE EM FUKUSHIMA: LIVRAR-SE DA ÁGUA CONTAMINADA foi postado em 04 de abril de 2011. Dados disponíveis no site da BBC, de Londres (www.bbc.co.uk) informam que até 12 de abril a radiação vazada era de 370 mil becquereis (muito menos do que os 5,2 milhões de becquereis de Chernobyl), embora as próprias autoridades japonesas afirmem que o vazamento continua. A área contaminada em Fukushima, segundo as autoridades japonesas estendeu-se até um máximo de 60 km na direção noroeste e 40 km na direção sul-sudoeste da usina (também bem menos do que os 500 km de Chernobyl).
[Veremos no CAPÍTULO III = TRATAMENTO DOS RESÍDUOS RADIOATIVOS NA SUÉCIA].
27 de abr. de 2011
ENERGIA NUCLEAR: TER OU NÃO TER!!! EIS A QUESTÃO
CAPÍTULO I ─ BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE SUAS VANTAGENS E DESVANTAGENS E COMPARAÇÕES COM OUTRAS FORMAS
Solução energética ou “coisa do diabo”! Se você desejar ver o quadro histórico da utilização desta fonte energética, de alta tecnologia, de grandes vantagens em termos de potencial e riscos “maiores ainda” (segundo seus opositores), visitem o site da BBC: http://www.bbc.co.uk/news/world-13159407.
Seus opositores questionam: “por que optar por essa forma de energia que é a mais cara, a mais “devagar” e mais inflexível e de maiores riscos financeiros e suscetível a acidentes”? Mas seus defensores argumentam: “a opção nuclear tem a menor pegada ecológica (contribuindo positivamente para o controle do aquecimento global), há menor impacto ambiental em sua implantação, os reatores modernos são perfeitamente seguros e a energia gerada é sustentável a um custo competitivo com outras formas. Observação minha: não entendo porque “competitivo”, com os gastos vultosos de implantação e tratamento dos resíduos radioativos (lixo atômico) que as usinas nucleares requerem!!!
Mesmo distante de entender com profundidade este assunto “energia nuclear”, mas fundamentado na literatura e colhendo opiniões de especialistas, via sistema internet, arrisco-me a prover alguns comentários.
ENERGIA NUCLEAR VERSUS ENERGIA HIDRELÉTRICA. Não há dúvidas de que o impacto causado pelas UHE ─ Usinas Hidrelétricas é grande, em termos de extensão e modificações dos ecossistemas em que são instaladas. É preocupante o recente caso de Belo Monte (ver “Precisamos de Belo Monte. Mas não assim”; site www.exame.com.br). Essa UHE fica na parte paraense do rio Xingu. Nesse artigo é mostrado que o Brasil necessita acrescentar anualmente ao seu potencial energético 5 mil megawatts. Se não houver esse acréscimo de pouco mais de 11 mil megawatts de Belo Monte (Itaipu gera 14 mil megawatts), estaremos com déficit de energia elétrica a partir de 2014. Estima-se que até agora aproveitamos 26% do nosso potencial hidrelétrico e que a maior parte dele está na Amazônia.
Portanto, é grande a preocupação que temos ao se programar UHEs e maior ainda o discernimento que devemos ter sobre onde e como instalá-la. Às vezes um mau planejamento acarreta prejuízos financeiros e ambientais enormes. Uma mudança no planejamento da UHE Jirau, no rio Madeira, deslocando 12,5 km do seu eixo, proporcionou uma economia de R$ 1 bilhão. Os ecossistemas onde serão instaladas devem ser escolhidos com muito critério técnico-científico. Estudo sócio-ambiental é parte importante da viabilidade de cada projeto. A área a ser inundada por Belo Monte totaliza 516 km2, mas alguns estimam que o desmatamento indireto, se não for controlado, se estenderá por 5 mil km2 (www.amazonia.org.br). Há 30 anos que se desenrola o plano para construção de Belo Monte, que pretende ser a terceira maior UHE do mundo (Três Gargantas na China é a maior, seguida por Itaipu de Brasil/Paraguai). As discussões e desentendimentos vão desde a licença e autorização para sua construção, aos direitos dos indígenas que habitam a região e os ribeirinhos, até o “imbróglio” de construtoras concessionárias e subsidiárias que executarão as obras. Além do interminável ritual de processos na Justiça Comum e na Justiça Trabalhista.
Vamos agora imaginar o que deverá acontecer quando o governo puser em prática a construção das 62 UHEs previstas para o Pantanal!!! O rompimento de uma das mais importantes características ecológicas do Pantanal, a “pulsação” dinâmica de cheias e secas periódicas, certamente ocorrerá (ver vídeo da série Globo Natureza: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/04/custo-ambiental-de-hidreletricas-no-pantanal-nao-compensa-os-beneficios-diz-engenheiro.html). As cheias proporcionam as águas que se distribuem nos corixos e lagoas antes de fluírem para o rio Paraguai. Flora e fauna do Pantanal estão adaptadas a essa “pulsação” de cheias e secas. O Ministro de Minas e Energia afirma:”Se nós abdicamos daqui, abdicamos dali e abdicamos dacolá, sob os mais diferentes argumentos, ainda que alguns deles procedentes, como é o caso por exemplo do Pantanal, vamos acabar não cumprindo o nosso planejamento energético brasileiro”. Das palavras do Ministro deduzo minimamente que: 1) Tal planejamento é imutável. 2) Alternativas energéticas: não estão nos planos! 3) Ou será assim ou o plano para construção de usinas nucleares deverá ser ampliado.
O QUE JUSTIFICARIA ESTAR CONTRA AS USINAS NUCLEARES. Esclareço que não me compete, como “reles professor de ecologia” e muito longe de entender de planejamento de matriz energética, dizer o que deve ser feito a esse respeito. Apenas sugiro que se considerem os seguintes aspectos, que poderiam desfavorecer a ideia de exploração da energia nuclear no Brasil. Tudo somente “fundamentado” nos meus 67 anos de vida como brasileiro e uns 40 anos de vida profissional em ecologia, que me “autorizam” a dizê-lo: 1) Qualquer empreendimento aqui no Brasil é conduzido sob denúncias de corrupção; ou seja, qualquer obra ou não é feita plenamente como deveria ser ou se o for custará bem além do planejado! Seja ela de iniciativa municipal, estadual ou federal. 2) Não devemos menosprezar o fato de que é muito difícil para o povo brasileiro entender que o uso racional da eletricidade é prioritário e que isso controlaria o aumento da demanda; e que se assim não acontecer, a opção de governo pela matriz energética brasileira poderá ser: degradar construindo hidrelétricas ou impor altos custos e riscos construindo usinas nucleares. É muito triste afirmar isso: “já está incorporado na nossa cultura o desperdício com alimento, água, eletricidade, recursos financeiros etc.”. Nosso sistema educacional não está preparado para informar nem tampouco formar cidadãos. E não são muitas as autoridades que sabem disso! 3) Rever todo o plano de uso da energia nuclear, como sugerido pelo físico especialista em energia, José Goldemberg, não parece estar nos planos do governo. 4) As alternativas: energia solar, eólica, biocombustíveis... serão sempre consideradas como “complementares” aqui no Brasil (uma lástima; veja alguns dados abaixo sobre energia eólica). 5) Segurança das usinas nucleares: todos os especialistas envolvidos, aqui no Brasil, acham que o nosso sistema é muito seguro (as autoridades japonesas também diziam a mesma coisa!). Não deve ser esquecido que o “lobby” dos interessados em tirar proveito financeiro dos altos custos de implantação das usinas é intenso.
O Brasil, segundo dados da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.asp) vem gerando, em megawatts: Usinas hidrelétricas 77.290; Usinas termelétricas 30.172; Pequenas centrais hidrelétricas 3.537; Usinas termonucleares 2.007.
Para aqueles que não acreditam no potencial da energia eólica e subestimam sua potencialidade, visitem o site http://www.wwindea.org/home/images/stories/pdfs/worldwindenergyreport2010_s.pdf, da WWEA - World Wind Energy Association. Transcrevi desta associação os seguintes dados de energia eólica gerada em megawatts, em 2010, pelos principais países geradores: China 44.733; Estados Unidos 40.180; Alemanha 27.215; Espanha 20.676; Índia 13.065.
Considerando que a eletricidade total gerada no Brasil, por suas várias formas conforme divulgado no site da ANEEL mostrado acima, é de 114.105 megawatts eu pergunto: “por que muitas pessoas ainda consideram que a energia eólica é apenas uma forma complementar de geração de eletricidade”?
Finalizando (este capítulo): a usina nuclear projetada para o nordeste, a de Itacuruba, a 470 km do Recife, será implantada na margem esquerda do rio São Francisco. Os opositores destacam que em caso de acidente, as águas do rio espalharão a radiação ao longo dos estados de Pernambuco, Bahia, Alagoas e Sergipe. Um projeto estimado (inicialmente) em R$10 bilhões para gerar 6.600 megawatts de energia..
“Last but not least”: e as nossas leis? Vão nos proteger? Ah! nossas leis! São as melhores do mundo!!! A esse respeito eu acho que nos cai muito bem o que disse Publius (or Gaius) Cornelius Tacitus (AD 56 – AD 117): “corruptissima republica, plurimae leges” (= quanto mais corrupto o país, mais leis ele tem). Isso pode não justificar. Mas explica muita coisa!!!
[No CAPÍTULO II - EXTRAÇÃO, PROCESSAMENTO, UTILIZAÇÃO E ALGUNS REVESES]
Solução energética ou “coisa do diabo”! Se você desejar ver o quadro histórico da utilização desta fonte energética, de alta tecnologia, de grandes vantagens em termos de potencial e riscos “maiores ainda” (segundo seus opositores), visitem o site da BBC: http://www.bbc.co.uk/news/world-13159407.
Seus opositores questionam: “por que optar por essa forma de energia que é a mais cara, a mais “devagar” e mais inflexível e de maiores riscos financeiros e suscetível a acidentes”? Mas seus defensores argumentam: “a opção nuclear tem a menor pegada ecológica (contribuindo positivamente para o controle do aquecimento global), há menor impacto ambiental em sua implantação, os reatores modernos são perfeitamente seguros e a energia gerada é sustentável a um custo competitivo com outras formas. Observação minha: não entendo porque “competitivo”, com os gastos vultosos de implantação e tratamento dos resíduos radioativos (lixo atômico) que as usinas nucleares requerem!!!
Mesmo distante de entender com profundidade este assunto “energia nuclear”, mas fundamentado na literatura e colhendo opiniões de especialistas, via sistema internet, arrisco-me a prover alguns comentários.
ENERGIA NUCLEAR VERSUS ENERGIA HIDRELÉTRICA. Não há dúvidas de que o impacto causado pelas UHE ─ Usinas Hidrelétricas é grande, em termos de extensão e modificações dos ecossistemas em que são instaladas. É preocupante o recente caso de Belo Monte (ver “Precisamos de Belo Monte. Mas não assim”; site www.exame.com.br). Essa UHE fica na parte paraense do rio Xingu. Nesse artigo é mostrado que o Brasil necessita acrescentar anualmente ao seu potencial energético 5 mil megawatts. Se não houver esse acréscimo de pouco mais de 11 mil megawatts de Belo Monte (Itaipu gera 14 mil megawatts), estaremos com déficit de energia elétrica a partir de 2014. Estima-se que até agora aproveitamos 26% do nosso potencial hidrelétrico e que a maior parte dele está na Amazônia.
Portanto, é grande a preocupação que temos ao se programar UHEs e maior ainda o discernimento que devemos ter sobre onde e como instalá-la. Às vezes um mau planejamento acarreta prejuízos financeiros e ambientais enormes. Uma mudança no planejamento da UHE Jirau, no rio Madeira, deslocando 12,5 km do seu eixo, proporcionou uma economia de R$ 1 bilhão. Os ecossistemas onde serão instaladas devem ser escolhidos com muito critério técnico-científico. Estudo sócio-ambiental é parte importante da viabilidade de cada projeto. A área a ser inundada por Belo Monte totaliza 516 km2, mas alguns estimam que o desmatamento indireto, se não for controlado, se estenderá por 5 mil km2 (www.amazonia.org.br). Há 30 anos que se desenrola o plano para construção de Belo Monte, que pretende ser a terceira maior UHE do mundo (Três Gargantas na China é a maior, seguida por Itaipu de Brasil/Paraguai). As discussões e desentendimentos vão desde a licença e autorização para sua construção, aos direitos dos indígenas que habitam a região e os ribeirinhos, até o “imbróglio” de construtoras concessionárias e subsidiárias que executarão as obras. Além do interminável ritual de processos na Justiça Comum e na Justiça Trabalhista.
Vamos agora imaginar o que deverá acontecer quando o governo puser em prática a construção das 62 UHEs previstas para o Pantanal!!! O rompimento de uma das mais importantes características ecológicas do Pantanal, a “pulsação” dinâmica de cheias e secas periódicas, certamente ocorrerá (ver vídeo da série Globo Natureza: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/04/custo-ambiental-de-hidreletricas-no-pantanal-nao-compensa-os-beneficios-diz-engenheiro.html). As cheias proporcionam as águas que se distribuem nos corixos e lagoas antes de fluírem para o rio Paraguai. Flora e fauna do Pantanal estão adaptadas a essa “pulsação” de cheias e secas. O Ministro de Minas e Energia afirma:”Se nós abdicamos daqui, abdicamos dali e abdicamos dacolá, sob os mais diferentes argumentos, ainda que alguns deles procedentes, como é o caso por exemplo do Pantanal, vamos acabar não cumprindo o nosso planejamento energético brasileiro”. Das palavras do Ministro deduzo minimamente que: 1) Tal planejamento é imutável. 2) Alternativas energéticas: não estão nos planos! 3) Ou será assim ou o plano para construção de usinas nucleares deverá ser ampliado.
O QUE JUSTIFICARIA ESTAR CONTRA AS USINAS NUCLEARES. Esclareço que não me compete, como “reles professor de ecologia” e muito longe de entender de planejamento de matriz energética, dizer o que deve ser feito a esse respeito. Apenas sugiro que se considerem os seguintes aspectos, que poderiam desfavorecer a ideia de exploração da energia nuclear no Brasil. Tudo somente “fundamentado” nos meus 67 anos de vida como brasileiro e uns 40 anos de vida profissional em ecologia, que me “autorizam” a dizê-lo: 1) Qualquer empreendimento aqui no Brasil é conduzido sob denúncias de corrupção; ou seja, qualquer obra ou não é feita plenamente como deveria ser ou se o for custará bem além do planejado! Seja ela de iniciativa municipal, estadual ou federal. 2) Não devemos menosprezar o fato de que é muito difícil para o povo brasileiro entender que o uso racional da eletricidade é prioritário e que isso controlaria o aumento da demanda; e que se assim não acontecer, a opção de governo pela matriz energética brasileira poderá ser: degradar construindo hidrelétricas ou impor altos custos e riscos construindo usinas nucleares. É muito triste afirmar isso: “já está incorporado na nossa cultura o desperdício com alimento, água, eletricidade, recursos financeiros etc.”. Nosso sistema educacional não está preparado para informar nem tampouco formar cidadãos. E não são muitas as autoridades que sabem disso! 3) Rever todo o plano de uso da energia nuclear, como sugerido pelo físico especialista em energia, José Goldemberg, não parece estar nos planos do governo. 4) As alternativas: energia solar, eólica, biocombustíveis... serão sempre consideradas como “complementares” aqui no Brasil (uma lástima; veja alguns dados abaixo sobre energia eólica). 5) Segurança das usinas nucleares: todos os especialistas envolvidos, aqui no Brasil, acham que o nosso sistema é muito seguro (as autoridades japonesas também diziam a mesma coisa!). Não deve ser esquecido que o “lobby” dos interessados em tirar proveito financeiro dos altos custos de implantação das usinas é intenso.
O Brasil, segundo dados da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.asp) vem gerando, em megawatts: Usinas hidrelétricas 77.290; Usinas termelétricas 30.172; Pequenas centrais hidrelétricas 3.537; Usinas termonucleares 2.007.
Para aqueles que não acreditam no potencial da energia eólica e subestimam sua potencialidade, visitem o site http://www.wwindea.org/home/images/stories/pdfs/worldwindenergyreport2010_s.pdf, da WWEA - World Wind Energy Association. Transcrevi desta associação os seguintes dados de energia eólica gerada em megawatts, em 2010, pelos principais países geradores: China 44.733; Estados Unidos 40.180; Alemanha 27.215; Espanha 20.676; Índia 13.065.
Considerando que a eletricidade total gerada no Brasil, por suas várias formas conforme divulgado no site da ANEEL mostrado acima, é de 114.105 megawatts eu pergunto: “por que muitas pessoas ainda consideram que a energia eólica é apenas uma forma complementar de geração de eletricidade”?
Finalizando (este capítulo): a usina nuclear projetada para o nordeste, a de Itacuruba, a 470 km do Recife, será implantada na margem esquerda do rio São Francisco. Os opositores destacam que em caso de acidente, as águas do rio espalharão a radiação ao longo dos estados de Pernambuco, Bahia, Alagoas e Sergipe. Um projeto estimado (inicialmente) em R$10 bilhões para gerar 6.600 megawatts de energia..
“Last but not least”: e as nossas leis? Vão nos proteger? Ah! nossas leis! São as melhores do mundo!!! A esse respeito eu acho que nos cai muito bem o que disse Publius (or Gaius) Cornelius Tacitus (AD 56 – AD 117): “corruptissima republica, plurimae leges” (= quanto mais corrupto o país, mais leis ele tem). Isso pode não justificar. Mas explica muita coisa!!!
[No CAPÍTULO II - EXTRAÇÃO, PROCESSAMENTO, UTILIZAÇÃO E ALGUNS REVESES]
17 de abr. de 2011
CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO: SEÇÃO ESPECIAL DE “BIOTANEOTROPICA”
Para aqueles que necessitam de maior esclarecimento sobre as mutilações no código florestal brasileiro e suas consequências para os ecossistemas brasileiros, a visita ao site http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/pt/, da revista da FAPESP, conforme é mostrado abaixo, é imprescindível!!!
Ao acessar o site acima, veja a Seção Especial CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO.
Vol 10 Num 4
Artigos:
A falsa dicotomia entre a preservação da vegetação natural e a produção agropecuária (Luiz A Martinelli , Carlos A Joly , Carlos A Nobre , Gerd Sparovek).
Alterações no código florestal brasileiro: impactos potenciais sobre a ictiofauna (Lilian Casatti).
A revisão do Código Florestal Brasileiro: impactos negativos para a conservação dos anfíbios (Luís Felipe Toledo , Sergio Potsch de Carvalho-e-Silva , Celso Sánchez , Marina Amado de Almeida , Célio F. B. Haddad).
Impactos potenciais das mudanças propostas no Código Florestal Brasileiro sobre os répteis brasileiros (Otavio A. V. Marques , Cristiano Nogueira , Marcio Martins , Ricardo J. Sawaya).
Impactos Potenciais na Avifauna decorrentes das Alterações Propostas para o Código Florestal Brasileiro (Pedro F. Develey , Tatiana Pongiluppi).
Mudanças no Código Florestal e seu impacto na ecologia e diversidade dos mamíferos no Brasil (Mauro Galetti , Renata Pardini , José M. B. Duarte , Vera M. F. da Silva , Alexandre Rossi , Carlos A. Peres).
Impactos potenciais das mudanças propostas no Código Florestal Brasileiro sobre as borboletas (André Victor Lucci Freitas).
As abelhas, os serviços ecossistêmicos e o Código Florestal Brasileiro (Vera Lucia Imperatriz Fonseca , Patrícia Nunes-Silva).
Implicações do cumprimento do Código Florestal vigente na redução de áreas agrícolas: um estudo de caso da produção canavieira no Estado de São Paulo (Pedro H. S. Brancalion , Ricardo Ribeiro Rodrigues).
Impactos potenciais das alterações do Código Florestal nos recursos hídricos
(José Galizia Tundisi , Takako Matsumura Tundisi).
Do Código Florestal para o Código da Biodiversidade (Aziz Nacib Ab'Sáber).
Impactos potenciais das alterações no Código Florestal sobre a vegetação de campos rupestres e campos de altitude (Katia Torres Ribeiro , Leandro Freitas).
Ao acessar o site acima, veja a Seção Especial CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO.
Vol 10 Num 4
Artigos:
A falsa dicotomia entre a preservação da vegetação natural e a produção agropecuária (Luiz A Martinelli , Carlos A Joly , Carlos A Nobre , Gerd Sparovek).
Alterações no código florestal brasileiro: impactos potenciais sobre a ictiofauna (Lilian Casatti).
A revisão do Código Florestal Brasileiro: impactos negativos para a conservação dos anfíbios (Luís Felipe Toledo , Sergio Potsch de Carvalho-e-Silva , Celso Sánchez , Marina Amado de Almeida , Célio F. B. Haddad).
Impactos potenciais das mudanças propostas no Código Florestal Brasileiro sobre os répteis brasileiros (Otavio A. V. Marques , Cristiano Nogueira , Marcio Martins , Ricardo J. Sawaya).
Impactos Potenciais na Avifauna decorrentes das Alterações Propostas para o Código Florestal Brasileiro (Pedro F. Develey , Tatiana Pongiluppi).
Mudanças no Código Florestal e seu impacto na ecologia e diversidade dos mamíferos no Brasil (Mauro Galetti , Renata Pardini , José M. B. Duarte , Vera M. F. da Silva , Alexandre Rossi , Carlos A. Peres).
Impactos potenciais das mudanças propostas no Código Florestal Brasileiro sobre as borboletas (André Victor Lucci Freitas).
As abelhas, os serviços ecossistêmicos e o Código Florestal Brasileiro (Vera Lucia Imperatriz Fonseca , Patrícia Nunes-Silva).
Implicações do cumprimento do Código Florestal vigente na redução de áreas agrícolas: um estudo de caso da produção canavieira no Estado de São Paulo (Pedro H. S. Brancalion , Ricardo Ribeiro Rodrigues).
Impactos potenciais das alterações do Código Florestal nos recursos hídricos
(José Galizia Tundisi , Takako Matsumura Tundisi).
Do Código Florestal para o Código da Biodiversidade (Aziz Nacib Ab'Sáber).
Impactos potenciais das alterações no Código Florestal sobre a vegetação de campos rupestres e campos de altitude (Katia Torres Ribeiro , Leandro Freitas).
4 de abr. de 2011
PRIORIDADE EM FUKUSHIMA: LIVRAR-SE DA ÁGUA CONTAMINADA
[Transcrito de www.bbc.co.uk, 4 de abril de 2011]
(By Jonathan Amos Science correspondent, BBC News)
No diagrama vê-se a corrente de Kuroshio, onde as cores mostram: Azul=fluxo mais lento da água; Vermelho=fluxo mais rápido da água.
BILINGUE (Resumido do original, que pode ser visto na íntegra em www.ecologyintofocus.blogspot.com)
INGLÊS: The Kuroshio Current may help to disperse pollutants
PORTUGUÊS: A corrente Kuroshio pode ajudar a dispersar os poluentes.
INGL.: The company running the Fukushima Daiichi nuclear power plant has begun releasing low-radioactive wastewater into the sea.
PORT.: A companhia que administra a usina nuclear Fukushima Daiichi começou a liberar a água residuária com baixa radioatividade no mar.
INGL.: More than 10,000 tonnes will be pumped into the ocean in an operation the Tokyo Electric Power Company (Tepco) says will take several days.
PORT.: Mais de 10 mil toneladas serão bombeadas para o oceano, numa operação que a Tepco - Tokio Electric Power Companhy diz que levará vários dias.
INGL.: Engineers continue to make steady progress but their efforts are being frustrated by large volumes of contaminated water.
PORT.: Os engenheiros continuam em estável progresso mas seus esforços estão sendo frustrados pelo grande volume de água contaminada.
INGL.: Some of this water is mildly radioactive, some of it not; but all of the water has to be removed so that equipment damaged on 11 March and the explosions that followed can be fixed.
PORT.: Parte dessa água está moderadamente radioativa, e parte não; mas toda a água tem que ser removida de maneira que o equipamento danificado em 11 de março e as explosões que se seguiram, possa ser consertado.
INGL.: The key concern remains the second reactor unit at the six-unit plant.
High levels of radiation have been found in waters in the reactor building. This is water that at some stage has been in contact with nuclear fuel and has now pooled in the basement.
PORT.: A preocupação chave permanece na segunda unidade dos reatores na usina de seis unidades. Altos níveis de radiação têm sido encontrados na água do prédio do reator. Esta água, em algum estáfio, esteve em contato com o combustível nuclear e agora penetrou na fundação do prédio.
INGL.: Doses at 1,000 millisieverts per hour have been measured. Just 15 minutes exposure to this water would result in emergency workers at Daiichi reaching their permitted annual limit of 250 millisieverts.
PORT.: Doses de 1.000 millisieverts por hora têm sido medidas. Apenas 15 minutos de exposição a essa água resultaria em que os trabalhadores dessa emergência na usina de Daiichi alcançariam o limite anual permitido, de 250 millisieverts.
INGL.: Workers have attempted to plug a crack in a trench thought to be involved in the ocean leak.
PORT.: Os trabalhadores têm tentado tapar a rachadura numa vala, que eles pensavam ser a responsável pelo vazamento para o oceano.
INGL.: This water itself is leaking into the ocean by an as yet unidentified route, and it has to be plugged. Trace dye has been put in the water to try to see where it goes, but without success so far.
PORT.: Essa própria água está vazando para o oceano por uma rota ainda não identificada e precisa ser tapada. Foi colocado corante na água para tentar ver por onde ela fluía, mas até agora sem sucesso.
INGL.: Efforts to try to fill a crack in a trench thought to be involved in the leak have also come to nought.
PORT.: Esforços para tentar encher a rachadura na vala que se pensave estar relacionada ao vazamento também foram nulos.
INGL.: Tepco says the low-radioactive water it intends to deliberately release into the sea has iodine-131 levels that are about 100 times the legal limit.
PORT.: Tepco [a companhia responsável] afirma que a água com baixa radioatividade que eles intencionam deliberadamente liberar para o mar has níveis de iodo-131 cerca de 100 vezes o limite legal.
INGL.: But it stressed in a news conference on Monday that if people ate fish and seaweed caught near the plant every day for a year, their radiation exposure would still be just 0.6 millisieverts. Normal background radiation levels are on the order of 2 millisieverts per year.
PORT.: Mas eles enfatizaram numa entrevista à imprensa, na segunda-feira, que se as pessoas comerem peixe e algas capturadas próximos da usina, todo dia, por hum ano, sua exposição aos níveis de radiação são da ordem de 2 millisieverts por ano.
INGL.: The Japanese government has approved the release. Chief Cabinet Secretary Yukio Edano said providing safe conditions to get into the Number 2 reactor to fix equipment was a higher priority.
PORT.: O governo japonês aprovou a liberação [da água radioativa para o oceano]. O Secretário Chefe do Gabinete, Yukio Edano, disse que proporcionando condições seguras para se entrar no reator Número 2 para consertar o equipamento, era de alta prioridade.
INGL.: And while no-one wants to see radioactive releases into the ocean, Japan is at least fortunate in the way the large-scale movement of the ocean works around the country. It will take months to get on top of the crisis fully, say Japanese officials.
PORT.: E, enquanto ninguém quer ver lançamentos para o oceano, o Japão pelo menos é feliz pela maneira em que o movimento em larga escala do oceano se dá ao redor do país. Decorrerão meses para se chegar completamente ao topo da crise, afirmaram as autoridades japonesas.
INGL.: The Kuroshio Current is the North Pacific equivalent of the Gulf Stream in the Atlantic. It hugs the Asian continental slope until about 35 degrees North, where it is deflected due east into the deep ocean as the Kuroshio Extension.
PORT.: A corrente Kuroshio é a corrente do norte do Pacífico equivalente à Corrente do Golfo, no Atlântico norte. Ela (a corrente Kuroshio) abraça o declive do continente asiático até cerca de 35 graus na direção norte, onde então inclina-se para leste para a profundidade oceânica, constituindo-se na extensão Kuroshio.
INGL.: This means pollutants in its grasp will tend over time to be driven out into the middle of the Pacific where they will become well mixed and diluted.
PORT.: Isto significa que os poluentes ao seu alcance tenderão ao longo do tempo, a serem direcionados para dentro do meio do Pacífico, onde se misturarão e se diluirão.
INGL.: The map on this page [see the photo] has just been released by the scientists working on the European Space Agency's Goce satellite.
PORT.: O mapa nesta página [vê a foto acima] foi obtida pelo satélite Goce e liberada por cientistas que trabalham na Agência Espacial Européia.
INGL.: "There are many caveats here and I cannot say for certain how the extension will impact on any dispersal of radioactive pollutants, but certainly having a detailed knowledge of the currents in this area is essential to understanding where the pollution goes."
PORT.: "Há aqui muitos embargos e eu não posso afirmar com certeza o quanto a extensão (dessa corrente Kuroshio)impactará a dispersão dos poluentes radioativos, mas ter um conhecimento detalhado das correntes naquela área certamente é essencial para se entender para onde a poluição irá" (afirmação do Dr. Rory Bingham da Universidade Newcastle, Inglaterra).
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