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5 de jan. de 2012

ECOLOGIA DA RESTAURAÇÃO. NOVAS TRAGÉDIAS: MAIS UM MOMENTO PARA LAMENTAÇÕES

ECOLOGIA DA RESTAURAÇÃO. Se há algo que realmente faça um ecólogo (ou uma ecóloga) sonhar, pelo menos aqui no Brasil, é ele (ou ela) imaginar que está participando de um projeto efetivo de restauração de um ambiente degradado. Principalmente um que, estando próximo a centro urbano, tenha sido continuamente castigado pelos maus tratos dos seres humanos. E quando todos pensarem que “está tudo perdido”, no final (do sonho) esse ambiente restaurado volte a ter estrutura e funções idênticas às anteriores às intervenções antrópicas! Afinal, muitos ambientes resistentes (a modificações) são também resilientes (ou seja, têm elasticidade, ou potencial para retornarem ao estado natural).

Existe uma sociedade internacional da restauração ecológica ("SER ─ Society for Ecological Restoration International"), sediada nos Estados Unidos, cujo site é:http://www.ser.org/. Acesse na página inicial desse site, numa coluna na esquerda, o “Restoration Project Showcase” e veja várias fotos de ambientes “antes” e “depois” de restaurados. Infelizmente essa Sociedade não me permitiu reproduzir as fotos dos ambientes restaurados.

"ECOLOGIA PREVENTIVA". E isso existe?! A importância de se restaurar ambientes degradados não se resume ao aspecto puramente paisagístico. Muitos brasileiros, principalmente os residentes em Santa Catarina e Rio de Janeiro, que escaparam das tragédias das enchentes e desmoronamentos (em 2008), assim como os atuais sobreviventes da tragédia repetida (agora, de dezembro/2011 para janeiro/2012), com maior força em Minas Gerais e novamente no Rio de Janeiro, assim como os sobreviventes daquelas enchentes acontecidas em Pernambuco e Alagoas (em 2010)... talvez suspeitem (mas nem todos) de que na maioria das vezes, nossas próprias ações de desmatamento da vegetação ribeirinha, de encostas e topos de morros causam assoreamento dos rios, que facilmente transbordam com poucas horas de chuvas contínuas, deixando para trás mortes e grandes perdas materiais.

Não seria difícil concluir que há muito tempo a maioria desses rios transbordantes deveria ter sido desassoreada e a vegetação de suas margens restaurada. Esta é a "ecologia preventiva". Observem os leitores que na foto abaixo o trecho do rio Jaguaribe,que corta vários bairros de João Pessoa, não tem quase nenhum fluxo de água; condição essa que se agrava durante o período chuvoso. Esse rio corta vários bairros de João Pessoa e vem sendo historicamente tratado com desprezo total pelas autoridades municipais. Alguns de seus trechos constituem-se em planícies de inundação, arrefecendo o impacto das enchentes. Tais locais devem permanecer com vegetação na margem e têm que ser desassoreados.



Observem o desenho ilustrativo abaixo (advertência: sou péssimo desenhista) de duas situações numa encosta de um morro. Na situação natural (parte superior da ilustração), predomina no declive da encosta uma vegetação arbustiva; e na parte plana (no final do declive) predominam árvores. A vegetação arbustiva no declive exerce pouco peso no solo que esteja recebendo muita água das chuvas; e nos momentos de insolação, transpiram e aliviam o peso do solo, que é pouco profundo e que quando encharcado tende a deslizar sobre a rocha que está logo abaixo. No entanto, a vegetação arbórea na parte plana, no final do declive da encosta, exercerá “força de contenção”, opondo-se a um possível deslizamento da encosta. Probabilidade esta que desaparece quando o ser humano efetua um corte na parte inferior do declive (como se vê na ilustração inferior) ao construir uma rodovia ou moradias.



APRENDENDO COM A NATUREZA. E concluindo. A Natureza ensina. É só observar! E os adeptos do novo código florestal, favoráveis aos desmatamentos em margens de rios, encostas e topos de morros, só lamentam quando os rios transbordam, as encostas desmoronam... e culpam (alguns inocentemente, mas outros “cinicamente”) a agressividade da Natureza!!!

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