O Senador: Blairo Maggi.
Meu aluno: um, dentre os milhares a quem venho ensinando há mais de 40 anos.
Afirmação do Senador à imprensa: "Os radicais querem que o país volte a ser uma floresta só, que vivamos pendurados em árvores comendo coquinhos".
Afirmação do meu aluno (após minha explanação sobre a necessidade de melhorarmos nossa concepção de desenvolvimento sustentável) : "Desse jeito, o senhor está querendo que a gente volte à idade das pedras".
As diferenças entre os dois personagens: o Senador preside a Comissão de Meio Ambiente do Senado.
Meu aluno: parece esforçar-se para aprimorar seus conhecimentos; e assim, espero que tenha melhorado sua visão de sustentabilidade (e não somente ter adquirido mais um certificado de conclusão de curso!).
As semelhanças: ambos "radicalizam" ao criticarem aqueles que eles, generalizadamente, chamam de radicais .
Quanto ao retorno à idade das pedras, lembro-me do que disse um certo ex-ministro do petróleo da Arábia Saudita: "não foi por falta de pedras que saímos da idade das pedras ". De fato, a ciência e a tecnologia, conquistas da humanidade, jamais deixarão que retornemos à idade das pedras . Aliás, é bem possível que brevemente tenhamos que sair da "idade do petróleo". Tudo me leva a crer que tenhamos que impor limites ao uso de combustíveis fósseis para melhorarmos nossa qualidade de vida; ou melhor ainda, mudar de combustível (energia solar, eólica ...). Respirando ar mais puro, bebendo água de boa qualidade, comendo alimentos saudáveis ...
Tudo isso sem precisarmos viver em florestas, pendurados em árvores comendo coquinhos. Uma observação à gozação do Senador presidente da Comissão de Meio Ambiente : "coquinhos não dão exatamente em árvores, mas em coqueiros ou palmeiras". Mas isto não é relevante.
Preocupa-me o fato de que uma autoridade exagere em suas críticas, mais com o intuito de menosprezar aqueles que respeitam resultados e orientações científicas objetivando melhoria da produtividade agropecuária, ao tempo em que os recursos naturais são preservados para as gerações futuras. Em suma: responsabilidade social, função principal de uma autoridade.
Duvido muito que esse "super plantador de soja", entenda da relevância da preservação da biodiversidade para a vida como um todo, em oposição aos lucros financeiros da monocultura e suas consequências maléficas para a vida. O Senador precisa ler os resultados das pesquisas da Embrapa e de várias outras Instituições brasileiras da área agronômica; estudos do Imazon, por exemplo; ou até mesmo, simplesmente assistir vídeos como o divulgado neste blog, inserido na postagem de 30/06/2012, SISTEMA INTENSIVO E PECUÁRIA SUSTENTÁVEL = GADO + LAVOURA + FLORESTA.
Para o Exmo. Sr. Senador: é um desenvolvimento econômico-social fundamentado em bases ecológicas, sem perdas ambientais físicas, facilmente perceptíveis e frequentemente irreversíveis, que baliza o progresso de uma sociedade, traduzido em qualidade de vida do povo, provido de boa alimentação, bons sistemas de saúde e educação. Mas nunca o consumo material puro e simples.
Para meu aluno: em conseguindo entender a importância da distinção entre crescer e desenvolver ... e que em termos de exploração de recursos naturais temos que respeitar os processos da Natureza ... passe adiante este aprendizado e dê sua contribuição, praticando a real sustentabilidade.
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