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27 de nov. de 2013

MAIS "TRAGÉDIAS ANUNCIADAS": ENCHENTES, DESLIZAMENTOS... NO SUDESTE DO BRASIL

Na região serrana do Rio de Janeiro os problemas continuam. A relação "povo nas margens dos rios e nas encostas de morros - novo código florestal - irresponsabilidade das autoridades", torna-se rotina na vida das populações fluminenses. A vegetação nativa ribeirinha e das encostas não podem ser alteradas. Mas o novo Código Florestal tem dispositivos que poëm em risco, ou aumentam os riscos a que estão sujeitas tais populações (veja no final, acessos à lei).

[Reproduzido de Veja on-line, de 26/11/2013]

A forte chuva que atinge Petrópolis, na Região Serrana do Rio, provocou o transbordamento do Rio Quitandinha, que atravessa o centro da cidade. A água tomou uma das principais vias de acesso ao centro, a rua Coronel Veiga, invadindo lojas e garagens de prédios.

No fim da tarde, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) emitiu um alerta de iminência de transbordamento. Até as 19h30, o rio permanecia em alerta máximo. Outro dois rios do estado, o Macaé e o São Pedro, na região Norte, estão em alerta máximo, segundo o Inea.

Todos os rios da Baixada Fluminense e da Região Serrana monitorados pelo Inea, exceto o Quitandinha, estão em estado de atenção.

Prevenção - Moradores da Região Serrana do Rio, que enfrentaram a maior tragédia natural da história do país, terão que enfrentar o terceiro verão sob o risco de uma nova tragédia. A região onde morreram mais de 900 pessoas em inundações e deslizamentos, para a qual foram prometidas 8.000 casas populares para os moradores das áreas de risco, até hoje só recebeu 506.

Prometida desde a tragédia de janeiro de 2011, a instalação de dois radares meteorológicos que poderiam indicar com 12 horas de antecedência a aproximação de tempestades não saiu do papel. O Inea admite que os dois radares que existem hoje no Rio não cobrem toda a Região Serrana e diz que a previsão é que os novos equipamentos só comecem a operar depois do verão.

Acesse os links:

https://db.tt/vAQr4SQI
https://db.tt/bccgo3Oz
https://db.tt/uUbXaBLE




24 de nov. de 2013

ESCÓCIA: PRIMEIRO PAÍS A ATRIBUIR VALOR MONETÁRIO A UM DOS SEUS MAIS IMPORTANTES ECOSSISTEMAS

[Reproduzido de THE INDEPENDENT, Londres]



Turfa retirada para queima (Escócia; Wikipedia)



Embora alguns ambientalistas, como os do grupo World Development Movement, achem que atribuir valor monetário à Natureza seja um passo para privatizá-la, cientistas estimam que ecossistemas na Escócia alcancem valor entre £21.5 e £23 bilhões (libras esterlinas) (£1 = R$3,80 ou R$4,00), por ano, na economia escocêsa.

A Escócia é o primeiro país no mundo a estipular valor econômico para um ambiente natural e os benefícios por ele providos.

"Peat bogs" (zona pantanosa; terrenos turfosos encharcados). Estes ecossistemas atuam como reguladores das águas, retendo água de chuva e reduzindo seu fluxo, diminuindo assim a frequência e intensidade das enchentes. Contribuem para o equilíbrio climático. Eles também purificam a água, absorvem e armazenam carbono, sendo importantes para alimentar e manter a biodiversidade (peixes, aves, mamíferos). 
[...]

Jonathan Hughes, diretor da "Conservation at the Scottish Wildlife Trust", deu boas vindas a esse movimento. Disse ele: “Um manguezal vale '£1,000 per hectare' (mil libras por hectare). Mas se você considerar a proteção (que ele exerce) contra tormentas, seu valor para a reprodução dos peixes e para a regulação climática,  os manguezais valem cerca de  '£21,000 per hectare' (21 mil libras por hectare) para a sociedade local”.

Algumas informações sobre  "peat bogs".
Essas zonas de aparência pantanosa, de terrenos turfosos, encharcados, muitos deles cobertos por musgos (Sphagnum), são compostos por cerca de 95 por cento de água e 5 por cento de carbono. Origina-se a turfa de lenta decomposição da matéria orgânica. Sua renovação natural é lenta: 1 mm por ano.

A turfa é utilizada em muitos países do norte, como combustível. Estima-se que haja cerca de 4 trilhões de metros cúbicos de turfa no mundo, cobrindo uns 2 por cento de nosso planeta (uns 3 milhões de km quadrados); armazenando um potencial de 8 bilhões de terajoules de energia.
Segundo cálculos do IPCC (International Panel on Climate Change), a intensidade de emissão de dióxido de carbono é de 106 g de CO2/MJ de turfa; valor mais elevado do que o produzido pela queima de carvão mineral, 94,6 g e pela queima de gás natural, 56,1 g. Teme-se por isso, que o aquecimento global possa induzir a queima espontânea desse gigantesco armazenamento de carbono.

21 de nov. de 2013

Aumento das emissões de CO2 pode tornar oceanos 170% mais ácidos até 2100, diz estudo

[Reproduzido de  BBC News / BBC Brasilvia EcoDebate, 16/11/2013]Corais, como estes na Indonésia, estão ameaçados pela acidificação dos oceanos.
Corais, como estes na Indonésia, estão ameaçados pela acidificação dos oceanos.
Cientistas acreditam que a acidificação dos oceanos irá aumentar 170% até o ano de 2100, colocando em risco a rica biodiversidade marinha, diz um novo estudo que deve ser apresentado na semana que vem na reunião da ONU sobre o Clima, que ocorre na Polônia.
Em 2012 mais de 500 especialistas em acidificação dos oceanos, vindos do mundo inteiro, se reuniram na Califórnia. Liderados pelo Programa Internacional Biosfera-Geosfera, lançado em 1987 para coordenar pesquisas na área, o grupo publicou um relatório a respeito da situação dos oceanos.
No documento, chamado de Sumário para Criadores de Políticas, os cientistas declaram “com muita confiança” que o aumento na acidez é causado pelas atividades humanas, que estão adicionando 24 milhões de toneladas de CO2 nos oceanos diariamente alterando a química da água.
Segundo os cientistas, cerca de 30% das espécies marinhas não devem sobreviver nestas novas condições, que são particularmente prejudiciais aos recifes de coral.
O mesmo estudo reforçou a estimativa de que os oceanos estão ficando mais ácidos em uma velocidade sem precedentes nos últimos 300 milhões de anos, que já havia sido divulgada no ano passado em estudo publicado na revista Science.
Velocidade de mudança
Desde o início da revolução industrial, os cientistas acreditam que as águas dos oceanos ficaram 26% mais ácidas.
Meus colegas não encontraram nos registros geológicos de velocidades de mudança maiores do que as que vimos atualmente”, afirmou o professor Jean-Pierre Gattuso, da CNRS, a agência nacional de pesquisas da França.
O que preocupa os cientistas é o potencial de impacto destas mudanças em muitas espécies marinhas, incluindo os corais.
Pesquisas realizadas em fontes hidrotermais nas profundesas dos oceanos, nas quais as águas são naturalmente ácidas graças ao CO2, indicam que cerca de 30% da biodiversidade marinha poderá ser perdida até o fim deste século.
Os cientistas afirmam que as fontes podem ser uma “janela para o futuro”.
Você não encontra um molusco no nível de pH esperado para o ano de 2100, e este é um fato chocante”, afirmou Gattuso.
(As fontes hidrotermais) são uma janela imperfeita, apenas a acidez do oceano está aumentando nestes lugares, eles não refletem o aquecimento que veremos neste século. Se você combinar os dois, pode ser ainda mais dramático do que vemos nestes orifícios de CO2″, acrescentou.
Efeitos mais graves
O efeito da acidificação atualmente está sendo observado de forma mais grave no Mar Ártico e na região da Antártida. Estas águas geladas retêm uma quantidade maior de CO2, e os crescentes níveis do gas estão acidificando estes mares mais rapidamente do que no resto do mundo.
E isto aumenta os danos a conchas e esqueletos de organismos marinhos.
Os pesquisadores afirmaram que até 2020, 10% do Ártico será um ambiente inóspito para espécies que fazem suas conchas a partir do carbonato de cálcio. Até 2100, o Ártico todo será um ambiente hostil.
De acordo com Gattuso, os efeitos da acidificação já são visíveis.
No oceano do sul já vemos a corrosão de pterópodes, que são como caramujos marinhos. No oceano, vemos a corrosão das conchas. Eles (os pterópodes) são elementos importantes na cadeia alimentar, consumidos por peixes, aves e baleias, então, se um elemento está desaparecendo, haverá um impacto em efeito cascata na cadeia toda”, disse o cientista.
Os autores do relatório afirmam que o impacto econômico poderá ser enorme. O custo global do declínio nas populações de moluscos pode ser de US$ 130 bilhões até 2100, se as emissões de CO2 continuarem no padrão atual.
Efeito limitado
Uma possibilidade para diminuir os efeitos da acidificação seria adicionar substâncias alcalinas nas águas dos oceanos, como pedra calcária esmagada, mas, segundo Gattuso, isto teria um efeito limitado.
Talvez em baías que tenham uma troca de água mais limitada com o mar aberto poderá funcionar, dar algum alívio local. Mas as últimas pesquisas mostram que não é prático se aplicado em escala global. É muito caro e consome muita energia”, afirmou.
Áreas de proteção marinha poderiam também melhorar a situação no curto prazo.
Mas, segundo os cientistas, no longo prazo apenas os cortes nas emissões poderiam desacelerar o avanço da acidificação.

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA AMAZÔNIA: CONTRIBUIÇÃO POSITIVA DOS TRIBUNAIS DE CONTAS, PARA SUA MELHORIA

Na Amazônia somente 4% das áreas protegidas são implementadas

[Reproduzido do "Estadão.com.br", de 21/11/2013]

Somente 4% das unidades de conservação da Amazonia foram bem classificadas num indicador criado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), para avaliar o grau de implementação e efetividade das políticas públicas nessas áreas protegidas.
O índice, feito a partir da análise de 14 quesitos,  dentre eles, monitoramento da biodiversidade e existência de plano de manejo, foi aplicado a 247 parques, reservas e florestas nacionais do bioma.  "Fica evidente que o completo funcionamento dessas unidades é uma estratégia de longo prazo", afirmou o ministro Weder de Oliveira, relator da auditoria.  O trabalho inédito, feito em colaboração com os Tribunais de Contas de nove Estados amazônicos, mostrou, por exemplo, que das 313 unidades de conservação federais da Amazônia, apenas 134 têm plano de manejo aprovado.  "A elaboração do plano é uma atividade onerosa, complexa, mas essencial. Sem ele é praticamente inviável gerir uma unidade de conservação",  observou o ministro.

O trabalho também avaliou a disponibilidade de recursos humanos nas unidades - outro quesito que deixou muito a desejar. O Ministério do Meio Ambiente considera ideal a presença de, pelo menos, cinco servidores em cada unidade. Em seis áreas visitadas pela auditoria do TCU, porém, não havia nenhum funcionário.  Outras 23 contavam com apenas um servidor e em 33, atuavam dois servidores. A maioria das unidades também não tem regularização fundiária resolvida.

O relatório revela ainda um baixo grau de aproveitamento das unidades, com subutilização de visitação, reduzido número de concessões florestais e entraves na promoção de atividades extrativistas.  "Uma fonte de recursos acaba sendo desperdiçada. Em 2011, apenas 2 mil pessoas visitaram parques nacionais", disse Oliveira. Diante dos resultados, o TCU solicitou uma série de  providências ao ministério e ao ICMBio.  O ministério terá 180 dias para melhorar a coordenação do Sistema Nacional das Unidades de Conservação da Natureza (Snuc).

Repetição.  O TCU pretende usar a nova ferramenta de avaliação periodicamente. "Vamos repetir na Amazônia e também fazer em outros biomas", afirmou o presidente do TCU, ministro Augusto Nardes. "Gostamos muito do relatório. Está muito completo e equilibrado nas análises", avaliou o diretor de Políticas Públicas do WWF Brasil, Jean François. / COLABOROU HERTON ESCOBAR

17 de nov. de 2013

BOA NOTÍCIA SOBRE O GUARANÁ

Brasil cria tecnologia de produção de guaraná que reduz desmatamento

Duas variedades de guaraná que o Brasil desenvolveu com técnicas de melhoramento genético permitirão ao país elevar em 40% a produção da planta amazônica, desejada por suas propriedades estimulantes e rica em cafeína, cuja atual produção é 12 vezes inferior à demanda.

Trata-se da BRS Sateré e da BRS Marabitana, desenvolvidas por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) sem manipulação genética. As novidades, que foram lançadas nesta semana ao mercado, têm produtividade seis vezes superior a das sementes atualmente usadas na Amazônia.

"A expectativa é que o uso dos novos materiais permita elevar em até 40% a produção de guaraná nos estados da Amazônia sem necessidade de desmatar mais a floresta", disse à Agência Efe André Atroch, pesquisador da Embrapa e um dos responsáveis pelas recém-desenvolvidas tecnologias agrícolas.

As novas variedades foram desenvolvidas especificamente para permitir que os estados amazônicos brasileiros possam satisfazer a crescente procura nacional e internacional pelo fruto desta planta.

Ele é utilizado na maioria das vezes como componente de bebidas gasosas e estimulantes, mas também faz parte da indústria cosmética e farmacêutica.

O guaraná ("Paullinia cupana") é uma planta trepadeira original da Amazônia, que existe principalmente no Brasil, mas seu cultivo se estendeu a países como Paraguai, Peru, Colômbia e Venezuela.

É rico em vitaminas e substâncias estimulantes, como cafeína, teofilina e guaranina. E serve de fonte para produtos energéticos e suplementos dietéticos que são oferecidos na forma de xarope, pó e barra de cereal, também podendo ser usados para diminuir o cansaço e a fome. E existe em componentes para prevenir ataques do coração e o envelhecimento.

No Brasil, único país que exporta o produto, os refrigerantes à base de guaraná competem com os à base de cola. Isto e a grande demanda internacional, calculada em 60 mil toneladas por ano, geraram um grande interesse em aumentar a produção brasileira, que atualmente só chega a cinco mil toneladas.

"Pela falta do produto algumas fábricas usam aromatizantes e extratos com sabor de guaraná. A demanda nunca chegou a ser atendida e por isso o preço tem alcançado recordes de R$ 20 o quilo de semente e até de R$ 60 o pó. Trata-se de um cultivo de alta rentabilidade", afirma o pesquisador da Embrapa.

O consumo de refrigerantes com sabor de guaraná no Brasil cresce anualmente em média 3% e chega a três bilhões de litros por ano.

"A quantidade mínima de extrato de guaraná por litro de refrigerante deveria ser de 0,02 gramas, mas as estatísticas mostram que a atual produção não alcança isso", assegura André Atroch.

Outra vantagem das novas variedades é serem de elevada produtividade, inclusive em áreas degradadas da Amazônia. "Isso permite aproveitar terrenos hoje abandonados e reduzir o desmatamento", afirmou Atroch.

A Embrapa considera que o aumento da produtividade permitirá que o estado do Amazonas recupere seu status de maior produtor brasileiro de guaraná. Atualmente, esse título pertence à Bahia, onde a planta foi introduzida com técnicas comerciais e livre de pragas. O estado nordestino produz hoje 2.400 toneladas de guaraná ao ano, quase três vezes as 820 toneladas do Amazonas.

Além de elevar a produtividade do guaraná até um quilo e meio por planta ou 600 quilos por hectare, cinco vezes os atuais registros, as novas sementes permitem aumentar a densidade do cultivo em até 625 plantas por hectare.

"Isso garante uma elevação da produtividade de até 600%", comemora Atroch.

Outra característica das novas variedades é sua resistência à antracnose, uma doença causada por um fungo que dizimou a produção de guaraná na Amazônia, e a outras pragas. A Embrapa calcula que esse aumento se limitará a 40%. A explicação da estatal é que os pesquisadores recomendam diversificar geneticamente, ou seja, usar diferentes variedades para impedir que a doença se torne resistente e mate todo o cultivo. 

15 de nov. de 2013

DNA, MUTAÇÕES... NOVAS REVELAÇÕES MUDAM CONCEITOS



Outros estudos já haviam indicado que as células herdam informação que não está no DNA.[Imagem: Mariana Silva/Lars Jansen/IGC]Scott Williams e Jason Moore, da Universidade de Dartmouth (EUA), fizeram duas descobertas que deverão mudar a forma como a ciência e o público enxergam a genética em geral, e o papel do DNA em particular.
Em primeiro lugar, eles descobriram que uma pessoa pode ter várias mutações do DNA em diferentes partes do corpo, mantendo seu DNA original no restante do organismo, o que resulta em vários genótipos diferentes em um mesmo indivíduo.
Em segundo lugar, eles verificaram que mutações genéticas idênticas ocorrem em pessoas não aparentadas e sem relação umas com as outras, questionando a noção de que as mutações genéticas são aleatórias.
Esquizofrenia do DNA
Desde a descoberta do DNA, há 60 anos, a ciência tem passado a ideia da chamada "molécula da vida" como se o DNA de cada pessoa fosse único.
Por isso, a descoberta de que uma pessoa pode ter mais de um genótipo altera o próprio conceito que vem sendo construído sobre o que é um ser humano, biologicamente falando.
Isto terá um enorme impacto sobre o uso de análises forenses ou criminais usando o DNA, testes de paternidade, teste de pré-natal ou rastreio genético para o risco de câncer de mama, por exemplo.
Na verdade, esse conceito do DNA como caracterizador do ser humano vem sendo questionado ao longo dos últimos anos.
Hoje já se sabe, por exemplo, que o estilo de vida altera o DNA e influencia o metabolismo. Na parte forense, recentemente um estudo demonstrou o risco dos exames genéticos usando um teste de maternidade para "provar" que uma mãe não era mãe de seus dois filhos.
Mutações genéticas
Os resultados surpreendentes também indicam que as mutações genéticas nem sempre acontecem puramente ao acaso, como os cientistas pensavam e que representa um dos pilares da Teoria da Evolução proposta por Charles Darwin e elaborada ao longo de um século e meio de pesquisas.
As mutações genéticas podem ocorrer nas células que são passados de pai para filho, podendo causar defeitos de nascimento.
Outras mutações genéticas ocorrem depois que o óvulo é fertilizado, durante a infância ou na vida adulta, quando as pessoas são expostas à radiação, a substâncias químicas cancerígenas, vírus ou outros itens que podem danificar o DNA.
Essas mutações posteriores, ou "somáticas", não afetam as células do esperma ou óvulo, de forma que não são herdadas dos pais ou transmitidas aos filhos. Mutações somáticas podem causar câncer ou outras doenças, mas nem sempre o fazem.
No entanto, se a célula mutante continua a se dividir, a pessoa pode desenvolver um tecido com uma sequência de DNA diferente do resto do seu corpo.
"Nós somos, na realidade, diversos seres, no sentido de que uma única pessoa não é geneticamente uma única entidade. Sendo filosófico em coisas que ainda não compreendemos totalmente, o que significa ser uma pessoa, se nós somos variáveis por dentro?" pondera o Dr. Williams.

"O que faz de você uma pessoa? É a sua memória? Seus genes? Nós sempre pensamos, 'Seu genoma é o seu genoma'. Os dados sugerem que isso não é completamente verdade," completa.
Múltiplos DNAs na mesma pessoa
Ter múltiplos genótipos frutos de mutações dentro do mesmo corpo é algo análogo ao quimerismo, uma condição na qual uma pessoa tem células dentro do seu corpo que se originaram de uma outra pessoa, seja por doação de um órgão ou de sangue, ou pela troca de DNA na gravidez envolvendo a mãe e a criança, ou irmãos gêmeos.
Como acreditavam que as alterações somáticas acontecessem de forma aleatória, os cientistas não esperavam que pessoas não relacionadas apresentassem as mesmas mutações.
Contudo, analisando amostras de diferentes tecidos em pessoas não relacionadas, eles encontraram várias mutações idênticas e detectaram estas mutações repetidas apenas no rim, fígado e tecidos do corpo esquelético - nas demais partes do corpo as mutações não coincidiam.
Se o nosso DNA se altera, ou mutaciona, seguindo padrões, em vez de mudar aleatoriamente, se essas mutações 'coincidem' entre pessoas não relacionadas, ou se as mudanças genéticas acontecem apenas em partes do corpo de um indivíduo, o que isso significa para a biologia e a medicina?
Como isso poderá afetar os exames técnicos e forenses, o rastreio do câncer ou o tratamento de doenças?
Ainda não se sabe. O que se sabe é que o edifício do DNA, outrora visto como estável, inquestionável e inconfundível na paisagem, está desabando rapidamente.

14 de nov. de 2013

O "SOBE E DESCE" DO DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA

[Reproduzido de www.amazonia.org.br]

Desmatamento volta a subir na Amazônia

Dados oficiais indicam alta de 28% em relação ao ano passado. Ainda assim, área devastada é a segunda menor das últimas duas décadas.
O desmatamento na região da Amazônia voltou a subir em 2013, mas a área devastada é a segunda menor dos últimos 20 anos, atrás apenas da área de 2012, segundo informações do Inpe divulgadas em Varsóvia pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, nesta quinta-feira (14/11).
Em 2013 foram derrubados 5.843 quilômetros quadrados de floresta, uma alta de 28% em relação aos 4.571 quilômetros quadrados do ano anterior. Em 2011 foi devastada uma área de 6.418 quilômetros quadrados. O pior ano foi 2004, quando 27.000 quilômetros quadrados de floresta foram perdidos.
gráfico desmatamento amazônia 2013 (Foto: gráfico desmatamento amazônia 2013)

Ao anunciar os números, Teixeira disse ainda que convocará uma reunião com secretários estaduais para tratar da questão, tão logo retorne ao Brasil. Ela está na Polônia para participar da conferência sobre mudanças climáticas promovida pela ONU.
Segundo a ministra, monoculturas de soja no Pará e no Mato Grosso seriam um fator fundamental para o aumento. Nos dois estados, o desmatamento subiu 37% e 52%, respectivamente.
Ela criticou a fiscalização feita pelos estados e afirmou que, para o governo federal, o aumento no desmatamento ilegal é inaceitável. As estatísticas apresentadas comprendem o período entre agosto de 2012 e julho deste ano.
Fonte: Deutsche Welle

12 de nov. de 2013

RESERVA GURUPI NO MARANHÃO: A IMPUNIDADE "COMANDA" SEU DESAPARECIMENTO

toras-armazenadas-na-rebio-do-gurupi foto-nelson-feitosaToras armazenadas na Rebio do Gurupi. Foto: Nelson Feitosa
[Reproduzido de www.oeco.org.br]

A Reserva Biológica (Rebio) Gurupi, que abrange os municípios Bom jardim, Centro Novo do Maranhão e São João do Carú, faz parte do último remanescente de Amazônia no Maranhão. O lógico, portanto, seria zelar por ela, mas é o oposto ao que acontece. Apesar da categoria reserva biológica ser uma Unidade de Conservação de proteção integral e de permitir a presença humana apenas para fins científicos, a Rebio Gurupi vem sendo destruída desde que foi criada, em 1988. Dentro de seus limites, vivem de pequenos agricultores a grileiros, grandes fazendas para criação de gado, retirada ilegal de madeira, trabalho escravo e plantação de maconha. Tudo isso, com agravantes que vão desde propostas de acabar com a reserva a graves conflitos fundiários. Por decisão judicial, ocorre também a devolução recorrente a infratores pegos em flagrante cometendo crimes ambientais de bens confiscados pela fiscalização.
Confiança na impunidade
Caminhao apreendido em flagrante e depois liberado por decisao judicial. Credito ICMBioCaminhão apreendido em flagrante e depois liberado por decisão judicial. Crédito: ICMBio
Funcionários do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) possuem documentos que comprovam as devoluções. Eles não querem se identificar, pois alegam ser constantemente ameaçados. Em um dos documentos, o proprietário de uma moto e de um caminhão sem placas pede de volta judicialmente os bens apreendidos em um flagrante. Ele conduzia o caminhão dentro da Rebio em uma área desmatada e com toras de madeira. De acordo com o instituto, "o caminhão em questão é do tipo toreiro, ou seja, sua carroceria é adaptada para o transporte de toras de madeiras. A finalidade deste tipo de caminhão é o transporte de toras. A ousadia dos infratores vai além. O mesmo senhor foi flagrado 4 semanas antes no mesmo local de extração clandestina no interior da Rebio Gurupi". Os veículos, no entanto, foram liberados por decisão judicial.
Existem mais casos. Na operação Maurítia, de setembro de 2011, uma das maiores que já aconteceram na Rebio (o total de multas aplicadas chegou a 30 milhões de reais), bens apreendidos em flagrante foram quase todos devolvidos. Estas situações demonstram que o crime é cometido sem maiores receios, em um ciclo destrutivo que, aos poucos, mina a área da Rebio e das terras indígenas ao seu redor.


De acordo com o estudo "Justiça para as Florestas: Melhoria dos Esforços da Justiça Criminal para Combater a Extração Ilegal de Madeira", do Banco Mundial, a probabilidade de um madeireiro ilegal ser penalizado no Brasil é menor que 0,08%. E o resultado da impunidade, no caso da Rebio, pode ser visto em imagens de satélite e em dados como os divulgados pelo Imazon. De acordo com o instituto, a Rebio Gurupi está entre as 10 unidades de conservação com maior perda absoluta de floresta original entre 2009 e 2011.

9 de nov. de 2013

OBRA GIGANTESCA GERANDO PROBLEMAS SOCIAIS

[Relato completo em http://amazonia.org.br/2013/11/trabalhadores-ref%c3%a9ns-em-obras-bilion%c3%a1rias-na-amaz%c3%b4nia/#comments]

Trabalhadores reféns em obras bilionárias na Amazônia

Obras no Sitio Pimental da hidrelétrica Belo Monte que está sendo construída em Altamira, no Pará . Foto: Governo Federal – Divulgação (dezembro 2011)
Mortes no Maranhão, trabalhadores forçados por soldados da Força Nacional a permanecerem em canteiro de obras em Belo Monte. Acusados de violar direitos trabalhistas, megaempreendimentos recebem financiamento do BNDES
“Nós fomos se alojar no meio da Amazônia, sem parente, sem transporte. Sem nada. O transporte que nós tínhamos era da empresa. Mas quando há uma greve, eles fechavam logo o transporte. Ninguém entrava, ninguém saía na portaria. Se saísse, era tomado o crachá, como aconteceu com a gente, e era mandado embora”, diz Adailson Silva, ex-apontador na obra de Belo Monte.
A hidrelétrica de Belo Monte, em construção, fica a cerca de 70 km da cidade de Altamira, no município Vitória do Xingu, no estado do Pará. O canteiro da obra pública mais cara e controversa do Brasil é formado por quatro sítios, Belo Monte, Canais e Diques, Pimental e Bela Vista. Ali, formam-se quase cidades paralelas, com transporte e alimentação fornecidos pelo Consórcio Construtor Belo Monte e comércio dentro dos canteiros.
São 20 mil trabalhadores (dados de setembro de 2013 do Consórcio Norte Energia) na construção de Belo Monte oriundas de lugares mais próximos como Belém, e de muito longe, do Rio de Janeiro, de São Paulo, e até do Haiti. Em turnos, as equipes trabalham 24 horas por dia, para acelerar a conclusão da obra, com descanso apenas no domingo.
Pessoas que vivem dentro da obra, nos alojamentos, e que passam meses longe de suas famílias até que recebam a permissão de visitá-las (segundo Adailson Silva, trabalhador entrevistado para esta reportagem, a empresa só cumpre o acordo de três meses mínimos para a visita se os trabalhadores o exigem com contratos em mãos).
Os frequentes protestos – de ativistas, de comunidades indígenas, ribeirinhas e greves dos próprios trabalhadores – criam uma rotina extenuante emocional e psicologicamente, que se soma ao estresse físico do trabalho.
[Relato continua  no  "link" indicado acima]

3 de nov. de 2013

SERRA PELADA E SEUS PROBLEMAS PERMANENTES

A "velha Serra Pelada de sempre"! Produzindo mais problemas sociais do que ouro!!!


Edição do dia 31/10/2013
31/10/2013 21h24 - Atualizado em 31/10/2013 21h24

MP investiga desvio de R$ 50 milhões em 


cooperativa de Serra Pelada

De acordo com as investigações, mais de R$ 50 milhões de reais que deveriam ter sido distribuídos para garimpeiros ficaram nas mãos de ex-dirigentes da cooperativa.

O Ministério Público descobriu irregularidades na cooperativa de garimpeiros de Serra Pelada. De acordo com as investigações, mais de R$ 50 milhões de reais que deveriam ter sido distribuídos para os garimpeiros ficaram nas mãos de ex-dirigentes da cooperativa. O ouro de Serra Pelada para extração manual acabou, mas ainda há reservas subterrâneas.
Com autorização do Governo Federal, a cooperativa de garimpeiros é a única com direito de explorar Serra Pelada.
Há seis anos ela se juntou a uma grande empresa de mineração - a Colossus - para implantar a exploração mecanizada de ouro.
As obras estão em andamento e pelo contrato a Colossus repassa à cooperativa mais de R$ 350 mil por mês como uma espécie de adiantamento pela produção.
Ano que vem, quando a extração começar, os repasses serão bem maiores – 25% de todo o ouro extraído.
O dinheiro deveria ser distribuído entre os 40 mil cooperados. Mas, segundo o Ministério Público não é o que acontece.
As investigações começaram no ano passado, quando os promotores tiveram acesso a um relatório do COAF - o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, do Ministério da Fazenda.
Segundo o Ministério Público, o documento revelou que a Colossus mineração fazia os depósitos nas contas pessoais de ex-dirigentes da Coomigasp e também de laranjas. De acordo com o MP, R$ 54 milhões foram desviados da cooperativa.
“Nós percebemos que o dinheiro era canalizado primeiro para a conta de diretores e depois pulverizado para a conta de várias pessoas que não têm nenhuma conexão com a cooperativa: professores primários, camelôs, recebiam valores de R$ 800 a R$ 900 e R$ 1 milhão de reais na sua conta. Além de haver saques na boca do caixa de até RS 2 milhões de reais, o que é indicativo bem claro de lavagem de dinheiro”, explica o promotor Hélio Rubens.
“De tanto que a gente trabalhou pra arrumar alguma coisa na vida, a oferecer a família da gente e até essa data ninguém recebeu nada'', diz José Castro, garimpeiro.
Cinco pessoas foram denunciadas. O então presidente, afastado do cargo. E a cooperativa esta sendo administrada por um interventor nomeado pela Justiça.
Todas as cinco pessoas que o Ministério Público denunciou à Justiça foram afastadas da administração da cooperativa. A empresa Colossus afirma desconhecer a participação de colaboradores em desvios de dinheiro.
E alega que os depósitos nas contas pessoais dos diretores foram determinados pela cooperativa - que, na época do contrato, tinha as contas bloqueadas pela Justiça.