Os pesquisadores analisaram informações sobre fauna encontrada em quase 500 remanescentes da floresta, publicadas desde a década de 1980 para comparar com dados históricos sobre a fauna. Depois, mapearam as informações com base nas regiões, delimitadas pelas bacias hidrográficas e em sete grupos funcionais das espécies (que vão desde folívoros à hipercarnívoros – que possuem mais de 70% da dieta composta por carne).
Blocos de Mata Atlântica que se estendem desde o sul de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul ainda possuem maior quantidade de médios e grandes mamíferos. “A gente imagina, embora não tenha medido, que nesses corredores das escarpas das Serras Geral e do Mar ainda existem condições da fauna se manter viável e servir de fonte para locais próximos”, afirma o biólogo Juliano André Bogoni, um dos autores do artigo.
Os mapas mostram que nas regiões mais ao sul e ao norte da Mata Atlântica, a defaunação é mais grave. Embora, indiquem a presença herbívoros em florestas ao sul, nestas regiões os dados indicam pouca presença de predadores de topo, onças-pintadas e onças-pardas. Entre os fatores que podem contribuir para essa diferença, segundo Bogoni, estão o histórico de ocupação, população original de animais e tamanho dos fragmentos florestais.
O biólogo, que pesquisador de pós-doutorado na Universidade de São Paulo em colaboração a University of East Anglia, Reino Unido, explica que as análises indicaram que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), a renda per capita e tamanho dos fragmentos interferem na presença da fauna. Mas segundo ele, embora haja uma tendência de regiões mais pobres manterem menos animais nas matas, esse fator não é determinante, pois existem áreas com IDH mais elevados com florestas vazias. De acordo com ele, não é possível isolar cada um desses favores, mas a cobertura de vegetação é o que mais contribui para manter a fauna.
“Essas florestas vazias, onde a defaunação não é por perda de habitat, mas por outro fator, provavelmente a caça”, avalia Bogoni. “ A caça é histórica, em 500 anos nunca cessou”, completa. De acordo com ele, o estudo permite mapear áreas mais críticas para a conservação e também para políticas públicas mais robustas. “A gente mostrou entre os grupos funcionais aqueles que mais sucumbem à defaunação, onde mais sucumbem. Isto dá um embasamento para políticas públicas de conservação, onde agir melhor, em que grupos e de que forma”, destaca.
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