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25 de dez. de 2020

IMPACTOS AMBIENTAIS: EXEMPLO DE UM CASO


PARECER TÉCNICO

Caso: solicitação da Engenheira Nutricionista, MSc Giovana Paiva, ao biólogo Breno 

Machado Grisi para emitir parecer que pudesse consubstanciar protesto na Justiça

contra empresa Limpa Fossa, que procedia à lavagem de seus caminhões em via 

pública; quase em frente a uma pequena indústria de fabricação de doces e salgados, 

para quem a referida engenheira prestava consultoria.

Apreciação do biólogo Dr. BRENO MACHADO GRISI (Conselho Regional de 

Biologia – CRB 5a Região, Reg. No 0177/5-D) à consulta feita sobre empresa de coleta 

e reciclagem de resíduos, que vem adotando procedimentos que podem prejudicar a 

saúde de pessoas do entorno dessa empresa.

[Acessar o link abaixo]

 https://www.dropbox.com/s/u73ec5mov2tci72/LIMPA%20FOSSA-Parecer%20Tecnico.pdf?dl=0

18 de dez. de 2020

AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS - EIA/RIMA

 Nesta aula em “Powerpoint” são apresentadas considerações sobre as diversas etapas de estudos de impactos ambientais; com alguns exemplos.

Acesso:

https://1drv.ms/u/s!AlSvfvbpbplfs1nuze6dUcV9JxqC

15 de dez. de 2020

ECOLOGIA BÁSICA

 Dando sequência à série de aulas em “Powerpoint” destinadas a professores e alunos interessados em consolidar e aprimorar conhecimentos sobre ecologia, aqui está uma breve apresentação sobre estruturas e funções dos componentes de ecossistemas terrestres e aquáticos. 

Para os professores: sugestão de temas para serem desenvolvidos com os alunos; e ilustrações para aulas.

Para os alunos: revisar e ampliar conhecimentos.

Acessar:

https://1drv.ms/u/s!AlSvfvbpbplfs1etyI8z69EmfSfF

8 de dez. de 2020

DESMATAMENTOS NA AMAZÔNIA E ENVOLVIMENTOS COM FRIGORÍFICOS

 

Observação do autor deste blog:

O gráfico abaixo mostra realmente, que na década de 2010 a 2020 ( registros até 2019), há um pico de desmatamento em 2019. Mas, infelizmente, de 2004 a 2008, os desmatamentos foram superiores aos de 2019.


Em meio a recordes de queimadas na Amazônia, as três maiores empresas do setor de carne bovina do Brasil — JBS, Marfrig e Minerva — compraram gado de 379 fazendas que desmataram ilegalmente na região amazônica, aponta um extenso levantamento da organização internacional Global Witness.

A área atingida, segundo o relatório da ONG, é de 202 quilômetros quadrados (quase o tamanho da cidade do Recife ou 20 mil campos de futebol). Ainda segundo a Global Witness, essas três empresas também falharam em monitorar “mais de 4.000 fazendas no Pará inseridas em suas cadeias produtivas, e com um total estimado de 140 mil campos de futebol de desmatamento, para evitar que gado dessas fazendas chegasse a seus frigoríficos”.

As cadeias de abastecimento dessas empresas são auditadas de forma independente por multinacionais. E no papel, os resultados parecem cada vez melhores a cada ano. A empresa JBS, por exemplo, afirma que praticamente 100% de toda a sua carne provém de fazendas que cumprem com os compromissos legais de não adquirir gado de onde houve desmatamento recente.

Mas o relatório da Global Witness aponta outro cenário.

“Os fazendeiros são cúmplices diretos da destruição da Amazônia, os frigoríficos estão falhando em remover o desmatamento das suas cadeias produtivas do gado que compram desses pecuaristas, os auditores têm restrições para realizar suas auditorias, o que significa que as auditorias não estão detectando os casos que identificamos, os bancos, por sua vez, não estão fazendo perguntas suficientes aos frigoríficos e, ao mesmo tempo, não são obrigados por seus governos a fazerem um controle rigoroso para remover o desmatamento de seus investimentos, resumiu Chris Moye, pesquisador sênior de Amazônia na Global Witness.

Segundo a ONG, “essas empresas de carne compraram de pecuaristas acusados de fraudes, grilagem de terras e violações de direitos humanos, ou que foram multados pelo Ibama por desmatamento ilegal”.

JBS, Marfrig e Minerva contestaram a metodologia adotada pela ONG e refutaram cada uma das 379 acusações contra fazendas que fornecem gado. De modo geral, afirmam que o relatório da Global Witness é incorreto e impreciso e que cumprem com todas as obrigações legais e requisitos socioambientais firmados (leia mais abaixo).

Como a ONG fundamenta suas acusações?

Os especialistas da Global Witness se debruçaram sobre todas as guias de trânsito animal da JBS no Pará dos últimos três anos. Esses documentos, disponíveis no site da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), servem para o governo federal rastrear todo a trajetória do gado, do nascimento ao abate de cada animal.

Com os dados de origem de todo o gado comprado pela JBS, a ONG então cruzou as áreas das fazendas fornecedoras com imagens dos satélites Landsat e Sentinel analisadas em parceria pela ONG brasileira Imazon, que para monitora o desmatamento na região amazônica.

O passo seguinte foi identificar quais dessas áreas foram desmatadas com autorização legal ou não. No Brasil, para se desmatar nessa região é preciso, por exemplo, de uma autorização de supressão de vegetação, que segue o Código Florestal Brasileiro.

Depois desses cruzamentos, os especialistas da Global Witness e da Imazon apontaram que a JB comprou gado em 2017 de 177 fazendas com áreas desmatadas ilegalmente, de 231 em 2018 e 204 em 2019.

Imagens de satélite mostram claramente a extensão do desmatamento ao longo do tempo. Grandes áreas de floresta são desmatadas até 2004, quando ocorre uma redução significativa após uma série de políticas e medidas de repressão à pecuária ilegal. Mas, a partir de 2012, o desmatamento voltou a acelerar, à medida que governos sucessivos priorizaram os interesses dos agricultores em detrimento da conservação.

“Os fazendeiros derrubam a floresta e queimam o material seco e assim limpam o solo para plantar capim para o gado. Cerca de 80% da área desmatada é usada para pastos e a tendência tem sido de aumento do desmatamento”, afirmou Paulo Barreto, pesquisador do Imazon, à BBC.

Desmatamento recorde em uma década O desmatamento da floresta amazônica em território brasileiro atingiu seu nível mais alto desde 2008, informa o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Um total de 11.088 km2 (4.281 milhas quadradas) de floresta tropical foi destruído de agosto de 2019 a julho de 2020. Isso representa um aumento de 9,5% em relação ao mesmo período no ano anterior.

Cientistas dizem que o país sofreu perdas em um ritmo acelerado desde que Jair Bolsonaro assumiu a Presidência em janeiro de 2019.

O mandatário tem incentivado as atividades de agricultura e mineração na maior floresta tropical do mundo.

[o restante da reportagem pode ser visto em]

https://amazonia.org.br/2020/12/desmatamento-as-imagens-de-satelite-que-apontam-ligacao-entre-grandes-frigorificos-e-derrubada-de-florestas-na-amazonia/



4 de dez. de 2020

IMPACTOS AMBIENTAIS

 

“Powerpoint” destacando ações antrópicas, comprometendo a qualidade de vida ambiental, como um todo e a própria vida humana!

https://1drv.ms/u/s!AlSvfvbpbplfszgsv-7pyiLfUSIX

1 de dez. de 2020

FALÉSIA DO CABO BRANCO(JP/PB): FATORES QUE CONTRIBUEM PARA SUA DESTRUIÇÃO. NA VISÃO DE UM ECÓLOGO

A seta amarela aponta para o Pontal dos Seixas, que é o extremo oriental do Brasil. A seta azul assinala a  Ponta do Cabo Branco.


Acessar o Powerpoint:

 https://1drv.ms/u/s!AlSvfvbpbplfsy9eZZ2XTm8ltHk_

26 de nov. de 2020

MANGUEZAIS: FLORA, FAUNA, ECOLOGIA, EXPLOTAÇÃO

 Alguns registros sobre esse extenso grande ecossistema brasileiro, que se estende do Amapá à Santa Catarina.

Acesse:

https://1drv.ms/u/s!AlSvfvbpbplfsyQ5NVXDKeVtfXF7

25 de nov. de 2020

23 de nov. de 2020

BIOMAS BRASILEIROS: PAMPAS

 E na sequência, o sexto e último dos biomas do Brasil.

Acesso:

https://1drv.ms/u/s!AlSvfvbpbplfsxZtytCg8zys9Mfd

20 de nov. de 2020

19 de nov. de 2020

30 de out. de 2020

EXPERIMENTO PARA ESTIMAR O PONTO DE COMPENSAÇÃO FÓTICO DE UMA PLANTA

 SOLUÇÃO DE KAUKO E EXPERIMENTO PARA ESTIMAR O PONTO DE COMPENSAÇÃO FÓTICO DE UMA PLANTA



Solução de Kauko:

Para 1 Litro de solução, em água destilada:

10 mg de vermelho de cresol

8 mg de NaHCO3

7,46 g de KCl

Manter em recipiente hermeticamente fechado.

Importante: algumas horas (umas 3 horas) antes de realizar o experimento (ou

medições), deixar o recipiente com a solução, aberto, para equilibrar o teor de CO2 da

solução com o ar atmosférico ambiente.

Teste para observar a mudança de cor da solução de acordo com o teor de CO2 nela

dissolvido:

A solução em contato com o ar atmosférico ambiente apresentará uma cor rósea (ou

quase púrpura). Se você, por exemplo, soprar dentro de um tubo de ensaio contendo a

solução, esta se tornará amarela.

Experimento para estimar o ponto de compensação de luz de uma planta:

Como realizar o experimento para estimar o ponto de compensação de luz de uma

planta (ou ponto de compensação fótico).

Conceito de ponto de compensação (de acordo com o GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA, de Breno M. Grisi, disponível no blog ecologiaemfoco):

“PONTO DE COMPENSAÇÃO (DE LUZ ou FÓTICO)

Refere-se à luminosidade na qual o O2 produzido na fotossíntese compensa o O2

consumido na respiração. Em ecologia aquática, a profundidade de compensação é

aquela, na coluna de água, onde a produtividade primária e o consumo pela respiração

se igualam, não ocorrendo produtividade líquida”.

Continuando: colocam-se alguns mL da solução de Kauko num tubo de ensaio grande.

Coleta-se uma folha da planta (ou pedaço dela, se esta for muito grande) e coloca-se no

tubo de ensaio, sem que ela toque na solução (ela pode se sustentar nas paredes do

próprio tubo de ensaio; ou pode-se colocar uma tela acima do nível da solução, que

assim evitará que a folha toque na solução).

O tubo de ensaio deve ser bem fechado (para evitar troca gasosa da solução com o ar

externo).

Preparar outros tubos de ensaio, com folha, da mesma maneira acima descrita.

Cada tubo deve ser colocado a diferente distância de uma fonte de luz (incandescente).

A quantidade de luz incidente pode ser medida com um luxímetro (medidor de

intensidade luminosa) ou mesmo com um fotômetro.

No tubo em que a folha estiver fotossintetizando, a solução de Kauko apresentará uma

cor rósea (ou púrpura). Isto significa que a folha retirou CO2 da solução. No tubo (ou

tubos) mais distante da fonte luminosa e no qual a folha não estiver fotossintetizando, a cor da solução tenderá à cor amarela. Isto significa que a folha não estando

fotossintizando, estará ela respirando, ou seja, emanando CO2, que será absorvido pela

solução.

Num tubo de ensaio contendo a solução de Kauko e uma folha, e que for colocado no

escuro, a solução tomará a cor amarela, pois a folha estará apenas respirando.

29 de out. de 2020

CONTRIBUIÇÃO DA ECOLOGIA NA ENGENHARIA DE CONSTRUÇÃO DE ESTRADA

 Certamente há diferentes formas de como deva ser estudada a cobertura vegetal de um local por onde se deseje abrir uma estrada, ao longo de ecossistema florestal, principalmente nos trópicos.

No módulo Proteção do Meio Ambiente, no curso de Engenharia de Segurança do Trabalho, no UNIPÊ, Centro Universitário de João Pessoa, apresentei esse esboço sobre “ como um ecólogo pensa que poderia ser mais  seguro para se abrir uma estrada próxima a um morro”.

A prospecção geológica do local, deve certamente anteceder qualquer modificação que seja necessária ser feita para se abrir uma estrada nessas condições aqui simuladas.

Estimulei os alunos a que observassem os seguintes pontos:
1. A existência de trecho com solo raso; ou seja, com rochas do subsolo próximas à superfície.
2. Em tal trecho o solo não tem como sustentar plantas com sistema radicular profundo, como ocorre no declive, onde, durante chuva intensa, o solo fica muito encharcado; e facilmente ocorre deslizamento, com o solo e a cobertura vegetal “escorregando morro abaixo”. Por isso a cobertura vegetal deve ser ali, do tipo herbáceo!
3. No altiplano (topo do morro), a cobertura vegetal pode ser do tipo arbóreo-arbustivo, a depender da profundidade do solo. 
4. Na parte baixa, plana, já se aproximando da margem da rodovia e na dependência da profundidade do solo e do espaço disponível, deve-se introduzir cobertura arbórea densa, cujas árvores devam ter sistema radicular profundo; que atuariam como sustentação de possível deslizamento do solo do declive. Protegendo assim, a rodovia.


21 de out. de 2020

MAIOR PRODUÇÃO DE CELULARES, ELETRÔNICOS...MAIOR PREDAÇÃO DE ANIMAIS SILVESTRES!!!

 Que relação exdrúxula é essa?!

É o que vem acontecendo no país africano, a República Democrática do Congo, onde a mineração desenfreada desses minérios combinados, força os trabalhadores a consumirem animais silvestres, para saciarem a fome!

O grande depósito de coltan está localizado no coração da guerra mais mortífera do planeta. Por isso é considerado a estrela dos minerais de sangue. Também o são o estanho, o tungstênio e o ouro, todos eles presentes no interior da tecnologia “inteligente”; todos eles escondidos nos circuitos dos telefones celulares. Todos presentes no leste do Congo.


Coltan é uma mistura de dois minerais: columbita e tantalita. Em português, essa mistura recebe o nome columbita-tantalita. Da columbita se extrai o nióbio e da tantalita, o tântalo. Esse último é um minério de alta resistência térmica, eletro-magnética e corrosiva e por tais capacidades é muito utilizado na fabricação de pequenos condensadores utilizados na maioria dos aparelhos eletrônicos portáteis (celulares, notebooks, computadores automotivos de bordo). O nióbio é semelhante ao tântalo além de ter potencial como supercondutor. Ambos metais foram e continuam sendo fundamentais para toda a tecnologia relacionada a equipamentos eletrônicos.

As maiores reservas de tantalita (na forma "coltan", ou seja, junto com a columbita) estão na República Democrática do Congo, onde se trava uma guerra civil há anos em torno da posse das minas, entre outras complicações étnicas, territoriais e políticas. A ONU apresenta  estimativas desconcertantes como a de que já morreram mais de 4 milhões de pessoas na disputa pelo "ouro azul", além do impressionante faturamento de mais de US$250 milhões que teve o exército de Ruanda no comércio do caro mineral, sendo que não há mineração de "coltan" nesse país vizinho do Congo. A mineração de columbita-tantalita provoca grandes impactos no meio-ambiente tropical do Congo, uma vez que não são tomadas as devidas medidas de mitigação ambiental (fato óbvio no meio de uma região em guerra) além de as minas se encontrarem próximas ou mesmo algumas dentro de parques nacionais. A obtenção desses materiais a partir de componentes eletrônicos é complexa e cara. Ambos metais são extremamente caros e raros na natureza. 

No Brasil as maiores reservas de tantalita encontram-se nos estados de Roraima (com predominância no sul do estado) e no Amapá.

P.S. Uma boa oportunidade para assistir este breve e didático vídeo, que utilizei na introdução de minhas aulas em Educação Ambiental:

https://youtu.be/xEgPp1VGWsM


5 de out. de 2020

ATÉ OS ANOS ANTERIORES AO INÍCIO DA DÉCADA DE 1980, POLUIR E DEGRADAR ERAM SINÔNIMOS DE PROGRESSO!!!

 Crescimento econômico prevalecia a desenvolvimento socioeconômico! Economia ambiental...se alguém falasse, seria algo ininteligível!!! Quanto mais se gastar...maior é o incentivo ao aumento da produção! Era como se pensava que deveria ser.

Longe estavam as sociedades urbanas de conhecerem a “política dos 3 Rs: reduzir, reaproveitar, reciclar”. Educação Ambiental, confundia-se facilmente com Educação Conservacionista!

Portanto, não é de estranhar que hoje surjam análises do tipo abaixo reportadas!



E também esta

“Turn to pollute”: poluição atmosférica e modelo de desenvolvimento no “milagre” brasileiro (1967-1973)
Referência:
DOI: 10.1590/TEM-1980-542X2015v213710

A defesa de uma estratégia
Em janeiro de 1972, o ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso concedeu uma entrevista coletiva no Rio de Janeiro, realizando balanços e expondo estratégias futuras para o desenvolvimento do país.
O ministro assumiu uma postura tecnocrática, mostrando gráficos e tabelas com profunda seriedade. O único sorriso esboçado por ele ocorreu no momento em que mencionou a atração do capital japonês. No Japão — como em outras nações ricas —, o controle crescente dos impactos ambientais impunha limi- tações às atividades industriais. Mas os empresários encontrariam outra tendência no Brasil. Reis Velloso afirmou sem rodeios: “Nós ainda temos muita área para poluir” (O retrato..., 1972, p. 56-57).
A disposição alardeada pelo Brasil de tornar-se um verdadeiro “importador de poluição” teve grande e negativa repercussão em certos setores internacionais. Editorial do The New York Times intitulado “Turn to pollute” (algo como “Recorrendo à poluição”) comparou-a a declaração de Reis Velloso à expressão do comodoro Vanderbilt, “the public be damned” (“o público que se dane”), em uma atitude de zombaria em relação à Conference on the Human Environment, prevista para 5 a 12 de junho daquele ano, em Estocolmo (Turn..., 1972, p. 40; Novitski, 1971, p. 18).


17 de set. de 2020

PANTANAL EM CHAMAS: PRINCIPAIS FATORES CAUSAIS E DIFICULDADES EM EVITÁ-LOS E COMBATER AS CONSEQUÊNCIAS

 Reproduzido de:

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-54186760



Pesquisadores apontam que a demora do poder público para intervir no bioma em chamas fez com que as queimadas se propagassem rapidamente na região. Além disso, algumas características do Pantanal dificultam o combate ao fogo.

De janeiro à primeira quinzena de setembro deste ano, o Pantanal teve mais de 2,9 milhões de hectares (= 29.000 km2) atingidos pelo fogo, segundo o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo). O número representa cerca de 19% do bioma no Brasil, conforme o Instituto SOS Pantanal. [Obs.: de acordo com o ICMBio, o bioma tem uma extensão de 210.000 km2; sendo assim, os 29.000 km2 queimados correspondem a 13,8% do bioma Complexo do Pantanal].

Desde o início deste ano, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), já foram registrados 15,4 mil focos de calor (que costumam representar incêndios) no Pantanal. É o maior número no período desde 1999, primeiro ano analisado pelo monitoramento que virou referência para acompanhar as queimadas no país.

Nessa reportagem da BBC são destacados os seis fatores tidos como os principais elementos dessa tradédia ambiental: 

1 - Período extremamente seco

O ano de 2020 é considerado um dos mais secos da história recente do Pantanal, localizado na Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai (BAP).

Nos períodos de cheia, os rios da Bacia do Alto Paraguai costumam inundar milhares de hectares do bioma. "Esse é o ciclo comum. Mas quando há uma seca severa, as coisas mudam e ficam difíceis", explica o biólogo André Luiz Siqueira, diretor da ONG Ecoa - Ecologia & Ação.

Entre outubro e março, a região do Pantanal, importante área úmida do planeta, teve volume de chuva 40% menor que a média do mesmo período em anos anteriores, conforme dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O nível da água no Rio Paraguai, principal formador do Pantanal, estava a 2,10 metros em junho, mês que costuma marcar o pico ao longo do ano. Trata-se da menor marca dos últimos 47 anos, segundo a Embrapa. A média, nesse período, é de 5,6 metros.

[…]

2 - O 'fogo subterrâneo'

Uma característica do Pantanal que dificulta o combate aos incêndios é o fogo de turfa, também chamado de "fogo subterrâneo", que queima sem que as pessoas percebam.

Os sucessivos períodos de secas e cheias nas estações da região criam camadas de matéria orgânica no solo. Os brigadistas costumam dizer que é como se fosse um sanduíche: uma camada de terra, outra de vegetação, outra de terra, e por aí vai.

Ao longo dos anos, esse material se torna altamente inflamável. Quando essa vegetação é afetada por queimadas, o fogo pode atingir uma dessas camadas mais profundas dela, ricas em matéria orgânica e altamente inflamáveis, e se espalhar por baixo da camada mais superficial da terra até encontrar alguma fissura e uma vegetação mais seca para emergir.

"É um combate extremamente perigoso. É preciso muita certeza e conhecimento técnico para saber como atacar o fogo", diz o analista ambiental Alexandre de Matos, que integra o Prevfogo de Mato Grosso do Sul.

O engenheiro florestal Júlio Sampaio, líder da Iniciativa Pantanal do WWF, relata que o fogo de turfa começa lentamente e pode ser possível notar que a região está queimando, em razão da fumaça e da brasa que surgem silenciosamente. "Esses incêndios são lentos e afetam muito a vegetação, o solo e os animais de pequeno porte, que são pegos desprevenidos porque não veem o fogo", explica o especialista.

"O fogo de turfa é mais comum quando não há chuva em abundância. Ele pode durar dias, semanas ou até meses. Em alguns casos, ele só será apagado após período intenso de chuvas", acrescenta Sampaio.

3 - Áreas de difícil acesso

No atual período de seca, o acesso a diversas regiões do Pantanal se torna tarefa complicada. Isso porque o bioma tem inúmeras áreas que somente podem ser acessadas por meio de barcos ou aeronaves.

"Neste ano em que o rio Paraguai está em um nível baixo, a navegabilidade se torna muito mais difícil e lenta. Não são todas as áreas que têm estradas. As equipes de combate se deslocam com dificuldades. Esse tempo perdido para chegar ao fogo faz com que ele possa crescer mais", explica Alexandre de Matos, do Prevfogo.

O uso de aeronaves é considerado fundamental no combate aos incêndios que atingem o bioma.

"O Pantanal é uma região extensa e com grandes fazendas a serem percorridas (cerca de 95% do bioma brasileiro pertencem a propriedades privadas, segundo levantamentos). Não há tantas estradas e em muitas das que existem não é possível trafegar com velocidade", relata Júlio Sampaio.

"Uma das características do Pantanal são os corixos (canais que se formam na cheia do Pantanal). Mas com muita seca, esses corixos se tornam estradas com as quais é preciso usar caminhonetes para tentar chegar a regiões mais afastadas", acrescenta Sampaio.

O engenheiro florestal Vinícius Silgueiro, coordenador de inteligência territorial do Instituto Centro de Vida (ICV), comenta que não há vias de acesso em muitas áreas do Pantanal por se tratar do bioma mais preservado do país. "Há cerca de 83% da vegetação nativa no Pantanal. Consequentemente, as vias de acesso são mais reduzidas que em outros biomas. Por isso, há grandes áreas sem acesso terrestre. São regiões acessíveis em períodos alagados", diz o especialista.

4 - Os ventos

Quando conseguem chegar ao local do incêndio, a equipe pode ter dificuldades causadas pelos ventos, que podem mudar de direção subitamente.

"Algumas pessoas acabam sendo pegas de surpresa por essas mudanças de direção dos ventos. Além de acelerar o fogo e dar mais oxigênio para que ele se expanda, o vento pode reacender pequenos braseiros e resquícios que estão ali e basta um pequeno sopro para reacender", explica André Siqueira, da ONG Ecoa.

Para aqueles que estão no combate direto às chamas, os ventos são considerados "as pernas e o volante do fogo". "Se o vento está rápido, o fogo também estará. Se venta para a direita, o fogo vai para a direita. É o principal fator para determinar a intensidade e a direção do fogo", explica Alexandre de Matos, do Prevfogo.

"No período da manhã são ventos mais calmos e ao longo do dia ficam mais intensos. Os ventos quentes do Norte que seguem para o Sul têm dado a direção no incêndio do Pantanal. Por isso, a fumaça tem chegado a Curitiba (PR). Além disso, no local do incêndio, o fogo também pode criar os próprios ventos e mudar a direção, como para Leste ou Oeste", diz Matos.

Não é incomum, por exemplo, que o vento na região da queimada mude de direção ao fim de um dia de trabalho no combate ao fogo, após os profissionais passarem horas fazendo aceiros (técnica de retirada de uma faixa da vegetação para tentar conter o avanço do fogo).

Matos pontua que é importante que os profissionais que atuam no combate aos incêndios tenham capacidade técnica para avaliar o ambiente. "É fundamental entender o momento em que o vento pode mudar de lado", explica o integrante do Prevfogo.

5 - A falta de conscientização


Os incêndios que atingem o Pantanal têm causas humanas, segundo especialistas. Segundo Júlio Sampaio, do WWF, uma das principais causas atualmente são as práticas agrícolas e pecuárias, que têm o fogo como importante recurso. 

"O fogo que estamos vendo no Pantanal não é natural. Ele poderia ser evitado. Há medidas que poderiam ser tomadas para diminuir a severidade desses incêndios. O problema é que no Pantanal existe essa cultura do uso do fogo como ferramenta de trabalho entre fazendeiros e ribeirinhos", diz o especialista.

O especialista ressalta que o uso do fogo acabou saindo do controle no bioma, principalmente diante da seca histórica da região.

Uma perícia divulgada pelo Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman-MT) apontou que o fogo que atinge o Pantanal em Mato Grosso é causado por ações humanas, em situações como queima de pasto, fogo em raízes de árvores para a retirada de mel e incêndios em equipamentos agrícolas. A Delegacia de Meio Ambiente (Dema-MT) apura a situação.

Sampaio comenta que o fogo é uma ferramenta prevista em Lei em diversos períodos. 

"Mas é preciso haver autorização para o uso. Tanto na agricultura quanto na ecologia, há formas de usar o fogo para manejo de terra. Mas não podem fazer isso sem informação, sem olhar a situação climática, a questão das chuvas, do vento e da umidade. A falta de responsabilidade sobre o controle e o monitoramento do fogo é extremamente prejudicial", relata.

"Todas as pessoas no Pantanal ou cidades próximas precisam saber que o uso do fogo deve ser completamente suspenso em determinado período do ano, sob o grande risco de incêndios. Se não houver esse esclarecimento, situações semelhantes à atual continuarão existindo", declara Sampaio.

A secretária de Meio Ambiente de Mato Grosso, Mauren Lazzaretti, afirma que é fundamental que as pessoas entendam a necessidade de não adotar práticas com fogo neste momento. Ela conta que mesmo com as queimadas intensas das últimas semanas, há registros de moradores que adotaram práticas de risco em áreas próximas ao Pantanal recentemente.

"No último fim de semana, tivemos casos de pessoas usando fogo (nas proximidades do Pantanal) para ações como limpeza de área. Se isso se transforma em incêndio, não há o que fazer", diz Mauren à BBC News Brasil.

Segundo ela, os flagras relacionados a fogo em regiões próximas ao Pantanal têm sido comuns, mesmo no atual período. 

"Há muita cobrança a respeito do poder público, mas é preciso conscientizar a população de que não deve fazer atividades com fogo neste momento", afirma.

6 - A demora para agir e o pouco combate

[Obs.: não se deve esquecer o destaque à causa número 3, descrita acima]

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil consideram que os governos estaduais e federal demoraram para agir em relação aos incêndios no Pantanal. Eles apontam que a região sofre com a seca e um número incomum de queimadas desde os primeiros meses do ano, mas as autoridades só demonstraram preocupação com o bioma quando os incêndios atingiram níveis alarmantes.

Representantes de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul negam que tenham demorado para agir no combate aos incêndios do Pantanal. Eles afirmam que desde o início do ano têm acompanhado a situação do bioma e alegam que tomaram medidas conforme a disponibilidade de pessoas e equipamentos de cada um dos dois Estados.

Em meados de julho deste ano, o governo federal publicou um decreto em que proibiu queimadas em todo o território nacional por 120 dias. Especialistas apontam que a medida é ineficaz, pois não há intensa fiscalização sobre o assunto.

Um levantamento feito pela BBC News Brasil apontou que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) diminuiu o ritmo das operações de fiscalização em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Segundo o levantamento, que comparou dados de janeiro a setembro, as autuações no bioma (como desmatamento e queimadas ilegais) caíram 48% neste ano, em comparativo ao mesmo período de 2019.

Servidores ouvidos pela reportagem da BBC News Brasil, publicada na terça-feira, relataram que a queda de autuações do Ibama ilustra a redução do número de fiscais do instituto.

"O número de autuações lavradas é um dado importante que pode traduzir o esforço do governo em punir realmente aqueles que cometem crimes ambientais. Quanto menor a presença da fiscalização em campo, fazendo o seu trabalho de responsabilizar os infratores, maior a sensação de impunidade", disse um servidor do órgão, sob condição de anonimato.

O Ibama e o Ministério do Meio Ambiente não responderam ao questionamento da BBC News Brasil sobre os motivos para a queda de multas aplicadas nos Estados do Pantanal.

Em 25 de julho, o governo federal, por meio do Ministério da Defesa, encaminhou profissionais e aeronaves para ajudar no combate ao fogo no Pantanal, pouco após as queimadas se intensificarem na região.

O Ministério da Defesa afirma que há, no combate ao fogo no bioma, "200 militares e 230 agentes de órgãos como Corpo de Bombeiros Militar de MT e MS, Secretaria de Estado de Segurança Pública (de MT e MS), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)."

Ainda segundo a pasta, 14 aeronaves têm sido utilizadas no combate aos incêndios, entre helicópteros e aviões.

Nesta semana, o governo federal reconheceu oficialmente que há uma situação de emergência nos Estados do Pantanal Brasileiro. A medida permite que a União faça repasses adicionais de recursos para os governos estaduais, para reforçar o combate ao fogo.

Na quarta-feira (16/09), o governo federal liberou R$ 3,8 milhões para auxiliar no combate às queimadas em Mato Grosso do Sul e R$ 10,1 milhões para Mato Grosso.

Para especialistas, as ações das autoridades devem ter pouco resultado no combate às queimadas no Pantanal, em razão do atual cenário do bioma destruído pelo fogo.

"O governo não mandou equipe suficiente para ajudar a combater o fogo nas proporções que atinge o Pantanal. Falta empenho para resolver esse caso dramático. Deveriam mobilizar muito mais profissionais para ajudar", diz Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas, iniciativa que monitora a situação dos biomas brasileiros.

Sampaio, do WWF, considera que, além de uma equipe pequena, há poucas aeronaves e equipamentos insuficientes para combater as chamas no Pantanal. Por isso, segundo ele, os incêndios continuam avançando com rapidez pelo bioma. 

"Na magnitude atual do fogo, é uma situação muito difícil. Se juntarmos todos os esforços de Mato Grosso do Sul, por exemplo, poderia dar um alento, mas seria insuficiente (para controlar os incêndios no Pantanal)", diz Alexandre, do Prevfogo.

Grande esperança para amenizar a tragédia no Pantanal, a chuva na região ainda é incerta. "Em nossas análises, não há previsão (de chuva) por enquanto. A expectativa é de que chova no fim de outubro", diz Marcos Rosa. "Somente a chuva, por vários dias, pode diminuir esses incêndios. Se a seca perdurar por mais um ou dois meses no Pantanal, a situação vai ficar realmente sem controle", acrescenta o coordenador técnico do MapBiomas.

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11 de set. de 2020

PANTANAL EM FOGO!!!


O fogo no Pantanal

O Pantanal, maior área úmida continental do planeta, enfrenta uma série de problemas que, segundo especialistas, favoreceram o rápido avanço do fogo neste ano.

Entre outubro e março — considerada época chuvosa —, o bioma, localizado na Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai (BAP), teve volume de chuva 40% menor que a média do mesmo período em anos anteriores, conforme dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

A situação fez com que o rio Paraguai, principal formador do Pantanal, registrasse o menor nível das últimas décadas. Em junho, quando o rio costuma registrar o seu pico ao longo do ano, o nível da água chegou a 2,10 metros. Trata-se da menor marca dos últimos 47 anos, segundo a Embrapa. A média, nesse período, é de 5,6 metros.

Pesquisadores ainda avaliam as causas da pouca quantidade de chuva no bioma desde o começo de 2020. Mas acreditam que possa estar relacionado a fenômenos climáticos.

Alguns estudiosos acreditam que uma das explicações para a baixa quantidade de chuva no Pantanal é o fenômeno conhecido como "rios voadores", no qual a corrente de umidade que surge na Amazônia origina uma grande coluna de água, que é transportada pelo ar a vastas regiões da América do Sul. Diante do desmatamento da Floresta Amazônica, que também sofre duramente com as queimadas, esse fenômeno perde parte da capacidade de levar água a outras regiões.

"Não são apenas questões climáticas que culminaram na atual situação das queimadas no Pantanal. É uma combinação de fatores", ressalta o engenheiro florestal Júlio Sampaio, líder da Iniciativa Pantanal do WWF.

Um dos fatores que colabora para a propagação das queimadas é o crescente desmatamento — ação que tem o fogo como forte aliado. De acordo com o Inpe, 24.915 km² do Pantanal, correspondente a 16,5% do bioma, foram desmatados até o ano passado. O número equivale, por exemplo, a pouco mais de quatro vezes a área de Brasília.

Um levantamento do Ministério Público de Mato Grosso do Sul apontou que cerca de 40% do desmatamento na área do Pantanal do Estado podem ter ocorrido de forma ilegal, pois não foram identificadas autorizações ambientais.

Uma perícia feita recentemente pelo Centro Integrado Multiagências de Coordenação Operacional (Ciman-MT) apontou que o fogo que atinge o bioma em Mato Grosso é causado por ações humanas, em situações como como queima de pasto, fogo em raízes de árvores para a retirada de mel e incêndios em equipamentos agrícolas. A Delegacia de Meio Ambiente (Dema-MT) apura a situação.

A imensa maioria dos incêndios, segundo especialistas, começa em propriedades privadas — mais de 95% das áreas do bioma são particulares. "O fogo no Pantanal não surge naturalmente, principalmente em um período sem raios. Esse incêndio precisa ser provocado pela ação humana", relata Sampaio.

"O fogo está presente nas práticas de manejo dos pantaneiros e ribeirinhos, para a limpeza e preservação de área. Mas quando acontece queimada em uma situação como a atual, de extrema seca, o fogo, que antes era controlado, pode fugir do controle e avançar para diversas regiões, como tem acontecido", pontua o engenheiro florestal.

O especialista salienta que, por haver muita vegetação, um pequeno incêndio no Pantanal logo atinge grandes proporções em um cenário de seca. "No ano passado, já havia sido uma situação bastante difícil. Mas em 2020 foi muito pior", declara Sampaio.

Em 2019, segundo o Inpe, foram registrados 3.165 focos de calor entre janeiro e agosto. No mesmo período deste ano, os registros foram mais que o triplo: 10,1 mil focos.

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