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21 de dez. de 2011

O FUTURO: TODOS NAS CIDADES!!!



Nas décadas passadas, recentes, o percentual de pessoas que vivem nos centros urbanos vem aumentando. Mais da metade dos seres humanos vivem hoje em cidades. Em alguns países já passa dos 70 por cento. A migração da zona rural para as cidades é uma realidade que vem ocorrendo em muitos países, principalmente naqueles ditos “em desenvolvimento”. Justamente nestes últimos é que reside o perigo! O Brasil, por exemplo, tem como um importante componente de seu produto interno bruto, a produção agropecuária, prevista ser superior a R$182 bilhões no corrente ano (estamos aguardando para o corrente mês de dezembro/2011 o resultado do Censo Agropecuário 2010, do IBGE). Observação: produto interno bruto é o total valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos dentro do país em um período de tempo dado (geralmente por ano de calendário) (em 2010 o PIB brasileiro alcançou R$3,675 trilhões). Na estimativa do PIB não são incluídos os insumos de produção (matérias-primas, mãos de obra, impostos, energia):
PIB = consumo + investimento bruto + despesa do governo + (exportações − importações), ou, PIB = C + I + G + (X-M).

A ideia central desse incentivo rumo às cidades é de que nas cidades pode se erradicar a miséria, poupando a Natureza. Seria uma melhor maneira de tirar as pessoas da miséria sem arruinar o planeta. Em seu livro “Triumph of the City” o economista Edwar Glaeser da Universidade Harvard, Estados Unidos [segundo a revista National Geographic, Brasil, dezembro de 2011] observou que “não há nenhum país urbano pobre; e também não há nenhum país rural rico”. Em palestra que fez em Londres mostrou as favelas do Rio de Janeiro e afirmou que elas são exemplos do vigor das cidades, e não de seu colapso. Para as cidades afluem os pobres porque ali está o dinheiro e acrescentou Glaeser: “a proximidade das pessoas reduz os gastos com transporte de bens, pessoas e ideias”. E por falar em transporte deem uma olhadinha na figura aqui anexada.

A cada vantagem mencionada por esse economista, da vida em cidades, é fácil verificar que no nosso sistema “as coisas não iriam funcionar tão satisfatoriamente como pensa ele”. Poucos exemplos: afirma ele que “nas cidades as vias pavimentadas, os esgotos e as linhas de transmissão elétrica são menos extensos e, portanto, demandam menos recursos”. Certo. “Prédios de apartamentos demandam menos energia (para iluminação, resfriamento ou aquecimento) e ocupam menos espaço”. Certo; mas isso poderia ser planejado na zona rural em algumas situações, utilizando-se alternativas energéticas e captação de água pluvial, por exemplo. “Nas cidades as pessoas usam menos os carros”, afirmou ele. Mas aqui no Brasil não tem sido bem assim! Os que usam transporte urbano, no dia em que melhorarem suas rendas, comprarão carro.

Os exemplos citados pelos defensores de “cidades é a solução” referem-se a países com culturas diversas da nossa, nos quais muito investimento vem sendo feito no lastro do desenvolvimento: educação, é o principal componente. Coreia do Sul é um dos exemplos. Entre 1960 e 2000 a população de Seul passou de 3 milhões para 10 milhões de pessoas. A ideia pode ser viável em certas regiões, mas não em outras, até de um mesmo país. Se, por exemplo, há inúmeras dificuldades, principalmente financeira, para proporcionar boa qualidade de vida no interior, proporcionando a seus habitantes tudo que a modernidade tem a oferecer, ao tempo em que se mantêm mananciais sadios, esgotamento sanitário eficiente, assistência à saúde, educação etc. seria então possível pensar em estimular mais do que o mínimo necessário para que pessoas que realmente participam da cadeia produtiva no campo deem continuidade a esse processo. Refiro-me a alguns serviços ambientais prestados pela Natureza à cidade, citando como exemplo maior a água. Há também a questão da redução na emissão de carbono. Absorção de gás carbônico é feita em escala maior em replantios e muitos cultivos em desenvolvimento. Planta em crescimento contínuo absorve mais CO2 e emana mais O2. E é bom não esquecer: à medida que os centros urbanos crescem, aumentam: exaustão de poluentes atmosféricos (óxidos de nitrogênio, de carbono e enxofre), compostos orgânicos voláteis, partículas em suspensão no ar, oxidantes fotoquímicos, substâncias radioativas, ruídos os mais diversos; assim como também a poluição aquática, com os mais variados compostos... enfim, uma gama enorme de pontos negativos que afetam a vida humana, e para os quais os seres humanos não estão aparelhados para sobreviver a esses novos agentes do nosso processo evolutivo [assunto este postado em 13/08/2011] e que, infelizmente, não entram nas contas dos economistas. Tenho certeza de que o defensor dessa “generalização modernista” vive numa cidade imune a tais problemas ambientais. Outro fato preocupante: sempre foi ideia aceita entre muitos economistas de que não devem ser dadas às populações de imigrantes da zona rural que vivem em favelas, condições de vida ideais “porque senão vem mais imigrante” (uma perversidade que espero não ser atualmente predominante). Nessas “aglomerações subnormais”, como é designada pelo IBGE, vivem hoje 11,4 milhões de brasileiros (6 por cento da população).

Muito ainda teria que ser falado acerca dessa problemática. Disponho de mais alguns dados que poderão “por mais lenha na fogueira dessa discussão” e é bem possível que seja na próxima postagem.

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