Este é o título do livro organizado por Clóvis Cavalcanti (Edit. Cortez e Fundação Joaquim Nabuco, 2002) em que este respeitável economista ambiental descreve, no capítulo inicial (Política de governo para o desenvolvimento sustentável...), um caso ilustrativo de exploração de recursos naturais até a exaustão. Foi o manganês do Amapá: 42 milhões de toneladas desse minério, extraídas entre 1957 e meados dos anos de 1990, tendo sido sua reserva, completamente esgotada. Foram gerados ganhos anuais de 40 milhões de dólares para quem as extraiu, destinando "royalties" de 4 por cento (1,6 milhões de dólares) para o país.
A trajetória da família Batista começou com o Sr. Eliezer Batista (pai do "nosso midas"). Seu brevíssimo currículo: Ministro das Minas e Energia (1961-64, governo João Goulart); presidente da CAEMI, mineradora privada que influenciava a política de minas e energia do país (tendo recebido tal cargo do Presidente Castelo Branco, em 1964); diretor-presidente da Minerações Brasileiras Reunidas S.A., resultante da fusão da CAEMI com a Bethlehem Steel (1964-68); vice-presidente da Itabira International Company (New York, USA); diretor da Itabira Eisenerz GmbH (1968-74, Düsseldorf, Alemanha); em 1979 foi investido pelo General Presidente João Figueiredo, no cargo de presidente da Companhia Vale do Rio Doce, cargo em que permaneceu até 1986. O sucesso continuou, tendo sido coroado com o Projeto Grande Carajás, uma área de mineração do ouro de uns 900 mil quilômetros quadrados, em terras no sudoeste do Pará e oeste do Maranhão, cortadas pelos rios Xingu, Tocantins e Araguaia.
E o seu filho, "nosso Midas", o Sr. Eike Batista, entra em cena, herdando tudo que o pai obteve, estendendo agora suas "estupendas habilidades para o negócio", ao petróleo, incluindo o do pré-sal. A Tribuna da Internet reproduz a entrevista com professor da USP intitulada: "Ildo Sauer denuncia como José Dirceu entregou o Pré-Sal para Eike Batista".
Sempre desconfiei de todas as "genialidades para o negócio", principalmente dos nossos milionários e bilionários. Finalizo com observações do economista ambiental Clóvis Cavalcanti, na obra acima mencionada:
"Claramente, uma estratégia de desenvolvimento não pode se basear em tal forma predatória de uso da Natureza, sem ponderável compensação pela perda de capital natural em que se incorreu". E ainda: "A perda irreversível de capital natural, como no caso do manganês do Amapá, configura um custo repassado às futuras gerações, que se agrava pela maneira com que o consumo de ativos físicos é considerado como renda no sistema de contas nacionais vigente. Durante 40 anos o Brasil foi se despojando para sempre de um minério (o manganês) que não se encontra facilmente no mundo, e isto foi contabilizado positivamente como um ganho, em termos do PIB".
E esse "mestre do empreendedorismo"; o "Midas", Eike Batista, cada vez mais rico!!!
E agora, além do petróleo, é a vez do nióbio (minério estratégico), cujas maiores reservas do mundo, mais de 90 por cento, estão em Minas Gerais (municípios de Araxá e Tabira), Goiás (municípios de Catalão e Ouvidor) e no Amazonas (município de São Gabriel da Cachoeira)... Mas essa é outra história.
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