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24 de fev. de 2015

"ECONEGÓCIO"


Reproduzido de www.oeco.org.br


Pesquisadores de universidades americanas e britânicas desenvolveram um modelo para calcular os benefícios econômicos proporcionados pelas áreas protegidas. As contas deles indicam que, em todo o mundo, parques nacionais e outras reservas recebem pelo menos 8 milhões de pessoas todos os anos. Esse número se expressa também nos gastos dos turistas, mais de U$ 600 bilhões de dólares anualmente (aproximadamente R$ 1,727 trilhões), o equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina.

O estudo, o primeiro realizado em escala global para responder qual o valor econômicos das áreas protegidas, foi publicado nesta terça-feira, 24 de fevereiro, no jornal científico on-line de livre acesso PLOS Biology. A pesquisa foi financiada por The Natural Capital Project.

Os pesquisadores admitem que o cálculo ainda é bastante conservador e que subestima o total de pessoas que visitam áreas protegidas, já que se baseiam em dados bastante limitados. De qualquer forma, o resultado supera em muito o total estimado de gastos globais para proteger estas áreas, apenas U$ 10 bilhões (R$ 28,7 bilhões), um valor considerado "insuficientemente gritante" pelos pesquisadores. Eles pedem mais investimentos para manter e expandir as áreas protegidas, o que - segundo os autores do estudo - poderia resultar em ganhos econômicos e salvar da destruição espécies e locais preciosos.

O professor de Biologia da Conservação da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, Andrew Balmford, comemora a popularidade das áreas protegidas, mas lamente que elas estejam sendo degradadas por fatores como invasões e extração ilegal de madeira. "Estes pedações do mundo nos oferecem benefícios incontáveis, desde estabilizar o clima e regular o ciclo da água até proteger um incontável número de espécies", afirma o autor principal do estudo. "Agora nós estamos mostrando que, através do turismo, as reservas naturais dão uma grande contribuição para a economia global", completa.

Diferenças regionais

O banco de dados produzido pelos pesquisadores inclui 550 locais em todo o mundo, que foram usados como base para construção de equações capazes de prever as taxas de visitas para mais de 140 mil áreas protegidas. Estas equações levam em consideração dados como o tamanho, distância das cidades e renda nacional, entre outros. Os cálculos usaram dados de 22 Unidades de Conservação brasileiras, entre elas a Floresta da Tijuca (RJ)Parque Nacional do Jaú (AM) e o Parque Nacional da Serra da Canastra.

Os dados indicam uma grande diferença entre o número de visitantes de países ricos com de nações africanas. Na América do Norte, áreas protegidas recebem mais de 3 bilhões de visitantes por ano, enquanto na África, o número de visitas anuais em alguns áreas não chega a 100 mil. Na América Latina, são 148 milhões de visitas todos os anos em áreas protegidas.

A Área da Recreação Nacional Gonden Gate, perto de São Francisco (EUA), é a unidade mais visitada do mundo, com 13,7 milhões de pessoas ao ano, seguida de perto por duas Unidades de Conservação do Reino Unido, o Lake District (10,5 milhões/ano) e o Parque Nacional Peak District. O Parque Nacional do Serengeti, na Tanzânia, teve uma média de apenas 148 mil visitas por ano.

Para os pesquisadores, lugares exóticos e grandes parques nacionais não são os únicos que contribuem para valorizar as áreas protegidas. Locais pequenos e de fácil acesso precisam ser valorizados. Membro da Equipe Dr Jonathan Green, com sede em Cambridge, aponta que não são apenas os lugares exóticos e grandes parques nacionais que contribuem para o valor visitação de áreas protegidas. "Para muitas pessoas, é a reserva natural em sua porta, onde passeia com o cachorro todos os domingos", afirma Jonathan Green, um dos autores do estudo. A Reserva Natural Fowlmere, por exemplo, a poucos quilômetros ao sul da Universidade de Cambridge, Inglaterra, recebe uma média de quase 23 mil visitas por ano.

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