Onças abatidas e exibidas como troféu
Manaus, AM - Os patrulheiros ficaram surpresos. Eram as cabeças e as caudas de duas onças-pintadas (Panthera onca), um adulto e um filhote, provavelmente mãe e filho. Os restos mortais estavam escondidos em uma mochila levada na Mitsubishi L-200 Triton. A picape havia saído de São Luiz, no sul de Roraima, e foi parada durante fiscalização da Polícia Rodoviária Federal na BR-174, na entrada de Boa Vista, capital do estado, quando faltavam poucos minutos para às 11 horas da noite, de segunda-feira, 23 de março.
Um dos passageiros, Edinaldo Cavalcante, de 32 anos, assumiu ser responsável por carregar as cabeças das onças. Ele foi levado a uma delegacia de Polícia Civil, onde assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e foi liberado. Na delegacia, ele disse que matou as onças em uma fazenda e estava levando para Boa Vista, para mostrar à família. Os animais teriam sido caçado, com ajuda de cães que os acuaram antes do abate.
O veículo foi liberado e, de acordo com a Polícia Civil de Roraima, Edinaldo vai responder processo em liberdade por Crime Contra a Fauna, com pena prevista de 1 ano e seis meses de reclusão. Um representante do Ibama foi até a delegacia, em busca de informações sobre a apreensão, para que o responsável fosse autuado e recebesse a multa: R$ 5 mil reais por animal. Os restos das duas onças foram encaminhados à Universidade Federal de Roraima (UFRR), para atividades de ensino e estudos genéticos.
Legítima defesa?
No início da semana, um onça abatida no interior do Amazonas foi exibida em fotografia. O animal foi morto por um caçador, em uma comunidade entre Urucurituba e Itacoatiara, que ficam às margens do Rio Amazonas. O homem afirma que estava caçando quando se deparou com o animal e o matou para se proteger. A história ganhou notoriedade depois que a foto foi publicada por um fotógrafo da capital, que diz estar produzindo uma exposição sobre a destruição da Amazônia.
O analista ambiental do Ibama, Robson Czaban, explica que a lei permite atirar um animal em legítima defesa. Porém ele destaca que, se o atirador estiver caçando e durante esta atividade matar a onça, pode ser punido. De acordo com ele, o ser humano não faz parte do cardápio da onça e os ataques são raros. “Além disso, se uma onça atacar alguém, essa pessoa tem poucas chances de se defender”, conta o analista ambiental. “Ela nos enxerga muito antes da gente percebê-la e ela costuma atacar pelas costas. Se atacar, a pessoa nem vai saber o que a matou”.
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