Adeus, Arapujá [Reproduzido de amazonia.org.br]
“Choro, não sei se é de raiva, de revolta ou de tristeza. Creio que é pelas três razões ao mesmo tempo. É um profundo pesar, uma dor compungente, dilacerante. Sinto-me como alguém que é açoitado sem dó e piedade. E é inocente. Depois da tortura, já coberto de hematomas, que adianta provar a inocência!
E lá em cima, nos gabinetes confortáveis da capital federal, defendem a legalidade da destruição do Xingu. Invocam a tese do “interesse nacional“.
Você pode imaginar o que significa para mim o afogamento da ilha Arapujá? Durante cinquenta anos a contemplei com carinho, sempre que a mirava (Alta-mira) da janela de meu quarto ou escritório na “rua da frente”. E oitenta anos atrás, já meus tios Eurico e Guilherme se encantaram com essa beleza!
É um pedaço de mim que agora vai para o fundo.
Erwin Kräutler
Bispo do Xingu”
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