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30 de jul. de 2018

TRANSPORTE FLUVIAL NO PANTANAL: SERÁ QUE A ENGENHARIA COMPREENDE PERFEITAMENTE O QUE ISSO SIGNIFICA!?


RIO PARAGUAI SOFRERÁ TRANSFORMAÇÃO. E O QUE PODERÁ ACONTECER AO PANTANAL QUE SE MANTÉM GRAÇAS ÀS SUAS CHEIAS??
Acesse também:  http://ecoa.org.br/analise-sobre-o-estudo-de-viabilidade-tecnica-economica-e-ambiental-evtea-da-hidrovia-parana-paraguai/

- Desde 2015, Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) deveria ser disponibilizado para a sociedade.
- Somente este mês, o material foi divulgado por completo, contendo o diagnóstico ambiental.
- Os volumes estão disponibilizados na página do Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura (ITTI).
- O  próximo road show da Hidrovia Paraná Paraguai será realizado em Cuiabá, em data a ser definida.
- É importante que a população tenha acesso ao material antes do evento, já que este não fora disponibilizado para as apresentações anteriores: Corumbá (MS), Cáceres (MT) e Campo Grande (MS).
- Se tratando de uma Hidrovia no Pantanal, devem ser consideradas uma série de fatores de risco para populações ribeirinhas e outras comunidades tradicionais, que dependem dos rios da planície pantaneira e que serão diretamente afetadas se a Hidrovia for viabilizada.
Vídeo de apresentação (divulgado em 24/07/2018), acesse:

https://youtu.be/s97FquFYxdk

27 de jul. de 2018

A MÁ GESTÃO AMBIENTAL BRASILEIRA E OS PERIGOS DE INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES EXÓTICAS


Reproduzido de

https://www.oeco.org.br/colunas/colunistas-convidados/a-proibicao-da-caca-do-javali-em-sao-paulo-e-a-ditadura-dos-falsos-protetores/




O estado de SP acaba de promulgar uma lei típica para arrecadar votos em ano eleitoral. Trata-se do PL299/2018, de autoria do deputado estadual Roberto Tripoli (PV), votado às pressas, em sessão extraordinária sob regime de urgência e sem a menor discussão técnica ou consulta à sociedade. Sob o falso pretexto de proteção à fauna e à biodiversidade, a lei proíbe a caça de espécies declaradas nocivas no Estado de SP. É o caso dos javalis, uma das piores espécies exóticas invasoras do planeta, que ameaçam a saúde humana, a agricultura e a biodiversidade.
Javalis vêm expandindo sua distribuição no Brasil e só em São Paulo já afetam mais de 320 municípios -- em 2013 eram 64! O abate de espécies nocivas é amparado desde 1967 pelas leis federais de proteção à fauna (5197/67) e dos crimes ambientais de 1998 (9605/98).
No caminho inverso de outros países que sofrem com a invasão dos javalis, em 2010 o IBAMA proibiu o controle de qualquer espécie exótica através da IN 08/2010 (qualquer semelhança com o atual PL299/2018 de SP não é mera coincidência). Até que, em 2013, após os javalis se tornarem um risco sanitário, ambiental e social iminente no país, o IBAMA revogou a catastrófica normativa, declarando a nocividade dos javalis e regulamentando o abate da espécie em todo território nacional através da IN 03/2013. Desde então, Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Agricultura (MAPA) vem atuando juntos, através do grupo de assessoramento técnico para auxiliar a estratégia nacional de controle da espécie no Brasil – o PAN Javali (Plano Nacional de Prevenção, Controle e Monitoramento do Javali Sus scrofa no Brasil), formado por especialistas, poder público e sociedade civil, incluindo representantes dos protetores dos animais. É a principal e mais bem articulada e embasada iniciativa para lidar com o problema hoje no Brasil, e serve de exemplo de como gerir fauna neste país.
“(...) a única diferença entre javalis e sinantrópicos é o habitat que ocupam, pois tanto um quanto o outro são uma ameaça à saúde pública e devem ser controlados. Quem irá arcar com o prejuízo caso seja deflagrado um caso positivo de aftosa nos rebanhos paulistas?”
A lei que o Estado de São Paulo acaba de promulgar não só vai contra a estratégia nacional de controle dos javalis, ameaçando acordos internacionais de conservação e comércio exterior, como expõe a sociedade ao perigo de estar submetida a fanfarrões que impõem decisões unilaterais aparentemente sem o menor conhecimento de causa.

O PL 299 vem ao encontro da demanda de grupos de proteção e defesa animal que enxergam o controle do javali como exemplo de maus-tratos e, portanto, possui amplo alcance sentimental nos eleitores e legisladores mal informados. Ironicamente, a mesma lei exclui as espécies sinantrópicas do texto, como ratos e pombos. Ora, se o fundamento do bem-estar animal reside no reconhecimento da senciência animal, por que então aceitar os piores tipos de sofrimento a que ficam submetidos os ratos no ato de controle em áreas urbanas? O uso de venenos para controle populacional de espécies sinantrópicas nocivas causaria ao animal menos sofrimento do que a caça?
Espécies sinantrópicas são importantes vetores de zoonoses e, portanto, uma questão de saúde pública que não pode ser negligenciada. Assim também são os javalis. Além de zoonoses, javalis podem transmitir doenças para a fauna nativa e rebanhos de gado, como, por exemplo, a febre aftosa. Nessa perspectiva, a única diferença entre javalis e sinantrópicos é o habitat que ocupam, pois tanto um quanto o outro são uma ameaça à saúde pública e devem ser controlados. Quem irá arcar com o prejuízo caso seja deflagrado um caso positivo de aftosa nos rebanhos paulistas?
O projeto amparado sob o falso pretexto de proteção à fauna ignora, ainda, que javalis, além de funcionarem como reservatórios de doenças, podem predar ou excluir por competição outros animais da fauna nativa e de criação. Certamente nenhum dos falsos protetores dos animais parecem se importar com o meio ambiente e o bem-estar da fauna e dos rebanhos ou com a saúde e segurança alimentar do homem do campo, pois do alto de sua arrogância e por trás de seus gabinetes e escritórios nos centros urbanos, jamais sentirão os efeitos perversos ocasionados pelo crescimento desenfreado das populações de javalis.
O projeto que defendem e que virou lei está baseado no falso argumento de que caça é sinônimo de maus-tratos aos animais. Inclusive tentam redefinir o termo caça, na tentativa de pervertê-lo. Quem destrói ninhos, abrigos e os recursos à manutenção da vida animal não está exercendo atividade de caça: está vandalizando o meio ambiente ou, se autorizado, controlando espécie invasora. Caça é perseguição, captura e abate com finalidade de alimentação ou esporte, e é um método efetivo no controle das populações de javali, principalmente se combinado adequadamente a outros métodos.
Em todos os lugares do mundo onde há o problema da invasão do javali usa-se a caça como uma das alternativas para controle populacional da espécie. Javalis possuem uma das taxas reprodutivas mais altas entre mamíferos terrestres de mesmo porte, iniciando reprodução antes do primeiro ano de vida e dando crias de 5 a 6 filhotes 2 vezes por ano. Diferentemente de algumas espécies nativas que possuem baixa resiliência frente à pressão de caça, javalis precisam ser abatidos em proporções que chegam a 70% do tamanho populacional para que se consiga retrair o crescimento e conter os danos que causam. Só na Europa, onde, apesar de serem nativos não são menos preocupantes, estima-se que 2 milhões de javalis são abatidos todos os anos e que, devido à diminuição no número de caçadores nos últimos 20 anos, houve um crescimento populacional da espécie, que teve como consequências o aumento expressivo no número de acidentes rodoviários envolvendo javalis e de doenças que ameaçam a saúde humana e agropecuária.
Uruguai, Argentina, Austrália, Estados Unidos, entre outros países onde javalis são invasores, não abrem mão de permitir a caça para controle populacional da espécie, empregando sempre métodos adicionais para aumentar a eficiência de controle, nunca usando um único método como alternativa. Proibir totalmente a caça de javalis é, portanto, prova cabal de irresponsabilidade e ignorância gerencial para lidar com o problema dos javalis.
Por fim, trata-se de uma lei que, além de ser redundante, já que a própria constituição paulista proíbe a caça em seu artigo 204 (e sujeita à ADIN no STF), joga na mão do poder público toda a responsabilidade pelo controle de todas as espécies nocivas do Estado, proibindo empresas e pessoas físicas de exercê-la. Tínhamos cerca de 1300 cidadãos no Estado de SP prestando gratuitamente o serviço de controle da espécie noviça javali e, numa canetada, o governador passa a onerar a máquina governamental com todos os altos custos envolvidos em controle de espécie invasora (recursos humanos, logísticos, etc.), como se estivesse sobrando dinheiro nos cofres públicos.
Esta lei contraria o que vem se configurando no mundo atual como novo paradigma de gestão de fauna e de gestão de conflito humano-fauna e que MMA e MAPA, através do PAN-Javali, vêm dando o exemplo para o Brasil: participação e conciliação dos interesses dos diversos agentes envolvidos e afetados direta e indiretamente e não apenas de um grupo específico, a fim de criar alianças na resolução de conflitos homem-fauna e não aprofundá-los. Com esta lei, São Paulo encontra-se no caminho de aprofundar o problema do javali no Estado, pois além de criar uma regra desacreditada entre os que possuem conhecimento técnico do problema indica que, a contar pelos formuladores da lei, muito provavelmente, propostas burlescas e mirabolantes serão criadas para solucionar o problema.

22 de jul. de 2018

ABELHAS VÍTIMAS DE AGROTÓXICOS

Reproduzido de
https://g1.globo.com/economia/agronegocios/globo-rural/noticia/2018/07/22/apicultores-de-sp-enfrentam-a-morte-de-milhoes-de-abelhas.ghtml



Apicultores de São Paulo enfrentam um problema grave: abelhas aparecem mortas, aos milhões. O assunto despertou interesse de pesquisadores de duas universidades paulistas. Só em um sítio em Pirassununga, região central de São Paulo, 50 caixas foram perdidas, o que equivale a quase dois milhões de abelhas mortas em abril.
Com tantas perdas, os apicultores paulistas querem saber o que tem provocado as mortes. Em busca dessas respostas, pesquisadores da Unesp e da Universidade Federal de São Carlos coletaram amostras das abelhas mortas. 
Em 78 cidades de São Paulo, os pesquisadores calculam que quase 255 milhões de abelhas morreram entre os anos de 2014 e 2017, e 107 produtores enfrentaram o problema. Na maioria dos casos, o uso de agrotóxicos provocou a mortandade. 
Em Rio Claro, o professor e pesquisador da Unesp Rio Claro Osmar Malaspina coordenou a equipe que analisou as abelhas. “Você tem produtos aplicados erradamente, quer dizer, não pode ser aplicado de avião. Você tem produtos que são aplicados na área agrícola e só devem ser usados na área urbana. Você tem produtos que têm uma recomendação de uso de certa quantidade, eles aplicam três, quatro vezes mais. São vários erros de aplicação”. 

Foram 88 amostras, colhidas nos últimos três anos. Em 59, os cientistas encontraram algum tipo de resíduo químico. Em um grupo, 27 tinham produtos usados fora da lavoura, como veneno para matar formigas. Em 21 amostras os pesquisadores encontraram produtos pro controle de pragas em lavouras e só em 11 não deu para saber o tipo de resíduo.
O estudo foi financiado por indústrias do setor de defensivos agrícolas. O pesquisador da Unesp diz que uma forma de evitar prejuízos é melhorar o diálogo entre apicultores e agricultores. “Avisar o vizinho para quando ele [o vizinho] tiver a necessidade de fazer a aplicação do defensivo, que avise com pelo menos 72 horas antes. Aí ele [apicultor] pode tomar algumas providências. Por exemplo, uma das providências é fechar a colônia à noite, no dia anterior à aplicação”, orienta Malaspina.
A mortandade prejudica não só o equilíbrio na natureza, como também a produção de alimentos. Segundo pesquisadores, 1/3 de tudo que chega à nossa mesa depende da polinização das abelhas. Quem acumula prejuízos não aguenta mais. “Espero das nossas autoridades alguma providência mais séria, né? Que a agricultura possa trabalhar e eu também possa tirar o meu sustento para a minha família”, diz o apicultor Gilberto Scherma. 
O relatório da pesquisa foi encaminhado ao Ibama. O instituto informou que está avaliando o assunto.

19 de jul. de 2018

AMAZÔNIA: O BAIXO PREÇO DA DESTRUIÇÃO




Obs.: estudo completo disponibilizado em http://imazon.org.br/imprensa/baixo-preco-da-terra-publica-para-regularizacao-fundiaria-estimula-grilagem-desmatamento-e-conflitos-agrarios/

A tese é defendida pelo Imazon, que acaba de publicar um estudo apontando perdas de bilhões de reais para os cofres públicos pela prática de cobrar abaixo do preço de mercado pelo hectare de médias e grandes propriedades que se apropriaram de áreas públicas.

Uma perda de R$ 9 bilhões para os cofres paraenses é o saldo potencial das atuais políticas de baixos custos para regularização de médias e grandes propriedades, muitas delas formadas a partir da invasão de áreas públicas estaduais no Pará. Essa projeção está apresentada no estudo Potencial de Arrecadação Financeira com a Regularização Fundiária no Pará, que o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) acaba de publicar.

A estimativa foi feita com base em dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e mapeou mais de 8 mil grandes e médias propriedades com potencial para regularização fundiária de áreas que variam de 100 hectares a 2,5 mil hectares. Somados, esses imóveis totalizam 3,5 milhões de hectares, ou quase cinco mil campos de futebol. O Pará possui cerca de 38% do território sem destinação fundiária e tem se transformado em um dos mais violentos cenários de invasão e venda ilegal de terras públicas do país.

O Instituto de Terras do Pará (Iterpa), responsável por 24 milhões de hectares no Pará (uma área pouco menor do que o estado de São Paulo ), tem praticado valores entre 7% e 30% do preço comercial por hectare. E ainda oferece descontos de 30% por manutenção de 80% de área de floresta e de 20% para pagamento à vista.

A subvalorização dessas terras é uma medida polêmica, que, na prática, premia a grilagem, afeta os cofres públicos com a perda de arrecadação e pode estimular o desmatamento, já que uma tática usada pelos invasores para “comprovar” o uso do imóvel é remover a cobertura vegetal. Além disso, não traz ganhos sociais, pois o público de baixa renda e agricultura familiar, que ocupa áreas de até 100 hectares, é candidato à doação de terras públicas. Assim, a venda a preços irrisórios beneficia médias e grandes ocupações. “Na prática, é um subsídio à grilagem, com ganhos privados da ordem de R$ 2.384 por hectare, o que pode somar mais de R$ 1 milhão por imóvel”, afirma a advogada Brenda Brito, uma das autoras do estudo e pesquisadora associada ao Imazon.

Esse “lucro” é um dos fatores que influencia uma verdadeira indústria da grilagem no estado: o grileiro ocupa uma grande área, desmata para sinalizar ocupação e ingressa com pedido de titulação após cinco anos de ocupação. Se obtiver o título, paga um valor muito abaixo do mercado e então a vende a preço real. Em seguida, reinicia esse círculo vicioso em outra região. No processo, surgem os conflitos agrários e a violência no campo. “O Pará é um líder no ranking desses problemas e responde por 21 das 70 mortes registradas em 2017 pela Comissão Pastoral da Terra”, constata Brenda.

Valor de mercado e transparência
A perda de arrecadação provocada pelos valores baixos de venda de terra pública prejudica a regularização fundiária de grupos que possuem prioridade legal, como territórios quilombolas e pequenos agricultores familiares instalados em áreas de até 100 hectares. Muitos desses processos não têm seguido adiante por falta de verba nos cofres públicos. Por exemplo, no caso de territórios quilombolas, a regularização muitas vezes exige pagamento de indenizações a propriedades privadas legítimas, sobrepostas ao território que seria destinado. A falta de verba para essas indenizações (que em 2016 somavam cerca de R$ 5 milhões) é uma ironia diante do valor que deixa de ser arrecadado devido aos preços irrisórios cobrados na regularização de grandes e médias propriedades em terras públicas.

A saída, de acordo com a conclusão do estudo, é adotar valor de mercado no pagamento por terras públicas e dar transparência a todos os processos de regularização fundiária em andamento no Iterpa. Sem a promessa de grandes lucros fáceis, a indústria da grilagem encolheria, defendem os pesquisadores.

16 de jul. de 2018

LIXO: A LEI DOS RESÍDUOS SÓLIDOS E A REALIDADE




Reproduzido de:

No maravilhoso mundo das leis, desde 2014 não haveria mais um só lixão no Brasil. É o que determina a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em vigor desde agosto de 2010. Mas no Brasil de verdade, os lixões a céu aberto ainda são o destino do lixo gerado em 1.552 (27,8%) dos 5.570 municípios brasileiros, segundo levantamento de 2016 da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
A lei determinou ainda que até 2012 todos os Estados e municípios apresentassem seus planos de resíduos sólidos, indicando como cada região iria gerenciar o lixo que produz. Mas segundo o Perfil dos Municípios Brasileiros 2017, divulgado nesta terça-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pouco mais da metade dos municípios (54,8%) possuem um Plano Integrado de Resíduos Sólidos. Como punição, as administrações municipais ficam proibidas de receberem verbas federais para as áreas de saneamento e limpeza urbana. Isso sem falar nas consequências jurídicas para os gestores, que afinal estão descumprindo a lei.
O assunto foi discutido durante a 7.ª edição do evento "Cidade Bem Tratada", que ocorreu no início de junho em Porto Alegre, na sede do Ministério Público do Rio Grande do Sul. "Eu vejo que a implementação da PNRS neste momento está praticamente parada. Hoje o maior esforço [dos prefeitos] é para adiar os prazos da política nacional de resíduos sólidos, que se altere a legislação para adiar esta questão para gestões posteriores", afirma Rogério Menezes, Secretário do Meio Ambiente de Campinas e presidente da Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente (ANAMMA).
Rogério descreve um cenário de falta de recursos, em que os prefeitos precisam apagar um incêndio por dia. 
Mas ele mesmo afirma que este não é o principal entrave. Muitas vezes são os interesses políticos e econômicos que se impõem, como mostra o relato que Rogério ouviu de um secretário municipal de um importante município brasileiro: "Ele foi chamado atenção pelo prefeito porque estava ampliando a coleta seletiva, e isso estava prejudicando o acordo com o aterro sanitário, diminuindo o número de toneladas que eram aterradas".
Atualmente, 58,4% do lixo produzido no Brasil vai parar em aterros sanitários. São locais preparados para receber o lixo, que vai sendo recoberto com terra de tempos em tempos. Teoricamente, o aterro tem que implementar uma série de medidas para reduzir os impactos ambientais, como a impermeabilização do solo, a compactação do lixo e a drenagem do chorume e do biogás gerados no processo de decomposição.
Ou seja, um aterro já é bem melhor do que um lixão, este sim completamente ilegal. Mas o objetivo da Política Nacional de Resíduos Sólidos é fazer com que apenas aqueles materiais cuja reutilização é inviável (material hospitalar, por exemplo) sejam encaminhados para os aterros, o que representa 10% do lixo produzido no Brasil. O restante seria reciclado e reinserido na cadeia produtiva ou encaminhado para compostagem e geração de energia (no caso dos resíduos orgânicos). Uma lógica que incomoda empresas com raízes profundas nas estruturas administrativas, de acordo com Rogério Menezes: "Você tem acordos políticos que passam pelos grandes aterros, que são um item de despesa do poder público muito grande. Então a gente observa uma resistência na mudança. Quando você tiver um processo de coleta seletiva que atinja em um quarto de uma cidade, você vai ter perdas expressivas para aqueles que fizeram de enterrar lixo o seu negócio".
Uma capital como Porto Alegre, por exemplo, com 1,4 milhão de habitantes, paga R$ 3 milhões por mês para enterrar o lixo produzido pela população em um aterro sanitário em Minas do Leão, a 100 km de distância. O contrato de 3 anos com a Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos prevê um valor de R$ 67,18 por tonelada de resíduo aterrado. Quanto menos lixo, menos dinheiro a empresa recebe.
Faltam profissionais qualificados
Quando há vontade política, muitos gestores se deparam com outro problema: a falta de profissionais qualificados para criar e implementar os planos municipais de resíduos sólidos. Segundo o presidente da ANAMMA, mais de um terço dos municípios não têm sequer um profissional técnico na área ambiental no seu quadro de funcionários. Dependendo do tamanho da cidade, com sorte haverá um engenheiro civil que vai se desdobrar entre as diversas secretarias.
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"Você tem acordos políticos que passam pelos grandes aterros, que são um item de despesa do poder público muito grande. Então a gente observa uma resistência na mudança. Quando você tiver um processo de coleta seletiva que atinja em um quarto de uma cidade, você vai ter perdas expressivas para aqueles que fizeram de enterrar lixo o seu negócio", diz Rogério Menezes, presidente da Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente (Anamma).
[…]

14 de jul. de 2018

RATOS E PLÁSTICOS: SÃO, PROVAVELMENTE, DUAS DAS MAIORES AMEAÇAS AOS CORAIS


Reproduzido de BBC News - Environment 




RATOS
Estudos realizados em ilhas tropicais, nas Ilhas Chagos no oceano Índico, revelaram que invasão de ratos nas ilhas, são um grande problema para os recifes de corais.
Esses ratos dizimam populações de aves marinhas, alimentando-se dos ovos dessas aves. Os ratos invasores são trazidos para as ilhas por navios; e destroços de navios.
Reduzindo as populações de aves, reduz a quantidade de guano por elas lançado no mar e que contêm nutrientes essenciais aos corais.

PLÁSTICOS 
Estima-se que um terço dos corais daquela região esteja “infestado” de plásticos; ou seja, mais de 11 bilhões de itens plásticos (sacolas plásticas, garrafas, sacas usadas com arroz) foram lá encontrados. Prevê-se aumento para 25 bilhões até o ano 2025.
Segundo o Dr. Joleah Lamb, da Cornell University, Ithaca, E.U., esses plásticos permeiam o aparecimento de doenças que atacam os invertebrados formadores dos corais. Como consequência, os peixes que habitam nos corais também são prejudicados.

Mais de 150 corais com tais problemas foram investigados na região do Pacífico asiático.



5 de jul. de 2018

PANTANAL: EM REVISTA - WWF

https://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/revista_ciencia_pantanal_1.pdf




WWF-Brasil lança revista com artigos sobre o Pantanal

Reproduzido de OECO 

Muitas espécies da fauna pantaneira contribuem para o equilíbrio dos ecossistemas, com seu comportamento curioso e muitas vezes desconhecido. As particularidades dos animais e também das plantas -- comuns ou recém-descobertos, nativos ou “naturalizados” -- estão na
revista Ciência Pantanal, lançada pela organização WWF-Brasil, que reúne artigos escritos por pesquisadores de todo o Brasil.
A revista é uma oportunidade para que diversos públicos possam conhecer a beleza e a riqueza da maior área úmida do planeta. Além disso, a publicação trata também dos esforços para a conservação das cabeceiras dos rios pantaneiros e ressalta a importância dos sistemas de drenagem em funcionamento na planície, para entender os possíveis impactos das atividades humanas. “Todos esses temas são detalhados por especialistas, ilustrados com fotos e gráficos, em linguagem acessível, para informação dos interessados na conservação da natureza e da cultura pantaneira”, diz o coordenador do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, Júlio César Sampaio.
*Com informações da Assessoria de Comunicação do WWF-Brasil.


2 de jul. de 2018

RESÍDUOS GERADOS PELA COMPANHIA SIDERÚRGICA NACIONAL EM VOLTA REDONDA AMEAÇA RIO PARAÍBA DO SUL E O ABASTECIMENTO DE 12 MILHÕES DE PESSOAS

Acessar vídeo:




Não são raras as denúncias sobre as consequências danosas à qualidade de vida ambiental causadas pelas atividades da Companhia Siderúrgica Nacional, como vem mostrando a imprensa no Rio de Janeiro.

Texto abaixo reproduzido de:
odia.ig.com.br

Rio - A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) admitiu que está tentando passar para órgãos públicos parte da escória que ela acumulou em depósito no bairro Brasilândia, em Volta Redonda, Sul Fluminense. De acordo com denúncia da ONG Associação Homens do Mar (Ahomar), aceita pelo Ministério Público Federal (MPF-VR), e objeto de inquérito, que corre em segredo de Justiça, a montanha de rejeitos está fora de controle, e causa sérios transtornos a cerca de 15 mil moradores, em pelo menos outros seis bairros também, conforme o DIA vem mostrando.
Em nota, a siderúrgica informou que o subproduto do aço, fabricado em seus Altos-Fornos e Aciaria, pode ser usado na recuperação de estradas vicinais. A escória está estocada numa Área Permanente de Proteção Ambiental (APP). A medida seria uma forma de tentar minimizar transtornos provocados pela montanha de rejeitos.
A Ahomar acusa a CSN e o Instituto Estadual do Ambiente (INEA-RJ), que há oito anos analisa pedido de Licença de Operações da Harsco multinacional que explora o estoque por "suposta conivência" com a situação. O acúmulo do material, usado na indústria cimenteira, que já alcança mais de 20 metros de altura, mudou a paisagem do Brasilândia e dos bairros Volta Grande 2 e 4, São Luiz, Caeira, Nova Primavera e Complexo do Santo Agostinho. Problemas respiratórios e alérgicos são comuns entre os moradores.