Total de visualizações de página

11 de mar. de 2021

EM JOÃO PESSOA O PRIVILÉGIO DE SE TER UMA RESERVA DE MATA ATLÂNTICA URBANA. E UM DOS SEUS PROBLEMAS!



Em João Pessoa existem outras três unidades de conservação: a 
Floresta Nacional da Restinga de Cabedelo, com 114 hectares, distribuída na fronteira com o município vizinho de Cabedelo, ao norte do RVS; o Parque Natural Municipal do Cuiá, com 43 hectares, ao sul; e o Parque Estadual das Trilhas, criado em 2017 e que integra o território de outros três parques predecessores, num total de 578 hectares protegidos, no litoral sul da capital.


Reproduzido de:  https://www.oeco.org.br/reportagens/estudo-sobre-avifauna-em-area-protegida-em-joao-pessoa-alerta-para-fragmentacao/


 Na região metropolitana de João Pessoa, na Paraíba, há pequenos remanescentes da Mata Atlântica. O maior deles – e do estado – está protegido pelo Refúgio de Vida Silvestre Mata do Buraquinho, associado ao Jardim Botânico Benjamin Maranhão. São pouco mais de 510 hectares de proteção integral de floresta dentro da área urbana da capital. Apesar do tamanho, a Mata do Buraquinho é um coração verde praticamente isolado pelo concreto, que divide uma larga fronteira com a BR-230, a Rodovia Governador Antonio Mariz. Nesta mancha florestal, existem 113 espécies de aves, sendo seis delas consideradas ameaçadas de extinção e com área de ocorrência restrita, conforme destacou um estudo recente que fez o levantamento da avifauna dentro da área protegida.

Uma delas é o gavião-gato-do-nordeste (Leptodon forbesi), cuja ocorrência é restrita ao nordeste do Brasil. A espécie é considerada em perigo de extinção e é uma das aves de rapina mais ameaçadas do Brasil, principalmente devido a perda de habitat, já que possui uma “média” sensibilidade a distúrbios ambientais e habita ecossistemas florestais. Estima-se que restam não mais do que 2.500 indivíduos maduros, a maior parte deles restrita a uma única subpopulação.

Além do gavião, no levantamento constam outras cinco espécies que enfrentam diferentes graus de ameaça, conforme classificação do Ministério do Meio Ambiente (Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, Volume 3 – Aves): o apuim-de-cauda-amarela (Touit surdus), o arapaçu-rajado-do-nordeste (Xiphorhynchus atlanticus), o bico-virado-miúdo (Xenops minutus alagoanus) e a maria-de-barriga-branca (Hemitriccus griseipectus naumburgae), classificadas com o status de Vulnerável; e o anambezinho (Iodopleura pipra leucopygia), considerado Em Perigo de Extinção, grau mais severo de ameaça.

A capacidade de voo não significa que a conectividade florestal seja menos importante para a sobrevivência de várias espécies de aves, como ressalta o ornitólogo Antônio Cláudio Conceição de Almeida, autor da pesquisa, publicada no final de janeiro na Revista Brasileira de Gestão Ambiental e Sustentabilidade.

“Se tem a ideia de que aves não têm problemas para transitar e se deslocarem por terem capacidade de voar. Muitas espécies são generalistas quanto ao habitat e assim o fazem, mas tantas outras são dependentes de florestas densas e não se deslocam por áreas abertas, possuem seus hábitos alimentares e reprodutivos ligados diretamente à fitofisionomia onde evoluíram ao longo das centenas e milhares de anos nesses corpos florestais; os quais podem ser de florestas densas e úmidas, como podem ser formações vegetais mais secas e abertas, a exemplo do Cerrado”, conta Antônio Cláudio.

No caso do Refúgio de Vida Silvestre (RVS) da Mata do Buraquinho, ele cita o exemplo da pequena maria-de-barriga-branca, espécie endêmica do Centro de Endemismo de Pernambuco – região biogeográfica única da Mata Atlântica distribuída entre os estados de Alagoas e Rio Grande do Norte – e classificada como vulnerável à extinção. “Ela é totalmente dependente da floresta e tem uma capacidade muito limitada de deslocar-se entre os remanescentes florestais e quase impossível entre os isolados”, explica.

A maria-de-barriga-branca não é a única. As outras cinco espécies ameaçadas que Antônio Cláudio identificou dentro do RVS Mata do Buraquinho também são dependentes de florestas e deslocam-se apenas por remanescentes florestais em estágio médio a avançado de regeneração. A exigência de cobertura florestal por essas espécies têm três principais motivos: o abrigo fornecido pelo dossel aos ninhos; a maior oferta de alimentos; e a alta diversidade de micro-habitats dentro do ambiente florestal.

[Acessar o link mostrado acima]

Nenhum comentário: