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29 de mai. de 2021

ATUALMENTE, “PRAGA”, PARA ALGUNS, É UM CONCEITO RELATIVO

 SURTO DE RATOS DEIXA AUSTRÁLIA EM PÂNICO



Praga de roedores na zona rural está acabando com as plantações e contaminando a água

O Estado de S. Paulo, 29/05/2021 

Uma invasão de ratos tem provocado pânico na Austrália. Relatos de moradores são assustadores. À noite, o chão dos galpões desaparece sob tapetes de ratos em fuga. Os tetos ganham vida ao som de arranhões. Uma família culpou ratos que mastigam fios elétricos pelo incêndio de sua casa.

“Estamos em um ponto crítico. Se não reduzirmos o número de ratos até a primavera, enfrentaremos uma crise econômica e social”, disse o ministro da Agricultura, Adam Marshall.

Ambientalistas dizem que o surto é uma das consequências dos incêndios florestais recentes na Austrália, que dizimaram os predadores. O pânico é tão grande que surgiram rumores de que os ratos chegariam a grandes áreas urbanas, como Sydney. No entanto, especialistas apontam que é pouco provável que os ratos passem da zona rural para as cidades.

Segundo Steve Henry, especialista do Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization (CSIRO), a hipótese é absurda. “Eles pesam 13 gramas e têm perninhas pequenas. Mover-se a grandes distâncias colocaria os ratos na mira de predadores”, disse. “Pode haver mais ratos em Sydney do que o normal no momento, porque as condições têm sido favoráveis para que os animais que já vivem lá se reproduzam. Mas não há comida suficiente para que eles cheguem ao número que estão na zona rural.”

A NSW Farmers, principal associação agrícola do Estado de Nova Gales do Sul, o mais afetado, prevê que a praga destruirá 1 bilhão de dólares australianos (R$ 4,04 bilhões) da safra. Para evitar um prejuízo maior, o governo estadual encomendou 5 mil litros do veneno Bromadiolone, da Índia, que é proibido na Austrália, mesmo sem a aprovação emergencial pelo órgão regulador. Os críticos temem que o veneno mate não apenas os ratos, mas também os animais que se alimentam deles. “Precisamos de algo que seja forte, o equivalente a napalm, para explodir esses ratos”, disse Marshall.

A praga é um golpe cruel para os agricultores, que foram atingidos por incêndios, inundações e pandemia nos últimos anos. O fazendeiro Bruce Barnes disse produzir trigo virou uma atividade de alto risco, já que os ratos devoram tudo antes da colheita.

De acordo com relatos de moradores, o pior vem depois de escurecer, quando milhões de ratos que estavam escondidos durante o dia tornam-se mais ativos. Trechos das estradas ficam pontilhados de ratos esmagados na noite anterior, mas os pássaros logo levam as carcaças. Os montes de feno estão se desintegrando em razão de roedores famintos. As calçadas estão repletas de ratos mortos que comeram iscas venenosas.

Mas uma constante, tanto de dia quanto de noite, é o fedor de urina de camundongo e carne em decomposição. O cheiro é a maior reclamação das pessoas. “Você lida com isso o dia todo. Você coloca armadilhas, mas volta para casa e sente o fedor de rato morto”, disse Jason Conn, também fazendeiro. “Eles passam pelo telhado de sua casa. Se ela não for bem vedada, eles acabam na cama com você.”

Outro fazendeiro, Colin Tink, afirma que matou cerca de 7,5 mil ratos em uma única noite, na semana passada, em uma armadilha que ele armou com uma tigela de ração de gado cheia de água. “Eu pensei que pegaria algumas centenas”, disse. Já Bruce Barnes disse que as carcaças de camundongos e excrementos nos telhados estavam poluindo os tanques de água. “As pessoas estão ficando doentes”, afirmou.

copyright ©️ 1995 - 2017 grupo estado

OBSERVAÇÕES do responsável por este blog.

1) A Austrália e suas históricas complicações ambientais! É bem possível que os incêndios florestais tenham disparado esse desequilíbrio. Armadilhas e descarte adequado, pra mim, são medidas mais seguras do que envenenamento.

2) Na Ásia, isso ñ seria problema!

https://youtu.be/wVficMmO0mY


26 de mai. de 2021

REMANESCENTES DE MATA ATLÂNTICA NUM CAMPUS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA: PORQUE PRESERVAR

 

Preservação é a ação de proteção e/ou isolamento de um ecossistema com a finalidade de que ele mantenha suas características naturais, por constituir-se como patrimônio ecológico de valor”. Conceituação esta, que difere de “conservação: é o manejo dos recursos do ambiente, com o propósito de obter-se a mais alta qualidade sustentável de vida humana”. Portanto, na preservação está implícito que o ecossistema deve ser mantido com todas suas características naturais. Alguns trabalhos de pesquisa e registros fotográficos e de vídeo realizados nos remanescentes (ou relitos) de mata do Campus I da UFPB, demonstram seu importante papel nas atividades didáticas fundamentais à formação de futuros profissionais, principalmente de biólogos e geógrafos. As pesquisas abrangem dissertações de pós-graduação e trabalhos de conclusão de curso, em bacharelados.

Observação: vários termos técnicos na área de ecologia e ciências ambientais, aqui mencionados, podem ser vistos no GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA, disponível neste blog (ecologiaemfoco). Link disponível:

https://1drv.ms/b/s!AlSvfvbpbplfsUPmZoKE1PoXVMtY


Breves considerações sobre as principais características estruturais e funcionais dos componentes da Mata Atlântica 

 Este ecossistema, também denominado de floresta latifoliada tropical úmida da encosta, estendia-se quase ininterruptamente do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul; estimando￾se hoje que exista apenas 5% da mata original. O fator relevo transmite-lhe a ação de anteparo aos ventos que vêm do oceano Atlântico, mantendo sua elevada porcentagem de umidade. Ela é tão rica em espécies vegetais e tão densa quanto a floresta amazônica, embora suas árvores pareçam ser um pouco mais baixas. O solo é mineralogicamente pobre (latossolo). A seguir veremos alguns aspectos que podem ser destacados numa incursão por essa mata:

a) Estratificação típica dos ecossistemas tropicais de floresta, com predominância do estrato arbóreo; grande densidade de plantas. 

b) A competição pela luz força as árvores a um crescimento para o alto, muito acentuado, quase sem ramificações; como conseqüência, grande parte das árvores, cujas copas recebem luz solar direta, tem folhas pequenas; as plantas do estrato arbustivo têm por vezes folhas grandes; algumas têm folhas pontiagudas que facilitam o escorrimento da água da chuva; a concentração de clorofila nas plantas de sombra (que são capazes de fotossintetizar em baixa quantidade de luz solar) comunicando coloração verde intenso às folhas, é freqüentemente observada. 

 c) Existência de epífitas (bromélias e trepadeiras). 

 d) Umidade e temperatura do ar elevadas; radiação solar quase não atingindo o solo, onde as variações de temperatura são muito pequenas. 

 e) Grande diversidade de espécies vegetais, em contraste com as florestas homogêneas da Europa e da América do Norte. 

 f) Espesso manto de matéria orgânica morta no solo (necromassa), formado por, pelo menos, três camadas distintas (horizonte 01 = partes de plantas recém-caídas; 02 = detritos orgânicos em decomposição e A 1 = início do horizonte mineral contendo matéria orgânica já decomposta ou húmus); observar os fungos sobre os restos de plantas em decomposição. 

     g) As raízes se ramificam e formam densa rede de “aprisionamento” da matéria orgânica em     decomposição na superfície do solo; muitas plantas interagem com fungos micorrízicos que infectam essas raízes, absorvendo os nutrientes, antes que sejam lixiviados (carregados) pela chuva. 

      h) O fato de que as raízes são superficiais, mesmo as secundárias grossas, poderia comprometer a sustentação das árvores, porém observe-se que pela própria densidade de vegetação, as árvores se tocam pelas copas e assim se sustentam; além disso, muitas árvores formam raízes tabulares que auxiliam na sustentação e também atuam na respiração, pois no solo há forte competição por oxigênio com os micro-organismos. Estes aspectos evidenciam a necessidade de se manter a mata com sua densidade original. 

i) O solo é ácido (pH 4 a 5); isto demonstra a baixa adequação do solo para grande parte de cultivos. 

 j) Diversidade animal elevada; grande parte dos animais (macacos e aves) vive no estrato arbóreo, protegendo-se dos seus inimigos naturais e alimentando-se das frutas; a mata atlântica é muito rica em borboletas; no solo vivem vários roedores e outros mamíferos. 

 k) É fácil concluir que sobre solos pobres, sujeitos à lavagem pela chuva, a mata deve ser preservada, pois representa a melhor maneira que a Natureza encontrou, após milhares de anos de evolução, para manter-se bem adaptada e com alta produtividade e eficiência ecológica; nela é evidente a importância do fluxo energético e da biogeociclagem.


Vídeos

     Os vídeos que se seguem, foram produzidos pelo responsável por este blog, professor de ecologia Breno M. Grisi, enfatizando a importância de manutenção da estrutura e função dos componentes da mata, no Campus I da UFPB, como reforço às aulas práticas na disciplina de Ecossistemas Terrestres, do
curso de Ciências Biológicas , sob a responsabilidade de professores do Depto. de Sistemática e
Ecologia.
      É mostrada também a necessidade de se compreender as relações das características de
um ecossistema tropical e as instalações implantadas no campus visando as atividades a que se
propõe a UFPB, quais sejam ensino, pesquisa e extensão.

Vídeo I: https://youtu.be/zE88NiGSfRA
Vídeo II: https://youtu.be/mnFxwEkdpqI
Vídeo III: https://youtu.be/rn3pIwu8OtU
Vídeo IV: https://youtu.be/RnpaZCS0xQY

     Importante destacar que a manutenção de remanescente de mata (com podas quando se
fizerem necessárias), assim como uma revegetação não muito próxima às edificações no campus,
exercem duplo efeito benéfico imediato, às atividades que ali ocorram, sejam salas de aulas ou para
trabalhos administrativos: reduz o impacto de ruídos e adsorvem poluentes atmosféricos. Além
disso atuam positivamente na amenização dos efeitos das altas temperaturas muito comuns na
cidade de João Pessoa.

Fotos ilustrando algumas características bióticas da Mata Atlântica no Campus I 



 




MANEJO AMBIENTAL (E BIOLÓGICO)
     
     Manejo ambiental: manipulação pelo homem, dos recursos naturais renováveis, aplicando
princípios ecológicos e respeitando as características florísticas, faunísticas, edáficas e de suas fontes de
água, garantindo assim sua perpetuidade.
     À manipulação da parte viva, exclusivamente, dá-se o nome de “manejo biológico”.


Foto acima, um exemplo de construção bem planejada (o clássico telhado de duas águas), onde a
proximidade do prédio à mata não sofre consequências do acúmulo de folhas no telhado e infiltrações de
água de chuva.


Aberrações no manejo ambiental (e biológico) às vezes acontecem. Segue-se um exemplo.

POR QUÊ A MATA DEVE SER PRESERVADA, OU SEJA, COM SUAS CARACTERÍSTICAS
NATURAIS ?! 
Seguem-se algumas ilustrações.

Obs.: havia no campus, a prática de gerar bosque, retirando-se algumas árvores. Isso comprometia
a sustentação das remanescentes, uma vez que uma importante característica da floresta tropical, é que
grande parte das raízes das árvores concentra-se na superfície do solo; e a sustentação das árvores ocorre
graças à densidade, em que suas copas se tocam.



COLÔNIA DE FÉRIAS PARA CRIANÇAS 
     Foi organizada uma Colônia de Férias para filhos de servidores da UFPB, sob a 
supervisão de professores do Depto de Educação Física, do CCS.
Uma das atividades, com a orientação do professor de ecologia Breno Grisi, do 
Depto. De Sistemática e Ecologia, do CCEN, foi realizar com as crianças, o plantio de 
árvores, visando renovação de área de bosque (visto numa foto que se segue), que deveria 
receber novas árvores para garantir a sustentação das remanescentes.
As fotos que se seguem mostram o bosque que deve receber novas árvores. E as 
crianças da Colônia de Férias aprendendo a plantar e a cuidar das novas árvores.





7 de mai. de 2021

RESTAURAÇÃO DE FLORESTA NA AMAZÔNIA: IMPORTÂNCIA FUNDAMENTAL À CONSERVAÇÃO


O Brasil possui a meta de restaurar, no mínimo, 12 milhões de hectares de florestas nativas até 2030 (Brasil 2017). Essa meta foi apresentada em compromissos internacionais da agenda de clima e de restauração de paisagens, no âmbito do Acordo de Paris, do Desafio de Bonn e da Iniciativa 20×20. Especificamente para o bioma Amazônia, o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg) estabelece a meta de recuperação de 4,8 milhões de hectares da vegetação nativa (MAPA 2017)

Estudo completo em:

https://amazonia2030.org.br/restauracao-florestal-em-larga-escala-na-amazonia-o-potencial-da-vegetacao-secundaria/