“Preservação é a ação de proteção e/ou isolamento de um ecossistema com a finalidade de que ele mantenha suas características naturais, por constituir-se como patrimônio ecológico de valor”. Conceituação esta, que difere de “conservação: é o manejo dos recursos do ambiente, com o propósito de obter-se a mais alta qualidade sustentável de vida humana”. Portanto, na preservação está implícito que o ecossistema deve ser mantido com todas suas características naturais. Alguns trabalhos de pesquisa e registros fotográficos e de vídeo realizados nos remanescentes (ou relitos) de mata do Campus I da UFPB, demonstram seu importante papel nas atividades didáticas fundamentais à formação de futuros profissionais, principalmente de biólogos e geógrafos. As pesquisas abrangem dissertações de pós-graduação e trabalhos de conclusão de curso, em bacharelados.
Observação: vários termos técnicos na área de ecologia e ciências ambientais, aqui mencionados, podem ser vistos no GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA, disponível neste blog (ecologiaemfoco). Link disponível:
https://1drv.ms/b/s!AlSvfvbpbplfsUPmZoKE1PoXVMtY
Breves considerações sobre as principais características estruturais e funcionais dos componentes da Mata Atlântica
Este ecossistema, também denominado de floresta latifoliada tropical úmida da encosta, estendia-se quase ininterruptamente do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul; estimandose hoje que exista apenas 5% da mata original. O fator relevo transmite-lhe a ação de anteparo aos ventos que vêm do oceano Atlântico, mantendo sua elevada porcentagem de umidade. Ela é tão rica em espécies vegetais e tão densa quanto a floresta amazônica, embora suas árvores pareçam ser um pouco mais baixas. O solo é mineralogicamente pobre (latossolo). A seguir veremos alguns aspectos que podem ser destacados numa incursão por essa mata:
a) Estratificação típica dos ecossistemas tropicais de floresta, com predominância do estrato arbóreo; grande densidade de plantas.
b) A competição pela luz força as árvores a um crescimento para o alto, muito acentuado, quase sem ramificações; como conseqüência, grande parte das árvores, cujas copas recebem luz solar direta, tem folhas pequenas; as plantas do estrato arbustivo têm por vezes folhas grandes; algumas têm folhas pontiagudas que facilitam o escorrimento da água da chuva; a concentração de clorofila nas plantas de sombra (que são capazes de fotossintetizar em baixa quantidade de luz solar) comunicando coloração verde intenso às folhas, é freqüentemente observada.
c) Existência de epífitas (bromélias e trepadeiras).
d) Umidade e temperatura do ar elevadas; radiação solar quase não atingindo o solo, onde as variações de temperatura são muito pequenas.
e) Grande diversidade de espécies vegetais, em contraste com as florestas homogêneas da Europa e da América do Norte.
f) Espesso manto de matéria orgânica morta no solo (necromassa), formado por, pelo menos, três camadas distintas (horizonte 01 = partes de plantas recém-caídas; 02 = detritos orgânicos em decomposição e A 1 = início do horizonte mineral contendo matéria orgânica já decomposta ou húmus); observar os fungos sobre os restos de plantas em decomposição.
g) As raízes se ramificam e formam densa rede de “aprisionamento” da matéria orgânica em decomposição na superfície do solo; muitas plantas interagem com fungos micorrízicos que infectam essas raízes, absorvendo os nutrientes, antes que sejam lixiviados (carregados) pela chuva.
h) O fato de que as raízes são superficiais, mesmo as secundárias grossas, poderia comprometer a sustentação das árvores, porém observe-se que pela própria densidade de vegetação, as árvores se tocam pelas copas e assim se sustentam; além disso, muitas árvores formam raízes tabulares que auxiliam na sustentação e também atuam na respiração, pois no solo há forte competição por oxigênio com os micro-organismos. Estes aspectos evidenciam a necessidade de se manter a mata com sua densidade original.
i) O solo é ácido (pH 4 a 5); isto demonstra a baixa adequação do solo para grande parte de cultivos.
j) Diversidade animal elevada; grande parte dos animais (macacos e aves) vive no estrato arbóreo, protegendo-se dos seus inimigos naturais e alimentando-se das frutas; a mata atlântica é muito rica em borboletas; no solo vivem vários roedores e outros mamíferos.
k) É fácil concluir que sobre solos pobres, sujeitos à lavagem pela chuva, a mata deve ser preservada, pois representa a melhor maneira que a Natureza encontrou, após milhares de anos de evolução, para manter-se bem adaptada e com alta produtividade e eficiência ecológica; nela é evidente a importância do fluxo energético e da biogeociclagem.
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