BIOTANEOTROPICA - II
[...continuação]
5 Impactos Potenciais na Avifauna decorrentes das Alterações Propostas para o Código Florestal Brasileiro (Pedro F. Develey, Tatiana Pongiluppi)
As mudanças propostas no atual Código Florestal Brasileiro poderão levar a um aumento de desmatamentos e consequente diminuição de cobertura vegetal nativa (florestas, campos e banhados) que impactarão diretamente muitas espécies de aves. No Brasil, 17 espécies de aves globalmente ameaçadas são dependentes de florestas próximas a corpos d'água, sendo que oito destas só ocorrem em território brasileiro. Considerando os requisitos ecológicos dessas espécies, é possível prever que uma diminuição na largura da faixa que deve ser protegida na forma de Área de Preservação Permanente (APP) levará a perdas populacionais significativas que podem colocar em risco a sobrevivência das populações e, consequentemente, da espécie como um todo. Em paisagens fragmentadas essas APPs também funcionam como corredores, permitindo a dispersão das aves através da matriz. Do mesmo modo, áreas de Reserva Legal devem ser mantidas de forma complementar às APPs, já que a composição da avifauna varia entre as áreas de vegetação nativa situadas próximas e distantes de corpos d'água. A heterogeneidade ambiental é crucial para a manutenção da integridade das comunidades de aves. Mesmo pequenas manchas de floresta são importantes para a avifauna, funcionando como "trampolins ecológicos" que, assim como os corredores, possibilitam que aves florestais se desloquem através da paisagem. As aves são importantes predadoras, dispersoras e polinizadoras em agroecossistemas sendo que em áreas tropicais já foi demonstrado que uma maior riqueza de aves está correlacionada com uma maior taxa de remoção de artrópodes, incluindo pestes. Assim, mudanças propostas ao atual Código Florestal podem representar um impacto negativo não só em relação a biodiversidade, mas também em relação a própria produção agrícola.
6 Mudanças no Código Florestal e seu impacto na ecologia e diversidade dos mamíferos no Brasil (Mauro Galetti, Renata Pardini, José M. B. Duarte, Vera M. F. da Silva, Alexandre Rossi, Carlos A. Peres)
Os ecossistemas florestais do Brasil abrigam um dos mais altos níveis de diversidade de mamíferos da Terra, e boa parte dessa diversidade se encontra nas áreas legalmente protegidas em áreas de domínio privado. As reservas legais (RLs) e áreas de proteção permanente (APPs) representam estratégias importantes para a proteção e manutenção dessa diversidade. Mudanças propostas no Código Florestal certamente trarão efeitos irreversíveis para a diversidade de mamíferos no Brasil. Os mamíferos apresentam papéis-chave nos ecossistemas, atuando como polinizadores e dispersores de sementes. A extinção local de algumas espécies pode reduzir os serviços ecológicos nas RLs e APPs. Outra consequência grave da redução de áreas de vegetação nativa caso a mudança no Código Florestal seja aprovada será o aumento no risco de transmissão de doenças, trazendo sérios problemas à saúde pública no Brasil.
7 Impactos potenciais das mudanças propostas no Código Florestal Brasileiro sobre as borboletas (André Victor Lucci Freitas)
Este trabalho discute como as mudanças propostas no Código Florestal Brasileiro podem afetar as borboletas do Brasil. Conforme exposto, os impactos principais estão na redução das matas ciliares (com consequente perda de conectividade) e nas alterações maiores nas amplas áreas de florestas de altitude. Adicionalmente, alterações na paisagem regional, com redução das áreas de proteção permanentes (APPS) e conversão de topos de morros, por exemplo, podem refletir em profundas mudanças nas assembleias de borboletas já severamente modificadas por quase 500 anos de desmatamento e degradação dos habitats do Brasil.
8 As abelhas, os serviços ecossistêmicos e o Código Florestal Brasileiro (Vera Lucia Imperatriz Fonseca, Patrícia Nunes-Silva)
As abelhas são consideradas os principais polinizadores em ambientes naturais e agrícolas. Esse serviço ecossistêmico é essencial para a manutenção das populações selvagens de plantas e para a produção de alimento nos ambientes agrícolas e está ameaçado em várias regiões do mundo. O desmatamento é uma das causas principais porque ele afeta as populações de abelhas. A conservação das florestas é necessária para a manutenção das populações de abelhas e da polinização nas paisagens agrícolas.
[Continua...]
Contribuindo para entendermos a Natureza, respeitá-la e continuarmos vivendo!
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30 de dez. de 2011
29 de dez. de 2011
BIOTANEOTROPICA: ARTIGOS RELATANDO IMPACTOS COM O NOVO CÓDIGO FLORESTAL - I
A revista BIOTANEOTROPICA mantida pela FAPESP─Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, divulgou em seu número 10, vol. 4, 2010, doze artigos mostrando que as mudanças no Código Florestal Brasileiro não têm suporte científico.
Eis os resumos de cada um desses artigos, que podem ser lidos na íntegra no site http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/pt/. Estou divulgando-os neste blog em três etapas: nesta postagem estão os artigos de 1 a 4; na segunda postagem estarão os artigos de 5 a 8; e na terceira os artigos de 9 a 12. Os destaques em negrito são de minha autoria.
Todos os artigos desta revista vêm reforçar o que venho divulgando no presente blog sobre este tema. É só acessar as cinco postagens anteriores seguintes: 1) Ecologia em foco “de luto” (26/05/2011); 2) Mutilação do Código Florestal Brasileiro: uma avaliação importante de uma economista (09/05/2011); 3) Modificações propostas para o Código Florestal Brasileiro (14/12/2010); 4)...E ainda sobre as mudanças no Código Florestal (07/08/2010); 5) Modificações no Código Florestal Brasileiro: uma contribuição dos nossos legisladores ao Desenvolvimento “Insustentável” (10/07/2010).
Estes ensaios no presente blog foram precedidos por outros comprovando que nossas tragédias ambientais, como os deslizamentos em Santa Catarina e Rio de Janeiro, assim como as enchentes sucessivas em Pernambuco, Alagoas e Sergipe, e algumas outras ocorridas no sul do Brasil, apontam para a famosa “tragédia anunciada”; ou seja, é fácil prever que iriam acontecer, pelo manejo inadequado que damos às coberturas vegetais de encostas e margens de rios. Uma lástima, que parte da mídia brasileira tenta esconder do pouco esclarecido povo brasileiro, camuflando lobbies políticos e patrocinando reeleição de outros, interessados exclusivamente nos lucros do agronegócio (neste caso ver postagem de 08/12/2011 “Deputados que aprovaram novo código florestal receberam doação de empresas desmatadoras”).
1. A falsa dicotomia entre a preservação da vegetação natural e a produção agropecuária. (Luiz A Martinelli, Carlos A Joly, Carlos A Nobre, Gerd Sparovek)
Demonstramos que o Brasil já tem uma área desprovida de vegetação natural suficientemente grande para acomodar a expansão da produção agrícola. Demonstramos também que a maior expansão se dá nas áreas ocupadas pelas chamadas culturas de exportação: soja e cana-de-açúcar e não propriamente nas áreas ocupadas por arroz, feijão e mandioca, que são consumidos de forma direta pelo mercado nacional. Pelo contrário, a área colhida de arroz e feijão tem inclusive decrescido nas últimas décadas, enquanto a área colhida de mandioca encontra-se praticamente constante há quadro décadas. Os maiores entraves para a produção de alimentos no Brasil não se devem a restrições supostamente impostas pelo Código Florestal, mas, sim, à enorme desigualdade na distribuição de terras, à restrição de crédito agrícola ao agricultor que produz alimentos de consumo direto, à falta de assistência técnica que o ajude a aumentar a sua produtividade, à falta de investimentos em infraestrutura para armazenamento e escoamento da produção agrícola, a restrições de financiamento e priorização do desenvolvimento e tecnologia que permita um aumento expressivo na lotação de nossas pastagens.
2. Alterações no código florestal brasileiro: impactos potenciais sobre a ictiofauna (Lilian Casatti)
É apresentada uma análise dos possíveis impactos que a diminuição da vegetação nativa, notadamente das florestas ripárias, pode causar sobre a ictiofauna. Três conjuntos de aspectos funcionais primordiais desempenhados pelas florestas ripárias são discutidos: transferência de energia solar ao ambiente aquático, interceptação de nutrientes e sedimentos que adentram nos rios e trocas de material orgânico entre o sistema terrestre e aquático. Conclui-se que qualquer alteração que se traduza em mais perdas de vegetação nativa, seja em áreas de preservação permanente ou em reservas legais, pode gerar perdas de espécies, homogeneização faunística e diminuição de biomassa íctica.
3. A revisão do Código Florestal Brasileiro: impactos negativos para a conservação dos anfíbios (Luís Felipe Toledo, Sergio Potsch de Carvalho-e-Silva, Celso Sánchez, Marina Amado de Almeida, Célio F. B. Haddad)
Nos últimos meses está em efervescente discussão uma proposta para que um novo código florestal (Projeto de Lei n° 1876/99) substitua o vigente instaurado por meio da Lei Federal n° 4771/65 e modificado recentemente por Medidas Provisórias. Este novo código proposto, todavia, propõe alterações legais que devem afetar negativamente as populações naturais de anfíbios do Brasil. O declínio de anfíbios deve gerar impactos negativos tanto para a população (humana) nacional, como para a comunidade internacional. Entre os possíveis efeitos dessa lei, em consequência da perda de diversidade de anfíbios, podemos citar o aumento nos custos de produção agrícola, perda de matéria prima para produção de remédios, descontrole ecológico, eutrofização de corpos d'água, encarecimento do custo do tratamento de água para abastecimento humano, aumento de pragas agrícolas e aumento de doenças transmitidas por insetos vetores. Isto tudo é bastante preocupante ainda mais se levarmos em conta a própria perda da biodiversidade de anfíbios, o grupo de vertebrados terrestres mais ameaçado do planeta. Sendo assim, ressaltamos a necessidade de que, caso um novo código florestal seja elaborado, este tenha embasamento também em questões técnicas e científicas que impreterivelmente afetam, não só a conservação da natureza, mas também a economia, saúde e bem estar das populações humanas.
4. Impactos potenciais das mudanças propostas no Código Florestal Brasileiro sobre os répteis brasileiros (Otavio A. V. Marques, Cristiano Nogueira, Marcio Martins, Ricardo J. Sawaya)
Avaliamos os impactos potenciais sobre a fauna brasileira de répteis (721 espécies descritas até o momento), caso sejam adotadas mudanças propostas por um substitutivo do atual Código Florestal Brasileiro. A possibilidade de compensação ambiental (obrigação legal no caso de degradação de habitats naturais) em bacias ou microbacias distintas daquelas degradadas seria uma das modificações do código vigente que prejudicaria a manutenção da diversidade de répteis. Alguns gêneros de répteis são compostos por espécies que raramente co-ocorrem em uma mesma área. Assim, ações de conservação em escalas reduzidas, em unidades naturais como microbacias, seriam mais adequadas para representar a variação da composição de espécies entre áreas. O substitutivo prevê a exclusão de topos de montanhas como Área de Preservação Permanente (APP), bem como a redução da largura das matas marginais a cursos d'água (que também são APPs). Diversos répteis brasileiros estão restritos a áreas de altitude, ao passo que outros vivem somente ou principalmente em matas de galeria ou áreas ripárias. Assim, a perda de habitat nessas áreas deve tornar alguns répteis vulneráveis à extinção. A proposta também autoriza a recuperação de Reservas Legais (RL) usando espécies de plantas exóticas. Há evidências de que muitos répteis brasileiros não conseguem sobreviver em ambientes alterados pelo homem, incluindo as florestas constituídas por espécies exóticas. A proposta também tornará possível compensar RL dentro de unidades de conservação. Entretanto, as unidades de conservação existentes não seriam suficientes para a manutenção da diversidade de répteis no Brasil (principalmente porque muitas espécies têm distribuição restrita). Se adotadas, as mudanças propostas ao Código Florestal Brasileiro terão fortes impactos sobre a fauna de répteis brasileira, um importante componente do patrimônio natural do país. Além disso, moléculas com potencial farmacêutico, presentes nos venenos de muitas espécies, poderão ser perdidas.
[Continua...]
Eis os resumos de cada um desses artigos, que podem ser lidos na íntegra no site http://www.biotaneotropica.org.br/v10n4/pt/. Estou divulgando-os neste blog em três etapas: nesta postagem estão os artigos de 1 a 4; na segunda postagem estarão os artigos de 5 a 8; e na terceira os artigos de 9 a 12. Os destaques em negrito são de minha autoria.
Todos os artigos desta revista vêm reforçar o que venho divulgando no presente blog sobre este tema. É só acessar as cinco postagens anteriores seguintes: 1) Ecologia em foco “de luto” (26/05/2011); 2) Mutilação do Código Florestal Brasileiro: uma avaliação importante de uma economista (09/05/2011); 3) Modificações propostas para o Código Florestal Brasileiro (14/12/2010); 4)...E ainda sobre as mudanças no Código Florestal (07/08/2010); 5) Modificações no Código Florestal Brasileiro: uma contribuição dos nossos legisladores ao Desenvolvimento “Insustentável” (10/07/2010).
Estes ensaios no presente blog foram precedidos por outros comprovando que nossas tragédias ambientais, como os deslizamentos em Santa Catarina e Rio de Janeiro, assim como as enchentes sucessivas em Pernambuco, Alagoas e Sergipe, e algumas outras ocorridas no sul do Brasil, apontam para a famosa “tragédia anunciada”; ou seja, é fácil prever que iriam acontecer, pelo manejo inadequado que damos às coberturas vegetais de encostas e margens de rios. Uma lástima, que parte da mídia brasileira tenta esconder do pouco esclarecido povo brasileiro, camuflando lobbies políticos e patrocinando reeleição de outros, interessados exclusivamente nos lucros do agronegócio (neste caso ver postagem de 08/12/2011 “Deputados que aprovaram novo código florestal receberam doação de empresas desmatadoras”).
1. A falsa dicotomia entre a preservação da vegetação natural e a produção agropecuária. (Luiz A Martinelli, Carlos A Joly, Carlos A Nobre, Gerd Sparovek)
Demonstramos que o Brasil já tem uma área desprovida de vegetação natural suficientemente grande para acomodar a expansão da produção agrícola. Demonstramos também que a maior expansão se dá nas áreas ocupadas pelas chamadas culturas de exportação: soja e cana-de-açúcar e não propriamente nas áreas ocupadas por arroz, feijão e mandioca, que são consumidos de forma direta pelo mercado nacional. Pelo contrário, a área colhida de arroz e feijão tem inclusive decrescido nas últimas décadas, enquanto a área colhida de mandioca encontra-se praticamente constante há quadro décadas. Os maiores entraves para a produção de alimentos no Brasil não se devem a restrições supostamente impostas pelo Código Florestal, mas, sim, à enorme desigualdade na distribuição de terras, à restrição de crédito agrícola ao agricultor que produz alimentos de consumo direto, à falta de assistência técnica que o ajude a aumentar a sua produtividade, à falta de investimentos em infraestrutura para armazenamento e escoamento da produção agrícola, a restrições de financiamento e priorização do desenvolvimento e tecnologia que permita um aumento expressivo na lotação de nossas pastagens.
2. Alterações no código florestal brasileiro: impactos potenciais sobre a ictiofauna (Lilian Casatti)
É apresentada uma análise dos possíveis impactos que a diminuição da vegetação nativa, notadamente das florestas ripárias, pode causar sobre a ictiofauna. Três conjuntos de aspectos funcionais primordiais desempenhados pelas florestas ripárias são discutidos: transferência de energia solar ao ambiente aquático, interceptação de nutrientes e sedimentos que adentram nos rios e trocas de material orgânico entre o sistema terrestre e aquático. Conclui-se que qualquer alteração que se traduza em mais perdas de vegetação nativa, seja em áreas de preservação permanente ou em reservas legais, pode gerar perdas de espécies, homogeneização faunística e diminuição de biomassa íctica.
3. A revisão do Código Florestal Brasileiro: impactos negativos para a conservação dos anfíbios (Luís Felipe Toledo, Sergio Potsch de Carvalho-e-Silva, Celso Sánchez, Marina Amado de Almeida, Célio F. B. Haddad)
Nos últimos meses está em efervescente discussão uma proposta para que um novo código florestal (Projeto de Lei n° 1876/99) substitua o vigente instaurado por meio da Lei Federal n° 4771/65 e modificado recentemente por Medidas Provisórias. Este novo código proposto, todavia, propõe alterações legais que devem afetar negativamente as populações naturais de anfíbios do Brasil. O declínio de anfíbios deve gerar impactos negativos tanto para a população (humana) nacional, como para a comunidade internacional. Entre os possíveis efeitos dessa lei, em consequência da perda de diversidade de anfíbios, podemos citar o aumento nos custos de produção agrícola, perda de matéria prima para produção de remédios, descontrole ecológico, eutrofização de corpos d'água, encarecimento do custo do tratamento de água para abastecimento humano, aumento de pragas agrícolas e aumento de doenças transmitidas por insetos vetores. Isto tudo é bastante preocupante ainda mais se levarmos em conta a própria perda da biodiversidade de anfíbios, o grupo de vertebrados terrestres mais ameaçado do planeta. Sendo assim, ressaltamos a necessidade de que, caso um novo código florestal seja elaborado, este tenha embasamento também em questões técnicas e científicas que impreterivelmente afetam, não só a conservação da natureza, mas também a economia, saúde e bem estar das populações humanas.
4. Impactos potenciais das mudanças propostas no Código Florestal Brasileiro sobre os répteis brasileiros (Otavio A. V. Marques, Cristiano Nogueira, Marcio Martins, Ricardo J. Sawaya)
Avaliamos os impactos potenciais sobre a fauna brasileira de répteis (721 espécies descritas até o momento), caso sejam adotadas mudanças propostas por um substitutivo do atual Código Florestal Brasileiro. A possibilidade de compensação ambiental (obrigação legal no caso de degradação de habitats naturais) em bacias ou microbacias distintas daquelas degradadas seria uma das modificações do código vigente que prejudicaria a manutenção da diversidade de répteis. Alguns gêneros de répteis são compostos por espécies que raramente co-ocorrem em uma mesma área. Assim, ações de conservação em escalas reduzidas, em unidades naturais como microbacias, seriam mais adequadas para representar a variação da composição de espécies entre áreas. O substitutivo prevê a exclusão de topos de montanhas como Área de Preservação Permanente (APP), bem como a redução da largura das matas marginais a cursos d'água (que também são APPs). Diversos répteis brasileiros estão restritos a áreas de altitude, ao passo que outros vivem somente ou principalmente em matas de galeria ou áreas ripárias. Assim, a perda de habitat nessas áreas deve tornar alguns répteis vulneráveis à extinção. A proposta também autoriza a recuperação de Reservas Legais (RL) usando espécies de plantas exóticas. Há evidências de que muitos répteis brasileiros não conseguem sobreviver em ambientes alterados pelo homem, incluindo as florestas constituídas por espécies exóticas. A proposta também tornará possível compensar RL dentro de unidades de conservação. Entretanto, as unidades de conservação existentes não seriam suficientes para a manutenção da diversidade de répteis no Brasil (principalmente porque muitas espécies têm distribuição restrita). Se adotadas, as mudanças propostas ao Código Florestal Brasileiro terão fortes impactos sobre a fauna de répteis brasileira, um importante componente do patrimônio natural do país. Além disso, moléculas com potencial farmacêutico, presentes nos venenos de muitas espécies, poderão ser perdidas.
[Continua...]
28 de dez. de 2011
FECHEM SUAS JANELAS ÀS 5 HORAS DA TARDE TODO DIA: REVOADA DE CUPINS ALADOS
Duas espécies de cupins (ou térmitas) da madeira seca comumente encontradas na nossa Mata Atlântica, o Cryptotermis brevis e C. dudleyi, foram estudadas por Bandeira, A.G.; Silva, M.P.da e Vasconcellos,A. [Acta Biologica Leopoldinensia, v. 23, n. 2, 2001].
As revoadas (desses insetos) ocorreram durante nove meses, de outubro a maio nas colônias de C. brevis com um pico de novembro a dezembro. E nas colônias de C. dudleyi apresentaram um período de revoada de dezembro a junho com um pico de fevereiro a março. A primeira espécie mostrou-se ser 5,4 vezes mais eficiente para formar novas colônias do que a última.
Os autores sugeriram que a liberação de alados pelas colônias de ambas as espécies durante tais longos períodos do ano, fazem-nos ser uma provável peste de estruturas de madeira em áreas tropicais; como no campus da Universidade Federal da Paraíba, em João Pessoa, onde esse estudo foi realizado. Os autores reportaram Cryptotermis brevis como o pior destruidor de estruturas de madeira. No entanto, atribuir a uma espécie o status de peste é subjetivo porque “sem os seres humanos não haveria pestes”, como bem frisaram “Begon et al. (1990). Ecology: from individuals to ecosystems. London, Blackwell”.
É também importante notar que todos os voos de dispersão observados ocorreram entre 4h e 5h da tarde. Uma vez que eles (os cupins) se tornam menos visíveis aos predadores durante o crepúsculo, os autores interpretaram a mais intensa revoada naquele período do dia como uma estratégia de sobrevivência de ambas as espécies. Daí o título deste breve ensaio: uma advertência aos brasileiros que vivem na Paraíba (e “arredores”).
As fotos mostradas aqui ilustram a proliferação de térmitas no campus: (topo) sobre velhas carteiras descartadas indevidamente fora de um edifício, próximo à mata; (meio) alguns ninhos sobre uma árvore num estacionamento em frente a uma agência bancária; (embaixo) sobre um arbusto na mata. Os ninhos sobre a árvore no estacionamento sugerem que a árvore não esteja sadia (fora de seu habitat natural, a mata), e que uma ação preventiva de eliminação de tal foco de térmitas precise ser efetuada; assim como o foco de térmitas sobre a madeira compensada das velhas carteiras escolares.
24 de dez. de 2011
AINDA SOBRE O FUTURO: TODOS NAS CIDADES
Três possíveis verdades. Em continuidade ao assunto tratado na postagem anterior, destaco inicialmente o capítulo sobre urbanização, na rica obra de G.T.Miller & S.E.Spoolman, “Living in the environment” [“Vivendo no ambiente”] onde os autores citam no início: “The city is not an ecological monstrosity. It is rather the place where both the problems and the opportunities of modern technological civilization are most potent visible” [dito por Peter Self, podendo ser traduzido como: “Cidade não é uma monstruosidade ecológica. É mais o lugar onde tanto os problemas como as oportunidades da civilização tecnológica moderna se potencializam visivelmente”]. E os autores discorrem com muitas informações sobre essa forte tendência mundial, destacando (além de muitas desvantagens) as vantagens da urbanização, como por exemplo: maior longevidade dos residentes urbanos do que os rurais, assim como menor mortalidade infantil e menor taxa de fertilidade, melhor acesso aos serviços (saúde, educação, serviços sociais...) e várias outras vantagens. Algumas até de fundamentação ecológica, como melhor capacidade de reciclar materiais, destinar resíduos etc.
Os autores citam Curitiba como um dos importantes modelos mundiais de “ecocidades”, embora apontando que já se reconheça que seja necessário novo planejamento para essa capital que já tem população superior a 1,7 milhões de habitantes (região metropolitana 3,3 milhões). Destacam os autores que os centros urbanos têm imensas “pegadas ecológicas” [= recursos naturais e condições ambientais em geral, necessárias para manter uma população humana de maneira sustentável, tal que disponha de áreas naturais para manter o consumo dessa população e para manejo dos resíduos por ela gerados]. Esta seria uma primeira verdade a ser considerada. A monopolização do capital natural. Estima-se que embora as populações urbanas ocupem apenas 2 por cento da superfície terrestre do planeta, elas consomem 75 por cento dos seus recursos e geram 75 por cento das emissões de carbono (de origem antrópica) segundo o World Watch Institute.
Um paradoxo. Ao mesmo tempo em que concentrando os seres humanos em áreas urbanas ajuda supostamente, a poupar habitats de vida selvagem, grandes áreas naturais provedoras de recursos naturais são utilizadas para ampliação de tais centros urbanos. Daí serem comuns aterros de zonas brejosas, de zonas costeiras produtoras de alimento sendo sacrificadas para construção de habitações, rodovias etc., imensas áreas naturais são inundadas para construção de hidroelétricas (Brasil e China são os campeões mundiais nessa prática).
E aos pouquinhos, com atrativos da modernidade, talvez sem se aperceber do que esteja lhe acontecendo, surge a possível segunda verdade: o ser humano perde a sensibilidade sobre a importância e a necessidade de se preservar a biodiversidade e outros importantes componentes do capital natural. À medida que as cidades crescem, diminuem as áreas verdes e sem elas desaparece a capacidade do solo de absorver naturalmente as águas pluviais e assim manter o ambiente sem ilhas de calor; aumentam as áreas de inundações dentro das cidades, aumentam a demanda por água de boa qualidade, aumentam as águas residuárias, os poluentes atmosféricos e outros infortúnios que todo citadino saberá enumerar. Qualquer paulistano sabe isso “na ponta da língua”. Observar a lua e as estrelas durante a noite (que coisa mais antiga!!! Ouvi alguém assim comentar) só será possível se for ao campo, distante das cidades. Em algumas cidades o uso das águas subterrâneas é imperativo, devido à indisponibilidade de água de superfície de boa qualidade e, para piorar a situação, o nível do lençol subterrâneo vem baixando de maneira alarmante em muitas regiões no mundo. Algumas cidades no oeste dos Estados Unidos servem como exemplo. Em Bangladesh a situação é trágica. Estando as águas de superfície contaminadas, para viabilizar seu consumo seria necessário esterilizá-las, ou seja, fervê-las; demandando energia, que lá é queima de madeira. Resultando em derrubada de florestas, muitas delas de encosta. Durante as torrenciais chuvas de monções os deslizamentos de tais encostas e as inundações são catastróficas. Na tentativa de superar esse problema, a partir de 1970 foram perfurados poços artesianos, salvando-se milhares de vidas das doenças veiculadas pela água contaminada. Mas após alguns anos observou-se que mais de 90 por cento da água subterrânea estava contaminada (naturalmente) com arsênio. A OMS estima que haja de 28 milhões a 77 milhões de pessoas que beberam água de poços potencialmente contaminados em Bangladesh. O arsênio causa a arsenicose (ou arsenicismo), com aparecimento inicial de úlceras gangrenosas (solado dos pés e nas palmas das mãos), problemas renais e câncer, da bexiga e pulmões, e finalmente a morte.
Partindo do princípio de que “a economia é a mola mestra do mundo”, vem acontecendo novas utilizações do capital natural pelo capital humano, que somente o tempo dirá se foi ou não acertado. Nos Estados Unidos muitos fazendeiros estão preferindo negociar a água com as cidades. No campo os fazendeiros gastam 1 mil toneladas de água para produzir 1 tonelada de trigo que vale U$200. Na cidade as indústrias gastam 14 toneladas de água para produzir 1 tonelada de aço que vale U$560. A prefeitura de San Diego comprou de fazendeiros, em 2003, o direito de uso anual de 247 milhões de toneladas de água, por 75 anos. Este repasse do capital natural (um reforço à monopolização, acima citada) seria uma terceira verdade. No Brasil, a hidroelétrica de Tucuruí, construída para se produzir alumínio mais barato, “é certamente uma ilustração da necessidade de mais realismo ao lidar-se com recursos naturais” [Cavalcanti, C. 2002. Meio ambiente, desenvolvimento sustentável e políticas públicas. 4ª.ed. São Paulo, Cortez Edit. 436p.]. E a expansão pecuária na Amazônia outro exemplo maior, de troca de um capital natural universal (a floresta) por um capital humano de um país (mesmo que seja o nosso!).
Acredito que os leitores saibam também de mais outras verdades.
Tudo isso, em breve e rápida análise de tais mudanças me deixa a impressão de que realmente existe o ser humano, crente da máxima filosófica moderna, generalizada, de que “tecnologia é a resposta”; e que acredite que um dia, a ciência propiciará alimento (talvez) sintético e abundante para todo ser humano, que “beberá” comprimido de água supertonificada e vitaminada, não gerará resíduos nem ruídos e por isso irá respirar ar puríssimo, vivendo em atmosfera paradisíaca, percorrerá milhares de quilômetros em veículos mágicos não poluentes, não adoecerá e (quem sabe?) morrerá quando quiser (!?), enfim, todos vivendo em maravilhosos grandes centros urbanos superfuncionais e... seria muita gozação acrescentar que este mesmo ser humano também acredite em Papai Noel!!!
Caros leitores, vamos à realidade presente: FELIZ NATAL e um ano novo que ainda esteja muito longe de ser o “2012 de Nostradamus”.
Os autores citam Curitiba como um dos importantes modelos mundiais de “ecocidades”, embora apontando que já se reconheça que seja necessário novo planejamento para essa capital que já tem população superior a 1,7 milhões de habitantes (região metropolitana 3,3 milhões). Destacam os autores que os centros urbanos têm imensas “pegadas ecológicas” [= recursos naturais e condições ambientais em geral, necessárias para manter uma população humana de maneira sustentável, tal que disponha de áreas naturais para manter o consumo dessa população e para manejo dos resíduos por ela gerados]. Esta seria uma primeira verdade a ser considerada. A monopolização do capital natural. Estima-se que embora as populações urbanas ocupem apenas 2 por cento da superfície terrestre do planeta, elas consomem 75 por cento dos seus recursos e geram 75 por cento das emissões de carbono (de origem antrópica) segundo o World Watch Institute.
Um paradoxo. Ao mesmo tempo em que concentrando os seres humanos em áreas urbanas ajuda supostamente, a poupar habitats de vida selvagem, grandes áreas naturais provedoras de recursos naturais são utilizadas para ampliação de tais centros urbanos. Daí serem comuns aterros de zonas brejosas, de zonas costeiras produtoras de alimento sendo sacrificadas para construção de habitações, rodovias etc., imensas áreas naturais são inundadas para construção de hidroelétricas (Brasil e China são os campeões mundiais nessa prática).
E aos pouquinhos, com atrativos da modernidade, talvez sem se aperceber do que esteja lhe acontecendo, surge a possível segunda verdade: o ser humano perde a sensibilidade sobre a importância e a necessidade de se preservar a biodiversidade e outros importantes componentes do capital natural. À medida que as cidades crescem, diminuem as áreas verdes e sem elas desaparece a capacidade do solo de absorver naturalmente as águas pluviais e assim manter o ambiente sem ilhas de calor; aumentam as áreas de inundações dentro das cidades, aumentam a demanda por água de boa qualidade, aumentam as águas residuárias, os poluentes atmosféricos e outros infortúnios que todo citadino saberá enumerar. Qualquer paulistano sabe isso “na ponta da língua”. Observar a lua e as estrelas durante a noite (que coisa mais antiga!!! Ouvi alguém assim comentar) só será possível se for ao campo, distante das cidades. Em algumas cidades o uso das águas subterrâneas é imperativo, devido à indisponibilidade de água de superfície de boa qualidade e, para piorar a situação, o nível do lençol subterrâneo vem baixando de maneira alarmante em muitas regiões no mundo. Algumas cidades no oeste dos Estados Unidos servem como exemplo. Em Bangladesh a situação é trágica. Estando as águas de superfície contaminadas, para viabilizar seu consumo seria necessário esterilizá-las, ou seja, fervê-las; demandando energia, que lá é queima de madeira. Resultando em derrubada de florestas, muitas delas de encosta. Durante as torrenciais chuvas de monções os deslizamentos de tais encostas e as inundações são catastróficas. Na tentativa de superar esse problema, a partir de 1970 foram perfurados poços artesianos, salvando-se milhares de vidas das doenças veiculadas pela água contaminada. Mas após alguns anos observou-se que mais de 90 por cento da água subterrânea estava contaminada (naturalmente) com arsênio. A OMS estima que haja de 28 milhões a 77 milhões de pessoas que beberam água de poços potencialmente contaminados em Bangladesh. O arsênio causa a arsenicose (ou arsenicismo), com aparecimento inicial de úlceras gangrenosas (solado dos pés e nas palmas das mãos), problemas renais e câncer, da bexiga e pulmões, e finalmente a morte.
Partindo do princípio de que “a economia é a mola mestra do mundo”, vem acontecendo novas utilizações do capital natural pelo capital humano, que somente o tempo dirá se foi ou não acertado. Nos Estados Unidos muitos fazendeiros estão preferindo negociar a água com as cidades. No campo os fazendeiros gastam 1 mil toneladas de água para produzir 1 tonelada de trigo que vale U$200. Na cidade as indústrias gastam 14 toneladas de água para produzir 1 tonelada de aço que vale U$560. A prefeitura de San Diego comprou de fazendeiros, em 2003, o direito de uso anual de 247 milhões de toneladas de água, por 75 anos. Este repasse do capital natural (um reforço à monopolização, acima citada) seria uma terceira verdade. No Brasil, a hidroelétrica de Tucuruí, construída para se produzir alumínio mais barato, “é certamente uma ilustração da necessidade de mais realismo ao lidar-se com recursos naturais” [Cavalcanti, C. 2002. Meio ambiente, desenvolvimento sustentável e políticas públicas. 4ª.ed. São Paulo, Cortez Edit. 436p.]. E a expansão pecuária na Amazônia outro exemplo maior, de troca de um capital natural universal (a floresta) por um capital humano de um país (mesmo que seja o nosso!).
Acredito que os leitores saibam também de mais outras verdades.
Tudo isso, em breve e rápida análise de tais mudanças me deixa a impressão de que realmente existe o ser humano, crente da máxima filosófica moderna, generalizada, de que “tecnologia é a resposta”; e que acredite que um dia, a ciência propiciará alimento (talvez) sintético e abundante para todo ser humano, que “beberá” comprimido de água supertonificada e vitaminada, não gerará resíduos nem ruídos e por isso irá respirar ar puríssimo, vivendo em atmosfera paradisíaca, percorrerá milhares de quilômetros em veículos mágicos não poluentes, não adoecerá e (quem sabe?) morrerá quando quiser (!?), enfim, todos vivendo em maravilhosos grandes centros urbanos superfuncionais e... seria muita gozação acrescentar que este mesmo ser humano também acredite em Papai Noel!!!
Caros leitores, vamos à realidade presente: FELIZ NATAL e um ano novo que ainda esteja muito longe de ser o “2012 de Nostradamus”.
21 de dez. de 2011
O FUTURO: TODOS NAS CIDADES!!!
Nas décadas passadas, recentes, o percentual de pessoas que vivem nos centros urbanos vem aumentando. Mais da metade dos seres humanos vivem hoje em cidades. Em alguns países já passa dos 70 por cento. A migração da zona rural para as cidades é uma realidade que vem ocorrendo em muitos países, principalmente naqueles ditos “em desenvolvimento”. Justamente nestes últimos é que reside o perigo! O Brasil, por exemplo, tem como um importante componente de seu produto interno bruto, a produção agropecuária, prevista ser superior a R$182 bilhões no corrente ano (estamos aguardando para o corrente mês de dezembro/2011 o resultado do Censo Agropecuário 2010, do IBGE). Observação: produto interno bruto é o total valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos dentro do país em um período de tempo dado (geralmente por ano de calendário) (em 2010 o PIB brasileiro alcançou R$3,675 trilhões). Na estimativa do PIB não são incluídos os insumos de produção (matérias-primas, mãos de obra, impostos, energia):
PIB = consumo + investimento bruto + despesa do governo + (exportações − importações), ou, PIB = C + I + G + (X-M).
A ideia central desse incentivo rumo às cidades é de que nas cidades pode se erradicar a miséria, poupando a Natureza. Seria uma melhor maneira de tirar as pessoas da miséria sem arruinar o planeta. Em seu livro “Triumph of the City” o economista Edwar Glaeser da Universidade Harvard, Estados Unidos [segundo a revista National Geographic, Brasil, dezembro de 2011] observou que “não há nenhum país urbano pobre; e também não há nenhum país rural rico”. Em palestra que fez em Londres mostrou as favelas do Rio de Janeiro e afirmou que elas são exemplos do vigor das cidades, e não de seu colapso. Para as cidades afluem os pobres porque ali está o dinheiro e acrescentou Glaeser: “a proximidade das pessoas reduz os gastos com transporte de bens, pessoas e ideias”. E por falar em transporte deem uma olhadinha na figura aqui anexada.
A cada vantagem mencionada por esse economista, da vida em cidades, é fácil verificar que no nosso sistema “as coisas não iriam funcionar tão satisfatoriamente como pensa ele”. Poucos exemplos: afirma ele que “nas cidades as vias pavimentadas, os esgotos e as linhas de transmissão elétrica são menos extensos e, portanto, demandam menos recursos”. Certo. “Prédios de apartamentos demandam menos energia (para iluminação, resfriamento ou aquecimento) e ocupam menos espaço”. Certo; mas isso poderia ser planejado na zona rural em algumas situações, utilizando-se alternativas energéticas e captação de água pluvial, por exemplo. “Nas cidades as pessoas usam menos os carros”, afirmou ele. Mas aqui no Brasil não tem sido bem assim! Os que usam transporte urbano, no dia em que melhorarem suas rendas, comprarão carro.
Os exemplos citados pelos defensores de “cidades é a solução” referem-se a países com culturas diversas da nossa, nos quais muito investimento vem sendo feito no lastro do desenvolvimento: educação, é o principal componente. Coreia do Sul é um dos exemplos. Entre 1960 e 2000 a população de Seul passou de 3 milhões para 10 milhões de pessoas. A ideia pode ser viável em certas regiões, mas não em outras, até de um mesmo país. Se, por exemplo, há inúmeras dificuldades, principalmente financeira, para proporcionar boa qualidade de vida no interior, proporcionando a seus habitantes tudo que a modernidade tem a oferecer, ao tempo em que se mantêm mananciais sadios, esgotamento sanitário eficiente, assistência à saúde, educação etc. seria então possível pensar em estimular mais do que o mínimo necessário para que pessoas que realmente participam da cadeia produtiva no campo deem continuidade a esse processo. Refiro-me a alguns serviços ambientais prestados pela Natureza à cidade, citando como exemplo maior a água. Há também a questão da redução na emissão de carbono. Absorção de gás carbônico é feita em escala maior em replantios e muitos cultivos em desenvolvimento. Planta em crescimento contínuo absorve mais CO2 e emana mais O2. E é bom não esquecer: à medida que os centros urbanos crescem, aumentam: exaustão de poluentes atmosféricos (óxidos de nitrogênio, de carbono e enxofre), compostos orgânicos voláteis, partículas em suspensão no ar, oxidantes fotoquímicos, substâncias radioativas, ruídos os mais diversos; assim como também a poluição aquática, com os mais variados compostos... enfim, uma gama enorme de pontos negativos que afetam a vida humana, e para os quais os seres humanos não estão aparelhados para sobreviver a esses novos agentes do nosso processo evolutivo [assunto este postado em 13/08/2011] e que, infelizmente, não entram nas contas dos economistas. Tenho certeza de que o defensor dessa “generalização modernista” vive numa cidade imune a tais problemas ambientais. Outro fato preocupante: sempre foi ideia aceita entre muitos economistas de que não devem ser dadas às populações de imigrantes da zona rural que vivem em favelas, condições de vida ideais “porque senão vem mais imigrante” (uma perversidade que espero não ser atualmente predominante). Nessas “aglomerações subnormais”, como é designada pelo IBGE, vivem hoje 11,4 milhões de brasileiros (6 por cento da população).
Muito ainda teria que ser falado acerca dessa problemática. Disponho de mais alguns dados que poderão “por mais lenha na fogueira dessa discussão” e é bem possível que seja na próxima postagem.
8 de dez. de 2011
DEPUTADOS QUE APROVARAM NOVO CÓDIGO FLORESTAL RECEBERAM DOAÇÃO DE EMPRESAS DESMATADORAS
[Reproduzido do site R7.com, da Rede Record]
Quanto a mim, continuo acreditando no que disse há muitos anos o grande jurista brasileiro Sobral Pinto: "O Brasil não é um país. É uma terra habitada"!!!
Dos 18 deputados federais que integraram a comissão especial do Código Florestal, em julho deste ano, 13 receberam juntos aproximadamente R$ 6,5 milhões doados por empresas do setor de agronegócio, pecuária e até do ramo de papel e celulose durante campanha à reeleição, de acordo com as declarações disponíveis no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Dentre os que arrecadaram verba em empresas do segmento ruralista, apenas um não conseguiu se reeleger. Em julho, quando o projeto foi submetido à análise desta comissão, o novo código foi aprovado por 13 votos a 5. Ambientalistas criticam a reforma por tornar o Código Florestal menos rígido e abrir brechas para anistiar desmatadores.
Pelos dados no TSE, as doações feitas pelas empresas desmatadoras foram concentradas nas campanhas dos deputados que votaram a favor. Dos 13, apenas dois não receberam ajuda do agronegócio, sendo que um foi barrado pela Ficha Limpa e o outro acabou não conseguindo se reeleger. Os outros 11 deputados federais ganharam juntos pouco mais de R$ 6,4 milhões.
O montante doado por empresas desmatadoras financiou aproximadamente 32,5% dos gastos totais da campanha eleitoral destes 11 parlamentares. Somados, os valores declarados – contando todas as doações - chegam a R$ 20 milhões. Em média, a bancada ruralista custeou 30% da campanha com este dinheiro.
Entre os que votaram a favor da mudança está o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Ele não só apoiou a reforma como também é o relator do novo Código Florestal. Rebelo garantiu sua permanência no cargo após receber mais de 130 mil votos no Estado de São Paulo. O deputado declarou ter utilizado aproximadamente R$ 172 mil vindos de cooperativas que representam cafeicultores, citricultores e agropecuaristas.
Apesar de relator da comissão especial, Rebelo foi um dos que menos recebeu ajuda no grupo dos 13 ruralistas que votaram a favor. No topo da lista está o deputado federal, também reeleito, Marcos Montes (DEM-MG). Ele ganha dos colegas tanto por ter recebido o maior montante de investimento quanto pela parcela que esse dinheiro representou nas suas receitas durante a campanha.
Montes arrecadou cerca de R$ 1 milhão só de pecuaristas, usineiros e exportadores de papel. Esta quantia corresponde à metade das doações totais recebidas pelo, então, candidato, que foi de R$ 2 milhões.
O parlamentar do DEM não é um caso isolado. O segundo da lista também conseguiu um valor próximo. Duarte Nogueira (PSDB-SP), que concorreu à reeleição para deputado federal em São Paulo, angariou R$ 955 mil de empresas interessadas na aprovação do novo Código. O tucano, que em sua página no site da Câmara dos Deputados declara ser engenheiro agrônomo, agricultor e pecuarista, é o preferido pelas indústrias de papel. Pelo menos quatro nomes de empresas diferentes deste segmento constam em seus dados no TSE.
Bancada "verde"
Pelo lado da bancada ambientalista, dois dos cinco que votaram contra o novo código também custearam a campanha com verba doada pelas mesmas empresas, mas, para estes, o valor foi inferior aos dos outros colegas. A dupla recebeu no total R$ 150 mil.
O verde Sarney Filho (PV-MA), por exemplo, declarou ter utilizado R$ 30 mil transferidos por uma empresa que já foi notificada pelo MPF (Ministério Público Federal) por revender carne e outros derivados do boi cuja origem é a criação ilegal de gado em áreas desmatadas.
O segundo deputado que, apesar de ser da bancada ambientalista, conta com doações do agronegócio é Ricardo Tripoli (PSDB/SP). Ele registra R$ 120 mil.
Agronegócio
A Bunge Fertilizantes, uma das principais empresas do agronegócio, é um exemplo de que a doação para campanhas de deputados não foi feita de forma aleatória. A empresa é a que mais vezes aparece nas declarações dos deputados da bancada ruralista.
Ela contribuiu com as despesas de oito dos 13 que votaram a favor do novo código e que concorreram à reeleição. Destes, sete receberam o valor igual de R$ 70 mil e um ganhou R$ 80 mil, o que resulta em R$ 500 mil distribuídos somente entre políticos da comissão especial.
No total, a Bunge doou pouco mais de R$ 2,5 milhões para candidatos que participaram do processo eleitoral. Portanto, 20% do total destinado por essa empresa às campanhas políticas ficaram no grupo de ruralistas da comissão especial, já que a soma de doações feitas para estes oito candidatos alcançou R$ 500 mil.
Trâmite
Quase um mês após o fim das eleições, os deputados ruralistas que participaram da comissão já ensaiam uma investida para incluir o polêmico projeto na pauta do plenário ainda este ano. Na última quarta-feira (3), estas lideranças se reuniram em um restaurante de Brasília para traçar uma estratégia para conseguir uma brecha na pauta da Câmara dos Deputados. Se aprovada novamente, a reforma é encaminhada para o Senado e depois para o presidente, que decide se a reforma deve ser sancionada ou não.
Outro lado
Todos os deputados citados foram procurados pelo R7. Mas, a maioria não quis comentar o assunto.
Rebelo disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que não vai se pronunciar sobre o caso. Já Montes e Tripoli (PSDB-SP) não foram localizados pela reportagem.
O tucano Duarte Nogueira foi o único que aceitou conversar com o R7. O deputado federal explicou que “não é de hoje” que recebe doações do setor agrícola. Ele afirma que tem “profunda identidade” com este segmento produtivo e que defendeu a aprovação do Código Florestal independentemente de ter recebi doações do agronegócio.
- Não há como criar expectativa de qualquer ilação de que eu fiz isso [votar a favor da reforma], porque recebi [doação do agronegócio]. Tanto que esta é minha história de vida. Tenho uma profunda identidade com o setor agrícola não é de agora. Se você for pegar minha primeira prestação de contas em 2006, a grande maioria das minhas doações já vinha do setor agrícola.
A Bunge Fertilizantes também se manifestou sobre as doações citadas nesta matéria. Em nota, a empresa defendeu que não há nenhuma ilegalidade no fato, pois “o sistema político brasileiro prevê o financiamento privado das campanhas”. Porém, a doadora também admite que escolhe políticos com mesma linha de pensamento da empresa, mas desmente que, nestas eleições, tenha financiado campanhas “em função de questões ou de projetos específicos”. [No que diz respeito a esta afirmativa da Bunge, cabe muito bem aqui a velha expressão popular: ME ENGANA QUE EU GOSTO!!!]
Colaborou Renan Truffi, estagiário do R7
Quanto a mim, continuo acreditando no que disse há muitos anos o grande jurista brasileiro Sobral Pinto: "O Brasil não é um país. É uma terra habitada"!!!
Dos 18 deputados federais que integraram a comissão especial do Código Florestal, em julho deste ano, 13 receberam juntos aproximadamente R$ 6,5 milhões doados por empresas do setor de agronegócio, pecuária e até do ramo de papel e celulose durante campanha à reeleição, de acordo com as declarações disponíveis no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Dentre os que arrecadaram verba em empresas do segmento ruralista, apenas um não conseguiu se reeleger. Em julho, quando o projeto foi submetido à análise desta comissão, o novo código foi aprovado por 13 votos a 5. Ambientalistas criticam a reforma por tornar o Código Florestal menos rígido e abrir brechas para anistiar desmatadores.
Pelos dados no TSE, as doações feitas pelas empresas desmatadoras foram concentradas nas campanhas dos deputados que votaram a favor. Dos 13, apenas dois não receberam ajuda do agronegócio, sendo que um foi barrado pela Ficha Limpa e o outro acabou não conseguindo se reeleger. Os outros 11 deputados federais ganharam juntos pouco mais de R$ 6,4 milhões.
O montante doado por empresas desmatadoras financiou aproximadamente 32,5% dos gastos totais da campanha eleitoral destes 11 parlamentares. Somados, os valores declarados – contando todas as doações - chegam a R$ 20 milhões. Em média, a bancada ruralista custeou 30% da campanha com este dinheiro.
Entre os que votaram a favor da mudança está o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Ele não só apoiou a reforma como também é o relator do novo Código Florestal. Rebelo garantiu sua permanência no cargo após receber mais de 130 mil votos no Estado de São Paulo. O deputado declarou ter utilizado aproximadamente R$ 172 mil vindos de cooperativas que representam cafeicultores, citricultores e agropecuaristas.
Apesar de relator da comissão especial, Rebelo foi um dos que menos recebeu ajuda no grupo dos 13 ruralistas que votaram a favor. No topo da lista está o deputado federal, também reeleito, Marcos Montes (DEM-MG). Ele ganha dos colegas tanto por ter recebido o maior montante de investimento quanto pela parcela que esse dinheiro representou nas suas receitas durante a campanha.
Montes arrecadou cerca de R$ 1 milhão só de pecuaristas, usineiros e exportadores de papel. Esta quantia corresponde à metade das doações totais recebidas pelo, então, candidato, que foi de R$ 2 milhões.
O parlamentar do DEM não é um caso isolado. O segundo da lista também conseguiu um valor próximo. Duarte Nogueira (PSDB-SP), que concorreu à reeleição para deputado federal em São Paulo, angariou R$ 955 mil de empresas interessadas na aprovação do novo Código. O tucano, que em sua página no site da Câmara dos Deputados declara ser engenheiro agrônomo, agricultor e pecuarista, é o preferido pelas indústrias de papel. Pelo menos quatro nomes de empresas diferentes deste segmento constam em seus dados no TSE.
Bancada "verde"
Pelo lado da bancada ambientalista, dois dos cinco que votaram contra o novo código também custearam a campanha com verba doada pelas mesmas empresas, mas, para estes, o valor foi inferior aos dos outros colegas. A dupla recebeu no total R$ 150 mil.
O verde Sarney Filho (PV-MA), por exemplo, declarou ter utilizado R$ 30 mil transferidos por uma empresa que já foi notificada pelo MPF (Ministério Público Federal) por revender carne e outros derivados do boi cuja origem é a criação ilegal de gado em áreas desmatadas.
O segundo deputado que, apesar de ser da bancada ambientalista, conta com doações do agronegócio é Ricardo Tripoli (PSDB/SP). Ele registra R$ 120 mil.
Agronegócio
A Bunge Fertilizantes, uma das principais empresas do agronegócio, é um exemplo de que a doação para campanhas de deputados não foi feita de forma aleatória. A empresa é a que mais vezes aparece nas declarações dos deputados da bancada ruralista.
Ela contribuiu com as despesas de oito dos 13 que votaram a favor do novo código e que concorreram à reeleição. Destes, sete receberam o valor igual de R$ 70 mil e um ganhou R$ 80 mil, o que resulta em R$ 500 mil distribuídos somente entre políticos da comissão especial.
No total, a Bunge doou pouco mais de R$ 2,5 milhões para candidatos que participaram do processo eleitoral. Portanto, 20% do total destinado por essa empresa às campanhas políticas ficaram no grupo de ruralistas da comissão especial, já que a soma de doações feitas para estes oito candidatos alcançou R$ 500 mil.
Trâmite
Quase um mês após o fim das eleições, os deputados ruralistas que participaram da comissão já ensaiam uma investida para incluir o polêmico projeto na pauta do plenário ainda este ano. Na última quarta-feira (3), estas lideranças se reuniram em um restaurante de Brasília para traçar uma estratégia para conseguir uma brecha na pauta da Câmara dos Deputados. Se aprovada novamente, a reforma é encaminhada para o Senado e depois para o presidente, que decide se a reforma deve ser sancionada ou não.
Outro lado
Todos os deputados citados foram procurados pelo R7. Mas, a maioria não quis comentar o assunto.
Rebelo disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que não vai se pronunciar sobre o caso. Já Montes e Tripoli (PSDB-SP) não foram localizados pela reportagem.
O tucano Duarte Nogueira foi o único que aceitou conversar com o R7. O deputado federal explicou que “não é de hoje” que recebe doações do setor agrícola. Ele afirma que tem “profunda identidade” com este segmento produtivo e que defendeu a aprovação do Código Florestal independentemente de ter recebi doações do agronegócio.
- Não há como criar expectativa de qualquer ilação de que eu fiz isso [votar a favor da reforma], porque recebi [doação do agronegócio]. Tanto que esta é minha história de vida. Tenho uma profunda identidade com o setor agrícola não é de agora. Se você for pegar minha primeira prestação de contas em 2006, a grande maioria das minhas doações já vinha do setor agrícola.
A Bunge Fertilizantes também se manifestou sobre as doações citadas nesta matéria. Em nota, a empresa defendeu que não há nenhuma ilegalidade no fato, pois “o sistema político brasileiro prevê o financiamento privado das campanhas”. Porém, a doadora também admite que escolhe políticos com mesma linha de pensamento da empresa, mas desmente que, nestas eleições, tenha financiado campanhas “em função de questões ou de projetos específicos”. [No que diz respeito a esta afirmativa da Bunge, cabe muito bem aqui a velha expressão popular: ME ENGANA QUE EU GOSTO!!!]
Colaborou Renan Truffi, estagiário do R7
12 de nov. de 2011
ABC ─ AGRICULTURA DE BAIXO CARBONO: TEORIA E PRÁTICA DO FINANCIAMENTO
Vejam os leitores que em nosso sistema, poucos alcançam as oportunidades que são concedidas pelos nossos agentes financiadores, como por exemplo, o incentivo ao agronegócio sustentável. Algumas razões são (não muito bem) explicadas por autoridades.
[Notícias extraídas de GLOBO RURAL]
Primeira notícia: “Programa Agricultura de Baixo Carbono começa a liberar recursos em setembro”
O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou em 17/08/2011 a instituição do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC). A resolução do Banco Central, que regulamenta o ABC, confirma os R$ 2 bilhões anunciados pelo ministro Wagner Rossi em junho, durante o lançamento do programa. Do total, R$ 1 bilhão será operado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o restante pelo Banco do Brasil.
De acordo com o diretor de Economia Agrícola do Ministério da Agricultura, Wilson Araújo, o próximo passo é a publicação de uma portaria do Ministério da Fazenda para autorizar a equalização dos juros do programa, fixados em 5,5% ao ano. “Além disso, o BNDES irá enviar circular com as regras da linha de crédito para os agentes financeiros que vão operar os recursos”, afirma. A expectativa do ministério é que até o início de setembro os recursos estejam disponíveis para o produtor rural. O Banco do Brasil contrata o financiamento diretamente por meio de suas agências.
O programa ABC faz parte das ações do Plano Agrícola e Pecuário 2010/2011 e foi instituído para incentivar o uso de técnicas sustentáveis que tragam mais eficiência ao campo e permitam a redução da emissão dos gases de efeito estufa.
Segunda notícia: “Tem R$ 3 bilhões parados no Banco”
O agrônomo Luciano de Camargo Orlando acumula vasta experiência no desenvolvimento de projetos de agricultura sustentável. Apesar disso, não conseguiu acessar os recursos do Programa ABC, criado em 2010 para estimular a agricultura de baixo carbono, que oferece neste ano R$ 3,1 bilhões para agricultores e pecuaristas que se interessem em reduzir as emissões de gás carbônico de suas propriedades.
O ABC, em tese, contempla projetos de (i) plantio direto na palha, (ii) integração lavoura-pecuária-floresta, (iii) tratamento de resíduos animais, (iv) fixação biológica de nitrogênio e (v) recuperação de áreas degradadas. Mas na prática tem sido difícil fazer esse dinheiro chegar ao bolso do produtor. Entre as dificuldades enfrentadas por Orlando – e por centenas de produtores rurais – destacam-se principalmente a falta de conhecimento da linha e a inabilidade dos agentes financeiros em operá-la. De maneira quase silenciosa, o Ministério da Agricultura apoia a agricultura sustentável desde 2005, com programas que foram evoluindo até chegar ao ABC.
O primeiro foi o Programa de Integração Lavoura Pecuária (Prolapec), que contava com R$ 150 mil por produtor e juros de 8,75% ao ano. Em 2007, essa iniciativa se transformou no Programa de Estímulo à Produção Agropecuária Sustentável (Produsa), no valor de R$ 300 mil por produtor e taxas de 6,25% ao ano. Foi essa linha que em 2010 se tornou o ABC, que oferece R$ 1 milhão por produtor a taxas de 5,5% por ano. “Mas, nos últimos seis anos, tentei a aprovação de 40 projetos nessa área e apenas um foi aprovado”, conta Orlando, que presta consultoria para agricultores do oeste da Bahia e de Goiás. As constantes dificuldades enfrentadas para a aceitação no sistema financeiro, na avaliação do consultor, fizeram com que os agricultores se desinteressassem em obter esse tipo de crédito. Na avaliação de Ronaldo Trescente, da empresa Campo Consultoria e Agronegócios, há pouca divulgação desse crédito. “Além disso, a dificuldade do agente financeiro em operar a linha impede a aprovação do crédito”, avalia.
“É comum que os gerentes deixem de lado os papéis carimbados pelo governo federal, com juros de 5,5% ao ano, e ofereçam aos correntistas dinheiro de custo mais alto, de 7% ao mês”, avalia [Obs. minha: esta, eu confesso que não entendi!!!]. O Banco do Brasil responde atualmente por 80% da oferta de recursos para o setor rural, mas em qualquer banco público ou privado é possível acessar linhas de financiamento da agricultura. Trescente aponta ainda outro problema comum na aprovação do crédito: a falta de conhecimento dos índices da agropecuária.
“O agente financeiro, em geral, é um economista, e como tal desconhece os índices rurais, portanto, se, por exemplo, receber um projeto que prevê quatro cabeças de boi num hectare e compará-lo aos índices oficiais do governo, que apontam como média no Brasil 0,7 cabeça por hectare, ele não aprovará o projeto, por acreditar que o indicador apresentado é elevado demais. Questões como essa travam a análise”, explica Trescente. Outros pontos que contribuem para que o Projeto ABC não decole são as altas garantias que o Banco exige, que devem somar o dobro do valor emprestado, e a falta de técnicos capacitados para elaborar um projeto e dar assistência ao produtor rural.
“Do lado de dentro da porteira”, o entrave é o fato de o agricultor brasileiro ter investido na agricultura especializada. “Para muitos produtores que se especializaram na monoatividade, diversificar é complexo”, afirma Trescente. Não foi para o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, que adotou a integração lavoura-pecuária há nove anos na propriedade que mantém em Baldim (MG). “Há anos estou tentando ampliar”, afirma Paolinelli, que em 2010 entrou com pedido de financiamento pelo Programa ABC no Banco do Brasil. O projeto foi um dos poucos aprovados no país e os recursos foram liberados em julho deste ano. Além do R$ 1 milhão obtido no banco, o produtor vai aplicar mais R$ 400 mil em recursos próprios. Os benefícios da integração ele enumera sem dificuldade: “A terra fica muito melhor, com mais matéria orgânica, mais fertilidade, menos erosão e mais absorção de água”.
No Banco do Brasil (BB), existem 380 projetos em análise aguardando aprovação para a obtenção de recursos via Programa ABC. Se aprovadas, as operações devem somar R$ 100 milhões. “Eu esperava que o programa estivesse mais evoluído, dada sua representatividade tanto para agricultores como para a sociedade brasileira”, lamenta Osmar Dias, vice-presidente de agronegócio do BB, principal instituição financeira de crédito rural no Brasil. A expectativa do banco era que ao menos 50% dos 1.632 clientes que faturam mais de R$ 10 milhões por ano tivessem aderido ao programa. Dias reconhece a existência de dificuldades para acessar a linha e destaca três: a falta de conhecimento do programa por parte do produtor; a ausência de técnicos para desenvolver projetos sustentáveis nos moldes que o programa exige; e a resistência dos agricultores e pecuaristas em realizar grandes investimentos. “O governo federal deveria divulgar mais a linha e os Estados poderiam investir na formação de novos técnicos, pois há escassez desse tipo de profissional no mercado”, avalia.
A avaliação de Dias é feita com base em sua própria experiência. Como produtor rural, o funcionário do BB não pôde usar recursos do banco e teve de sair pelo mercado em busca de dinheiro para converter a propriedade de grãos, de 700 hectares, que mantém no Paraná em um projeto que integre lavoura e pecuária. “Quero implantar um pequeno rebanho de gado PO (puro de origem), mas ainda não encontrei um técnico para fazer meu projeto”, conta. No Paraná, a Emater – que presta assistência técnica aos agricultores – só assiste produtores familiares. Além da dificuldade para encontrar um técnico, Dias também não consegue acessar o dinheiro para sua iniciativa. “O BB é o mais preparado para viabilizar o ABC”, diz. Hoje, o Banco dispõe em caixa de R$ 850 milhões para o programa, mas neste ano financiou apenas 43 projetos, que juntos somaram R$ 11 milhões. “Eu vejo o ABC como um projeto de agricultura moderna e o Brasil precisa justamente de novas práticas agrícolas, pois o ritmo de crescimento da produtividade, que foi de 140% nos últimos 20 anos, tem caído. Por isso, vou continuar trabalhando para divulgar o programa”, diz.
[Notícias extraídas de GLOBO RURAL]
Primeira notícia: “Programa Agricultura de Baixo Carbono começa a liberar recursos em setembro”
O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou em 17/08/2011 a instituição do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC). A resolução do Banco Central, que regulamenta o ABC, confirma os R$ 2 bilhões anunciados pelo ministro Wagner Rossi em junho, durante o lançamento do programa. Do total, R$ 1 bilhão será operado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o restante pelo Banco do Brasil.
De acordo com o diretor de Economia Agrícola do Ministério da Agricultura, Wilson Araújo, o próximo passo é a publicação de uma portaria do Ministério da Fazenda para autorizar a equalização dos juros do programa, fixados em 5,5% ao ano. “Além disso, o BNDES irá enviar circular com as regras da linha de crédito para os agentes financeiros que vão operar os recursos”, afirma. A expectativa do ministério é que até o início de setembro os recursos estejam disponíveis para o produtor rural. O Banco do Brasil contrata o financiamento diretamente por meio de suas agências.
O programa ABC faz parte das ações do Plano Agrícola e Pecuário 2010/2011 e foi instituído para incentivar o uso de técnicas sustentáveis que tragam mais eficiência ao campo e permitam a redução da emissão dos gases de efeito estufa.
Segunda notícia: “Tem R$ 3 bilhões parados no Banco”
O agrônomo Luciano de Camargo Orlando acumula vasta experiência no desenvolvimento de projetos de agricultura sustentável. Apesar disso, não conseguiu acessar os recursos do Programa ABC, criado em 2010 para estimular a agricultura de baixo carbono, que oferece neste ano R$ 3,1 bilhões para agricultores e pecuaristas que se interessem em reduzir as emissões de gás carbônico de suas propriedades.
O ABC, em tese, contempla projetos de (i) plantio direto na palha, (ii) integração lavoura-pecuária-floresta, (iii) tratamento de resíduos animais, (iv) fixação biológica de nitrogênio e (v) recuperação de áreas degradadas. Mas na prática tem sido difícil fazer esse dinheiro chegar ao bolso do produtor. Entre as dificuldades enfrentadas por Orlando – e por centenas de produtores rurais – destacam-se principalmente a falta de conhecimento da linha e a inabilidade dos agentes financeiros em operá-la. De maneira quase silenciosa, o Ministério da Agricultura apoia a agricultura sustentável desde 2005, com programas que foram evoluindo até chegar ao ABC.
O primeiro foi o Programa de Integração Lavoura Pecuária (Prolapec), que contava com R$ 150 mil por produtor e juros de 8,75% ao ano. Em 2007, essa iniciativa se transformou no Programa de Estímulo à Produção Agropecuária Sustentável (Produsa), no valor de R$ 300 mil por produtor e taxas de 6,25% ao ano. Foi essa linha que em 2010 se tornou o ABC, que oferece R$ 1 milhão por produtor a taxas de 5,5% por ano. “Mas, nos últimos seis anos, tentei a aprovação de 40 projetos nessa área e apenas um foi aprovado”, conta Orlando, que presta consultoria para agricultores do oeste da Bahia e de Goiás. As constantes dificuldades enfrentadas para a aceitação no sistema financeiro, na avaliação do consultor, fizeram com que os agricultores se desinteressassem em obter esse tipo de crédito. Na avaliação de Ronaldo Trescente, da empresa Campo Consultoria e Agronegócios, há pouca divulgação desse crédito. “Além disso, a dificuldade do agente financeiro em operar a linha impede a aprovação do crédito”, avalia.
“É comum que os gerentes deixem de lado os papéis carimbados pelo governo federal, com juros de 5,5% ao ano, e ofereçam aos correntistas dinheiro de custo mais alto, de 7% ao mês”, avalia [Obs. minha: esta, eu confesso que não entendi!!!]. O Banco do Brasil responde atualmente por 80% da oferta de recursos para o setor rural, mas em qualquer banco público ou privado é possível acessar linhas de financiamento da agricultura. Trescente aponta ainda outro problema comum na aprovação do crédito: a falta de conhecimento dos índices da agropecuária.
“O agente financeiro, em geral, é um economista, e como tal desconhece os índices rurais, portanto, se, por exemplo, receber um projeto que prevê quatro cabeças de boi num hectare e compará-lo aos índices oficiais do governo, que apontam como média no Brasil 0,7 cabeça por hectare, ele não aprovará o projeto, por acreditar que o indicador apresentado é elevado demais. Questões como essa travam a análise”, explica Trescente. Outros pontos que contribuem para que o Projeto ABC não decole são as altas garantias que o Banco exige, que devem somar o dobro do valor emprestado, e a falta de técnicos capacitados para elaborar um projeto e dar assistência ao produtor rural.
“Do lado de dentro da porteira”, o entrave é o fato de o agricultor brasileiro ter investido na agricultura especializada. “Para muitos produtores que se especializaram na monoatividade, diversificar é complexo”, afirma Trescente. Não foi para o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, que adotou a integração lavoura-pecuária há nove anos na propriedade que mantém em Baldim (MG). “Há anos estou tentando ampliar”, afirma Paolinelli, que em 2010 entrou com pedido de financiamento pelo Programa ABC no Banco do Brasil. O projeto foi um dos poucos aprovados no país e os recursos foram liberados em julho deste ano. Além do R$ 1 milhão obtido no banco, o produtor vai aplicar mais R$ 400 mil em recursos próprios. Os benefícios da integração ele enumera sem dificuldade: “A terra fica muito melhor, com mais matéria orgânica, mais fertilidade, menos erosão e mais absorção de água”.
No Banco do Brasil (BB), existem 380 projetos em análise aguardando aprovação para a obtenção de recursos via Programa ABC. Se aprovadas, as operações devem somar R$ 100 milhões. “Eu esperava que o programa estivesse mais evoluído, dada sua representatividade tanto para agricultores como para a sociedade brasileira”, lamenta Osmar Dias, vice-presidente de agronegócio do BB, principal instituição financeira de crédito rural no Brasil. A expectativa do banco era que ao menos 50% dos 1.632 clientes que faturam mais de R$ 10 milhões por ano tivessem aderido ao programa. Dias reconhece a existência de dificuldades para acessar a linha e destaca três: a falta de conhecimento do programa por parte do produtor; a ausência de técnicos para desenvolver projetos sustentáveis nos moldes que o programa exige; e a resistência dos agricultores e pecuaristas em realizar grandes investimentos. “O governo federal deveria divulgar mais a linha e os Estados poderiam investir na formação de novos técnicos, pois há escassez desse tipo de profissional no mercado”, avalia.
A avaliação de Dias é feita com base em sua própria experiência. Como produtor rural, o funcionário do BB não pôde usar recursos do banco e teve de sair pelo mercado em busca de dinheiro para converter a propriedade de grãos, de 700 hectares, que mantém no Paraná em um projeto que integre lavoura e pecuária. “Quero implantar um pequeno rebanho de gado PO (puro de origem), mas ainda não encontrei um técnico para fazer meu projeto”, conta. No Paraná, a Emater – que presta assistência técnica aos agricultores – só assiste produtores familiares. Além da dificuldade para encontrar um técnico, Dias também não consegue acessar o dinheiro para sua iniciativa. “O BB é o mais preparado para viabilizar o ABC”, diz. Hoje, o Banco dispõe em caixa de R$ 850 milhões para o programa, mas neste ano financiou apenas 43 projetos, que juntos somaram R$ 11 milhões. “Eu vejo o ABC como um projeto de agricultura moderna e o Brasil precisa justamente de novas práticas agrícolas, pois o ritmo de crescimento da produtividade, que foi de 140% nos últimos 20 anos, tem caído. Por isso, vou continuar trabalhando para divulgar o programa”, diz.
8 de nov. de 2011
OS AQUECIMENTOS QUE DÃO PREJUÍZO NOS ESTADOS UNIDOS E NO BRASIL: LÁ É O AQUECIMENTO GLOBAL E AQUI O DA ECONOMIA
AMERICANOS LAMENTAM O TAMANHO DO PREJUÍZO QUE TÊM COM O AQUECIMENTO GLOBAL
QUE GRANDE BOBAGEM! O PREJUÍZO DO BRASIL COM O “AQUECIMENTO DE NOSSA ECONOMIA” É MUITO MAIOR!!!
Aparentemente, nós brasileiros, que vivemos num ambiente “naturalmente quente”, não deveríamos nos preocupar com tamanha especulação quanto ao aquecimento global! Mas, eles lá em cima, ou seja, no hemisfério norte e do alto do seu poder econômico dominante (entenda-se aqui: os Estados Unidos) e certamente também os seus parceiros do G-8 (Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Rússia e Reino Unido) estão de olho em quaisquer dados que prenunciem prejuízos.
NOS ESTADOS UNIDOS:
[Extraído de: What’s the Price of Climate Change? $14 Billion in Lost Lives and Health Care – SCIENTIFIC AMERICAN, By David Biello, November 8, 2011]
Enchentes, fome, incêndios e doenças (incêndios de 2003 e 2006, ondas de calor na Califórnia, estação dos tufões na Flórida em 2004 e surto do vírus do oeste do Nilo na Louisiana em 2002) ─ espera-se que a mudança climática global cause mais impactos, pela alteração de muitas características de nosso planeta, de mudanças no ciclo da água a doenças cujos vetores são insetos, como a malária. Este é o resultado de estudo realizado por grupo de pesquisadores do “Natural Resources Defense Council” (Conselho de Defesa dos Recursos Naturais), conforme publicado agora em novembro/2011, em “Health Affairs”.
Os autores avaliaram seis desastres representativos e tabularam os impactos econômicos, como uma primeira estimativa dos tipos de custos relacionados à saúde e que a mudança climática poderia causar. Tudo isso lá, nos Estados Unidos. Computaram nesses seis desastres, das enchentes recentes do “Red River”, ou rio Vermelho de North Dakota em 2009 até os piores níveis de poluição da nação norte-americana, totalizando U$ 14 bilhões, em perdas de vida humana e custos ao sistema de saúde. Os pesquisadores estimaram que as 1.689 mortes prematuras resultantes dos seis desastres alcançaram um custo de U$7,9 milhões cada, constituindo-se na parte maior do prejuízo. Hospitalizações, cuidados médicos e com a saúde em geral, totalizaram U$740 milhões.
Segundo o autor deste artigo em Scientific American, mais questões do que respostas precisam ser discutidas, tais como “o aparecimento do vírus do oeste do Nilo deve-se mais às viagens internacionais do que a mudanças climáticas”; “ainda se discute se os ciclones se tornaram, ou não, mais fortes e mais frequentes, ou ambos, em consequência do aquecimento global”; o próprio estudo ainda considera a possibilidade de que “os impactos na saúde após os ciclones na Flórida possam ter se originado de problemas causados por monóxido de carbono pelo uso indevido de geradores, do que os decorrentes dos efeitos dos ciclones, ventos ou chuvas”.
Os autores da pesquisa, no entanto, consideram que há outros impactos potencialmente decorrentes da mudança climática e que não foram computados no estudo, tais como surtos de várias doenças após enchentes, danos na infraestrutura, dias parados dos trabalhadores e dos parentes que os visitaram, perda de dias escolares pelas crianças e de lazer, por todos, etc.
A agência ambiental americana (“EPA – Environmental Protection Agency”) estima que mais de 200 milhões de americanos vivem em áreas onde o nível de ozônio no nível do chão [nível em que todos respiram] atinge mais de 80 ppb [partes por bilhão] por longos períodos, relacionando-se tal fato com problemas de saúde como a asma e aumento de doenças cardíacas [obs.: é citado artigo sobre a “interação de ozônio e colesterol como causa de doenças cardíacas”]. Principais responsáveis pela emissão de ozônio: automóveis e usinas que queimam carvão mineral.
Por outro lado, o governo Obama vem anunciando planos para evitar impor redução de óxidos de nitrogênio de canos de escape de automóveis e de chaminés (causadores de doenças relacionadas à poluição atmosférica), até “as eleições de 2012”. Tal empreitada estima-se que demandará gasto dos fabricantes de veículos e de equipamentos elétricos etc. ... na ordem dos U$90 bilhões! E números, contam!!! Afirma o autor desse artigo.
NO BRASIL:
CONSEQUÊNCIA PRINCIPAL DO AQUECIMENTO DE NOSSA ECONOMIA: estimativa dos prejuízos do Brasil com a corrupção (revista Veja, edição 2240, de 26 de outubro de 2011): em 2010 foram R$85 bilhões; e nos últimos 10 anos, “somente” R$720 bilhões.
Dólar americano hoje: U$1 = R$1,73. Portanto, U$14 bilhões X R$1,73 = R$24,22 bilhões, foi o valor total do prejuízo deles com o AQUECIMENTO GLOBAL, em moeda nossa. Uma “pechincha” diante dos R$720 bilhões dos nossos últimos 10 anos de prejuízo com a CORRUPÇÃO.
Lá, eles sonham com o aquecimento da economia. Aqui, seria melhor se sonhássemos com o aquecimento global, para ver se conseguimos nos livrar do pesadelo da corrupção!
QUE GRANDE BOBAGEM! O PREJUÍZO DO BRASIL COM O “AQUECIMENTO DE NOSSA ECONOMIA” É MUITO MAIOR!!!
Aparentemente, nós brasileiros, que vivemos num ambiente “naturalmente quente”, não deveríamos nos preocupar com tamanha especulação quanto ao aquecimento global! Mas, eles lá em cima, ou seja, no hemisfério norte e do alto do seu poder econômico dominante (entenda-se aqui: os Estados Unidos) e certamente também os seus parceiros do G-8 (Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Rússia e Reino Unido) estão de olho em quaisquer dados que prenunciem prejuízos.
NOS ESTADOS UNIDOS:
[Extraído de: What’s the Price of Climate Change? $14 Billion in Lost Lives and Health Care – SCIENTIFIC AMERICAN, By David Biello, November 8, 2011]
Enchentes, fome, incêndios e doenças (incêndios de 2003 e 2006, ondas de calor na Califórnia, estação dos tufões na Flórida em 2004 e surto do vírus do oeste do Nilo na Louisiana em 2002) ─ espera-se que a mudança climática global cause mais impactos, pela alteração de muitas características de nosso planeta, de mudanças no ciclo da água a doenças cujos vetores são insetos, como a malária. Este é o resultado de estudo realizado por grupo de pesquisadores do “Natural Resources Defense Council” (Conselho de Defesa dos Recursos Naturais), conforme publicado agora em novembro/2011, em “Health Affairs”.
Os autores avaliaram seis desastres representativos e tabularam os impactos econômicos, como uma primeira estimativa dos tipos de custos relacionados à saúde e que a mudança climática poderia causar. Tudo isso lá, nos Estados Unidos. Computaram nesses seis desastres, das enchentes recentes do “Red River”, ou rio Vermelho de North Dakota em 2009 até os piores níveis de poluição da nação norte-americana, totalizando U$ 14 bilhões, em perdas de vida humana e custos ao sistema de saúde. Os pesquisadores estimaram que as 1.689 mortes prematuras resultantes dos seis desastres alcançaram um custo de U$7,9 milhões cada, constituindo-se na parte maior do prejuízo. Hospitalizações, cuidados médicos e com a saúde em geral, totalizaram U$740 milhões.
Segundo o autor deste artigo em Scientific American, mais questões do que respostas precisam ser discutidas, tais como “o aparecimento do vírus do oeste do Nilo deve-se mais às viagens internacionais do que a mudanças climáticas”; “ainda se discute se os ciclones se tornaram, ou não, mais fortes e mais frequentes, ou ambos, em consequência do aquecimento global”; o próprio estudo ainda considera a possibilidade de que “os impactos na saúde após os ciclones na Flórida possam ter se originado de problemas causados por monóxido de carbono pelo uso indevido de geradores, do que os decorrentes dos efeitos dos ciclones, ventos ou chuvas”.
Os autores da pesquisa, no entanto, consideram que há outros impactos potencialmente decorrentes da mudança climática e que não foram computados no estudo, tais como surtos de várias doenças após enchentes, danos na infraestrutura, dias parados dos trabalhadores e dos parentes que os visitaram, perda de dias escolares pelas crianças e de lazer, por todos, etc.
A agência ambiental americana (“EPA – Environmental Protection Agency”) estima que mais de 200 milhões de americanos vivem em áreas onde o nível de ozônio no nível do chão [nível em que todos respiram] atinge mais de 80 ppb [partes por bilhão] por longos períodos, relacionando-se tal fato com problemas de saúde como a asma e aumento de doenças cardíacas [obs.: é citado artigo sobre a “interação de ozônio e colesterol como causa de doenças cardíacas”]. Principais responsáveis pela emissão de ozônio: automóveis e usinas que queimam carvão mineral.
Por outro lado, o governo Obama vem anunciando planos para evitar impor redução de óxidos de nitrogênio de canos de escape de automóveis e de chaminés (causadores de doenças relacionadas à poluição atmosférica), até “as eleições de 2012”. Tal empreitada estima-se que demandará gasto dos fabricantes de veículos e de equipamentos elétricos etc. ... na ordem dos U$90 bilhões! E números, contam!!! Afirma o autor desse artigo.
NO BRASIL:
CONSEQUÊNCIA PRINCIPAL DO AQUECIMENTO DE NOSSA ECONOMIA: estimativa dos prejuízos do Brasil com a corrupção (revista Veja, edição 2240, de 26 de outubro de 2011): em 2010 foram R$85 bilhões; e nos últimos 10 anos, “somente” R$720 bilhões.
Dólar americano hoje: U$1 = R$1,73. Portanto, U$14 bilhões X R$1,73 = R$24,22 bilhões, foi o valor total do prejuízo deles com o AQUECIMENTO GLOBAL, em moeda nossa. Uma “pechincha” diante dos R$720 bilhões dos nossos últimos 10 anos de prejuízo com a CORRUPÇÃO.
Lá, eles sonham com o aquecimento da economia. Aqui, seria melhor se sonhássemos com o aquecimento global, para ver se conseguimos nos livrar do pesadelo da corrupção!
7 de nov. de 2011
ATENÇÃO!!! APROXIMA-SE O VERÃO. ALGUNS DADOS E FATOS SOBRE RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA
Vamos começar com o conceito de radiação ultravioleta, extraído do GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS:
UV − ULTRAVIOLETA, LUZ
O raio ultravioleta é subdividido em três tipos: UV-A, UV-B e UV-C, em ordem decrescente de comprimento de onda, e, portanto, em ordem crescente de poder de penetração. É conhecido como agente mutagênico efetivo.
Numerosas pesquisas indicam que anos de exposição à radiação ionizante UV-B da luz solar, são a causa primária de câncer de pele dos tipos célula escamosa e célula basal, os quais são responsáveis por até 95% de todos os tipos de câncer de pele. Há, tipicamente, um interstício de 15 a 40 anos entre exposição aos raios UV e o aparecimento desse tipo de câncer. Um terceiro tipo de câncer de pele, o melanoma maligno, ocorre em áreas pigmentadas da superfície do corpo, como nos sinais. Este tipo pode espalhar-se rapidamente (dentro de poucos meses) para outros órgãos, incluindo fígado e cérebro, e mata cerca de um quarto de suas vítimas (a maioria abaixo dos 40 anos) dentro de cinco anos, mesmo considerando que possam submeter-se à cirurgia ou quimioterapia e radioterapia.
A figura aqui anexada (do INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) ilustra o índice de radiação ultravioleta divulgado em 07/11/2011. Observar que os valores a partir do índice 11, cor azul-violeta, considerados extremos, requerem proteção com roupa, boné... e protetor solar. O Brasil está “coberto” pela cor azul-violeta!!!
Informações obtidas do PROZONESP - Programa Estadual de Prevenção à Destruição da Camada de Ozônio (CETESB –Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo) e do INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
Algumas perguntas e respostas comuns:
O que é radiação UV-B?
R: Radiação em geral é a energia que vem do Sol. Esta energia é distribuída em vários comprimentos de onda: desde o infra-vermelho [comprimento longo] até o ultra-violeta (UV) [comprimento curto], passando pelo visível, onde a energia é máxima. Na parte do UV, existe o UV-C, que é totalmente absorvido na atmosfera terrestre; o UV-A, que não é absorvido pela atmosfera; e o UV-B, que é absorvido pela camada de ozônio. [Fonte: Laboratório de Ozônio do INPE, em http://www.dge.inpe.br/ozonio/indexdicas.html (acesso em julho/2004)].
Por que a radiação UV-B é tão importante?
R: A radiação UV-B torna-se importante pelo fato de ser responsável por inúmeras sequelas nos seres vivos, como o câncer de pele, a doença mais citada pelos médicos. Tem efeitos indesejáveis também na visão, onde pode produzir catarata, e atua negativamente no DNA das células, diminuindo as defesas naturais do organismo. [Fonte: Laboratório de Ozônio do INPE, em http://www.dge.inpe.br/ozonio/indexdicas.html (acesso em julho/2004)].
A radiação UV-B está aumentando?
R: É um fato, registrado por medidas em vários locais do mundo, que a camada de ozônio está diminuindo, numa taxa média anual de 4% por década. Como a camada é o único filtro natural protetor contra a radiação UV-B, esta radiação deve aumentar nos próximos anos. A radiação UV-B está sendo monitorada em todo o mundo, inclusive no Brasil pelo INPE. Ainda não há evidências concretas mostrando um aumento do UV-B nos últimos anos. Mas tudo leva a crer, teoricamente, que a radiação UV-B deverá aumentar nos próximos anos.[Fonte: Laboratório de Ozônio do INPE, em http://www.dge.inpe.br/ozonio/indexdicas.html (acesso em julho/2004)].
O que é o índice de UV-B?
R: O índice de UV-B é um número, numa escala de 0 a 16, que indica a intensidade do sol num determinado instante, ou num determinado dia (valor máximo). É determinado, no Brasil, pelo INPE, e tem base numa rede de medidores de radiação UV-B espalhados no Brasil de modo a cobrir o país de maneira adequada. [Fonte: Laboratório de Ozônio do INPE, em http://www.dge.inpe.br/ozonio/indexdicas.html (acesso em julho/2004)].
Para que serve o índice de UV-B?
R: O índice de UV-B serve para orientar cada pessoa e, de acordo com o seu biotipo, quanto tempo pode ficar no Sol sem se queimar, isto é, quanto tempo, em minutos, pode ficar exposto à radiação UV-B com a sua própria resistência interna, sem prejudicar a sua saúde. [Fonte: Laboratório de Ozônio do INPE, em http://www.dge.inpe.br/ozonio/indexdicas.html (acesso em julho/2004)].
Como identificar o biotipo da pessoa?
R: Na questão relativa ao índice de UV-B, é mais fácil dividir a sensibilidade da pele humana do paciente em quatro grupos. Cada paciente pode facilmente se identificar dentro de cada um deles. O mais sensível é o tipo A, que tem a pele muito branca; o mais resistente é o tipo D, aquele que tem a pele negra; além destes extremos há dois casos intermediários, o tipo B, que é o moreno claro; e o moreno escuro, tipo C. [Fonte: Laboratório de Ozônio do INPE, em http://www.dge.inpe.br/ozonio/indexdicas.html (acesso em julho/2004)].
Quantas vezes aumenta a proteção com os filtros solares?
R: Os filtros solares normalmente vêm com uma indicação numérica, bem visível, estampada no frasco, por exemplo, 15. Este é o chamado fator de proteção. Ele indica quantas vezes mais, em minutos, uma pessoa pode ficar ao Sol, com total proteção. Assim, se a Tabela de Exposição indica, para um certo índice de UV-B, que o tempo de exposição é de 5 minutos, com o protetor de fator 15, a pessoa poderá ficar 15X5=75 minutos ao Sol. [Fonte: Laboratório de Ozônio do INPE, em http://www.dge.inpe.br/ozonio/indexdicas.html (acesso em julho/2004)].
Qual o filtro solar que a pessoa deve usar?
R: Isto depende de quanto tempo se pretende ficar ao Sol. Mas os fatores de proteção mais altos nem sempre são necessários. Como regra geral, deve-se recomendar no mínimo o fator de proteção 15, que é muito eficaz, mais barato, e normalmente é suficiente para proteger o banhista médio. Para casos específicos, consulte o seu médico. [Fonte: Laboratório de Ozônio do INPE, em http://www.dge.inpe.br/ozonio/indexdicas.html (acesso em julho/2004)]. [Observação minha: suando e banhando-se com frequência requer reaplicações do protetor].
Nossos pais não se preocupavam tanto com o Sol, porque nós nos preocupamos?
R: Por que o meio ambiente em que vivemos, assim como a camada de ozônio, está mudando. Nas próximas décadas mais ozônio será destruído, e tudo leva a crer que a incidência de UV-B irá aumentar. Por isto é importante que todos tomem mais cuidado. Quem não tomar as precauções necessárias para se proteger da radiação terá grande probabilidade de sofrer danos à sua própria saúde. [Fonte: Adaptação do Laboratório de Ozônio do INPE, em http://www.dge.inpe.br/ozonio/indexdicas.html (acesso em julho/2004)].
A elevadas altitudes a exposição ao UV é maior?
R: Sim. Elevadas altitudes tem menos atmosfera na parte de cima, como evidenciado pelo ar rarefeito e pela baixa pressão atmosférica. O aumento nas radiações UV é de aproximados 5-10% para cada quilômetro de elevação. Frequentemente, outros fatores aliados à espessura da atmosfera causam diferenças maiores nas radiações UV entre elevações. A neve, comum em elevadas altitudes, pode refletir a radiação, aumentando-a. Baixas altitudes tendem a ter mais neblina e atmosfera mais poluída que podem bloquear as radiações UV. [Fonte: Tradução livre da Secretaria de Ozônio da UNEP, em http://www.unep.org/ozone/faq.shtml (acesso em julho/2004)].
Algumas informações práticas:
1) Para aqueles que passam boa parte do dia dentro do carro, uma boa notícia: o vidro de janela não é permeável à UVB. Porém as radiações UVA passam através de todo vidro que não tenha sido especialmente tratado para bloquear esse tipo de radiação. [Observação minha: fechando-se as janelas do carro, no nosso clima certamente será necessário usar ar condicionado].
2)A quantidade de RUV (Radiação Ultra-violeta) que atravessa os óculos de sol depende da composição das lentes, mas é certo que a maioria dos óculos de sol deixa passar as radiações ultravioletas.
3) A água oferece pouca proteção contra RUV. À profundidade de 1 metro, metade dos raios ultravioletas que atingem a superfície ainda chegam a essa profundidade. Ao contrário do que normalmente se acredita, a água reflete apenas 5% da luz solar. A areia reflete 17% das RUV, a grama 25%, e a neve, 85%.
4) Que os tecidos de algodão são atravessados pelas radiações ultravioletas e que tanto a grama como a areia refletem essa radiação; e ainda: é perfeitamente possível sofrer QUEIMADURA SOLAR sentado debaixo de um guarda-sol.
5) Os raios UVB são mais intensos no verão, ao meio dia e a alturas mais elevadas. Já os raios UVA, não são afetados por estações, horário do dia ou altura. Estão presentes todo dia, o ano inteiro, e representam 90% da radiação UV que chega à terra.
6) Que a necessidade de evitar o sol do meio-dia não é lenda? Nesse horário, as radiações solares incidem perpendicularmente na superfície da Terra, percorrendo a menor distância entre o Sol e nosso planeta.
27 de out. de 2011
NO BRASIL MAIS VALEM OS DESEJOS DOS CONGRESSISTAS DO QUE OS RESULTADOS DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
[FOLHA.com - 27 DE OUTUBRO DE 2011 - CLAUDIO ANGELO e MÁRCIO FALCÃO - DE BRASÍLIA]
NOSSO PAÍS GASTA R$ 6 BILHÕES ANUAIS COM O CONGRESSO NACIONAL. E INVESTE ESSE MESMO VALOR EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA. INFELIZMENTE POUCOS BRASILEIROS SABEM DISSO!
SE AS SUMIDADES DO CONGRESSO NACIONAL ACHAM QUE PODEM TOMAR ATITUDES À REVELIA DAS REVELAÇÕES CIENTÍFICAS... PRA QUÊ “DESPERDIÇAR” RECURSOS COM CONHECIMENTO CIENTÍFICO E LEGISLAÇÃO AMBIENTAL???
Vejam essa notícia divulgada na FOLHA.com: “Senado aprova lei que enfraquece Ibama”
O Senado aprovou ontem por 49 votos a 7 um projeto de lei que, na prática, tira do Ibama o poder de multar desmatamentos ilegais.
O projeto regulamenta o artigo 23 da Constituição, que define as competências de União, Estados e Municípios na fiscalização de crimes ambientais.
O texto original, do deputado Sarney Filho (PV-MA), visava estabelecer atribuições dos entes federativos para melhorar o combate ao tráfico de animais. Porém, uma emenda de última hora inserida na Câmara alterou o texto, estabelecendo que a autuação só poderia ser feita pelo órgão licenciador. Como o licenciamento para desmatamentos é feito pelos Estados, o Ibama, na prática, ficaria sem poder de autuar.
No ano passado, a então senadora Marina Silva (PV-AC) tentou corrigir a distorção, apresentando três emendas ao projeto. Todas elas foram rejeitadas na Comissão de Constituição e Justiça pela senadora ruralista Kátia Abreu (PSD-TO), relatora na CCJ.
Tanto Marina quanto seus sucessores no Ministério do Meio Ambiente, Carlos Minc e Izabella Teixeira, tentaram barrar a proposta (batizada de PLC no. 1), por entenderem que os Estados e municípios são menos estruturados para fiscalizar e/ou mais sujeitos a pressões políticas do que o Ibama.
A bancada ruralista comemorou a aprovação.
"Vamos tirar essas prerrogativas ditatoriais do Ibama. O Ibama quer parar o Brasil, não vai parar, não!", vociferou Flexa Ribeiro (PSDB-PA).
"Habituou-se no Brasil a achar que os órgãos federais são mais honestos que os estaduais e municipais. Não podemos tratar a Federação desta forma. O Ibama não é a Santa Sé, ele não está acima de qualquer suspeita, não", disse Kátia Abreu.
Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado, disse que a proposta é um retrocesso.
"Num momento em que nós estamos fazendo um grande esforço para votar um Código Florestal que reduza desmatamento no nosso país, reduzir as prerrogativas do Ibama me parece um erro grave."
ALGUMAS CONCLUSÕES (MINHAS):
1) Sabemos que em muitos Estados brasileiros uma prática predominante é “a negociação do técnico-científico pelo político-econômico”. Daí, não é difícil concluir que “moeda de troca” prevalecerá!.
2) Se pelo menos a excelentíssima senhora senadora Kátia Abreu lesse e pudesse compreender (!?) o que foi divulgado no site www.amazonia.org.br
“A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) divulgaram ... um documento com propostas e considerações sobre as alterações no Código Florestal Brasileiro. As instituições concordam que seja necessário modificar a legislação ambiental, mas defendem que as alterações devam ser feitas "à luz da ciência e tecnologia hoje disponível". [Referência: Cientistas afirmam que não existe dilema entre conservar o meio ambiente e produzir alimentos - 13/10/2011
Local: São Paulo – SP
Fonte: Amazonia.org.br
Link: http://www.amazonia.org.br]
3) Ou que a digníssima senadora pudesse entender (!?) que “a dimensão ambiental impõe restrições às sociedades humanas”; ou como afirma de maneira bem simples Clóvis Cavalcanti (organizador de “Desenvolvimento e Natureza: estudos para uma sociedade sustentável; 5ª ed., 2009, São Paulo, Cortez Editora”): “A economia não pode ser vista como um sistema dissociado do mundo da Natureza, pois não existe atividade humana sem água, fotossíntese ou ação microbiana no solo”.
Por tudo isso e muito do que é dito em vários capítulos de outra respeitável publicação do autor supracitado: “Clóvis Cavalcanti (org.) Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Políticas Públicas; 4ª ed., 2002, São Paulo, Cortez Editora”, devemos ter a sensatez de que não se pode arbitrar ao “sabor, humores e interesses financeiros” de congressistas/lobistas as transformações dos nossos ambientes naturais, à revelia de um órgão fiscalizador federal, como o IBAMA.
NOSSO PAÍS GASTA R$ 6 BILHÕES ANUAIS COM O CONGRESSO NACIONAL. E INVESTE ESSE MESMO VALOR EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA. INFELIZMENTE POUCOS BRASILEIROS SABEM DISSO!
SE AS SUMIDADES DO CONGRESSO NACIONAL ACHAM QUE PODEM TOMAR ATITUDES À REVELIA DAS REVELAÇÕES CIENTÍFICAS... PRA QUÊ “DESPERDIÇAR” RECURSOS COM CONHECIMENTO CIENTÍFICO E LEGISLAÇÃO AMBIENTAL???
Vejam essa notícia divulgada na FOLHA.com: “Senado aprova lei que enfraquece Ibama”
O Senado aprovou ontem por 49 votos a 7 um projeto de lei que, na prática, tira do Ibama o poder de multar desmatamentos ilegais.
O projeto regulamenta o artigo 23 da Constituição, que define as competências de União, Estados e Municípios na fiscalização de crimes ambientais.
O texto original, do deputado Sarney Filho (PV-MA), visava estabelecer atribuições dos entes federativos para melhorar o combate ao tráfico de animais. Porém, uma emenda de última hora inserida na Câmara alterou o texto, estabelecendo que a autuação só poderia ser feita pelo órgão licenciador. Como o licenciamento para desmatamentos é feito pelos Estados, o Ibama, na prática, ficaria sem poder de autuar.
No ano passado, a então senadora Marina Silva (PV-AC) tentou corrigir a distorção, apresentando três emendas ao projeto. Todas elas foram rejeitadas na Comissão de Constituição e Justiça pela senadora ruralista Kátia Abreu (PSD-TO), relatora na CCJ.
Tanto Marina quanto seus sucessores no Ministério do Meio Ambiente, Carlos Minc e Izabella Teixeira, tentaram barrar a proposta (batizada de PLC no. 1), por entenderem que os Estados e municípios são menos estruturados para fiscalizar e/ou mais sujeitos a pressões políticas do que o Ibama.
A bancada ruralista comemorou a aprovação.
"Vamos tirar essas prerrogativas ditatoriais do Ibama. O Ibama quer parar o Brasil, não vai parar, não!", vociferou Flexa Ribeiro (PSDB-PA).
"Habituou-se no Brasil a achar que os órgãos federais são mais honestos que os estaduais e municipais. Não podemos tratar a Federação desta forma. O Ibama não é a Santa Sé, ele não está acima de qualquer suspeita, não", disse Kátia Abreu.
Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado, disse que a proposta é um retrocesso.
"Num momento em que nós estamos fazendo um grande esforço para votar um Código Florestal que reduza desmatamento no nosso país, reduzir as prerrogativas do Ibama me parece um erro grave."
ALGUMAS CONCLUSÕES (MINHAS):
1) Sabemos que em muitos Estados brasileiros uma prática predominante é “a negociação do técnico-científico pelo político-econômico”. Daí, não é difícil concluir que “moeda de troca” prevalecerá!.
2) Se pelo menos a excelentíssima senhora senadora Kátia Abreu lesse e pudesse compreender (!?) o que foi divulgado no site www.amazonia.org.br
“A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) divulgaram ... um documento com propostas e considerações sobre as alterações no Código Florestal Brasileiro. As instituições concordam que seja necessário modificar a legislação ambiental, mas defendem que as alterações devam ser feitas "à luz da ciência e tecnologia hoje disponível". [Referência: Cientistas afirmam que não existe dilema entre conservar o meio ambiente e produzir alimentos - 13/10/2011
Local: São Paulo – SP
Fonte: Amazonia.org.br
Link: http://www.amazonia.org.br]
3) Ou que a digníssima senadora pudesse entender (!?) que “a dimensão ambiental impõe restrições às sociedades humanas”; ou como afirma de maneira bem simples Clóvis Cavalcanti (organizador de “Desenvolvimento e Natureza: estudos para uma sociedade sustentável; 5ª ed., 2009, São Paulo, Cortez Editora”): “A economia não pode ser vista como um sistema dissociado do mundo da Natureza, pois não existe atividade humana sem água, fotossíntese ou ação microbiana no solo”.
Por tudo isso e muito do que é dito em vários capítulos de outra respeitável publicação do autor supracitado: “Clóvis Cavalcanti (org.) Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Políticas Públicas; 4ª ed., 2002, São Paulo, Cortez Editora”, devemos ter a sensatez de que não se pode arbitrar ao “sabor, humores e interesses financeiros” de congressistas/lobistas as transformações dos nossos ambientes naturais, à revelia de um órgão fiscalizador federal, como o IBAMA.
23 de out. de 2011
SANEAMENTO AMBIENTAL NO BRASIL: MÁS E BOAS NOTÍCIAS
Continuamos com problemas na área de Saneamento Ambiental. É só acessar os sites do IBGE (abaixo) para ver as más e as boas notícias:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pnsb2008/PNSB_2008.pdf
e
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1691&id_pagina=1
Eis alguns destaques de ambos os conjuntos de notícias. No site do IBGE procure o ATLAS SANEAMENTO 2011. Para detalhes, acesse os endereços acima.
As figuras ao lado ilustram resumidamente, as condições de abastecimento de água e o esgotamento sanitário, em 2000 e 2008.
Os dados que se seguem são os disponibilizados pela PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, do IBGE, referentes a 2008. Esses são alguns dos destaques da pesquisa baseada nos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de águas pluviais e manejo de resíduos sólidos, tendo como fonte de informação as entidades formais (com CNPJ) prestadoras desses serviços em todos os municípios brasileiros. Essas entidades englobam órgãos públicos ou privados, tais como autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista, consórcios públicos, empresas privadas, fundações, associações etc.
Entre 2000 e 2008, o percentual de municípios brasileiros que tinham rede geral de abastecimento de água em pelo menos um distrito [“o que não é lá grande coisa”!] aumentou de 97,9% (em 2000) para 99,4% (em 2008); o manejo dos resíduos sólidos (que inclui coleta e destinação final do lixo e limpeza pública) passou a existir em todos os municípios, em 2008, frente a 99,4% deles em 2000; e os serviços de manejo de águas pluviais (drenagem urbana), que existiam em 78,6% dos municípios em 2000, chegaram a 94,5% em 2008. Nesses oito anos, o único serviço de saneamento que não chegou próximo à totalidade de municípios foi a coleta de esgoto por rede geral, que estava presente em 52,2% dos municípios em 2000 e passou a 55,2% em 2008 [esta ainda é uma má notícia!]. Entretanto, nos municípios em que o serviço existia, houve, no mesmo período, um aumento dos que registraram ampliação ou melhoria no sistema de esgotamento, de 58% para 79,9% do total, e dos domicílios atendidos, de 33,5% para 44%. Em 2008, 68,8% do esgoto coletado era tratado – percentual bastante superior aos 35,3% de 2000, embora menos de um terço dos municípios (28,5%) fizessem o tratamento, com acentuadas diferenças regionais nesse percentual, que alcançou 78,4% dos municípios no estado de São Paulo e 1,4% no Maranhão [contraste decepcionante, na terra do “eterno chefão” José Sarney].
Em oito anos, o percentual de municípios que destinavam seus resíduos a vazadouros a céu aberto caiu de 72,3% para 50,8%, [obs.: vazadouros = lixões] enquanto os que utilizavam aterros sanitários cresceram de 17,3% para 27,7%. Ao mesmo tempo, o número de programas de coleta seletiva dobrou, passando de 451 em 2000 para 994 em 2008, concentrando-se, sobretudo, nas regiões Sul e Sudeste, onde, respectivamente, 46% e 32,4% dos municípios informaram ter coleta seletiva em todos os distritos [números que deveriam melhorar]. Em 33 municípios distribuídos em nove Estados não havia rede geral de abastecimento de água, afetando cerca de 320 mil pessoas. Essa situação vem diminuindo sistematicamente no país: em 1989, eram 180 municípios sem rede de água, e em 2000, 116. Dos 33 municípios sem rede de água em 2008, 21 se localizavam na região Nordeste, com destaque para os estados da Paraíba (11 municípios) e Piauí (5), e 7 estavam na região Norte, com destaque para o estado de Rondônia (4 municípios) [na Paraíba, terra do autor deste blog, “procura-se bom governador”! há décadas!!!].
6,6% dos municípios fornecem água sem tratamento
Em 2008, a maior parte dos municípios (87,2%) distribuía a água totalmente tratada. Em 6,2% dos municípios a água distribuída era apenas parcialmente tratada e em 6,6% a água não tinha nenhum tratamento. Em 2000, os municípios onde não se realizava nenhum tipo de tratamento na água representavam 18,1% do total. Entre as regiões com maior percentual de municípios distribuindo água sem nenhum tratamento em 2008, a pior era a região Norte (20,8%), onde Pará (40%) e Amazonas (38,7%) tinham os maiores percentuais. Em seguida vinha o Nordeste (7,9%), com destaque para Piauí (24,3%) e Maranhão (21,8%) [novamente a terra do “eterno chefão” em má colocação].
Menos de um terço dos municípios têm leis para proteção de mananciais
Em 1.749 municípios havia legislação municipal sobre proteção de mananciais (fontes de água utilizadas para abastecimento) em 2008. Dentre os 3.141 municípios (56,4% do total) que efetuam captação superficial de água, 83,2% informaram alguma proteção: isolamento com cerca (85,7%), preservação da vegetação (54,3%) [situação grave] e a proibição de despejos (44,6%) [esta última, uma situação muito grave]. Menos da metade (45,1%) dos municípios brasileiros tinham legislação que exigia aprovação e implantação de sistema de abastecimento de água para loteamentos novos.
ESGOTAMENTO SANITÁRIO: Coleta de esgoto estava presente em 55,2% dos municípios
A PNSB 2008 indica que 55,2% dos municípios brasileiros tinham serviço de esgotamento sanitário por rede coletora, três pontos percentuais acima do índice verificado em 2000 (52,2%) [progressão muito lenta]. Os melhores desempenhos foram encontrados nos estados de São Paulo (apenas 1 dos 645 municípios não tinha o serviço) e Espírito Santo (2 de 78 sem coleta de esgoto). A principal solução alternativa adotada pelos municípios que não possuíam rede de coleta de esgoto sanitário, foi a construção de fossas sépticas, que aumentou 7,4% em relação ao levantamento de 2000.
Entre 2000 e 2008, o avanço no percentual de municípios com rede coletora de esgoto foi “considerável” no Norte (de 7,1% em 2000 para 13,4% em 2008) [fui eu que coloquei aspas nesse “considerável”] e no Centro-Oeste (de 17,9% para 28,3%). Já nas regiões com maior número de municípios, as melhoras foram pouco significativas: Sudeste (de 92,9% em 2000 para 95,1% em 2008) e Sul (de 38,9% para 39,7%). No Nordeste, houve pouca variação no registro dos municípios cobertos pelo serviço (de 42,9% em 2000 para 45,7% em 2008).
No conjunto do país, entre os municípios que possuíam o serviço, o número de domicílios com acesso à rede geral de esgotamento sanitário teve um avanço de 39,5% no período.As maiores altas foram registradas no Nordeste (64,7%) e no Norte (89,9%). O percentual de domicílios com acesso à rede geral de esgoto passou de 33,5% em 2000 para 44% em 2008 [esta ainda não é uma boa notícia]. Apenas no Sudeste mais da metade dos domicílios (69,8%) tinham acesso à rede geral, seguido do Centro-Oeste (33,7%), Sul (30,2%), Nordeste (22,4%) e Norte (3,8%). As únicas unidades da federação com mais da metade dos domicílios atendidos eram Distrito Federal (86,3%), São Paulo (82,1%), e Minas Gerais (68,9%). Rio de Janeiro (49,2%) e Paraná (46,3%) ficavam próximos da marca de 50% e se situavam acima da média nacional (44%). Os demais estados tinham menos de um terço dos domicílios atendidos, ficando Amapá (3,5%), Pará (1,7%) e Rondônia (1,6%) com as menores coberturas.
Menos de 1/3 dos municípios fazem tratamento de esgoto
Apenas 28,5% dos municípios brasileiros com esgotamento por rede geral fazia tratamento de esgoto (pelo menos um distrito do município tratava o esgoto coletado, mesmo que parte dele). Entre as regiões, o Sudeste liderava (48,4%), seguido do Centro-Oeste (25,3%), Sul (24,1%), Nordeste (19%) e Norte (7,6%). Com exceção do Distrito Federal, em apenas três unidades da federação mais da metade dos municípios tratavam seu esgoto: São Paulo (78,4%), Espírito Santo (69,2%) e Rio de Janeiro (58,7%). Os menores percentuais foram registrados em Sergipe (9,3%); Amazonas (4,8%); Pará (4,2%); Rondônia (3,8%); Piauí (2,2%) e Maranhão (1,4%) [o Maranhão “não larga mão da posição de lanterna”!!!].
Os outros dados importantes dizem respeito a RESÍDUOS SÓLIDOS e ÁGUAS PLUVIAIS, que podem ser vistos nos sites mencionados no início.
Mais informações.
Visite o site seguinte e amplie seus conhecimentos sobre o assunto:
http://www.tratabrasil.org.br/novo_site/?id=301
10 de out. de 2011
LEGISLAÇÃO PARA PROTEGER FLORESTAS É EXCLUSIVIDADE BRASILEIRA? “JABUTICABA”???
[Reproduzido de http://www.amazonia.org.br, de 07/10/2011]
Pesquisadores do Imazon e do ProForest (este último ligado à Universidade de Oxford), concluíram que o Código Florestal não é uma “jabuticaba” [= só existe no Brasil], como afirmou a senadora Kátia Abreu (PSB-TO). Essa afirmação tem sido usada para apoiar as mudanças que flexibilizam o Código Florestal.
Foram selecionados 11 países para análise, e com exceção da Indonésia, onde até o ano passado as florestas públicas eram designadas como áreas de conversão para a agricultura, todos os países da lista registram manutenção ou aumento da cobertura vegetal entre 1950 e 2010, o que significa que houve esforços e investimentos para frear as derrubadas e recompor as áreas desmatadas.
O estudo traz informações sobre o percentual de cobertura florestal na Alemanha, China, nos Estados Unidos, na França, Holanda, Índia, Indonésia, no Japão, na Polônia, no Reino Unido e na Suécia. Quase todos os países passam por um processo de desmatamento, muitas vezes seguido por reflorestamento, à medida que eles se desenvolvem.
Reino Unido, Holanda e China já tinham perdido uma proporção muito elevada de suas florestas no início do século XX e tiveram que embarcar em amplos programas de reflorestamento. França, Alemanha e Japão foram muito mais bem-sucedidos na manutenção de suas coberturas florestais. Esses países têm, normalmente, uma cobertura florestal total superior, equivalente a um a dois terços da área de floresta original, e também uma maior proporção de florestas naturais ou seminaturais.
Na análise do quadro legislativo sobre conversão de floresta, o estudo conclui que "há uma abordagem geral contra o desmatamento em terras privadas. Isso significa que qualquer conversão em terras particulares tem de ser justificada e aprovada, e isso normalmente só ocorre para áreas muito reduzidas (por exemplo, até 4 hectares na França) ou em circunstâncias excepcionais de grande interesse público."
De forma geral há uma suposição geral "na maioria dos países analisados, incluindo tanto países desenvolvidos quanto economias emergentes, de que as áreas florestais devem ser mantidas e o quadro legal e de governança foi concebido para apoiar essa manutenção".
O Brasil, que tem 56% do território com florestas - nativas ou plantadas - caminha na contramão, na medida em que propõe medidas para reduzir a proteção de suas florestas. Os pesquisadores escrevem que "além de desmistificar a exclusividade do ‘protecionismo’ nacional no tema florestal, o estudo também cumpre o relevante serviço de demonstrar que, desde o século passado, é o fim do desmatamento - e não a terra arrasada - que virou sinal de desenvolvimento". [Em outra interpretação: o que melhor sinaliza o desenvolvimento é o fim do desmatamento; e não o aumento de sua devastação].
Pesquisadores do Imazon e do ProForest (este último ligado à Universidade de Oxford), concluíram que o Código Florestal não é uma “jabuticaba” [= só existe no Brasil], como afirmou a senadora Kátia Abreu (PSB-TO). Essa afirmação tem sido usada para apoiar as mudanças que flexibilizam o Código Florestal.
Foram selecionados 11 países para análise, e com exceção da Indonésia, onde até o ano passado as florestas públicas eram designadas como áreas de conversão para a agricultura, todos os países da lista registram manutenção ou aumento da cobertura vegetal entre 1950 e 2010, o que significa que houve esforços e investimentos para frear as derrubadas e recompor as áreas desmatadas.
O estudo traz informações sobre o percentual de cobertura florestal na Alemanha, China, nos Estados Unidos, na França, Holanda, Índia, Indonésia, no Japão, na Polônia, no Reino Unido e na Suécia. Quase todos os países passam por um processo de desmatamento, muitas vezes seguido por reflorestamento, à medida que eles se desenvolvem.
Reino Unido, Holanda e China já tinham perdido uma proporção muito elevada de suas florestas no início do século XX e tiveram que embarcar em amplos programas de reflorestamento. França, Alemanha e Japão foram muito mais bem-sucedidos na manutenção de suas coberturas florestais. Esses países têm, normalmente, uma cobertura florestal total superior, equivalente a um a dois terços da área de floresta original, e também uma maior proporção de florestas naturais ou seminaturais.
Na análise do quadro legislativo sobre conversão de floresta, o estudo conclui que "há uma abordagem geral contra o desmatamento em terras privadas. Isso significa que qualquer conversão em terras particulares tem de ser justificada e aprovada, e isso normalmente só ocorre para áreas muito reduzidas (por exemplo, até 4 hectares na França) ou em circunstâncias excepcionais de grande interesse público."
De forma geral há uma suposição geral "na maioria dos países analisados, incluindo tanto países desenvolvidos quanto economias emergentes, de que as áreas florestais devem ser mantidas e o quadro legal e de governança foi concebido para apoiar essa manutenção".
O Brasil, que tem 56% do território com florestas - nativas ou plantadas - caminha na contramão, na medida em que propõe medidas para reduzir a proteção de suas florestas. Os pesquisadores escrevem que "além de desmistificar a exclusividade do ‘protecionismo’ nacional no tema florestal, o estudo também cumpre o relevante serviço de demonstrar que, desde o século passado, é o fim do desmatamento - e não a terra arrasada - que virou sinal de desenvolvimento". [Em outra interpretação: o que melhor sinaliza o desenvolvimento é o fim do desmatamento; e não o aumento de sua devastação].
9 de out. de 2011
APRENDENDO COM A NATUREZA - IV
AINDA PREFIRO VER AS PLANTAS NA NATUREZA
Vejam a foto ao lado. Documento fotográfico de pouca inteligência de um ser humano. Resumindo: a planta, uma palmeira, foi tirada da Natureza, onde encontrava em abundância, nutrientes, água, luz solar... enfim, tudo que ela necessitava para se desenvolver. Inclusive espaço. O indivíduo retirou-a dessas condições, colocou-a num vaso de concreto, despendendo recursos financeiros e esforço para mantê-la viva e aparentemente sadia. E após observar que ela não tinha mais espaço para sobreviver, apresentando sinais de "sofrimento", resolveu retirá-la do tal vaso para colocá-la em novo "depósito".
Ao verificar que estava muito difícil a retirada da palmeira do vaso, resolveu utilizar duas ferramentas destrutivas: uma marreta para quebrar o vaso e uma machadinha para dilacerar o super torrão formado pelo emaranhado de raízes. E assim, porreteava com a mão direita e dilacerava com a esquerda. Até que conseguiu concretizar seu intento, ou seja, colocar a palmeirinha em novo vaso de concreto.Para no futuro, certamente, ter que repetir esse processo.
Por isso o subtítulo desta breve e aparentemente irrelevante postagem, mas com significado propício a reflexões. Seria melhor que reservássemos mais espaço e melhores condições para deixar as plantas em condições o máximo possível, próximas das condições naturais. No solo e entre muitas outras que caracterizam nossa alta biodiversidade tropical. Mas, ao invés disso, cimentamos e concretamos quase tudo, para depois efetuarmos o "paisagismo".
Observação final: o fotografado é professor de ecologia e autor deste blog.
2 de out. de 2011
APRENDENDO COM A NATUREZA – Capítulo III
Na interface Natureza – Qualidade de vida, água, alimentos e energia, são a base da pirâmide da sustentabilidade.
Este brevíssimo ensaio tem por finalidade principal, apenas, chamar a atenção dos leitores sobre uma observação feita pelo Dr. David Servan-Schreiber, em seu livro: “Anticâncer: prevenir e vencer usando nossas defesas naturais” (2009). 2ª. Ed. Rio de Janeiro, Fontanar/Edit. Objetiva, 312p.; adquirido por indicação da competente profissional dos livros, a amiga Julyana Lisboa da Livraria Saraiva, JP/PB; preço: R$39,90, em 18/08/2011). Valeu o investimento!
Meio ambiente e adaptações. O autor faz a seguinte observação (p. 85): “Nossos genes se constituíram há muitas centenas de milhares de anos, na época em que éramos caçadores e colhedores. Eles se adaptaram ao meio ambiente de nossos ancestrais, e especialmente às suas fontes de alimentos. Só que nossos genes evoluíram muito pouco. Hoje, como ontem, nossa fisiologia espera uma alimentação semelhante à que tínhamos quando comíamos os produtos da caça e da colheita: muitos legumes e frutas, de tempos em tempos algumas carnes ou ovos de animais selvagens, um equilíbrio perfeito entre os ácidos graxos essenciais (ômega-6 e ômega-3) e muito pouco açúcar e farinha nenhuma (a única fonte de açúcar refinado para os nossos ancestrais era o mel, sendo que eles não consumiam cereais)”.
O primeiro ser humano, a revolução agrícola e os novos alimentos. Algo “muito importante” é apontado como de consequências imprevisíveis, pelo autor: hoje, 56 por cento de nossas calorias provêm de três fontes que NÃO EXISTIAM quando nossos genes se desenvolveram: açúcares refinados (cana-de-açúcar, beterraba, xarope de milho, de frutose etc.), farinhas brancas (de trigo principalmente) e óleos vegetais (soja, girassol, milho e agora a já famigerada gordura trans). Todos de aparecimento muito recente [Nota: presume-se que a revolução agrícola tenha ocorrido há uns 10 mil anos; e um dos primeiros seres humanos, o Homo ergaster (erectus) já existia há cerca de 1 milhão de anos; ver Richard Dawkins, “A grande história da evolução”, 2009, São Paulo, Cia. das Letras, 759p. Preço: R$67,00].
Mostra o Dr. David Servan-Schreiber, citando muitos resultados de pesquisa, as relações entre esses novos alimentos e vários problemas de saúde humana, como por exemplo: 1) epidemia de câncer no mundo ocidental: pesquisa publicada em “Science” revelou que o risco de mulheres portadoras de genes de risco BRCA-1 e BRCA-2 [“breast cancer” = câncer de mama; genes supressores de tumores de mama e ovário] desenvolverem câncer de mama quase triplicou entre aquelas com menos de 50 anos após a segunda guerra mundial, quando comparadas a mulheres nascidas antes da guerra; 2) a OMS tornou público na revista “Lancet”, em 2004, que o câncer em crianças e adolescentes é um dos que registraram o aumento mais elevado desde 1970; 3) ocorrência de picos de insulina (por ingestão excessiva de açúcar) e de IGF [do inglês: “insulin-like growth factor”, uma proteína que estimula crescimento de células cancerosas e sua capacidade de invadir tecidos vizinhos], em decorrência de ingestão exagerada de açúcares e farinhas brancas; 4) o desequilíbrio da nossa alimentação na ingestão de ômega-6 (ácido graxo responsável pela estocagem de células adiposas, promovendo rigidez das células, coagulação e respostas inflamatórias às agressões externas) e ômega-3 (que atua na constituição do sistema nervoso e tem ação contrária: torna as membranas celulares mais flexíveis, acalmando as reações inflamatórias); 5) os riscos dos alimentos industrializados: dentre os muitos listados, apenas destaques para o surgimento das gorduras trans, dos óleos vegetais hidrogenados e da margarina, substituindo a manteiga em inúmeros alimentos, como biscoitos, pizzas prontas, batatinhas, pipoca (preparo em micro-ondas)... feita com óleos de girassol que contém 70 vezes mais ômega-6 do que ômega-3 ou de soja, com sete vezes mais ou de canola, com três vezes mais; 6) por último (talvez o perigo maior, afirmo eu) a contaminação dos alimentos por produtos químicos tóxicos (provenham eles de agrotóxicos ou defensivos agrícolas, ou de poluentes os mais diversos); isso sem contar os milhares de componentes de objetos aparentemente inofensivos à saúde (plásticos, detergentes, desinfetantes, cosméticos, etc. etc. ...) e os aditivos alimentares ─ corantes, aromatizantes, conservantes, antioxidantes, estabilizantes, acidulantes...
Meio ambiente e doenças. A ligação com a questão da qualidade ambiental começa com as alterações que causamos à cadeia alimentar, cuja causa principal é inicialmente o aumento da demanda por alimento, principalmente laticínios e carne bovina (devido ao crescimento populacional humano, no pós-guerra) seguido pela modernidade (alimentos industrializados são de uso prático). Com isso, mostra o autor que até as vacas e as galinhas foram obrigadas a consumir “junk food”; isso mesmo! Vacas e galinhas foram obrigadas a consumir alimentos desequilibrados nas proporções naturais de ômega-6 (em excesso) e ômega-3 (reduzido). Uma “necessidade”, quando passaram da criação de soltas no pasto, para confinadas; ou seja, as pastagens naturais e forragens foram substituídas por milho, soja, trigo... em rações.
Geografia do câncer. O Brasil é citado pelo autor a partir da observação no item “Desintoxicar a Alimentação” (p. 101) de uma pesquisadora: “... veja o caso muito curioso do Brasil, cujo nível de desenvolvimento ainda é baixo, mas cuja taxa de câncer de mama é equivalente à dos países ocidentais mais industrializados. Muitos de nós se perguntam se esse fenômeno não se deve ao consumo muito elevado de carne ─ aproximadamente três vezes por dia” ... Os cânceres de seio, próstata e cólon são típicos de países industrializados (nove vezes mais nos Estados Unidos e Europa do que na China, Laos e Coreia; e quatro vezes mais do que no Japão). No entanto, procede (e muito!) a observação de um oncologista (p. 80): é preciso não se deixar enganar pelos alarmistas; ao contrário, é necessário intensificar a pesquisa nos dois mananciais da oncologia moderna: diagnóstico precoce e tratamento do câncer. Embora não se possa ainda provar todas as relações diretas de certos alimentos com as doenças que nos afetam, podemos no entanto concluir, que ao desequilibrarmos nossa alimentação estamos infligindo aos nossos organismos fatores de possíveis transformações para os quais não estamos geneticamente preparados.
Os três principais tipos de problemas (na vida humana). Quanto à extensão e dificuldade de compreendermos este problema, vejam amigos leitores em que tipo de problema (segundo classificação de certo autor) este tema “alimentação e doenças” poderia se encaixar: são três os tipos de problemas que nos afligem 1) problema simples, como por exemplo fazer um bolo (basta seguir a receita); 2) problema complicado, como viajar à lua (dependerá de muita tecnologia); e 3) problema complexo, como por exemplo, educar os filhos (“cada um com seu cada qual”; gostam de dizer os baianos).
E devido a tal complexidade, talvez venha depois um quarto capítulo com este tema, nesta série!
Este brevíssimo ensaio tem por finalidade principal, apenas, chamar a atenção dos leitores sobre uma observação feita pelo Dr. David Servan-Schreiber, em seu livro: “Anticâncer: prevenir e vencer usando nossas defesas naturais” (2009). 2ª. Ed. Rio de Janeiro, Fontanar/Edit. Objetiva, 312p.; adquirido por indicação da competente profissional dos livros, a amiga Julyana Lisboa da Livraria Saraiva, JP/PB; preço: R$39,90, em 18/08/2011). Valeu o investimento!
Meio ambiente e adaptações. O autor faz a seguinte observação (p. 85): “Nossos genes se constituíram há muitas centenas de milhares de anos, na época em que éramos caçadores e colhedores. Eles se adaptaram ao meio ambiente de nossos ancestrais, e especialmente às suas fontes de alimentos. Só que nossos genes evoluíram muito pouco. Hoje, como ontem, nossa fisiologia espera uma alimentação semelhante à que tínhamos quando comíamos os produtos da caça e da colheita: muitos legumes e frutas, de tempos em tempos algumas carnes ou ovos de animais selvagens, um equilíbrio perfeito entre os ácidos graxos essenciais (ômega-6 e ômega-3) e muito pouco açúcar e farinha nenhuma (a única fonte de açúcar refinado para os nossos ancestrais era o mel, sendo que eles não consumiam cereais)”.
O primeiro ser humano, a revolução agrícola e os novos alimentos. Algo “muito importante” é apontado como de consequências imprevisíveis, pelo autor: hoje, 56 por cento de nossas calorias provêm de três fontes que NÃO EXISTIAM quando nossos genes se desenvolveram: açúcares refinados (cana-de-açúcar, beterraba, xarope de milho, de frutose etc.), farinhas brancas (de trigo principalmente) e óleos vegetais (soja, girassol, milho e agora a já famigerada gordura trans). Todos de aparecimento muito recente [Nota: presume-se que a revolução agrícola tenha ocorrido há uns 10 mil anos; e um dos primeiros seres humanos, o Homo ergaster (erectus) já existia há cerca de 1 milhão de anos; ver Richard Dawkins, “A grande história da evolução”, 2009, São Paulo, Cia. das Letras, 759p. Preço: R$67,00].
Mostra o Dr. David Servan-Schreiber, citando muitos resultados de pesquisa, as relações entre esses novos alimentos e vários problemas de saúde humana, como por exemplo: 1) epidemia de câncer no mundo ocidental: pesquisa publicada em “Science” revelou que o risco de mulheres portadoras de genes de risco BRCA-1 e BRCA-2 [“breast cancer” = câncer de mama; genes supressores de tumores de mama e ovário] desenvolverem câncer de mama quase triplicou entre aquelas com menos de 50 anos após a segunda guerra mundial, quando comparadas a mulheres nascidas antes da guerra; 2) a OMS tornou público na revista “Lancet”, em 2004, que o câncer em crianças e adolescentes é um dos que registraram o aumento mais elevado desde 1970; 3) ocorrência de picos de insulina (por ingestão excessiva de açúcar) e de IGF [do inglês: “insulin-like growth factor”, uma proteína que estimula crescimento de células cancerosas e sua capacidade de invadir tecidos vizinhos], em decorrência de ingestão exagerada de açúcares e farinhas brancas; 4) o desequilíbrio da nossa alimentação na ingestão de ômega-6 (ácido graxo responsável pela estocagem de células adiposas, promovendo rigidez das células, coagulação e respostas inflamatórias às agressões externas) e ômega-3 (que atua na constituição do sistema nervoso e tem ação contrária: torna as membranas celulares mais flexíveis, acalmando as reações inflamatórias); 5) os riscos dos alimentos industrializados: dentre os muitos listados, apenas destaques para o surgimento das gorduras trans, dos óleos vegetais hidrogenados e da margarina, substituindo a manteiga em inúmeros alimentos, como biscoitos, pizzas prontas, batatinhas, pipoca (preparo em micro-ondas)... feita com óleos de girassol que contém 70 vezes mais ômega-6 do que ômega-3 ou de soja, com sete vezes mais ou de canola, com três vezes mais; 6) por último (talvez o perigo maior, afirmo eu) a contaminação dos alimentos por produtos químicos tóxicos (provenham eles de agrotóxicos ou defensivos agrícolas, ou de poluentes os mais diversos); isso sem contar os milhares de componentes de objetos aparentemente inofensivos à saúde (plásticos, detergentes, desinfetantes, cosméticos, etc. etc. ...) e os aditivos alimentares ─ corantes, aromatizantes, conservantes, antioxidantes, estabilizantes, acidulantes...
Meio ambiente e doenças. A ligação com a questão da qualidade ambiental começa com as alterações que causamos à cadeia alimentar, cuja causa principal é inicialmente o aumento da demanda por alimento, principalmente laticínios e carne bovina (devido ao crescimento populacional humano, no pós-guerra) seguido pela modernidade (alimentos industrializados são de uso prático). Com isso, mostra o autor que até as vacas e as galinhas foram obrigadas a consumir “junk food”; isso mesmo! Vacas e galinhas foram obrigadas a consumir alimentos desequilibrados nas proporções naturais de ômega-6 (em excesso) e ômega-3 (reduzido). Uma “necessidade”, quando passaram da criação de soltas no pasto, para confinadas; ou seja, as pastagens naturais e forragens foram substituídas por milho, soja, trigo... em rações.
Geografia do câncer. O Brasil é citado pelo autor a partir da observação no item “Desintoxicar a Alimentação” (p. 101) de uma pesquisadora: “... veja o caso muito curioso do Brasil, cujo nível de desenvolvimento ainda é baixo, mas cuja taxa de câncer de mama é equivalente à dos países ocidentais mais industrializados. Muitos de nós se perguntam se esse fenômeno não se deve ao consumo muito elevado de carne ─ aproximadamente três vezes por dia” ... Os cânceres de seio, próstata e cólon são típicos de países industrializados (nove vezes mais nos Estados Unidos e Europa do que na China, Laos e Coreia; e quatro vezes mais do que no Japão). No entanto, procede (e muito!) a observação de um oncologista (p. 80): é preciso não se deixar enganar pelos alarmistas; ao contrário, é necessário intensificar a pesquisa nos dois mananciais da oncologia moderna: diagnóstico precoce e tratamento do câncer. Embora não se possa ainda provar todas as relações diretas de certos alimentos com as doenças que nos afetam, podemos no entanto concluir, que ao desequilibrarmos nossa alimentação estamos infligindo aos nossos organismos fatores de possíveis transformações para os quais não estamos geneticamente preparados.
Os três principais tipos de problemas (na vida humana). Quanto à extensão e dificuldade de compreendermos este problema, vejam amigos leitores em que tipo de problema (segundo classificação de certo autor) este tema “alimentação e doenças” poderia se encaixar: são três os tipos de problemas que nos afligem 1) problema simples, como por exemplo fazer um bolo (basta seguir a receita); 2) problema complicado, como viajar à lua (dependerá de muita tecnologia); e 3) problema complexo, como por exemplo, educar os filhos (“cada um com seu cada qual”; gostam de dizer os baianos).
E devido a tal complexidade, talvez venha depois um quarto capítulo com este tema, nesta série!
25 de set. de 2011
APRENDENDO COM A NATUREZA – Capítulo II
BRASIL: UMA HISTÓRIA (E MUITAS ESTÓRIAS). Entre parênteses um subtítulo plausível para esta obra de leitura enriquecedora e agradável, de Eduardo Bueno (publicada em 2010 pela “Texto Editores Ltda., São Paulo, 480 p., ilustrações em cores”; e que comprei em 16/nov/2010 por R$62,91) (embora já tenha adquirido livros técnicos na Amazon, EUA, por preços “mais em conta”, este valeu o investimento e o incentivo à produção cultural brasileira).
Ciclo da borracha. Reporto-me ao Capítulo 15, Brasil Amazônico, desse livro, sendo fiel ao propósito maior deste blog: a Natureza e relações antrópicas; e desta feita um “misto quente: história com meio ambiente”. Faço comentários especificamente do tema “Ciclo da Borracha”, em que Eduardo Bueno começa citando Charles Marie de La Condamine, relatando a entrada oficial da borracha no mundo da ciência, em 1743, com as seguintes palavras (p. 176): “A resina chamada cautchu nas terras da província de Quito, vizinhas ao mar, é também muito comum nas margens do Marañon e se presta para os mesmos usos. Quando fresca, pode ser moldada na forma desejada. É impermeável à chuva, mas o que a torna mais notável é sua grande elasticidade. Fazem-se garrafas que não são frágeis, botas, bolas ocas, que se achatam quando apertadas, mas retornam à forma original quando cessa a pressão”. Eduardo Bueno complementa, entre várias outras informações sobre a borracha: “Em poucos anos se tornaria o produto vegetal mais importante e mais cobiçado do planeta, provocando o boom econômico que faria Manaus se transformar, quase que da noite para o dia, de aldeia indígena em capital industrial e recolocando (depois do açúcar e antes do café) o Brasil no mapa econômico mundial”. Esse produto fabuloso, o cao o’chu (árvore que chora), depois batizado de látex, provocou muitas modificações nos usos e costumes da humanidade, tendo participado decisivamente do progresso mundial (depois da invenção dos motores à explosão), pois os pneus dos veículos automotores eram fabricados com o látex da seringueira (Hevea brasiliensis).
Participaram dessa arrancada (BUENO, 2010; p. 177) nomes hoje conhecidos como “marcas comerciais”, como os de Charles Goodyear (em 1839 criou a vulcanização, adicionando enxofre à borracha quente), John Dunlop (em 1888, com o pneu de bicicleta), Karl Benz (que em torno de 1885 criara o automóvel movido a gasolina e que ganharia em seguida, pneus de borracha) ...
O apogeu da borracha brasileira. O apogeu da borracha ocorreu entre 1879 e 1912. Em 1880 (continua BUENO, 2010, em sua narrativa), Manaus, com 50 mil habitantes, exportou 12 mil toneladas de borracha para a Europa. A seca no nordeste, de 1877-79 provocara a migração, principalmente de cearenses, para a Amazônia, fazendo com que esses novos seringueiros extraíssem látex de 8 milhões de árvores espalhadas por 3 milhões de quilômetros quadrados (imensa área, considerando-se que naquela época a seringueira existia com certa exclusividade na bacia hidrográfica do rio Amazonas). Mesmo com a taxa de mortalidade “nas alturas”, devido à malária e febre amarela, mas cada seringueiro ganhando da Ford U$5 por hora de trabalho, os seringueiros levaram suas esposas, filhos, tios, tias, sobrinhos... amontoando-se em barracos de caixa de madeira e lona e mesmo sob calor e chuva “iam levando”... até que começa a ocorrer:
A derrocada. Destaco inicialmente o que afirma BUENO (2010; p. 177): “Embora a produção de borracha brasileira viesse a ganhar sobrevida com a eclosão da II Guerra Mundial, a exploração incompetente, cruel e irracional deste extraordinário recurso vegetal acabaria transformando aquele ciclo econômico numa espécie de ópera-bufa”. Esta não me parece ser uma explicação plausível. Vejamos a seguir.
E agora duas “estórias” sobre o declínio dos nossos seringais. Primeiramente uma possível “estória pra boi dormir”: ... que os exageros dos barões da borracha, de Manaus, conduziram à falência desse item ímpar, de exportação; depois outra, pior ainda: que os seringueiros “torravam seus ganhos na bebida” e se descuidaram da produção.
E agora, não uma “estória”, mas uma história verossímil: o fungo Microcyclus ulei, causador do mal-das-folhas da seringueira (Hevea brasiliensis), é o maior responsável pelo insucesso da heveicultura nas áreas tradicionais de cultivo no Brasil. Isso já me explicava Dr. Paulo Alvim (fitofisiólogo principal da OEA e diretor científico do CEPEC – Centro de Pesquisas do Cacau, Ilhéus-Itabuna, BA), no início da década de 1970: um minúsculo fungo destruiu um projeto econômico de grandes proporções e até um sonho norte-americano, a Fordlândia, uma cidade construída com milhões de dólares em plena selva amazônica, visando explorar borracha para a fabricação de pneus para os carros fabricados pelo maior magnata do mundo, Henry Ford; e que entre 1927 e 1945 tal cidade viveu momentos de glória no estilo norte-americano. Daí veio o fungo, que encontrou condições ideais à sua proliferação, ou seja, cultivos homogêneos da seringueira sem possíveis “inimigos naturais”, num ecossistema onde o equilíbrio natural dinâmico (ou homeostase) foi rompido “sem nenhuma precaução”, transformando tal sonho em pesadelo irreversível.
Em 1876 o inglês Henry Wickham levara milhares de mudas da seringueira para a Inglaterra, com a intenção de plantá-las depois na Malásia, que após mais ou menos 30 anos se tornou o maior produtor mundial do látex (hoje, Indonésia e Tailândia são dois outros grandes produtores). Já em 1913 as seringueiras malaias produziram 47 mil toneladas de látex, contra 37 mil toneladas no Brasil.
Espero que tudo isso nos sirva de lição para todas as gerações subsequentes. Muito cuidado com os cultivos homogêneos! Aprender com a Natureza é privilégio dos racionais! (será?!).
Ao Eduardo Bueno (que duvido que leia este “bloguinho”) uma sugestão para inserir a presente historieta da derrocada da seringueira (recontada aqui por mim) ao “Ciclo da Borracha”.
Ciclo da borracha. Reporto-me ao Capítulo 15, Brasil Amazônico, desse livro, sendo fiel ao propósito maior deste blog: a Natureza e relações antrópicas; e desta feita um “misto quente: história com meio ambiente”. Faço comentários especificamente do tema “Ciclo da Borracha”, em que Eduardo Bueno começa citando Charles Marie de La Condamine, relatando a entrada oficial da borracha no mundo da ciência, em 1743, com as seguintes palavras (p. 176): “A resina chamada cautchu nas terras da província de Quito, vizinhas ao mar, é também muito comum nas margens do Marañon e se presta para os mesmos usos. Quando fresca, pode ser moldada na forma desejada. É impermeável à chuva, mas o que a torna mais notável é sua grande elasticidade. Fazem-se garrafas que não são frágeis, botas, bolas ocas, que se achatam quando apertadas, mas retornam à forma original quando cessa a pressão”. Eduardo Bueno complementa, entre várias outras informações sobre a borracha: “Em poucos anos se tornaria o produto vegetal mais importante e mais cobiçado do planeta, provocando o boom econômico que faria Manaus se transformar, quase que da noite para o dia, de aldeia indígena em capital industrial e recolocando (depois do açúcar e antes do café) o Brasil no mapa econômico mundial”. Esse produto fabuloso, o cao o’chu (árvore que chora), depois batizado de látex, provocou muitas modificações nos usos e costumes da humanidade, tendo participado decisivamente do progresso mundial (depois da invenção dos motores à explosão), pois os pneus dos veículos automotores eram fabricados com o látex da seringueira (Hevea brasiliensis).
Participaram dessa arrancada (BUENO, 2010; p. 177) nomes hoje conhecidos como “marcas comerciais”, como os de Charles Goodyear (em 1839 criou a vulcanização, adicionando enxofre à borracha quente), John Dunlop (em 1888, com o pneu de bicicleta), Karl Benz (que em torno de 1885 criara o automóvel movido a gasolina e que ganharia em seguida, pneus de borracha) ...
O apogeu da borracha brasileira. O apogeu da borracha ocorreu entre 1879 e 1912. Em 1880 (continua BUENO, 2010, em sua narrativa), Manaus, com 50 mil habitantes, exportou 12 mil toneladas de borracha para a Europa. A seca no nordeste, de 1877-79 provocara a migração, principalmente de cearenses, para a Amazônia, fazendo com que esses novos seringueiros extraíssem látex de 8 milhões de árvores espalhadas por 3 milhões de quilômetros quadrados (imensa área, considerando-se que naquela época a seringueira existia com certa exclusividade na bacia hidrográfica do rio Amazonas). Mesmo com a taxa de mortalidade “nas alturas”, devido à malária e febre amarela, mas cada seringueiro ganhando da Ford U$5 por hora de trabalho, os seringueiros levaram suas esposas, filhos, tios, tias, sobrinhos... amontoando-se em barracos de caixa de madeira e lona e mesmo sob calor e chuva “iam levando”... até que começa a ocorrer:
A derrocada. Destaco inicialmente o que afirma BUENO (2010; p. 177): “Embora a produção de borracha brasileira viesse a ganhar sobrevida com a eclosão da II Guerra Mundial, a exploração incompetente, cruel e irracional deste extraordinário recurso vegetal acabaria transformando aquele ciclo econômico numa espécie de ópera-bufa”. Esta não me parece ser uma explicação plausível. Vejamos a seguir.
E agora duas “estórias” sobre o declínio dos nossos seringais. Primeiramente uma possível “estória pra boi dormir”: ... que os exageros dos barões da borracha, de Manaus, conduziram à falência desse item ímpar, de exportação; depois outra, pior ainda: que os seringueiros “torravam seus ganhos na bebida” e se descuidaram da produção.
E agora, não uma “estória”, mas uma história verossímil: o fungo Microcyclus ulei, causador do mal-das-folhas da seringueira (Hevea brasiliensis), é o maior responsável pelo insucesso da heveicultura nas áreas tradicionais de cultivo no Brasil. Isso já me explicava Dr. Paulo Alvim (fitofisiólogo principal da OEA e diretor científico do CEPEC – Centro de Pesquisas do Cacau, Ilhéus-Itabuna, BA), no início da década de 1970: um minúsculo fungo destruiu um projeto econômico de grandes proporções e até um sonho norte-americano, a Fordlândia, uma cidade construída com milhões de dólares em plena selva amazônica, visando explorar borracha para a fabricação de pneus para os carros fabricados pelo maior magnata do mundo, Henry Ford; e que entre 1927 e 1945 tal cidade viveu momentos de glória no estilo norte-americano. Daí veio o fungo, que encontrou condições ideais à sua proliferação, ou seja, cultivos homogêneos da seringueira sem possíveis “inimigos naturais”, num ecossistema onde o equilíbrio natural dinâmico (ou homeostase) foi rompido “sem nenhuma precaução”, transformando tal sonho em pesadelo irreversível.
Em 1876 o inglês Henry Wickham levara milhares de mudas da seringueira para a Inglaterra, com a intenção de plantá-las depois na Malásia, que após mais ou menos 30 anos se tornou o maior produtor mundial do látex (hoje, Indonésia e Tailândia são dois outros grandes produtores). Já em 1913 as seringueiras malaias produziram 47 mil toneladas de látex, contra 37 mil toneladas no Brasil.
Espero que tudo isso nos sirva de lição para todas as gerações subsequentes. Muito cuidado com os cultivos homogêneos! Aprender com a Natureza é privilégio dos racionais! (será?!).
Ao Eduardo Bueno (que duvido que leia este “bloguinho”) uma sugestão para inserir a presente historieta da derrocada da seringueira (recontada aqui por mim) ao “Ciclo da Borracha”.
24 de set. de 2011
APRENDENDO COM A NATUREZA – Capítulo I
Na verdade, este não deveria ser o primeiro capítulo de um título como esse, acima; pelo menos no que diz respeito ao que venho mostrando a certo tempo, que deveríamos ser mais atentos ao que a Natureza nos ensina. O primeiro dessa série eu diria que foi a divulgação que fiz de fotos e vídeos sobre a falésia do Cabo Branco, em que há evidências de recomposição protetora na base da barreira contra as ações das marés, graças à acumulação de areia, sustentada por rochas e posterior revegetação natural sobre ela (ver postagens anteriores).
Agora chamo a atenção dos leitores (e quem sabe, também, das autoridades da Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de João Pessoa), para a situação ilustrada nas fotos anexadas nesta postagem. Na sequência de fotos vemos um funcionário, o bravo Josinaldo, em sua varrição diuturna da calçada da praia de Tambaú, no trecho próximo à estátua do Almirante Tamandaré. “Todo dia é essa penitência. E nestes meses de agosto e setembro (meses dos ventos, aqui em João Pessoa), ainda é pouco”!!! Confessa o dedicado trabalhador da varrição. Em outra foto é visto um dos bares situados nesse trecho, onde não há cobertura vegetal e que, segundo o Josinaldo, o proprietário e clientes sofrem com a areia deslocada facilmente pelos ventos. Na terceira foto, obtida de área ao lado, um trecho com abundante cobertura vegetal, com a placa avisando que é Área de Preservação, percebendo-se que nenhum problema ali ocorre com deslocamento de areia.
Obtive mais uma foto, desta feita na praia do Cabo Branco, um pouco mais adiante no sentido sul, em que, apesar da cobertura vegetal não ser densa como na Área de Preservação, é eficiente na retenção da areia. Chamo a atenção dos leitores (e quiçá das autoridades) que para aquele trecho da praia de Tambaú onde o Josinaldo labuta incessantemente para retirar a areia da calçada, é possível reconstituir a cobertura vegetal, sem impedir a passagem dos banhistas. É só uma questão de implantar cobertura vegetal adequada e traçar caminhos (oblíquos à direção predominante dos ventos) para permitir passagem de pessoas. Tudo em observância ao que a Natureza nos mostra.
Ah como seria bom se aprendêssemos!!!
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