Vamos dar início a uma série de ilustrações, com vídeos curtos, sobre algumas características relevantes de nossos ecossistemas. Focalizaremos inicialmente, a Mata Atlântica e suas características de adaptação ao fator radiação solar, ou energia.
Este ecossistema, também denominado de floresta latifoliada tropical úmida da encosta, estendia-se quase ininterruptamente do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul; estimando-se hoje que exista apenas 5% da mata original. Ela é tão rica em espécies vegetais e tão densa quanto a floresta amazônica, embora suas árvores pareçam ser um pouco mais baixas. O solo é mineralogicamente pobre (latossolo). Destacaremos algumas características de adaptação das plantas ao ambiente tropical: com valores elevados de pluviosidade (e umidade), luminosidade e temperatura.
Características gerais, de destaque, da Mata Atlântica:
a) Estratificação típica dos ecossistemas tropicais de floresta, com predominância do estrato arbóreo; grande densidade de plantas.
b) A competição pela luz força as árvores a um crescimento para o alto, muito acentuado, quase sem ramificações; e como consequência, grande parte das árvores, cujas copas recebem luz solar direta, tem folhas pequenas; as plantas do estrato arbustivo têm por vezes folhas grandes; algumas têm folhas pontiagudas que facilitam o escorrimento da água da chuva; a concentração de clorofila nas plantas de sombra, comunicando coloração verde intenso às folhas, é frequentemente observada.
c) Existência de epífitas (bromélias e trepadeiras).
d) Umidade e temperatura do ar elevadas; radiação solar quase não atingindo o solo, onde as variações de temperatura são muito pequenas.
e) Grande diversidade de espécies vegetais, em contraste com as florestas homogêneas da Europa e da América do Norte. Numa reserva biológica no Espírito Santo foram registradas 476 espécies de árvores num hectare. Um recorde mundial.
f) Espesso manto de matéria orgânica morta no solo (necromassa), formado por, pelo menos, três camadas distintas (horizonte 01 = partes de plantas recém caídas; 02 = detritos orgânicos em decomposição e A1 = início do horizonte mineral contendo matéria orgânica já decomposta ou húmus).
g) As raízes se ramificam e formam densa rede de “aprisionamento” da matéria orgânica em decomposição na superfície do solo; muitas plantas interagem com fungos endomicorrízicos que infectam essas raízes, absorvendo os nutrientes e transportando-os para o interior das raízes, antes que sejam lixiviados (carregados) pela chuva.
h) O fato de que as raízes são superficiais, mesmo as secundárias grossas, poderia comprometer a sustentação das árvores, porém observe-se que pela própria densidade de vegetação, as árvores se tocam pelas copas e assim se sustentam; além disso, muitas árvores formam raízes tabulares que auxiliam na sustentação e também atuam na respiração, pois no solo há forte competição por oxigênio com os microrganismos. Estes aspectos evidenciam a necessidade de se manter a mata com sua densidade original.
i) O solo é ácido (pH 4 a 5); isto demonstra a baixa adequação do solo para grande parte dos cultivos.
j) Diversidade animal elevada; muitos animais (macacos e aves) vivem no estrato arbóreo, protegendo-se dos seus inimigos naturais e alimentando-se das frutas; a mata atlântica é muito rica em borboletas; no solo vivem vários roedores e outros mamíferos.
k) É fácil concluir que sobre solos pobres, sujeitos à lavagem pela chuva, a mata deve ser preservada, pois representa a melhor maneira que a Natureza encontrou, após milhares de anos de evolução, para manter-se bem adaptada e com alta produtividade e eficiência ecológica; nela é evidente a importância do fluxo energético e da biogeociclagem.
Vejamos o vídeo, de curta duração, ilustrando alguns dos aspectos destacados acima, sobre o fator ecológico radiação solar.
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