Uma nova análise publicada recentemente no periódico Science revela que as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) provenientes do
desmatamento tropical são menores do que se pensava. De acordo com
o estudo, essas emissões representam cerca de 10% da liberação total
de carbono, e não entre 20% e 30% como afirmavam pesquisas
anteriores. Os resultados do trabalho, financiado pelo Banco Mundial e desenvolvido pela Winrock International, Applied GeoSolutions, Laboratório de Propulsão a Jato da NASA e Universidade da Califórnia, mostram uma
estimativa média de emissões brutas de 0,81 bilhões de toneladas
métricas de carbono por ano, com um intervalo entre 0,57 e 1,22
bilhões de toneladas métricas entre 2000 e 2005, o que equivale a entre 7% e 14%% das emissões mundiais. Já a maioria das análises anteriores se fundamentava nos dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que calculam as emissões líquidas de mudança no uso da terra tropical entre 0,6 e 1,6 bilhões de toneladas métricas, o equivalente a cerca de 20% das emissões de GEEs da atividade humana com base em informações da década de 1990.
A grande diferença do método do novo trabalho e do da FAO é que o primeiro leva em consideração o desmatamento bruto, enquanto o outro considera o desmatamento líquido, que inclui já reflorestamentos. Isso pode parecer uma vantagem, mas um dos problemas com a metodologia da FAO é que ela inclui plantações
industriais de árvores (monoculturas) como florestas, e não inclui a derrubada de árvores para lenha como desmatamento, considerando essa prática como “áreas temporariamente sem estoque”.
Uma das principais descobertas do trabalho é que florestas tropicais úmidas emitem muito mais carbono do que outros tipos de vegetação. Para se ter uma ideia, dois países com florestas tropicais úmidas, o Brasil e a Indonésia, foram responsáveis por 55% das emissões totais do desmatamento tropical.
No entanto, eles enfatizaram que, apesar de as emissões do desmatamento serem menores do que o esperado e seus valores continuarem a cair percentualmente devido ao aumento das emissões de outros setores, a derrubada de árvores ainda é grande, e deve ser controlada. “A contribuição relativa do desmatamento para as emissões totais de gases do efeito estufa provavelmente continuará a decair ao longo do tempo já que as emissões de outros setores aumentam, mas a perda de milhões de hectares de floresta por ano continua considerável”, alertou Alexander Lotsch, do Banco Mundial.
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