[Reproduzido de "O ESTADÃO" - Herton Escobar / O Estado de S. Paulo]
A já esplêndida biodiversidade da Mata Atlântica ficou um pouco mais rica e colorida nesta semana, com a adição de uma nova espécie de anfíbio à sua lista de chamada: um minúsculo sapinho laranja, menor do que uma moeda de 10 centavos, que vive nas montanhas da Serra do Mar e foi batizado pelos cientistas de Brachycephalus crispus.
O nome do gênero, Brachycephalus (pronunciado braquicéfalus), significa “cabeça pequena”; enquanto que o nome da espécie, crispus, faz referência à pele rugosa do dorso do sapinho (que durante as pesquisas de campo, antes do batismo científico oficial, lhe rendeu também o carinhoso apelido de “pururuca”).
A espécie foi descoberta por biólogos do laboratório de herpetologia da Unesp Rio Claro em outubro de 2011, nas montanhas florestadas do núcleo Cunha do Parque Estadual da Serra do Mar (PESM), 920 metros acima do nível do mar, próximo à divisa de São Paulo e Rio de Janeiro. O bichinho é abundante na região, porém discreto, vivendo em meio ao folhiço do chão da mata.
O trabalho oficial de descrição da espécie foi publicado online esta semana pela revistaHerpetologica: http://migre.me/hYtH3. A autora principal é a bióloga Thais Condez, da Unesp Rio Claro, aluna do professor Celio Haddad, referência no estudo de anfíbios no Brasil.
A reportagem do Estado acompanhou, em 2012, uma das expedições de campo de Thais ao núcleo Cunha, em que vários exemplares da nova espécie (então conhecida apenas como “pururuca”) foram coletados. Para ler a reportagem completa, clique aqui: http://blogs.estadao.com.br/herton-escobar/reportagem-especial-sapos-miniatura/
Ameaças. Infelizmente, o anúncio de batismo do B. crispus aparece na sequência de algumas más notícias. A mais recente deles, relatada na semana passada pela Agência Fapesp, é que a biodiversidade de anfíbios da Mata Atlântica poderá ser seriamente afetada pelas mudanças climáticas. “As projeções que realizamos indicam que, em razão das mudanças nas condições climáticas que devem ocorrer na Mata Atlântica nas próximas décadas, a maioria das unidades de conservação do bioma perderá e poucas ganharão espécies de anfíbios”, disse Rafael Loyola, coordenador do Laboratório de Biogeografia da Conservação da UFG, em um evento organizado pelo programa Biota Fapesp. Para ler a reportagem completa, clique aqui: http://agencia.fapesp.br/18627
Outra má notícia refere-se ao preocupante estado de abandono de muitas das unidades de conservação do Estado de São Paulo — incluindo o PESM e outras áreas protegidas da Mata Atlântica, onde vivem muitos desses anfíbio e uma infinidade de outras espécies –, conforme retratado por uma reportagem especial do jornal Estado em agosto do ano passado: http://migre.me/hYuhW
Agora que o Brachycephalus crispus entrou finalmente para a lista das espécies conhecidas, espera-se que ele não entre tão cedo para a lista de espécies ameaçadas da floresta. Que a vida dele valha mais do que uma moeda de 10 centavos. Imagine só!
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