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22 de jun. de 2016

BRASIL: PAÍS COM MAIOR NÚMERO DE ASSASSINATOS NO CAMPO


Em 2015, o Brasil foi o país com mais assassinatos de militantes ambientais, principalmente na Amazônia. Escalada de violência no campo marcou a semana passada com mortes no Mato Grosso do Sul e no Pará e ameaças aos Ka’apor no Maranhão.

Reproduzido de
http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Brasil-campeao-dos-conflitos-no-campo/

A cada dois dias, um ativista ambiental e defensor da terra é assassinado no mundo e, não surpreendentemente, o Brasil é o campeão desta estatística: 50 dos 185 assassinatos que aconteceram em 2015 se passaram no país. Segundo a organização Global Witness, disputas envolvendo o avanço de projetos de mineração, expansão do agronegócio e a construção de novas usinas hidrelétricas foram as principais causas das mortes. Não por acaso, são três frentes tidas como prioritárias para uma suposta agenda de desenvolvimento do governo brasileiro e que têm avançado com violações aos direitos humanos, além de mortes e insegurança para povos indígenas e aqueles que lutam para proteger o meio ambiente.

Foto acima:  Madeiras encontradas no limite norte da Floresta Nacional de Itaituba 2 e da aldeia indígena Sawré Muybu são indícios da extração ilegal na região. O local fica nas proximidades do Rio Jamanxim, principal afluente do Rio Tapajós, no município de Itaituba (PA) [(©Rogério Assis/Greenpeace)]

“Vivemos uma escalada da violência no campo e se o governo não implementar medidas como a criação de Áreas Protegidas e seguir enfraquecendo direitos indígenas e de populações tradicionais em nome apenas dos interesses econômicos, não há dúvida de que teremos mais vítimas”, afirma Márcio Astrini, coordenador de políticas públicas do Greenpeace Brasil. “Além dos crimes, há também o fator da impunidade. Os verdadeiros mandantes destes e de muitos outros assassinatos continuam livres e impunes. Isso funciona como um incentivo para que o Brasil siga como o país que mais derrama sangue devido a conflitos no campo”, completa Astrini.

A semana passada foi marcada por confrontos e mortes em três Estados brasileiros. No Pará, o sargento João Luiz de Maria Pereira foi assassinado durante operação de combate ao desmatamento ilegal na Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim, em Novo Progresso. Já no Mato Grosso do Sul, um indígena Guarani-Kaiowá foi morto a tiros devido a um ataque de 70 fazendeiros na Fazenda Yvu, vizinha à reserva Tey'i Kue, no município de Caarapó. Outros seis indígenas foram hospitalizados com ferimentos de arma de fogo, inclusive uma criança de 12 anos.

E, no Maranhão, o povo Ka’apor da região da Terra Indígena Alto Turiaçú vive dias de tensão. Para impedir a invasão da área e a destruição da floresta, os indígenas realizam atividades de monitoramento e proteção do território de forma autônoma, o que tem incomodado fazendeiros e madeireiros. Segundo informações de organizações que apoiam a luta dos Ka’apor, esses planejavam atacar aldeias e não havia nenhuma providência sendo tomada pelos órgãos responsáveis pela segurança dos indígenas e do território.

Há uma semana, a equipe do Greenpeace realizou um sobrevôo na região da Terra Indígena Sawre Maybu e sobre as Flonas Jamanxim e Itaituba I e II e constatou que as atividades ilegais de exploração de madeira e de mineração seguiam no local.

“Dos 50 assassinatos registrados, 47 ocorreram na Amazônia, local onde a ilegalidade impera. Isso mostra que a falta de governança na região vitima, ao mesmo tempo, a floresta, seus povos e defensores”, afirma Astrini. “Mas o problema não está apenas nas áreas de conflito. Os ataques aos direitos indígenas, as tentativas constantes de enfraquecimento da legislação ambiental e propostas de retrocesso no licenciamento, tramadas hoje no Congresso, são exemplos de ações que nascem nos gabinetes refrigerados de alguns políticos e que alimentam diretamente esse triste quadro de violência no campo, formando um cenário sombrio para o futuro”, conclui Astrini.

21 de jun. de 2016

A ESTAÇÃO CIÊNCIA E A PROBLEMÁTICA DA PRESERVAÇÃO DA FALÉSIA DO CABO BRANCO. OU SERIA A PRESERVAÇÃO DE AMBAS???





Quem sou eu para não apoiar uma iniciativa pró-ciência?! Na juventude, eu procurava conhecer tudo sobre ciência que me chegasse ao alcance dos olhos e ouvidos (filmes e notícias de rádio e um pouquinho mais tarde, pela TV) e ao alcance do bolso (até em Seleções do Reader’s Digest!); e algumas vezes filava leituras nas revistas americanas Times e Newsweek. Optei na graduação e pós-graduação em buscar conhecimentos em ecologia. O governo brasileiro, mais precisamente, o povo brasileiro, investiu muito recurso na minha formação científica, feita no sul do Brasil e no exterior. Ciência, tornou-se a essência da minha atividade profissional. Somente no doutorado, já com 35 anos de idade, pude conhecer um local onde se vê, se sente, se vive um ambiente científico, disponível à visitação pública (um sonho em minha juventude!); foi nos Museu Britânico e Museu de História Natural, ambos em Londres.
Sempre tive a consciência de que era meu dever proporcionar retôrno à sociedade; pesquisando sobre nossos ambientes, ensinando e participando da formação de bons profissionais e, desejavelmente, participando de ações em questões ambientais relevantes. Mas, entre o que deveria ser feito e o que é realizado de fato, existe o nó górdio: governantes e políticos. Os desencontros foram tantos, que desisti de continuar realizando estudos de impactos ambientais, onde no final, eu somente servia para legitimar as ações desejadas pelos empreendedores! Muitas delas maléficas à Natureza. Mas sempre continuei à disposição para discutir ações que governos intencionassem perpetrar. Aliás, é um direito de qualquer cidadão participar de discussões sobre projetos em sua cidade.
Disso tudo, tiro algumas conclusões práticas sobre a implantação e construção de uma Estação Ciência, aqui em João Pessoa. LOUVÁVEL a iniciativa de uma obra desse porte. REPROVÁVEL o local específico escolhido para sua construção. Não me compete discutir aspectos relativos à prioridade (ou não) de cunho sócio-econômico, custo-benefício e outros...Nem tampouco sobre a exposição do equipamento ali instalado aos efeitos dos aerossóis marinhos (os borrifos, a maresia), pela grande proximidade à linha costeira e ausência de vegetação protetora (a restinga). A falésia do Cabo Branco, da formação Barreiras (costeira, terciária), de arenitos friáveis, caracteriza-se como área que, num critério ecológico passível de interferência humana receberia um sinal “vermelho”: nenhuma interferência humana deve aí ocorrer. Até algumas dezenas de metros adentrando o continente, o sinal seria “amarelo”: não é aconselhável interferência. Somente após os 100 m surgiria o sinal “verde”: apropriado a alguns tipos de interferência. O local onde foi construída a Estação Ciência situa-se na interface “vermelho-amarelo”, local este que encanta governantes e atrai turistas. Este último, infelizmente, critério prioritário de julgamento. Acrescentem-se nas interferências, as vias de acesso e o movimento para ali atraído. Alguns efeitos negativos: trepidação, aumento de fluxo de água pluvial e sua condução nem sempre perfeita, subtração de vegetação natural (redutora de impactos e fixadora do solo).
Há mais de duas décadas que observo e fotografo a falésia do Cabo Branco, que dizem estar sendo destruída peolo avanço do mar. Ledo engano! Há sinais de que a destruição vem ocorrendo de cima p’ra baixo! No sopé da barreira, atingida pelo mar, a Natureza se recompõe. Se dermos “uma mãozinha” a esse fenômeno natural, a falésia será preservada. Mas no topo dela, o homem vem comprometendo sua sustentação. As fotos acima ilustram os fatos: todas as fotos mostram que no sopé da barreira, a existência de rochas e ajuntamento de areia proporcionaram um ambiente propício ao aparecimento de vegetação natural, resistindo à ação do mar; a deposição de areia resulta do desmoronamento no topo da barreira (onde passa uma via asfaltada com trânsito de veículos); a foto inferior foi tirada exatamente na altura da localização do farol, onde os turistas param para observar a paisagem. São fatos ou serão só argumentos?!
De qualquer forma, é uma lástima que no nosso meio, iniciativa tão relevante não seja precedida por discussão de mesmo porte!!!

15 de jun. de 2016

PÁSSARO DE OLHOS AZUIS, REDESCOBERTO EM CERRADO DE MINAS GERAIS

Há 75 anos, a ave não era avistada na natureza. Desde 1941, a Columbina cyanopis, ou rolinha-do-planalto, como é chamada no Brasil, só podia ser apreciada por meio de espécimes preservadas em museus.

Como redescobri, sem querer, pássaro de olhos azuis desaparecido havia 75 anos'

Ornitólogo brasileiro avistou por acaso em uma expedição no interior de Minas Gerais uma espécie de ave que cientistas pensavam estar extinta.

Alejandra MartinsDa BBC




Raridade
    Lance de sorte vivido pelo ornitólogo Rafael Bessa
 .  Bessa explica que a rolinha-do-planalto sempre foi considerada uma espécie rara e dificilmente era avistada mesmo quando seu habitat, o cerrado brasileiro, ainda era bastante preservado, até meados da década de 1950.

"Até então, não se entendia o por que dessa raridade, e o pouco que sabemos hoje não nos permite ter certeza do motivo, mas acreditamos que a espécie ocorre em uma fisionomia de cerrado muito específica e também rara", diz o ornitólogo.

"Soma-se a isto o fato do cerrado ser um dos ecossistemas brasileiros que mais perdeu área para a agricultura e pecuária nas últimas décadas, fato que certamente contribuiu para sua atual raridade."

Reportagem da BBC, completa, em:

http://g1.globo.com/natureza/noticia/2016/06/como-redescobri-sem-querer-passaro-de-olhos-azuis-desaparecido-havia-75-anos.html

14 de jun. de 2016

EDISON LOBÃO, EX-MINISTRO DE MINAS E ENERGIA, RECEBEU R$2 MILHÒES DE PROPINA, SEGUNDO DELATOR

Será por isso que ele defendia construção de hidroelétricas???


Como ele defendia Belo Monte:



E agora, conforme noticiado em:


Um dos executivos da Camargo Corrêa que fez acordo de delação premiada na Operação Lava Jato, Luiz Carlos Martins, afirmou que a empreiteira usou uma microempresa sediada em Santana de Parnaíba (SP) para pagar R$ 2 milhões ao senador Edison Lobão (PMDB-MA).

O depoimento foi prestado em março à Polícia Federal, em Brasília, por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal).

O pagamento, segundo Martins, estava relacionado à construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Conforme o delator, que foi diretor da Camargo, o repasse foi feito porque Lobão “teria ajudado a montar os consórcios e para que ele não impusesse obstáculos ao andamento da obra”.

O depoimento consta de inquérito aberto em março pelo ministro do STF Edson Fachin como um desdobramento da Lava Jato a pedido da Procuradoria-Geral da República.

Em 2015, a Lava Jato já havia colhido a acusação da Camargo, em delação, de que Lobão havia recebido propina, mas agora a investigação recebeu os primeiros indícios do “caminho do dinheiro”.

Segundo Martins –o que foi confirmado por documentos que a empreiteira entregou à PF–, os pagamentos da Camargo para a AP Energy Engenharia e Montagem ocorreram entre 2011 e 2012, quando Lobão era o ministro de Minas e Energia no primeiro mandato de Dilma Rousseff.

Os serviços da AP eram “fictícios” e nunca foram prestados, disse o delator. As notas fiscais indicam pagamentos de R$ 1,22 milhão e R$ 1,26 milhão. Cerca de R$ 583 mil ficaram com os responsáveis da AP a título de “comissão” pelo trabalho de intermediação dos repasses, segundo o delator.

Em fevereiro de 2011, a Norte Energia, concessionária de Belo Monte, assinou o contrato com um consórcio de dez empreiteiras para a realização das obras da hidrelétrica. A Andrade Gutierrez assumiu a liderança do consórcio, com 18% das ações, seguida por Camargo e Odebrecht, com 16% cada uma.

Martins foi escolhido pela Camargo para ser o representante da empresa nas reuniões do conselho do CCBM (Consórcio Construtor de Belo Monte). No segundo semestre de 2011, segundo Martins, ele ouviu do representante da Andrade no consórcio, Flávio Barra, que “1%” do valor total das obras deveria ser pago “em partes iguais para os partidos PT e PMDB”.

As obras estavam estimadas em R$ 13,4 bilhões, o que projeta uma propina de R$ 134 milhões, valor dividido entre as diversas empreiteiras envolvidas no projeto. Pelos cálculos de Martins, a cota da Camargo era de R$ 21 milhões.

Surgiram, porém, problemas no acerto. O delator disse que Barra afirmou que “algumas das construtoras não haviam feito o pagamento devido” e que “o então ministro Lobão estava fazendo a cobrança em nome do PMDB”.

Martins levou o assunto ao seu superior, Dalton Avancini, que hoje também é delator. Avancini respondeu, segundo o delator, que “resolveria o problema do PT” e incumbiu Martins de “resolver o problema do PMDB”.

Martins declarou que, embora “não se conformasse” com a cobrança, passou a tratar de encontrar “um caminho” para o envio do dinheiro. Segundo ele, “a remessa de valores ao Maranhão ficou ao encargo da AP Energy ou de outras empresas ligadas a ela ou até mesmo de seus sócios”. O delator não soube dar detalhes de como o dinheiro teria chegado a Lobão, mas afirmou ter “a convicção” de que houve a entrega porque “cessaram as cobranças”.

Barra, o executivo da Andrade, também fechou delação. A Folha apurou que ele prestou, em março, um longo depoimento sobre Belo Monte, ainda sob sigilo.

Outro lado

O advogado do senador Edison Lobão (PMDB-MA), Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que seu cliente “não conhece a empresa AP Energy nem os sócios dela”.

“Só isso já demonstra a completa mentira e irresponsabilidade da delação. É lamentável que as palavras dos delatores tenham foro de verdade, pois no caso concreto são absolutamente falsas”, afirmou Kakay.

Localizado por telefone pela Folha nesta quinta-feira (9), um dos sócios proprietários da AP, Fernando Mendes Brito, afirmou que não se recordava do pagamento total de R$ 2,5 milhões recebido pela sua empresa, entre 2011 e 2012, da Camargo Corrêa.

Brito primeiro afirmou que já trabalhou com a Camargo Corrêa, “mas em coisas pequenas”. “Esse valor que o senhor falou, sinceramente, desconheço totalmente.” Minutos depois, porém, entrou em contradição: “Nunca trabalhei com a Camargo Corrêa, nunca com eles”.

Brito disse que a AP está desativada “há alguns anos” e que não conhece o senador Edison Lobão. “Nem sei quem é, sinceramente”, disse.

Ele afirmou que iria procurar seu advogado, que entraria em contato com a Folha, mas isso não havia ocorrido até a conclusão desta edição.

O outro sócio de Brito na AP, Marcelo Martinelli Szanto, também citado pelo delator Luiz Carlos Martins como participante da contratação “com objeto fictício”, não foi localizado pela reportagem da Folha.

8 de jun. de 2016

JAGUATIRICA NA AMAZÔNIA: ESTUDO REVELA DE QUE HÁ MENOS DO QUE SE ESPERAVA!



Dados da wikipedia

Nome comum: Jaguatirica


Nome científico: Leopardus pardalis


Classe: Mammalia


Ordem: Carnívora


Família: Felidae


Animal ameaçado de extinção, a jaguatirica era encontrada em todo o Brasil. Seus habitats compreendem as florestas tropicais, a caatinga, os cerrados e o pantanal. São os maiores gatos-do-mato do Brasil. Assim como a onça, o peso e o tamanho variam conforme o habitat, e o tipo e a quantidade de alimento disponível.


Alimentam-se de pequenos mamíferos como filhotes de veados, pacas, cutias, preás, e pequenas aves. Na carência destes, também preda lagartos, pequenas serpentes, rãs e peixes. Esta dieta flexível é uma característica da jaguatirica. Caçam à noite e durante o dia, costumam dormir em ocos de árvores e grutas. Cada gestação pode variar de 70 a 85 dias (IUCN, 1996) e geralmente nasce apenas um filhote. Seu desmame ocorre entre 8 e 10 semanas e o crescimento é lento.



Quantas jaguatiricas existem na Amazônia?

Ao longo de três anos, entre 2013 e 2015, Daniel e uma equipe de pesquisadores do Instituto Mamirauá – uma organização conservacionista localizada às margens do Rio Solimões – monitoraram a movimentação de jaguatiricas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã, uma faixa de mais de 2.000 hectares de terra a 600 quilômetros de distância de Manaus.  As conclusões desses estudos foram publicadas há algumas semanas na revista científica Plos One.  Trazem uma notícia boa – ao longo dos três anos de observação, a população de jaguatiricas na reserva variou pouco.  Sinal bom, de que a população é estável e está protegida.  O estudo trouxe também uma surpresa – há, nessa região da Amazônia Central, menos jaguatiricas do que se esperava.

Pesquisas semelhantes feitas no passado, na Amazônia fora do Brasil, sugeriam a existência de mais de 80 animais a cada 100 quilômetros quadrados de floresta.  Era um número coerente com as expectativas de que grandes populações de felinos viviam próximas do Equador.  Os números coletados pela equipe de Daniel são muito mais tímidos.  Sustentam que na região central da Amazônia brasileira há 25 animais a cada 100 quilômetros quadrados.

Daniel afirma que essa queda nos números não é, necessariamente, motivo para preocupação.  Os estudos mais recentes de monitoramento de populações de animais usam técnicas estatísticas mais avançadas.  As primeiras estimativas de populações de jaguatiricas não contavam com tanto refinamento técnico, o que ajuda a explicar tamanha discrepância: “Em parte a questão é metodológica”, diz o pesquisador.  “Nós usamos modelos matemáticos mais modernos.”

Os novos dados também não assustam porque sugerem que a população de jaguatiricas pode variar muito entre uma região e outra da Amazônia.  Os mais de 80 animais a cada 100 quilômetros quadrados foram observados em uma região da floresta no Peru.  Na reserva vizinha àquela onde Daniel trabalhava, dez anos de observação constataram a presença de uma única jaguatirica desgarrada: “Por isso, nós evitamos fazer extrapolações para outras áreas da floresta.  Os números que encontramos valem para áreas de terra firme”.  A reserva vizinha, sem jaguatiricas, é uma área de várzea, onde as terras permanecem alagadas pela maior parte do ano.

O estudo de Daniel é importante porque informações como essas ajudam a desenhar estratégias de preservação para as espécies.  Tão importante quanto saber em quais biomas existem jaguatiricas, é saber em que regiões há maiores concentrações de animais.  E acompanhar as variações dessas concentrações ao longo dos anos: “O resultado desses novos números, para a conservação, é interessante”, diz Daniel.  “Se você tem a expectativa de encontrar mais bichos do que realmente existem, pode acabar relaxando nos seus esforços para protegê-los.”

Estudar os animais na Amazônia é tarefa difícil.  Não apenas pelo caráter arredio de algumas espécies.  O deslocamento pela mata fechada, como a da reserva Amanã, exige disposição e força física dos pesquisadores.  Observar as jaguatiricas na Amazônia forçou Daniel a enfrentar dez horas de caminhadas diárias para instalar as armadilhas fotográficas usadas no monitoramento.  Além de mais quatro horas de barco mata adentro.O equipamento usado pelos biólogos é caro: “O investimento financeiro inicial para um trabalho assim é alto”, diz Daniel.  E explica, em parte, por que nos faltam conhecimentos sobre essas espécies da floresta: “Existe uma lacuna de conhecimento sobre a Amazônia.  A jaguatirica é o carnívoro mais abundante da floresta.  E, mesmo assim, sabemos quase nada sobre ela.”

6 de jun. de 2016

VAQUEJADA: CADA PAÍS TEM A BARBÁRIE QUE MERECE???



Da mesma forma, há também quem ache também que estuprar uma mulher é uma conquista do homem, que espancar uma criança é um direito dos pais e que encarcerar um idoso num quarto é uma solução prática para os dias atuais.

Considerar vaquejada, farra do boi ou rinha de galo meras manifestações culturais que mereçam ser preservadas é um paradigma de pensamento próprio daquele que despreza seus semelhantes em situação vulnerável.

A imagem de um estuprador (ou daquele que testemunha um estupro e não faz nada para impedi-lo) não é tão diferente daquela do sujeito que se diverte em ver a dor nos olhos de um animal acuado.

Crueldade inconstitucional

O Ministério Público Federal ajuizou uma ação contra uma lei do Ceará que regulamenta as “vaquejadas”, modalidade deprimente de espetáculo altamente lucrativo e que hoje não tem absolutamente nenhuma relação com a labuta diária dos vaqueiros tradicionais – esta sim uma prática que deve integrar o patrimônio cultural brasileiro.

Conforme esclarece o MPF na peça inicial, a vaquejada consiste em espetáculo no qual são formadas “duplas de competidores que correm a galopes, cercando o boi em fuga. O objetivo é conduzir o animal até uma área marcada com cal e, estando ali, agarrá-lo pelo rabo, torcendo-o para, na queda, posicioná-lo com as quatro patas para cima”.

Para espanto de todos os que atuam na área ambiental, os ministros Luiz Edson Fachin, Luiz Fux, Teori Zavascki e Gilmar Mendes defenderam a tese que a vaquejada é uma manifestação cultural que deve ser garantida e, portanto, a lei cearense nada teria de inconstitucional.

O resultado até o momento é de 4 x 4. É muito grande o risco de retrocesso neste momento: restam apenas 3 votos, dos Ministros Dias Tofolli, Carmen Lúcia e Ricardo Lewandowski. Bastam apenas dois votos a favor dessa selvageria para que esteja consumado o retorno à idade média em nosso país. Apaga-se a previsão constitucional do art. 225, § 1º, inciso VII, que proíbe a crueldade contra animais. Daí será um passo para se permitir a agressão a qualquer outro ser vivo em situação de vulnerabilidade.

É preciso que a sociedade manifeste energicamente sua oposição a qualquer modalidade de violência. Precisamos nos mobilizar com urgência para que os Ministros Toffolli, Carmen Lúcia e Lewandowski não permitam o prosseguimento de atividades lucrativas que têm por alicerce a violência e a covardia.

2 de jun. de 2016

TILÁPIA SERÁ INTRODUZIDA NA AMAZÔNIA, ONDE HÁ A MAIOR ICTIOFAUNA DE ÁGUA DOCE DO MUNDO, POR LEI DO GOVERNADOR, CONTRA A LEI DA NATUREZA

Canetada do governador do Amazonas ameaça a maior floresta tropical do mundo

Por Nurit Bensusanhttp://www.oeco.org.br/colunas/colunistas-convidados/canetada-do-governador-do-amazonas-ameaca-maior-floresta-tropical-do-mundo/


Curimatã, pirarucu, filhote, aruanã, gurijuba, pacu, todos com os dias contados. Matrichã, tambaqui, piramutaba, piranha, pirapatinga, todos ameaçados. Pirananbu, apapá, peixe-cachorro, curimbatá, jatuarana, jaú, todos condenados.

São mais de três mil espécies de peixes, a maior biodiversidade aquática do planeta. Toda ela ameaçada pela inconsequência de uma lei estadual, a 79 de 2016, sancionada no começo desta semana, por uma canetada do governador do Amazonas, José Melo (Pros). A preservação dessa diversidade de peixes e de mamíferos aquáticos – como botos, peixes-boi e golfinhos – deve-se ao fato da bacia amazônica manter-se livre de populações de peixes exóticos, ou seja provenientes de outros lugares do planeta. Esse fenômeno, a introdução de espécies exóticas, acontece na maioria dos ambientes aquáticos e é responsável pela destruição da diversidade local.

A lei em questão faz justamente isso: libera a introdução de espécies não-nativas nos rios e igarapés da maior floresta tropical do mundo no estado do Amazonas. Um exemplo ilustrativo pode ser a introdução da tilápia. As tilápias são peixes originários da África que tendem a dominar os ambientes onde são introduzidos, pois competem com muita eficiência pelos recursos alimentares, por espaço e por locais de desova, levando ao desaparecimento outras espécies de peixes. Imagine as tilápias nadando faceiras nos rios amazônicos...

Seria possível enumerar um enorme conjunto de consequências desastrosas para a Amazônia, derivadas dessa inconsequência, mas bastam duas:

1) O comprometimento da biodiversidade aquática levará a uma degradação em cadeia. O desaparecimento das espécies de peixes causará a extinção de muitas outras espécies, tanto de fauna como de flora, o que transformará o ambiente e levará a destruição do ecossistema. Ou seja, se esse dispositivo legal permanecer, podemos começar a ensaiar a marcha fúnebre para nossa maior floresta.
2) Não há volta para a introdução de espécies na Amazônia, ou seja, não dá para experimentar e depois decidir que deu errado. Uma vez introduzidas, o dano será irreversível, por isso a lei é inconsequente.

Fica, como sempre, a questão no ar: será que os responsáveis pela aquicultura e pela pesca no estado do Amazonas apoiaram tal dispositivo legal, pois ignoram as consequências drásticas e irreversíveis para a bacia? Se assim é, não deveriam ser responsáveis por algo que não compreendem. Ou será que apoiaram essa lei por causa da pressão de grupos econômicos interessados no cultivo de espécies exóticas na Amazônia? Se for assim, tampouco deveriam estar onde estão.

Por fim, vale lembrar que a malfadada lei – como se fosse pouco ter o potencial de causar tamanha destruição – permite ainda o barramento de igarapés para atividades de aquicultura, também com consequências nefastas para todo o ecossistema amazônico, que depende dos ciclos naturais de cheias e vazantes dos rios para sua manutenção.

Há, nesse momento, manifestações e abaixo-assinados circulando na internet contra essa lei (participe). Incrível é que precisaremos de milhares de assinaturas para tentar salvar nossa floresta, enquanto que bastou uma, a do governador do Amazonas, para colocar em marcha um processo irreversível de destruição da Amazônia.