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22 de jun. de 2016

BRASIL: PAÍS COM MAIOR NÚMERO DE ASSASSINATOS NO CAMPO


Em 2015, o Brasil foi o país com mais assassinatos de militantes ambientais, principalmente na Amazônia. Escalada de violência no campo marcou a semana passada com mortes no Mato Grosso do Sul e no Pará e ameaças aos Ka’apor no Maranhão.

Reproduzido de
http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Brasil-campeao-dos-conflitos-no-campo/

A cada dois dias, um ativista ambiental e defensor da terra é assassinado no mundo e, não surpreendentemente, o Brasil é o campeão desta estatística: 50 dos 185 assassinatos que aconteceram em 2015 se passaram no país. Segundo a organização Global Witness, disputas envolvendo o avanço de projetos de mineração, expansão do agronegócio e a construção de novas usinas hidrelétricas foram as principais causas das mortes. Não por acaso, são três frentes tidas como prioritárias para uma suposta agenda de desenvolvimento do governo brasileiro e que têm avançado com violações aos direitos humanos, além de mortes e insegurança para povos indígenas e aqueles que lutam para proteger o meio ambiente.

Foto acima:  Madeiras encontradas no limite norte da Floresta Nacional de Itaituba 2 e da aldeia indígena Sawré Muybu são indícios da extração ilegal na região. O local fica nas proximidades do Rio Jamanxim, principal afluente do Rio Tapajós, no município de Itaituba (PA) [(©Rogério Assis/Greenpeace)]

“Vivemos uma escalada da violência no campo e se o governo não implementar medidas como a criação de Áreas Protegidas e seguir enfraquecendo direitos indígenas e de populações tradicionais em nome apenas dos interesses econômicos, não há dúvida de que teremos mais vítimas”, afirma Márcio Astrini, coordenador de políticas públicas do Greenpeace Brasil. “Além dos crimes, há também o fator da impunidade. Os verdadeiros mandantes destes e de muitos outros assassinatos continuam livres e impunes. Isso funciona como um incentivo para que o Brasil siga como o país que mais derrama sangue devido a conflitos no campo”, completa Astrini.

A semana passada foi marcada por confrontos e mortes em três Estados brasileiros. No Pará, o sargento João Luiz de Maria Pereira foi assassinado durante operação de combate ao desmatamento ilegal na Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim, em Novo Progresso. Já no Mato Grosso do Sul, um indígena Guarani-Kaiowá foi morto a tiros devido a um ataque de 70 fazendeiros na Fazenda Yvu, vizinha à reserva Tey'i Kue, no município de Caarapó. Outros seis indígenas foram hospitalizados com ferimentos de arma de fogo, inclusive uma criança de 12 anos.

E, no Maranhão, o povo Ka’apor da região da Terra Indígena Alto Turiaçú vive dias de tensão. Para impedir a invasão da área e a destruição da floresta, os indígenas realizam atividades de monitoramento e proteção do território de forma autônoma, o que tem incomodado fazendeiros e madeireiros. Segundo informações de organizações que apoiam a luta dos Ka’apor, esses planejavam atacar aldeias e não havia nenhuma providência sendo tomada pelos órgãos responsáveis pela segurança dos indígenas e do território.

Há uma semana, a equipe do Greenpeace realizou um sobrevôo na região da Terra Indígena Sawre Maybu e sobre as Flonas Jamanxim e Itaituba I e II e constatou que as atividades ilegais de exploração de madeira e de mineração seguiam no local.

“Dos 50 assassinatos registrados, 47 ocorreram na Amazônia, local onde a ilegalidade impera. Isso mostra que a falta de governança na região vitima, ao mesmo tempo, a floresta, seus povos e defensores”, afirma Astrini. “Mas o problema não está apenas nas áreas de conflito. Os ataques aos direitos indígenas, as tentativas constantes de enfraquecimento da legislação ambiental e propostas de retrocesso no licenciamento, tramadas hoje no Congresso, são exemplos de ações que nascem nos gabinetes refrigerados de alguns políticos e que alimentam diretamente esse triste quadro de violência no campo, formando um cenário sombrio para o futuro”, conclui Astrini.

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