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https://www.oeco.org.br/reportagens/32-alimentos-do-brasil-dependem-essencialmente-de-polinizadores/
O 1º Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimento no Brasil, lançado nesta quarta-feira (6) em São Paulo, mostra o quanto a agricultura brasileira é dependente dos polinizadores, sejam eles insetos, morcegos ou aves. O relatório foi elaborado por 12 especialistas, em uma parceria entre a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) e a Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador (REBIPP).
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O 1º Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimento no Brasil, lançado nesta quarta-feira (6) em São Paulo, mostra o quanto a agricultura brasileira é dependente dos polinizadores, sejam eles insetos, morcegos ou aves. O relatório foi elaborado por 12 especialistas, em uma parceria entre a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) e a Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador (REBIPP).
Os pesquisadores avaliaram um total de 289 plantas cultivadas e silvestres, utilizadas direta ou indiretamente na produção de alimentos. Em 91 delas foi possível avaliar o nível de dependência da polinização, de acordo com a seguinte classificação:
- Essencial: incremento de 90% a 100% na produção com a ação de polinizadores
- Alta: incremento de 40% a 90% na produção com a ação de polinizadores
- Modesta: incremento de 10% a 40% na produção com a ação de polinizadores
- Pouca: incremento de 0% a 10% na produção com a ação de polinizadores
Destes 91 cultivos, 69 têm algum grau de dependência da polinização para se reproduzirem. 32 (35% do total) têm a polinização como essencial (acerola, castanha-do-brasil, maçã, maracujá, melancia, melão, tangerina, etc), 22 (24%) têm alta dependência (entre elas abacate, ameixa, cebola e goiaba), 9 (10%) têm dependência modesta (entre eles a soja) e 6 (7%) estão na faixa de pouca dependência (como feijão, tomate e uva).
A bióloga Marina Wolowski, que é professora da Universidade Federal de Alfenas (MG) e integrante da REBIPP, foi uma das coordenadoras da pesquisa. Ela explica que o nível de dependência da polinização depende das características morfológicas das plantas. Plantas com baixa dependência têm um tipo de pólen e uma estrutura de flor que permitem que o pólen seja levado pelo vento.
"Em outras flores, que dependem dos polinizadores, você tem estruturas mais complexas. O pólen acaba tendo uma umidade maior, o grão fica aderido à antera, então somente o contato com o polinizador para transferir de uma planta à outra", explica Wolowski. As abelhas são as principais polinizadoras, responsáveis pela polinização de 78,9% dos cultivos.
Polinizadores prestam serviço de R$ 43 bilhões
Com base nos níveis de dependência e nos preços dos produtos os pesquisadores concluíram que o valor do serviço ecossistêmico prestado pelos polinizadores em 2018 foi de R$ 43 bilhões. Segundo Wolowski, na realidade a cifra deve ser ainda maior, já que só havia dados disponíveis para fazer o cálculo para 67 das 289 plantas analisadas.
Chama atenção que apenas quatro cultivos respondem por 80% deste valor: a maçã ‒ que tem nível de dependência essencial – a soja, o café e a laranja. Segundo Wolowski, os três últimos são menos dependentes de polinizadores, mas acabam pesando nesta conta pelo espaço que ocupam na pauta da agricultura brasileira.
A bióloga ressalta que mesmo produtos menos dependentes têm ganhos de produtividade de até 30% com polinizadores. O aumento da qualidade também se traduz em maiores lucros: "Permite, por exemplo, colher um fruto de peso maior e mais doce. Quando você vê aquele morango perfeitinho, de prateleira de mercado, quer dizer que ele foi todo polinizado. Quando tem aquele morango meio tortinho quer dizer que ele não foi totalmente polinizado", explica Wolowski.
Agrotóxicos ameaçam polinização
Segundo Wolowski, existem poucos dados sobre o possível declínio da população de polinizadores no Brasil. O relatório, no entanto, lista as principais ameaças: perda de habitat, mudanças climáticas, doenças e outros patógenos, espécies invasoras e agrotóxicos.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, os pesticidas são os principais suspeitos de estarem causando mortes de abelhas e quedas consecutivas na produção de mel. Na virada do ano pelo menos 108 colmeias morreram em São José das Missões, no norte gaúcho. Segundo o Grupo de Polícia Ambiental de Frederico Westphalen, os insetos começaram a morrer depois que um produtor da região aplicou o produto Mustang 350 CE em uma lavoura de soja.
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