“A caça esportiva ilegal não pode ser negligenciada entre os fatores que causam a extinção ou declínio desses animais”, afirma o autor principal do artigo, o biólogo Hani Bizri. “A gente não tem ideia se a caça ocorre em Unidades de Conservação, mas são em fragmentos no Cerrado e na Caatinga, biomas bastante desmatados”, completa.
O trabalho começou com a compilação de 104 artigos sobre caça, para descobrir quais os bichos mais abatidos. O estudo revelou que, na ordem, as oito principais vítimas são: pacas, antas, veados, queixadas, catitus, capivaras, cotias e tatus. Depois disso, o ambiente de trabalho passou a ser a internet.
As buscas indicaram que das 1600 citações a grande maioria não serviria para o levantamento, pois apresentavam situações como encenações ou instruções. No final, 285 postagens no Youtube apresentavam pessoas caçando (174 com abate e 94 tentativas frustradas). Foram buscadas também informações sobre locais, datas e caçadores.
Para os autores do estudo, a maioria dos caçadores são urbanos e usam a caça como atividade de lazer. Eles concluíram isso ao verificar a data das postagens, que ocorrem principalmente nos meses de julho e dezembro.
O surpreendente é que os caçadores não temem compartilhar uma atividade ilegal em redes sociais. E ao dar publicidade a um crime estão mais uma vez infringindo a lei. Isso sem contar o uso de arma de fogo, identificado em grande parte dos vídeos analisados. “E se estão postando, não têm medo da lei”, sintetiza o pesquisador.
Para ele, o estudo chama a atenção para a necessidade de discussão sobre a atividade no país. Ele destaca que existem tanto bons quanto maus exemplos da regularização da caça. Na África, em 23 países existem iniciativas que valorizam a caça esportiva, que contribuem para a geração de renda em comunidades envolvidas. Mas ele alerta também que programas implantados no México geraram polêmica e desequilíbrio ambiental, devido a dificuldades de manutenção da infraestrutura e treinamento de pessoal, segundo o biólogo.
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