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9 de abr. de 2023

VIVER LIVRE NA NATUREZA: A DEDICAÇÃO DE ALGUNS AMENIZA A INEFICÁCIA DE PUNIÇÃO AOS QUE TRAFICAM…

…E ÀQUELES QUE APRISIONAM ILEGALMENTE!
https://youtu.be/M_JnDiu6-0w Por Adriana Prestes Bióloga, responsável técnica por áreas de soltura e monitoramento de fauna silvestre na Serra da Mantiqueira e Vale do Paraíba (SP) e secretária executiva do Grupo de Estudo de Fauna Silvestre do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira segundachance@faunanews.com.br Tem sido comum identificar situações em que fica evidente a falta de compromisso dos gestores públicos com a implementação de políticas previstas em lei, assim como de propostas de novos regramentos, como o caso recente do projeto de lei que prevê passagens de fauna silvestre em rodovias que, embora aprovado por unanimidade na Assembleia Legislativa de São Paulo, foi simplesmente vetado pelo atual governador do Estado. Esse cenário, que propicia e acentua a degradação da biodiversidade e dificulta a defesa ambiental, nos leva a pensar quais as outras instituições, além do poder público, que poderiam promover conservação. Propriedades particulares detêm muitas áreas conservadas e algumas delas têm verdadeira vocação para a proteção da biodiversidade, especialmente aquelas que realizam ações de soltura. Muito se fala dos aspectos controversos de ações de liberação de animais silvestres e, em especial, o poder público tem demonstrado muito pouco interesse em promover esse tipo de licenciamento ambiental para propriedades, mesmo para aquelas que tenham o perfil adequado. Mas como temos discutido nesta coluna, soltura é algo sério e, se for conduzida com critérios técnicos adequados, pode funcionar como uma ação de conservação ambiental, especialmente em áreas florestadas e defaunadas – uma situação cada vez mais comum nos diversos Estados brasileiros. Na história de hoje, vamos apresentar uma área particular que protege sua mata nativa, reforça a alimentação dos animais silvestres residentes e ainda realiza ações de soltura. Ufa, isso é o que se chama de “verdadeiro compromisso com a conservação ambiental”! O sítio Recanto dos Pássaros, licenciado como área de soltura e localizado em Tapiraí (SP), foi praticamente adquirido com a missão de conservar e soltar. Um detalhe curioso: a propriedade foi comprada do pai de um funcionário do Ibama, como contam a Silvia e o Edison, os proprietários. Experiência de soltura no sítio Recanto dos Pássaros “Somos apaixonados pela natureza e buscávamos um lugar mais tranquilo do que a chácara que tínhamos em Elias Fausto (SP). Nesta busca, chegamos em Tapiraí, onde encontramos uma natureza maravilhosa e exuberante da Mata Atlântica e nos apaixonamos mais uma vez pelo sítio que viemos a comprar. No local, começamos a ver aves que nunca tínhamos visto antes e nem sabíamos nomes, além de tantos animais como antas, guaxinins e tantos outros. Ao postar algumas fotos no Facebook, acabei por conhecer grupos de passarinheiros que identificavam as aves para mim. Um dia, vimos um vídeo de uma soltura feita pela polícia ambiental numa área e ficamos emocionados… Surgiu ali a ideia de também fazer do sítio uma área de soltura e fomos pesquisar como era possível. Ficamos sabendo que o filho da pessoa que nos vendeu a propriedade era funcionário do Ibama. Entramos em contato com ele, que nos encaminhou para o Centro de Triagem de Animais Silvestres de Lorena (SP). Em 15 de outubro de 2018, enviamos a documentação necessária. Com o cadastro feito, marcamos a vistoria da área, com solicitação para construção de um viveiro para aclimatação de aves. Com o viveiro pronto em 7 de junho de 2019, recebemos a primeira remessa e marcamos de três em três meses para receber mais animais. No mesmo período, fizemos o cadastro junto à Save Brasil para receber avifauna para soltura também”, contam Silvia e Edison. Desde então, o casal vem realizando várias ações de conservação ambiental que incluem solturas de avifauna feitas pelo Ibama e pela Save Brasil, entidade renomada na área de conservação de aves e que possui um programa de cadastro para propriedades que desejem tornarem-se áreas de soltura. A propriedade também possui o melhor sistema de monitoramento que esta colunista já viu, pois com uma combinação de armadilhas fotográficas e de câmeras de segurança é possível acompanhar em tempo real as frequentes visitas da fauna residente aos diversos comedouros instalados. Uma verdadeira festa para quem ama a fauna silvestre da Mata Atlântica, que acontece tanto de dia como de noite. A propriedade também investiu em diversos comedores externos para a avifauna e outras espécies e ações de recomposição e enriquecimento florestal. O projeto mais recente é o plantio de vegetação herbácea que atrai beija-flores. Ou seja, bom para a fauna e ótimo para os olhos, lindo de se ver! DESTAQUE Políticas públicas e a necessidade de solturas Mas voltando ao problema da implantação e fiscalização de políticas públicas voltadas à conservação da biodiversidade, é a falta de eficácia no combate ao tráfico de avifauna que gera a demanda para soltura em primeiro lugar! Como diz a Silvia, “estamos sempre em constante melhoria para atender essas criaturas lindas, que merecem a liberdade e a sobrevivência longe dos humanos. Eu sonho com uma lei mais severa para quem pega na natureza e uma pior para quem compra”.

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