Vou começar fazendo algumas considerações sobre “nosso comportamento quanto à linguagem utilizada por muitas pessoas”. Parece ser de uso corrente, em todas as sociedades, linguagem inadequada refletindo talvez inconscientemente (ou causando?) diferentes atitudes comportamentais nos seus diversos segmentos. Às vezes escutamos: “o mundo é dividido em mundo masculino e mundo feminino”; e, com referência às raças humanas: “o povo brasileiro está dividido em diferentes raças”; e na questão da exploração de recursos naturais (agropecuária, por exemplo) “a cadeia produtiva está dividida entre grandes e pequenos produtores”. Outras expressões similares são praticadas, dando-nos a impressão de que tal divisão seja “normal” nas sociedades humanas. É melhor substituir essa expressão, um tanto quanto discriminatória, por formado(a) e formação!!! E assim, tudo que existe nas sociedades (de bom e de ruim) se somam.
No que diz respeito à cadeia produtiva, tal “somatória” deve ser levada em conta quando se trata de grandes e pequenos produtores. Refiro-me à recente querela: “Estudo da FGV – Fundação Getúlio Vargas comprova: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística errou no Censo Agropecuário 2006 ao dizer que a agricultura familiar, sozinha, é quem alimenta o Brasil” conforme alardeou a CNA - Confederação Nacional da Agricultura, na pessoa de sua Presidente, a senadora Kátia Abreu. Ela afirmou que o IBGE equivocou-se nos resultados do Censo Agropecuário 2006, dividindo [grifo meu] o campo entre pequenos e grandes produtores e criando a ilusão de que somente os agricultores familiares são responsáveis por alimentar a população brasileira. Afirmou ela ainda: “Estamos perdendo tempo discutindo uma coisa que é menor, a divisão [grifo meu] entre pequenos e grandes em dimensão de terra. Temos que discutir é quem tem renda ou não para viver com dignidade”. Os dados dessa nova publicação são resultado de um trabalho realizado pela FGV, a partir dos mesmos microdados utilizados no Censo Agropecuário 2006 do IBGE. “A diferença é que essa nova análise foi realizada exclusivamente sob critérios técnicos, excluindo interpretações ideológicas e tendenciosas”, disse a senadora, destacando as falhas do IBGE quanto à ampliação do grupo da agricultura familiar em detrimento da agricultura comercial e citando regulamentação do Banco Central com relação ao conceito de agricultura familiar.
Afirmou ainda a Presidente da CNA que a leitura equivocada do IBGE aponta o agronegócio brasileiro como voltado somente para as exportações. Disse ela: “Temos, no Brasil, pequenos, médios e grandes produtores que abastecem a mesa do brasileiro e também geram alimentos que são vendidos para outros países”.
Os dados que refletem o posicionamento da CNA (do estudo da FGV) frente à estatística do IBGE, podem ser vistos em (http://www.canaldoprodutor.com.br/).
Nas duas séries de vídeos que o “ecologiaemfoco” ora reproduz (nesta e na próxima postagem), o leitor poderá observar que, antes de tudo, somar é bom, como parece ser a idéia principal das colocações da Presidente da CNA.
A primeira série é iniciada com a apresentação de vídeo do programa televisivo Globo Rural, sobre a agricultura familiar, denominado “A Força da Agricultura Familiar Revelada pelo Censo Agropecuário”. E na postagem seguinte será reproduzido vídeo, também do Globo Rural, sobre o Projeto Mandala.
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