1) SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE ECOLOGIA E ECONOMIA
Ecologia (palavra originada do grego “oikos” = casa; e “logos” = estudo) tem similaridades e diferenças da economia (também de origem grega, significando o manejo/ordenação/manutenção da casa).
A respeito da economia relacionada ao meio ambiente e os recursos da Natureza em geral, devemos nos lembrar da economia ambiental (ou economia do meio ambiente) (ver este termo mais adiante).
ODUM & BARRETT (2005) destacam as seguintes especificidades de ambas:
ATRIBUTO | ECONOMIA | ECOLOGIA |
Escola de pensamento | Cornucopiana | Neo-malthusiana |
Moeda corrente | Dinheiro | Energia |
Forma de crescimento | Em forma de J | Em forma de S |
Pressão seletiva | r-estrategista | k-estrategista |
Abordagem tecnológica | Alta tecnologia | Tecnologia apropriada |
Serviços do sistema | Providos pelo capital humano | Providos pelo capital natural |
Uso dos recursos | Linear (descartável) | Circular (reciclagem) |
Regulação do sistema | Expansão exponencial | Capacidade de suporte |
Meta futurística | Exploração e expansão | Sustentabilidade e estabilidade |
Breve explanação sobre alguns dos termos acima (não incluídos neste Glossário como verbetes de entrada):
a) Escola cornucopiana. Fundamentada na teoria do economista norte-americano Julian L. Simon, em 1981: futurista, acreditando que o progresso (continuo) e a provisão material para a espécie humana podem ser obtidas pelos avanços constantes da tecnologia. Nessa “linha de pensamento” acredita-se que o planeta Terra terá matéria e energia suficientes para sustentar os 9,5 bilhões de seres humanos que se preveem existir no ano de 2050.
b) Escola malthusiana. Fundamentada na teoria do economista e reverendo inglês Thomas Robert Malthus (1766-1834) que acreditava que a população humana aumentaria numa escala geométrica e o suprimento de alimento em escala aritmética. Ocorreriam como consequência a pobreza e a fome, além de guerra e restrições morais. Os adeptos desta teoria não consideravam os avanços tecnológicos na agricultura e produção de alimento em geral. Em termos ecológicos equivale dizer que o potencial reprodutivo de um organismo (ou de uma espécie) excederia a capacidade da Natureza em sustentar seus descendentes. E assim a biodiversidade somente poderia ser preservada pelos mecanismos que mantêm a população desse organismo (ou espécie) em equilíbrio, como acontece na predação.
2) ECONOMIA NEOCLÁSSICA e ECONOMIA ECOLÓGICA
Na primeira, seus adeptos (como o conhecido economista norte-americano Milton Friedman) asseguram que os recursos naturais são importantes, mas poderão ser dispensáveis porque a tecnologia poderá prover substitutos. Em oposição, os economistas ecológicos (como o também conhecido Herman Daly) defendem a preservação dos recursos naturais, que são insubstituíveis, como a boa qualidade do ar, água e solo. Estes economistas ecológicos acreditam que o crescimento econômico convencional poderá degradar ou exaurir várias formas do capital natural.
Os economistas neoclássicos admitem que água e ar poluídos sejam normais, pois a tecnologia os tornará puros para consumo.
3) ECOLOGIA INDUSTRIAL
Estudo multidisciplinar dos sistemas industrial e econômico e suas ligações com os sistemas naturais. Na ecologia industrial há incorporação de pesquisas realizadas sobre materiais retirados da Natureza, suprimentos de energia, técnicas de manipulação de tais materiais e resíduos após seu beneficiamento, além de envolver profissionais de inúmeras áreas relacionadas à produção (mineração, agricultura, engenharia florestal, pesca...). Além da própria ecologia, utiliza conhecimentos das ciências básicas: físicas, químicas e biológicas. Demanda ainda conhecimentos de diversas outras áreas, como geologia, ciências sociais, economia, direito e administração.
De acordo com a “McGraw-Hill Concise Encyclopedia of Science and Technology (2004)” os cinco conceitos-chave da ecologia industrial são (em resumo) (i) Delineamento de produtos, processos, infra-estrutura, equipamento, serviços e sistemas de tecnologia que possam ser facilmente adaptados a inovações ambientalmente favoráveis com o mínimo de desperdício. (ii) Minimização de desperdícios de materiais e de consumo de energia em todas as atividades. (iii) Uso de alternativas menos tóxicas, o máximo possível, em particular quando os materiais residuais sejam dispersos no ambiente (um pequeno exemplo: a adição de chumbo à gasolina). (iv) Delineamento de produtos, infra-estrutura, equipamento e sistemas de tecnologia para preservar a utilidade implícita de materiais e energia no processo inicial de manufaturamento. Há aqui preferência pelos processos que estendam a vida do produto e deem suporte à reciclagem de componentes, mais do que os materiais em si. (v) Delineamento de produtos físicos em todas as escalas não apenas para realizar sua função intencionada, mas também para ser usado para criar outros produtos úteis no final de sua vida corrente.
4) NOVO URBANISMO / ECOCIDADE
De umas duas décadas para cá novos conceitos sobre habitabilidade em cidades vem sofrendo mudanças positivas, em termos de qualidade de vida. No entanto, são poucas as cidades que vêm adotando tal posicionamento. Cita-se como exemplo mundial Curitiba (PR) (MILLER & SPOOLMAN, 2009). Algumas poucas cidades europeias e norte-americanas fazem parte dessa minoria. As ecodidades seguem o princípio de “cidades são para pessoas e não para carros”.
Numa ecocidade predominam: (i) espaço predominante para caminhar, estando lojas e áreas recreacionais ao alcance de uns 10 minutos de caminhada, assim como existência de ciclovias; (ii)ambientes atrativos (lojas, escritórios, edifícios de apartamentos...) que agradem a todas as pessoas (de todas as idades); (iii) manutenção da diversidade arquitetônica, paisagística (diversidade de beleza cênica); (iv) sustentabilidade baseada no mínimo de impacto ambiental, permitindo manutenção da biodiversidade (presença de vida silvestre, como plantas nativas, aves e animais domésticos que possam ser respeitados e tratados como “espécies-companheiras”); (v) transporte público adequado, fácil de ser utilizado, constituindo-se em atrativo como opção segura, confortável e econômica.
Finalizo relembrando o(s) conceito(s) de desenvolvimento sustentável:
Pode ser definido como: “melhoria da qualidade de vida humana, dentro da capacidade de
suporte dos ecossistemas”. Poderia ainda ser: “desenvolvimento visando às necessidades do presente,
sem comprometer a disponibilidade de recursos que as gerações futuras necessitarão”. Ou:
“desenvolvimento socioeconômico, respeitando e procurando manter as características da Natureza,
sendo, portanto, baseado em princípios ecológicos, para exploração dos seus recursos; esperando-se com
isso, que sejam evitados o desperdício e a degradação ambiental”.
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