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15 de jun. de 2021

“ÁREAS PROTEGIDAS” NA AMAZÔNIA: SERIA SÓ UM EUFEMISMO?!

 


https://imazon.org.br/wp-content/uploads/2021/06/Ameaca-e-Pressao-Fevereiro-a-Abril-de-2021.pdf

AMEAÇA E PRESSÃO EM ÁREAS PROTEGIDAS [CONCEITOS]

Áreas Protegidas (APs) representam um patrimônio nacional, e considerando a extensão das APs na Amazônia Legal (i.e., 46%), os seus benefícios para manutenção da biodiversidade, estoques de carbono e na geração de serviços ambientais como a regulação do clima, transcendem a fronteira nacional, alcançando relevância global. Propomos uma metodologia para monitorar as Ameaças e Pressões nas APs baseada em dados de desmatamento (sem sombra de dúvidas um dos maiores vetores de ameaças, mas há outros vetores como extração madeireira, garimpo, hidrelétricas). Usamos as seguintes definições:

AMEAÇA: é a medida do risco iminente de ocorrer desmatamento no interior de uma AP. Utilizamos uma distância de 10 km para indicar a zona de vizinhança de uma AP na qual a ocorrência de desmatamento indica ameaça. Muitas APs resistem a esse tipo de ameaça não permitindo que o desmatamento penetre em seus limites.

PRESSÃO: ocorre quando o desmatamento se manifesta no interior da AP, levando a perdas de serviços ambientais e até mesmo à redução ou redefinição de limites da AP. Ou seja, é um processo interno que pode levar a desestabilização legal e ambiental da AP.


RESULTADO AMEAÇA E PRESSÃO

O SAD de fevereiro a abril de 2021 detectou um total de 1.767 km2 de desmatamento na Amazônia. O cruzamento dos dados do SAD com a grade de células de 10 km x 10 km (i.e., 100 km2) revelou que:

 Das 1.966 células que tiveram ocorrência de desmatamento, 1.435 (73%) indicam Ameaça e 531 (27%) Pressão em APs. O número de células com ocorrência de desmatamento de fevereiro a abril de 2021 é 19% maior em compara- ção com fevereiro a abril de 2020.

 As APs mais Ameaçadas foram a TI Uru-Eu-Wau-Wau (RO) e a Parna Mapinguari (AM/RO), ambas estavam entre as três APs mais Ameaçadas no ranking do calendário anterior (Gráfico 1). Pará é o estado com maior número de APs ameaçadas no ranking.

 A APA Triunfo do Xingu (PA) e a TI Yanomami (AM/RR) foram as APs mais Pressionadas. Ambas ocuparam o segundo e primeiro lugar, respectivamente, no ranking de APs pressionadas do calendário anterior (Gráfico 2).

 As Terras Indígenas TI Uru-Eu-Wau-Wau (RO) e TI Trincheira Bacajá (PA) foram as mais Ameaçadas no período. A TI Yanomami (AM/RR) e a TI Alto Rio Negro (AM) lideram o ranking das mais Pressionadas, ambas também lideraram o ranking de Pressão do período anterior.

 As Unidades de Conservação Federais que lideram o ranking de Ameaça são a Parna Mapinguari (AM/RO) e Flona do Jamanxim (PA). Em relação a Pressão, a Flona do Jamanxim (PA) e a APA do Tapajós (PA) lideram o ranking. Seis das dez Unidades de Conservação Federais mais pressionadas estão localizadas no estado do Pará.

 As Unidades de Conservação Estaduais mais Ameaçadas foram a APA do Lago de Tucuruí (PA) e PES Serra dos Reis (RO). Em relação a Pressão, a APA Triunfo do Xingu (PA) e a APA do Lago Tucuruí (PA) são as líderes do ranking.


O Imazon apresentará a cada trimestre um relatório sintético de Ameaças e Pressões em APs com base em dados de alertas de desmatamento do SAD e um relatório anual com dados detalhados. Essa publicação apresenta os dados de Ameaça e Pressão referentes ao período de fevereiro a abril de 2021.

[No link mostrado no topo, há ilustrações elucidativas da situação atual em que se encontram essas reservas]




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