Enquanto no Canadá a temperatura máxima alcançou os 49,6 °C, em Bom Jesus da Serra (Santa Catarina) a mínima chegou aos -7,5°C.
Reproduzido de:
https://www.bbc.com/portuguese/geral-49319190
Cientistas da área, contudo, apontam justamente o contrário: tais fenômenos meteorológicos são evidência clara de que o aquecimento global existe, de que se trata de uma crise ambiental grave e de que estamos vivendo um período catastrófico, na iminência de um colapso climático.
A revista Nature Climate Change desta segunda-feira (12) traz mais uma pesquisa a se somar às tantas realizadas sobre o tema.
O trabalho - desenvolvido por cientistas da Universidade de Exeter, na Inglaterra, da Universidade de Groningen, na Holanda, do Centro Canadense para Análise Climática, no Canadá, do Instituto Meteorológico Real da Holanda e do Instituto de Pesquisa de Energia e Sustentabilidade em Groningen, também da Holanda - concluiu que mesmo as ondas de frio estão no contexto da crise ambiental do aquecimento global.
Exemplo do Ártico
Os cientistas também apontam que os dias mais frios têm sido exceção, não regra. "Não tem havido um aumento global nos invernos frios, em tendências de longo prazo", afirma à BBC News Brasil o pesquisador Russell Blackport, da Faculdade de Engenharia, Matemática e Ciências Físicas da Universidade de Exeter.
"Houve algumas regiões que tiveram alguns invernos particularmente severos na última década, mas estes são aumentos de curto prazo, que refletem a variabilidade natural. Tendências de longo prazo mostram que os invernos frios extremos estão se tornando menos frequentes, e isso é consistente com o aumento das temperaturas globais."
Diversos estudos científicos comprovam que o planeta ficou 1 grau Celsius mais quente nos últimos 100 anos. Métricas mostram que, desde os anos 1980, dias com recorde máximo de temperatura têm sido mais frequentes do que dias com recorde mínimo de temperatura - independentemente da região do planeta.
Contudo, um dia mais quente no Ártico pode trazer frio para regiões contíguas. Ou seja: para a Europa e a América do Norte. É um fenômeno físico: o calor acaba fazendo com que o ar frio, antes concentrado no Ártico, se espalhe por outras regiões.
E isso acarreta frentes frias fora do comum - como a onda de frio ocorrida na Europa em maio deste ano, com direito a neve em diversas localidades no período que deveria ser o auge da primavera.
Os cientistas esmiuçaram esse fenômeno. Concluíram que o degelo não pode ser apontado como a causa de um dia frio. Os acontecimentos estão em consonância, porque ambos são culpa do atual contexto chamado de aquecimento global - mas que poderia ser também chamado de colapso climático ou crise climática.
"Usamos três linhas de evidências para concluir que a redução do gelo no mar tem influência mínima nos invernos frios - muito embora a redução do gelo nos mares tenda a coincidir com invernos frios", pontua Russell.
"Descobrimos que o calor tende a fluir da atmosfera para o oceano durante os eventos frios, o oposto do que seria esperado se houvesse uma influência do gelo marítimo. Constatamos também que o tempo frio começa antes da redução do gelo - mas não prossegue depois disso. Também realizamos modelagens para prever o cenário."
Segundo o pesquisador, todas as abordagens concordaram que a redução das geleiras tem "influência mínima" sobre os invernos frios.
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