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8 de set. de 2022
BANDIDAGEM… DOS CENTROS URBANOS ÀS FLORESTAS E CAMPOS…
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Porto Velho (RO) – O guardião da Terra Indígena (TI) Arariboia Janildo Oliveira Guajajara foi assassinado com tiros nas costas na madrugada de sábado (3). O crime, no município de Amarante do Maranhão (MA), é o sexto assassinato desde o início das atividades do grupo Guardiões da Floresta. Até a noite desta segunda-feira (5), a polícia não divulgou se tem pistas da autoria dos disparos ou ainda quais teriam sido os motivos dos crimes. Janilson estava acompanhado de um sobrinho, de 14 anos, que também foi baleado e internado em um hospital de Amarante. Lideranças indígenas levantaram a suspeita de que a morte de Jael Carlos Miranda Guajajara, de 34 anos, vítima de um atropelamento na mesma madrugada, no município de Arame, tenha sido intencional e não um acidente.
Janildo atuava como Guardião da Floresta desde 2018, na região do Barreiro, em uma aldeia nas proximidades de uma estrada aberta por madeireiros. Por ser ilegal, os guardiões fecharam a via, o que iniciou o ciclo de ameaças aos Guajarara. “Por todos esses anos fizemos e continuaremos a fazer a proteção territorial mesmo sendo ameaçados e mortos. Somos contrários a violência que mata e destrói, por isso lutamos pela vida”, informou, em nota, a Associação Ka’a Iwar dos Guardiões da Floresta da Terra Indígena Arariboia.
Já o Programa Estadual de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos do Maranhão, em informe, afirmou que não tem maiores informações sobre o estado de saúde do sobrinho de 14 anos. Na tarde de terça-feira, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-MA) informou que o jovem, que estaria de garupa de Janildo, recebeu alta hospitalar. De acordo com a SSP-MA, a Polícia Federal deve investigar o caso a partir de agora. Para a coordenação do programa, o autor dos disparos seria um “conhecido da família”, que mora próximo da casa onde Janildo e sua mulher estavam hospedados em Amarante.
Em nota, o Conselho Missionário Indigenista do Maranhão (Cimi) denuncia as mortes dos Guajajaras e destaca o contexto de vulnerabilidade dos indígenas. “O povo Guajajara teme pela sua vida, pois a insegurança é constante e as ameaças seguem dia após dia”, afirma. Dados do Cimi apontam que entre 2006 e 2022, 26 indígenas foram assassinados na TI Arariboia. “Reforçamos a necessidade de mais segurança nos Territórios Indígenas e mais ações do poder público que venham cobrir o derramamento de sangue nas comunidades indígenas.”
Criado em 2012 pelos próprios indígenas, o Guardiões da Floresta faz a proteção e a vigilância das TIs, tentando conter e combater o desmatamento, os incêndios criminosos e os invasores. Essa função caberia ao Estado brasileiro, definida na Constituição Federal. Mas diante da insegurança em que vivem, os indígenas decidiram patrulhar as áreas demarcadas por conta própria. Por esse motivo, eles se tornaram alvo de represálias dos invasores.
Na mesma TI Arariboia, o guardião da floresta e liderança Paulo Paulino Guajajara, de 26 anos, foi assassinado em novembro de 2019. Em uma emboscada de madeireiros ilegais, ele levou um tiro no pescoço. Naquele mês e no seguinte, outros três indígenas Guajajara foram assassinados, inclusive dois caciques: Firmino Prexede Guajajara, de 45 anos, da aldeia Silvino (TI Cana Brava), e Raimundo Benício Guajajara, 38, da aldeia Descendência Severino (TI Lagoa Comprida).
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