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20 de set. de 2022

POTÁSSIO NA AMAZÔNIA: SE DEVE SER EXPLORADO…TEM QUE SER FEITO COM RESPEITO AOS PRINCÍPIOS CONSERVACIONISTAS!!!

Está assentada no Lago do Soares e em Urucurituba, duas localidades dentro do município de Autazes (AM), uma imensa mina de cloreto de potássio de classe mundial. O potássio é matéria-prima para a produção de fertilizantes, elemento vital para o agronegócio. O presidente Jair Bolsonaro pressiona para que essa exploração comece o quanto antes. Sob sua gestão, órgãos públicos passaram a atuar em favor da empresa Potássio do Brasil, que compra terrenos para iniciar a mineração. O empenho do governo federal passa por cima da lei e dos direitos dos povos originários. A mina de Autazes fica sobre a autodemarcada Terra Indígena Soares/Urucurituba. Nela, vivem o povo Mura, que combateu na Cabanagem, a maior revolta popular da região Norte do país. Por Elaíze Farias e Bruno Kelly (fotos), da Amazônia Real compartilhe Autazes (AM) – Um poço de prospecção da mineradora Potássio do Brasil perfurado a alguns metros de sua casa-flutuante às margens do Lago da comunidade Soares, na bacia do rio Madeirinha, dilacera o coração de Milton Ribeiro de Menezes, do povo Mura. Ele não consegue conter a emoção quando lembra do episódio ocorrido “seis ou sete anos atrás” que causou constrangimento à sua família durante vários meses. “Na primeira vez, chegaram oferecendo 900 reais para furarem a minha terra. Insistiram dizendo que era muito dinheiro. Não autorizei, vi que não era coisa boa. Mas depois acabaram furando em outro lugar, sem meu consentimento. Depois, quiseram comprar meu terreno. Falaram que eu poderia até ser expulso se não vendesse. Não aceitei”, lembra Menezes, com voz embargada tomada de angústia. O rio Madeirinha banha o município de Autazes (e faz parte da bacia do rio Madeira, no Estado do Amazonas. Soares (ou Lago do Soares) é uma comunidade fundada no século 19 por João Gabriel de Arcângelo Barbosa, um indígena Mura que combateu na Cabanagem. Nos livros de história, a revolta, ocorrida entre 1835 e 1840, é descrita como a primeira sublevação popular do Brasil. Os cabanos, em sua maioria, eram indígenas, pobres livres e negros que lutavam contra a situação de miséria que viviam na então província do Grão-Pará, formado hoje pelos Estados do Pará e do Amazonas. Os descendentes dos que lutaram na Cabanagem contam com orgulho como seus antepassados resistiram a massacres, capturas e contaminação de doenças trazidas pelos colonizadores. A maioria dos descendentes de João Gabriel de Arcângelo Barbosa permanece na comunidade, incluindo um de seus bisnetos, Jair dos Santos Ezogue, de 83 anos. Ezogue, por desconhecimento e pressão, foi um dos moradores que vendeu seu terreno para a Potássio do Brasil. “Um homem veio aqui várias vezes e insistiu muito. Disse que eu poderia perder minha terra. Acabei vendendo. Eu tinha casas de farinha, plantações e gado. Me arrependi de ter vendido. Demais mesmo. Conheço outras pessoas que venderam e tenho certeza que não vivem bem”, conta o indígena, à Amazônia Real. Não é nenhuma novidade a estratégia utilizada pela Potássio do Brasil para avançar sobre áreas de seu interesse. A mineradora é controlada pelo banco canadense Forbes & Manhattan, que também é dona da mineradora Belo Sun, na área de Volta Grande do Xingu, na região da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Abrir o cofre tem sido a saída. A empresa assediou a comunidade para que os terrenos fossem vendidos e conseguiu convencer muitos deles. Milton Ribeiro de Menezes, de 47 anos, é um dos poucos moradores que vivem nas cabeceiras de Soares que não cederam à pressão da empresa para fins de mineração. Para um morador e sua família que sobrevive de pesca, roçado e criação de animais a futura mina de potássio representa uma ameaça concreta e iminente. “Estou cercado por todos os lados pela empresa. Me sinto amedrontado porque estou na ilha. Meus vizinhos acabaram vendendo e eu fiquei. Fico com medo porque não quero ir embora. É muito bom viver aqui. Tenho minhas criações, minhas plantações. Minha esposa nasceu e se criou aqui. Meus filhos gostam daqui. Aqui tem tudo. Tem plantação, água ao redor. É um paraíso”, afirma o indígena. Reportagem completa em: https://amazoniareal.com.br/especiais/projeto-autazes/

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