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18 de fev. de 2024
DE UM BIÓLOGO PARA NÃO-BIÓLOGOS: BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE REPRODUÇÃO E SEXO NA NATUREZA. UMA LEITURA CONSTRUTIVA EM TEMPOS DIFÍCEIS PARA UMA SOCIEDADE COM PRINCÍPIOS MORAIS EM QUESTIONAMENTO
Eu inicio mencionando, com destaque, um dos conselhos dados por Bertrand Russell (matemático e filósofo inglês, de nossa era) que sugeriu (e eu concordo plenamente): “quando você estiver estudando um assunto ou considerando alguma filosofia, pergunte a você mesmo quais são os fatos; olhe apenas e somente para quais são os fatos e qual é a verdade que os fatos revelam; nunca se deixe desviar para o que você gostaria de acreditar ou pelo que você acha que traria benefícios às crenças sociais se fosse acreditado”.
Na Natureza (aqui, meu respeito particular, ao escrevê-la sempre com inicial maiúscula; e para distinguí-la da natureza de um objeto qualquer!) vem prevalecendo ao longo dos mais de três bilhões de anos da vida no planeta Terra, a perpetuação das espécies. E para isso vem ocorrendo um eficiente e eficaz processo de reprodução. No início os seres vivos com estruturas muito simples, com uma só célula (organismos unicelulares, os microrganismos, como bactérias, protozoários, fungos…) reproduziam-se dividindo-se ao meio; ou criando protuberâncias que se destacavam e formavam novos organismos. Mas isso trazia uma grande desvantagem à sobrevivência: os descendentes herdavam exatamente as mesmas características de quem lhes deu origem; ou seja, se alguma modificação ocorresse no ambiente e esse novo organismo não tivesse herdado uma estrutura ou função que se adaptasse a tal modificação, ele sucumbiria. Mas e se esse organismo fosse resultado do cruzamento de dois organismos? Um macho e uma fêmea?
Sabe-se, desde a introdução do conhecimento do processo de evolução na Natureza, do naturalista inglês Charles Darwin (criando o que se conhece por Darwinismo) que surgiu na maioria dos seres vivos multicelulares, em 99% deles (organismos constituídos por sistema mais complexo, com múltiplas células, com inúmeras diferentes estruturas e funções) os sexos: masculino e feminino. Surgiu assim uma grande desvantagem principalmente pelo fato de que a partir daí, dois diferentes indivíduos seriam necessários para reproduzir, ou seja, para perpetuar a espécie! Mas uma vantagem muito superior parecia “estar programada” para prevalecer em tais espécies: o enriquecimento do patrimônio genético do descendente, herdando características do pai e da mãe! Eu disse “programada”, mas isso certamente seria uma eresia para os evolucionistas! Que sempre afirmam que “tudo foi criado ao acaso e por necessidade”.
Mas, como bem perguntou o esquecido co-autor da teoria da evolução Alfred Wallace Russell: é possível justificar exclusivamente pelo processo de seleção natural, da teoria darwinista, que os seres humanos desenvolvessem atributos de raciocínio abstrato, habilidade matemática, bom senso, amor à música e aptidão musical, apreciação à arte e talento artístico e senso moral (este citado por último, mas ao meu ver, o mais importante!) como necessários à sobrevivência?! E ele acrescentou: “Nada na evolução pode contabilizar a alma do homem. A diferença entre o homem e outros animais é intransponível”. Essas peculiaridades ele denominou de inteligência soberana.
Por quê tais organismos foram se tornando bissexuados? Teria o processo de seleção natural, da sobrevivência dos mais aptos, eliminado todos aqueles organismos multicelulares que não seguiram essa “linha de conduta”?
A Natureza não dá saltos! Gostam de afirmar os evolucionistas; querendo dizer que a existência dos fósseis são evidências de que a evolução presenteou a Terra com sua maior obra. Perfeita. O ser humano. No majestoso universo que sabemos existir, que surgiu de um “Big Bang”, como afirmado pela ciência, a estrutura mais complexa, dotada de recursos extraordinários, pesa somente cerca de 1.340 gramas: o cérebro humano! Capaz de criar e desenvolver ciência e infinitos benefícios tecnológicos. Mas também capaz de distorcer, desviando do seu curso natural, o seu maior patrimônio destinado à sua perpetuação: as características da reprodução humana. Isto, vem acontecendo neste século XXI, com as sociedades (talvez seja melhor especificar: as autoridades constituídas) querendo disseminar a ideia de que todos/todas são livres para modificarem suas estruturas anátomo-fisiológicas inerentes ao sexo que têm quando nasceram. Não se contentam em impor novos comportamentos psico-sociais. Mas também mutilam suas características estruturais. O biologicamente masculino é moldado para o socialmente feminino; e vice-versa. Talvez não exista nada de mal gerado para a sociedade, quando isso seja decisão tomada por um ser humano que atingiu o máximo de compreensão do que seja ele ou ela na idade adulta. Mas estimular, induzir e conduzir crianças em tenra idade a modificar sua condição biológica natural, seja relacionada à aparência ou comportamento…é perversidade!!! Pergunta final: mas não seria essa uma peculiaridade ou exclusividade do ser humano? Só este ser na Terra age com perversidade. E ainda está em evolução.
Devemos “deixar como está, para ver como é que fica”? Jamais! É nosso dever de seres pensantes, proteger nossas crias, defendendo-lhes o direito de seguirem o curso normal de suas características que lhes foram proporcionadas pela Natureza!!!
Breno Grisi
Biólogo, Professor (aposentado) de Ecologia, UFPB
João Pessoa - Paraíba
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