[Reproduzido de www.oeco.org.br]
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Esta semana, cientistas americanos divulgaram dois estudos que aumentam a preocupação com o próximo período de estiagem na Amazônia. A previsão de que o período de incêndios florestais será mais severo do que em anos anteriores se soma a um dado que ressalta o potencial destrutivo das chamas. Em anos de grandes incêndios, o fogo de sub-bosque, aquele que se espalha lentamente e escondido sob a copa das árvores, é capaz de atingir áreas maiores do que o desmatamento na região.
O fogo do sub-bosque não é detectado diretamente pelos satélites que monitoram a Amazônia. Mas em um estudo publicado em abril na revista científica Philosophical Transactions of the Royal Society B,), cientistas da Nasa, a Agência Espacial Americana, utilizaram dados obtidos pelo Modis sobre a destruição causada pelo fogo e a recuperação da floresta. Áreas atingidas pelo fogo apresentam em anos seguidos, sinais de recuperação, diferentemente das áreas desmatadas que não se recuperam nos anos seguintes. O padrão de danos e recuperação ao longo dos anos oferece a informação necessária para os cientistas identificarem os efeitos do fogo no sub-bosque.
[Ver vídeo, que se segue. Em inglês]
Entre 1999 e 2010, mais de 85,5 mil quilômetros quadrados foram consumidos pelo fogo de sub-bosque, segundo os dados da Nasa. Este número representa 2,8% do total da área de floresta. O fogo no sub-bosque avança em média a uma velocidade de 0,5 metro por minuto, bem mais lento do que na savana, por exemplo, cuja velocidade é de 100 m. Além disso, ao contrário de arbustos e gramíneas de savanas que podem sobreviver a incêndios de pouca intensidade, as árvores da Amazônia não estão adaptadas ao fogo.A longa e lenta queima é capaz de ocasionar uma mortalidade que pode variar de 10 a 50% das árvores da área atingida.
O estudo demonstra também que o risco de fogo não está associado diretamente ao desmatamento, mas às condições climáticas. Em 2003 e 2004, por exemplo, quando foram registradas altas taxas de desmatamento, as florestas próximas ás regiões desflorestadas foram pouco afetadas pelo fogo. A atividade do fogo no sub-bosque coincide com baixas taxas de umidade noturna, medidas pelo AIRS (Atmospheric Infrared Sounder), instrumento do satélite Acqua, da NASA.
“Você pode olhar dentro das reservas indígenas, onde não há desmatamento e ver enormes incêndios de sub-bosque”, destaca Doug Morton, do centro Goddard da Nasa. “A presença humana na fronteira do desmatamento aumento o risco de incendios florestais quando as condições são favoráveis ao fogo, com ou sem atividade de desmatamento”, completa. De acordo com ele, a ignição pode vir de fogões, campings, cigarros, carros, queimadas descontroladas e inúmeras atividades humanas.
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