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11 de jul. de 2013

DUAS NOTÍCIAS SOBRE BELO MONTE

Gastos gigantescos, degradações ambientais, problemas sociais...enfim, preocupações e apreensões, sempre acompanharão a calamitosa omissão governamental por uma política energética bem orientada.

[Reproduzido de www.amazonia.org.br]


1) Comitiva do Parlamento Europeu está no Brasil para debater Belo Monte

Ulrike Lunacek , Eva Joly e Catherine Greze, do Parlamento Europeu, ao lado do advogado Marco Apolo, da SPDDH, e Ubiratan Cazetta, procurador da república. (Foto: Dominik Giusti/G1)
Uma comitiva de parlamentares da bancada verde do Parlamento Europeu está no Brasil para saber mais sobre o polêmico projeto da hidrelétrica de Belo Monte. As eurodeputadas Ulrike Lunacek (Áustria), Catherine Greze e Eva Joly (França) integram o grupo, que esteve em Brasília nesta segunda, 8, e em Belém nesta terça. Na quarta, elas seguem para Altamira.
Em Brasília, as deputadas foram recebidas pela Embaixada Européia e tiveram encontros com os Ministérios de Minas e Energia, de Relações Exteriores, do Meio Ambiente e com os embaixadores da Alemanha, Reino Unido, França, Dinamarca, Suécia, Holanda e Portugal. Também tiveram reuniões com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o Instituto Socioambiental (ISA), o Tribunal Regional Federal da 1ª Região e o Ministério Público Federal.
Em Belém, a comitiva se reuniu com o juiz federal Arthur Pinheiro Chaves, responsável pelas ações envolvendo Belo Monte, e com pesquisadores da Universidade Federal do Pará, integrantes do Painel de Especialistas sobre a usina. As deputadas também concederam uma coletiva de imprensa na sede da da Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, com a presença do presidente da entidade, Marco Apolo Leão, e do procurador da República Ubiratan Cazetta.
Em Altamira, as deputadas têm novas reuniões com o MPF, com o bispo da Prelazia do Xingu, Dom Erwin Krautler, e com o Movimento Xingu Vivo. Também irão visitar as comunidades afetadas e falar com a Norte Energia S.A, empresa responsável por Belo Monte.
Belo Monte
Desde o início do projeto de Belo Monte, a Bancada dos Verdes no Parlamento Europeu acompanha a controvérsia sobre a barragem. “O tamanho, o custo e os efeitos projetados convidam a refletir sobre o modelo energético que queremos para preservar a terra para o futuro”, diz comunicado da bancada para a mídia.
“Sublinhando que são os brasileiros e brasileiras quem devem decidir sobre o seu futuro, ao mesmo tempo as deputadas não acreditam num falso dilema entre desenvolvimento e proteção dos povos indígenas”, afirmam. Por isso a comitiva vem conversar com os impactados, com pesquisadores, com críticos da obra e quem tem idéias alternativas de como garantir o abastecimento de energia e o respeito dos direitos humanos a um só tempo.
Além das preocupações com a questão social e ambiental na Amazônia, o interesse das parlamentares em Belo Monte é reforçado pela participação de várias empresas europeias no projeto, seja como fornecedoras de equipamento, seja nos processos de seguro e resseguro seja como acionistas indiretas da Norte Energia. Entre as empresas da Europa envolvidas no negócio estão a austríaca Andritz, a espanhola Iberdrola, a francesa Alstom e as alemãs Voight Siemens, Munich Re e Allianz.
Fonte: Movimento Xingu Vivo Para Sempre
2) Nas aldeias atingidas por Belo Monte o atendimento à saúde continua precário
Depois de dois anos do início das obras da usina de Belo Monte, em Altamira (PA ) e municípios vizinhos, o Programa Integrado de Saúde Indígena, criado como condicionante para a Licença Ambiental do empreendimento, não saiu do papel e a concessionária Norte Energia S.A, não contratou empresa para executar as ações
Puja Xipaya, 18 anos, com o filho recém-nascido. Antes do parto, ela enfrentou uma viagem de 12 horas da aldeia onde mora até chegar ao hospital em Altamira-PA|Leticia Leite-ISA
Dados oficiais do Distrito de Saúde Especial Indígena de Altamira (DSEI Altamira-PA) demonstram situação crítica nos índices de mortalidade, desnutrição infantil e diarreia aguda em crianças indígenas das aldeias afetadas pela usina de Belo Monte.  A falta de atendimento nas aldeias fez saltar em 2000 % o número de atendimentos na cidade, entre 2009 e 2013.
“Tudo não passou de promessas. A saúde dos índios do Xingu só piorou. A reestruturação do atendimento à saúde indígena está apenas no papel”, diz o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (CONDIS), Joaquim Curuaia.
Em 2010, a saúde dos indígenas do Xingu já era alarmante, se comparada à realidade brasileira e a taxa de mortalidade infantil era de de 83 por mil nascidos vivos, quatro vezes maior que a média nacional.
Em 2012, nove em cada dez crianças indígenas apresentaram diarreia aguda por mais de uma vez. Mais de 14% das crianças até cinco anos que vivem nas 36 aldeias consideradas afetadas por Belo Monte estão com peso considerado baixo ou muito baixo para sua idade.
“Em 10 dias em campo, em aldeias na Terra Indígena (TI) Trincheira do Bacajá, da etnia Xikrin, duas crianças morreram, uma por diarreia e outra com pneumonia. Como pode, em 2013, crianças indígenas ainda morrerem desta maneira?”, questiona a antropóloga Thais Mantovaneli, que realiza estudos em uma das quatro Tis atingidas pela usina.

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