Brasil reaproveitou 98,2% das latas, impulsionado pela retomada do valor da sucata.
A retomada do valor da sucata de alumínio, após a recente crise mundial, foi o principal fator para o estabelecimento do novo recorde de reciclagem de latas de alumínio para bebidas no Brasil, anunciado pela Abralatas e pela Abal (Associação Brasileira do Alumínio). O índice referente ao ano de 2009 ficou em 98,2%, mantendo o Brasil, pelo oitavo ano consecutivo, na liderança mundial, à frente de países como Japão (93,4%) e Argentina (92%).
Das 202,5 mil toneladas de latas vendidas no ano, foram coletadas e reaproveitadas nada menos que 198,8 mil toneladas. “Trata-se de um indicador que nos deixa orgulhosos, porque todo o processo é realizado sem qualquer interferência do Estado”, comentou o diretor executivo da Abralatas, Renault Castro. “O mais importante é que são toneladas de resíduos retiradas do meio ambiente, deixando de poluir matas, rios, lagos”.
O crescimento do volume reciclado (19,9%) entre 2008 e 2009 foi maior do que o crescimento do volume de latas vendidas (11,7%), o que revelaria, na opinião do coordenador da Comissão de Reciclagem da ABAL, Henio De Nicola, a inclusão de material coletado em 2008 e armazenado à espera de preço melhor para a sucata. “O cálculo agregou a sucata de latas que ficou retida nos depósitos em decorrência da queda do preço devido à crise econômica a partir do final de 2008”, observou.
Emprego e renda
A reciclagem de latas de alumínio movimentou cerca de R$ 1,3 bilhão na economia brasileira em 2009. Segundo cálculos da Abralatas e da Abal, se houvesse catadores que só coletassem latas de alumínio, seria necessário o trabalho de 216 mil profissionais para coletar o volume reciclado (198,8 mil toneladas). Isso significa dizer que, a reciclagem de latas rendeu, em média, o equivalente a cerca de R$ 500 mensais ao trabalhador.
“Não é um cálculo perfeito, porque não existe catador que recolha apenas lata de alumínio” [ver foto abaixo], ressaltou Renault Castro. “O que podemos dizer é que a lata de alumínio, por seu alto valor no mercado, é a grande responsável pela consolidação do sistema de reciclagem no país, porque viabilizou a coleta de outros materiais e promoveu a organização de profissionais em cooperativa”, completou, lembrando que o modelo existente no Brasil é considerado referência mundial de emprego verde pela Organização Internacional do Trabalho.
[OBS.: No Brasil predomina a necessidade de sobrevivência sobre a questão da consciência, no que diz respeito à reciclagem]
Recentemente, a Abralatas e a Abal defenderam em reuniões com o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis e com o Ministério Público do Paraná e do Rio Grande do Norte, mecanismos para que os catadores possam se organizar e vender diretamente para os recicladores. “A maior parte do volume adquirido pela indústria de reciclagem veio dos intermediários, que desempenham um papel importante na logística, mas tiram o lucro dos catadores”, avaliou Henio de Nicola.
Meio ambiente
Além da questão social e de retirar do meio ambiente quase 200 mil toneladas de resíduos, a reciclagem de alumínio colabora com a redução das emissões de CO2. O reaproveitamento da lata libera apenas 5% das emissões de gás de efeito estufa, quando comparado com a produção de alumínio primário (dados do International Aluminium Institute - IAI).
Outro fator importante é a economia de energia, com redução de 95% do que é consumido na produção da lata a partir do alumínio primário. A economia em 2009 foi de aproximadamente 2.922 GWh/ano, ou 0,8% do total de energia consumida no país. Isso é superior ao que será economizado com o horário de verão e seria energia suficiente para atender demanda anual de uma cidade de mais de 1,2 milhão de habitantes como, por exemplo, Guarulhos (SP).
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