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29 de jul. de 2009

HORMÔNIOS NA ÁGUA DE BEBER

(Notícia extraída da revista Scientific American, de 28 de julho de 2009)

NÃO SE ASSUSTEM!!! AINDA NÃO É AQUI NO BRASIL.
Quantidades-traço de medicamentos sob prescrição médica têm sido encontradas em várias unidades de tratamento de água, podendo atingir cerca de 46 milhões de pessoas em nove Estados nos Estados Unidos, segundo investigações do “U.S. Geological Survey” (Levantamento Geológico dos Estados Unidos) feitas em 2008. Foram detectadas 85 substâncias produzidas pelas indústrias, estando entre elas anticoncepcionais.
Atualmente discute-se se tais substâncias se apresentam em níveis que possam causar preocupações. E discute-se também se há efeitos somatórios (sinergísticos) dessas substâncias em quantidades-traço; ou seja: “quantidades-traço de uma substância mais as de outra resultam em quê”???. Alguns pesquisadores afirmam que mesmo em concentrações diluídas, alguns resíduos de medicamentos causam danos em peixes, anfíbios e algumas outras espécies aquáticas; e que em laboratório foram feitos testes que demonstraram efeitos prejudiciais em células humanas. Um exemplo: estrogênio, expelido na urina de mulheres tomando anticoncepcionais e encontrado em esgotos, atuaram sobre reprodução de peixes, produzindo descendentes inférteis, segundo pesquisas na Universidade de Pittsburgh; e também mostraram que células cancerosas de seio humano cresceram duas vezes mais rápido quando expostas a estrogênio extraído de peixes-gato capturados próximos a locais inundados com esgotos não-tratados. A preocupação reside no fato de que há pessoas com tendências naturais a ter câncer causado por estrogênio (segundo o líder da equipe de pesquisa, Dr. Conrad Volz).
A filtração de tais substâncias somente tem se mostrado positiva nos casos em que se aplica o sistema de “osmose reversa” (passagem por uma membrana ultrafina semi-permeável, deixando passar somente a água). O uso de filtro de carvão ativado ainda gera dúvidas quanto à eficiência. Alguns sugerem que talvez o ideal seja o uso simultâneo desses dois sistemas de filtração.
Uma agência não-governamental internacional de saúde (“NSF International”; site: www.nsf.org) sugere que resíduos de medicamentos não devem ser jogados no sistema de esgoto sanitário, mas sim descartados no lixo normal, sendo posteriormente jogados nos aterros sanitários apropriados.

10 de jul. de 2009

“BIOCHAR”: SOLUÇÃO DA GEOENGENHARIA OU PRETEXTO PARA CONTINUAR POLUINDO?!


Este termo “biochar” resulta de “biomass + charcoal” (biomassa + carvão, em inglês). Surgiu da observação da existência da nossa “terra preta dos índios”, solo da Amazônia central. Trata-se de trecho de latossolo caolinítico amarelo (originariamente pobre em nutrientes) onde se supõe que ao longo do tempo os índios foram acumulando matéria orgânica, tornando-o muito fértil. É considerado um epipedon antropogênico, ou seja, um horizonte superficial originado de atividades humanas. O processo de produção do “biochar” consta basicamente, de pirólise de biomassa (400 a 500oC) em atmosfera quase sem oxigênio, formando-se assim carvão, com emanação de alguns gases do efeito estufa. A foto ao lado (da revista “Nature”) mostra um forno de microondas para produzir “biochar” em escala industrial, na Nova Zelândia.
Defensores desse “carvão com nome sofisticado”, como o pesquisador Johannes Lehmann, professor da Universidade de Cornell, E.U.A., visualizam grandes benefícios para o nosso planeta no aspecto relacionado ao seqüestro de carbono. Calcula-se que anualmente são emitidos para a atmosfera de 8 a 10 bilhões de toneladas de carbono. Admitindo-se que mais ou menos metade seja adsorvida pelos oceanos e ecossistemas terrestres, cerca de 4 bilhões permanecem na atmosfera. As plantas verdes, no entanto, são capazes de absorverem mais de 60 bilhões de toneladas pela fotossíntese. Mas como as próprias plantas emitem gás carbônico em grandes quantidades para a atmosfera, pela respiração, o armazenamento de carbono no solo poderia ser um meio eficiente de tirá-lo de circulação. Calcula-se ainda que uns 10% dessas 60 bilhões de toneladas de carbono terminem no ambiente como resíduos (de cultivos, das florestas, dos animais...); ou seja, 6 bilhões de toneladas, metade das quais, ou 3 bilhões de toneladas de carbono, poderiam ser submetidas a pirólise e transformadas em “biochar”.
Defensores desse produto ainda consideram que a própria biomassa geraria a energia suficiente para a pirólise e que um terço da biomassa seria biocombustível. Florestas seriam introduzidas nos 900 milhões de hectares de terra degradada, no mundo. Idéia esta melhor do que a de outros pesquisadores, que sugerem que florestas sejam derrubadas para produzir “biochar” e depois replantadas... e assim por diante! Johannes Lehmann, seu principal defensor, sugere que muitos solos melhorariam sua produtividade. Haveria adição de alguns nutrientes, como fósforo, potássio, zinco, cálcio. Isto certamente não seria aconselhado a ser feito nos latossolos da Amazônia, pois o cultivo itinerante ali praticado pelos indígenas (e até hoje imitado por muitos dos exploradores da Amazônia) mostrou ser improdutivo (o solo se beneficia em curto espaço de tempo com o acréscimo desses nutrientes, que são absorvidos pelos plantios e levados do local em forma de produtos alimentícios ou fibras, e o restante é facilmente lixiviado pela alta precipitação pluvial local).
Os críticos do “biochar” advertem que enterrá-lo no solo poderá significar que ali ele ficará por milhares de anos. Talvez não fique, se não for enterrado muito profundo. Pesquisa de um cientista sueco (Wardle, D. A. Science 320, 629 (2008)) mostrou que pelo menos em floresta boreal na Suécia o carvão, quando misturado ao húmus, se decompõe mais rápido do que se supunha. Mas há quem aponte problemas ambientais outros, como Almuth Ernsting, um pesquisador de organização britânica ambiental (“Biofuelwatch”): o seqüestro de (modestos) 1 bilhão de toneladas de carbono, por esse processo, requereria 500 milhões de hectares de terra, enquanto as florestas remanescentes tropicais representam hoje cerca de 1,5 bilhão de hectares.
Em se tratando do “biochar” e o aquecimento global, em solos tropicais, eu vou um pouquinho mais adiante! Em experimentos que realizei na Estação Experimental de Rothamsted (Inglaterra), comparando reações dos microrganismos ao aumento de temperatura [trabalhos publicados em Soil Biology and Biochemistry (1997) 30 (10/11): 1309-1315; e na Revista de Microbiologia (1997) 28(1): 5-10)] observei que: o total de carbono respirado pela microbiota dos solos tropicais mantidos a 35oC ao longo de 150 dias de incubação, foi na faixa de 2,6 a 4,5 vezes o C presente inicialmente na biomassa microbiana; e a faixa correspondente dos solos temperados foi de 3,2 a 9,7 vezes. Algumas conclusões: (a) a microbiota de ambos os conjuntos de solos consumiram não somente o carbono da matéria orgânica neles existentes, mas também alimentaram-se dos microrganismos mortos, emanando carbono pela respiração; (b) em ambos os solos os microrganismos mostraram que com o aquecimento global, eles contribuirão com mais carbono para a atmosfera (os solos temperados mais do que os tropicais).
Em termos do que vai acontecer com um “biochar” nos nossos solos tropicais, ainda ficam algumas perguntas que precisam ser respondidas, como por exemplo: (i) como se comportarão os microrganismos com o aumento da relação carbono:nitrogênio (se for muito alta, a microbiota poderá consumir o pouco nitrogênio disponível, não liberando-o para as plantas); (ii) que tipo de conseqüências poderá o “biochar” no solo causar aos demais escassos nutrientes, abaixo dos 15 cm superiores mais férteis dos nossos latossolos da floresta amazônica e da mata atlântica, por exemplo; (iii) em termos físico-químicos, quais serão as conseqüências... e outros questionamentos que certamente pedólogos, edafólogos, agrônomos e agricultores experientes saberão melhor formular do que eu.
Talvez possa se pensar que solos desprovidos de necromassa de superfície (solos provenientes de mineração, por exemplo) possam se beneficiar com a adição do “biochar”. Mas, em todos os casos, é melhor investigar com mais precisão sobre TODO esse procedimento, antes que queiram generalizá-lo e... (o que é muito pior!) antes de acharmos que esse produto é “um santo remédio” da geoengenharia e assim não precisaremos reduzir a emissão de gases do aquecimento global... e nem precisaremos nos preocuparmos em preservar nossas florestas!!!

5 de jul. de 2009

COMER MAIS (E MELHOR) E MATAR MENOS: O DILEMA “CARNE OU CEREAIS”???



Tenho me deparado recentemente com publicações e discussões sobre criação e proliferação de gado bovino e as questões relacionadas principalmente à economia e preservação ambiental (incluindo aqui a legislação ambiental), sócio-economia e saúde humana. Tenho observado que a corrente de opinião pró-ingestão de carne apresenta pontos positivamente justificáveis, mas também explicações frágeis ou contestáveis. Em termos ambientais, que me diz respeito como profissional da ecologia, devo ater-me aos aspectos que contribuam para se traçar uma política ambiental que inclua a obtenção da carne bovina num planejamento fundamentado em bases científicas agro-ecológicas, sócio-econômicas e em respeito às leis ambientais, nesta seqüência (que dão suporte ao estabelecimento de uma política ambiental que vise sustentabilidade).
Em termos de saúde humana encontramos na literatura mundial sobre alimentos, que a carne bovina tem propriedades incontestavelmente positivas (veja o quadro acima sobre a composição nutricional de carnes de animais, reproduzido de “Gado de Corte Divulga” (Campo Grande, MS, dez. 2000 no 41 ISSN 1516-5558, por Ezequiel Rodrigues do Valle). O balanço benefício-malefício da carne bovina (e/ou das carnes vermelhas em geral) se chocam, ao afirmar-se por exemplo que: “ela possui altas concentrações de ácido linoléico conjugado (CLA), composto associado à prevenção e combate de determinados tipos de câncer”; e ao mesmo tempo “seu consumo está relacionado com certas degenerações cardíacas”... e outras informações que fazem o consumidor de carne vermelha ou tornar-se fisicamente forte e resistente ou mais um paciente de uma clínica ou hospital! Se os consumidores de carnes vermelhas e embutidos (carnes processadas) lerem o artigo recentemente publicado no “Archives of Internal Medicine” (Arch Intern Med. 2009 Mar 23;169(6):562-71), sob título “Meat intake and mortality: a prospective study of over half a million people” = Ingestão de carne e mortalidade: um estudo prospectivo de mais de meio milhão de pessoas) os comedores de carne provavelmente se sentirão “aliviados” com a conclusão dos autores: “ingestão de carnes vermelhas e carnes processadas foram associadas a aumentos modestos com a mortalidade total, mortalidade por câncer e mortalidade por doença cardiovascular”. Eu, pessoalmente continuo com receio de ser incluído nesse aumento modesto!
As vantagens do rebanho bovino vão mais além quando avaliamos sua contribuição em termos de produção de leite. Embora, neste aspecto, algumas pessoas saibam que, em termos naturalistas, digamos assim, “o leite de um mamífero foi criado pela Natureza para alimentar o filhote daquele próprio mamífero”. Há indícios de que está se tornando mais freqüente nas populações humanas, o aparecimento de crianças que sejam intolerantes a leite animal (que não seja o da própria mãe). Eu, continuo consumidor moderado de leite de vaca. Um dos meus filhos, hoje com 16 anos de idade, nunca pôde consumi-lo. Após a amamentação materna, ele teve que passar a consumir leite de soja; e tem tanta ou mais saúde, do que os outros que consomem leite animal! Portanto, não me parece ser este um problema com que devamos nos preocupar. Quem puder consumi-lo, que o faça.
Em termos ambientais... aí sim, há muito que ser avaliado e discutido. Privilegiar a produção de cereais ou a de carne? Resgato inicialmente um escrito de Robert Goodland que figura na destacada publicação “CAVALCANTI, C. (org.) (2002) Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Políticas Públicas, 4ª.ed., São Paulo, Cortez Edit. e Fundação Joaquim Nabuco, 436p.”, sob título: Sustentabilidade Ambiental: Comer Melhor e Matar Menos (expressão esta que tomei emprestada para título deste ensaio). Nessa contribuição R. Goodland discorre sobre valores nutricionais de cereais e carnes, política alimentar, aspectos ecológicos e filosóficos em geral, assim como sobre valores relacionados à saúde humana e crença religiosa. Em termos de sustentabilidade ambiental vejamos alguns pontos de destaque dessa publicação, principalmente na comparação entre produção de cereais e de carne animal: 1) o gado de corte durante a engorda consome sete quilos de cereal para produzir um único quilograma de peso em pé, ou produto em pé em sua expressão ecológica (comentário meu sob o aspecto ecológico: sugiro aos leitores que consultem, num livro de ecologia ou no meu Glossário de Ecologia e Ciências Ambientais, o gráfico de ODUM representativo da transferência de energia através da cadeia alimentar e vejam quanto de energia se evitaria perder “se fôssemos mais herbívoros”); 2) o porco consome quase quatro quilos de grãos para cada quilo de peso em pé; 3) frango e peixe (mais eficientes na conversão) consomem dois quilos de grãos para cada quilo de peso em pé; 4) produção de queijo: 3 quilos de grãos para cada quilo desse produto; e produção de ovos: 2,6 quilos de cereais por quilo desse produto. Segundo avaliação de Lester Brown, pesquisador em sustentabilidade ambiental, os países que lideram essa “transformação de cereais em carne” são Estados Unidos e China. Robert Goodland então pergunta: “Se os indivíduos mais prósperos do mundo aceitassem simplificar sua alimentação (por razões de saúde ou ética ou economia, ou religião...) liberariam os cereais assim poupados e os distribuiriam para prevenir a fome e a desnutrição onde e quando necessário”?
Em termos econômicos, apenas alguns comentários de quem passa “marginalmente” pelo conhecimento dessa problemática. Os pobres normalmente gastam 70% e às vezes mais, de sua renda com alimento. Os ricos, cerca de 20%. Partindo do princípio de que um hectare de terra com plantio de grãos possa produzir de duas a 10 vezes mais do que um hectare destinado à produção de carne bovina e que um hectare de legumes pode produzir de 10 a 20 vezes mais proteínas do que o mesmo hectare voltado para a carne de boi (segundo o artigo de R. Goodland acima citado), antes de decidirmos por uma política pró-gado bovino, precisamos observar se no local objeto da ocupação não haveria maior retorno se optássemos por produção de cereais. Priorizar tal decisão exclusivamente por razões econômicas (carne bovina é “artigo para exportação”), ou por razões de preferência alimentar, deixando de lado outras questões, como conservação/preservação ambiental e sócio-economia ambiental, se contrapõe ao que hoje se entende por desenvolvimento sustentável.
Em termos ambientais há muito a se considerar. Obviamente há de se levar em conta a região ou microrregião onde se pretenda estabelecer a atividade pecuarista, devendo-se observar principalmente o clima e o solo. Se tal local for sujeito a variações climáticas extremas, como seca freqüente por exemplo, devemos nos lembrar que pastagem demanda 10 vezes mais água de irrigação para produzir um quilo de carne do que plantio de soja para produzir um quilo de grãos. Se no local a ser explorado a água não é problema, a emissão de gás metano (forte característica dos ruminantes) não deveria ser objeto de preocupações ecológicas por “ecologistas e ambientalistas” (por favor, não me incluam nessa classificação; eu sou ECÓLOGO). Por que na atmosfera há muito mais metano emanado de zonas pantanosas, brejos, arrozais e muitos mais outros gases do aquecimento global emanados de veículos automotores. Vejamos ainda os seguintes números: o total de metano gerado anualmente nas Usinas Hidroelétricas do norte, Tucuruí, Samuel, Curuá-Una e Balbina, equivale ao total anual emitido na cidade de Sâo Paulo (obs.: uma tonelada de metano é igual a 25 toneladas de dióxido de carbono como potencial do aquecimento global).
Com respeito à expansão de novas fronteiras da pecuária bovina, no nosso caso a Amazônia, no documento “O Reino do Gado: uma Nova Fase na Pecuarização da Amazônia Brasileira” (documento de Amigos da Terra/2008, divulgação em PDF no site http://www.amazonia.org.br/) alguns aspectos merecem ser destacados e sobre eles devemos refletir cuidadosamente: 1) em 2007 ocorreram mais de 10 milhões de abates bovinos, tendo o rebanho da Amazônia representado 36% do rebanho nacional (Brasil maior produtor mundial de carne bovina); 2) modelo predominante atual: a venda da madeira financiando a derrubada da floresta, a queima e a introdução de pastagem; 3) baixo custo da terra: muitas terras públicas passíveis de serem apropriadas ilícita e impunemente; 4) agravantes: carência de políticas públicas na área fundiária (com impunidade na apropriação indevida) e crédito sem restrição para atividades ilegais; 5) baixo investimento na recuperação de pastagens: dados da Embrapa revelam que desde os anos de 1990 o custo de recuperação de pastagens pode ser quatro vezes maior do que o da utilização de novas terras; 6) baixa capacidade de suporte ou lotação média: 1,4 cabeça por hectare; 7) falta de zoneamento agro-ecológico e falta de incentivo fiscal para converter sistemas de produção extensivos em intensivos sustentáveis (com adequação à legislação, tecnologias, gerenciamento...); 8) predominância de grandes grupos financeiros, sendo os pequenos produtores esquecidos. Alguns pontos positivos que vêm ocorrendo devem ser observados e incentivados: a) geração de tecnologias de intensificação e manejo de pastagens apropriadas; b) condições boas para a raça Zebu; c) adoção de pecuária com gestão empresarial.
Alguns outros fatos negativos têm ocorrido nos Estados de MT, PA, AC e RO, segundo o citado documento de Amigos da Terra/2008, como por exemplo: (i) maioria dos 200 frigoríficos operando ilegalmente; (ii) 73% dos frigoríficos adquirindo carne de fazendas com trabalho escravo (2006-07). Esses fatos contribuíram para as medidas recentes de certificação que o governo federal intenciona implantar para controle da produção de carne na Amazônia e que vem gerando protestos de pecuaristas.
Aqui, como conclusão, é bom observarmos o que revelou uma pesquisa do DataFolha, em abril/2009: “Brasileiro aceita pagar mais para produto com certificação socioambiental” (81% dos entrevistados disseram que dariam preferência, mesmo com preço um pouco superior, a produtos com certificação florestal) [ver pesquisa completa em www.amazonia.org.br/arquivos/311527.pdf]. É impressionante, segundo o DataFolha, que em 2006 o conhecimento do brasileiro sobre o “FSC – Forest Stewardship Council” era nulo; e que agora, um quinto da população entrevistada (com pequenas variações regionais) já tenha conhecimento do que se trata. E você, leitor(a) se ainda não sabe o que esse certificado significa, é só ler o que extraí do Glossário de Ecologia e Ciências Ambientais:
CERTIFICAÇÃO DE MATERIAL DE FLORESTAS
Documento ou certificado concedido aos explotadores de recursos florestais. O “FSC – Forest Stewardship Council” (literalmente, em inglês, Conselho de Procuradoria (ou Intendência) de Florestas) é a primeira instituição credenciadora de certificadores na área florestal. É uma entidade não-governamental (sem fins lucrativos) internacional, sediada em Oaxaca, México, tendo sido fundada em 1993, com o objetivo de promover a conservação cuidando do credenciamento e monitoramento de certificadores de florestas que estejam submetidas a práticas de bom manejo. O FSC recebe apoio do setor ambientalista e pouco a pouco, também do setor empresarial e de governos de diferentes países.

Acredito que muitas discussões virão sobre esta problemática: “comer ou não comer carne não é só uma questão de princípios; e se for motivo de preocupação sócio-econômica é bom lembrar que todo desenvolvimento sustentável somente pode ser efetivado na seguinte ordem: desenvolvimento sustentável ecológico, econômico e social”. Minha opção, como ecólogo e cidadão brasileiro: a carne bovina não faz parte da minha alimentação.

4 de jul. de 2009

CARNEIRO NA ESCÓCIA DIMINUINDO DE TAMANHO COMO INDICADOR ECOLÓGICO DE AQUECIMENTO GLOBAL




Newscientist, 02 de julho de 2009
Esta divulgação da revista semanal inglesa Newscientist informa que ao longo de 20 anos os invernos mais curtos causados pela mudança climática são responsabilizados pelo encolhimento (redução de tamanho) de carneiro Soay (raça primitiva resultante de cruzamento com o carneiro de raça doméstica; ver foto ao lado ). Esta espécie vem sendo estudada desde 1955, na ilha Hirta, no arquipélago de Santa Kilda, oeste da Escócia.
Pesquisadores do Imperial College (Londres), modificando a equação de Price (referente a uma descrição matemática da evolução e seleção natural) exploraram os efeitos de mudança ambiental e seleção natural procurando observar como tais mudanças na seleção natural modificam uma população de uma geração para outra.
Nesse estudo os pesquisadores modificaram a equação de Price de maneira que ela reproduzisse os efeitos de variáveis ambientais, como por exemplo o tempo (estado atmosférico) e as estações do ano, na tentativa de observar como tais variáveis têm mudado de ano para ano. Modificaram-na também de maneira que ela pudesse separar a população em diferentes grupos de idade e que pudesse descrever as mudanças neles ocorridas, separadamente. E isso lhes permitiu descobrir quais fatores têm afetado o tamanho dos carneiros. A tendência num processo de seleção natural é de que os carneiros gerem descendentes maiores, partindo do princípio de que os menores não consigam sobreviver aos invernos rigorosos. Mas, segundo os pesquisadores, isso não tem ocorrido devido ao que eles chamaram de “efeito da mãe jovem”, ou seja, uma tendência para que no primeiro cruzamento a mãe gere um filhote menor do que ela própria era quando nasceu.
Além disso, o modelo dos pesquisadores revelou que um dos fatores de maior influência no tamanho foi o aumento gradual do aquecimento climático causado pelas mudanças das correntes marinhas no fenômeno da Oscilação do Atlântico Norte, que têm produzido invernos mais curtos na ilha. E com isso, os carneiros menores se beneficiam, sobrevivendo com facilidade nos invernos menos rigorosos.

2 de jul. de 2009

BEBÊS CHINESAS VENDIDAS PARA ADOÇÃO (EM CONTINUAÇÃO À POSTAGEM ANTERIOR)





BILINGÜE


BBC NEWS, 02 de julho de 2009



Esta nota, divulgada no site da BBC (Londres) mostra a situação caótica-desumana "a que teremos nos acostumar" ao longo deste tão falado século XXI, o século das conquistas tecnológicas e transformações.

INGLÊS: Rural couples are allowed two children under China's family planning laws
Dozens of baby girls in southern China have reportedly been taken from parents who broke family-planning laws, and then sold for adoption overseas.
PORTUGUÊS: Casais de zonas rurais são permitidos ter, sob as leis de planejamento familiar na China, dois filhos. Dezenas de bebês meninas, no sul da China têm sido, segundo se noticia, tomadas dos pais que quebraram as leis de planejamento familiar e foram vendidas para adoção no exterior.
INGL.: An investigation by the state-owned Southern Metropolis News found that about 80 girls in one county had been sold for $3,000 (£1,800).
PORT.: Investigação do "Soutrhern Metropolis News" [jornal] de propriedade do Estado, descobriu que cerca de 80 meninas em um condado foram vendidas por U$3.000,00 (ou 1.800 libras).
INGL.: The babies were taken when the parents could not pay the steep fines imposed for having too many children.
PORT.: Os bebês foram tomados porque os pais não puderam pagar a multa exagerada imposta por terem muitos filhos.
INGL.: Local officials may have forged papers to complete the deals, the report said.
PORT.: Autoridades locais podem ter forjado documentos para completar as negociações, afirma o relatório.

INGL.:Unpopular policy
PORT.: Política impopular
INGL.: Parents in rural areas are allowed two children, unlike urban dwellers who are allowed one. But if they have more than that, they face a fine of about $3,000 -several times many farmers' annual income.
PORT.: Os pais das zonas rurais são permitidos ter dois filhos, diferentemente dos habitantes das zonas urbanas a quem são permitidos apenas um filho. Mas se eles têm mais do que isso, têm que enfrentar uma penalidade de cerca de U$3.000,00 - valor muitas vezes superior à renda anual de muitos fazendeiros.
INGL.: The policy is deeply unpopular among rural residents, says the BBC's Quentin Somerville in Beijing.
PORT.: Essa política é profundamente impopular entre os residentes das zonas rurais, afirma Quentin Somerville da BBC, em Beijing (Pequim).
INGL.: Nearly 80 baby girls in a county in Guizhou province, in the south of the country, were confiscated from their families when their parents could not or would not pay the fine, Southern Metropolis News said.
PORT.: Aproximadamente 80 bebês meninas num condado na província de Guizhou, no sul do país, foram confiscadas de suas famílias uma vez que seus pais não podiam ou não pagariam a multa, afirmou o "Southern Metropolis News".
INGL.: The girls were taken into orphanages and then adopted by couples from the United States and a number of European countries. The adoption fee was split between the orphanages and local officials, the newspaper said.
PORT.: As meninas foram levadas para orfanatos e daí foram adotadas por casais dos Estados Unidos e vários paísis europeus. A taxa de adoção foi repartida entre os orfanatos e autoridades locais, afirmou o jornal.
INGL.: Child trafficking is widespread. A tightening of adoption rules for foreigners in 2006 has proved ineffective in the face of local corruption.
PORT.: O tráfico de criança está se disseminando. Um aperto nas regras de adoção para estrangeiros em 2006 provou ser ineficiente face à corrupção local.