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30 de jun. de 2012

SISTEMA INTENSIVO E PECUÁRIA SUSTENTÁVEL = GADO + LAVOURA + FLORESTA

O Brasil aumentou a produção de carne bovina três vezes mais do que a média mundial, mas é fundamental que se observe que há meios científico-tecnológicos para se manter a alta produtividade de maneira sustentável.


Assistam o vídeo

http://g1.globo.com/natureza/noticia/2012/05/integracao-com-lavoura-e-floresta-e-o-caminho-da-pecuaria-sustentavel.html

e vejam o que afirmou um dos especialistas que comprovou experimentalmente um maior rendimento na pecuária em regime intensivo:

"Temos 200 milhões de cabeças de gado ocupando 200 milhões de hectares, com média (baixíssima) de 1 cabeça por hectare. No sistema de pecuária intensiva, praticada em Goiás (mostrado no vídeo), a média é de 3 cabeças por hectare. Assim, 200 milhões de cabeças poderiam ser produzidas em 66 milhões de hectares podendo portanto serem poupados 134 milhões de hectares". Assim sendo, "não precisaria abrir nenhuma área nova para introdução de pastagem; é só usar tecnologia".

Isto é mais do que suficiente para mostrar aos ruralistas que querem mutilar o Código Florestal, que eles estão "na contra-mão da ciência e tecnologia" somente com o interesse de aumentarem seus lucros sem o menor comprometimento com a conservação dos nossos recursos naturais.

É mostrado também experimentalmente no Pará, as vantagens econômicas e ecológicas do sistema combinado lavoura-pecuária-floresta.

É uma lástima que os ruralistas continuem optando por um sistema destrutivo, ao invés de aprenderem a construir!





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29 de jun. de 2012

REIVINDICAÇÕES DOS ÍNDIOS "EM TROCA POR PERMITIR" BELO MONTE

Eu não entendo praticamente nada sobre índios, tribos, suas aspirações e necessidades reais. Mas fiquei entre "assustado e desconfiado", ao ler esta notícia veiculada pelo site www.amazonia.org.br, em 28/06/2012:







Nas listas de pedidos que as tribos indígenas apresentaram esta semana à diretoria do consórcio Norte Energia para liberar a construção da hidrelétrica de Belo Monte, constam reivindicações que dão uma boa dimensão do problema que o governo e
os empreendedores da usina terão de administrar para convencer os índios que, agora, "está na hora de passar a cuidar de suas roças de milho e mandioca, da pesca, das crenças e do artesanato". [Estas são palavras que transcrevi dos autores desta nota. Neste ponto, ver meus comentários no final].

Somadas as listas, são nada menos que 40 picapes, com o detalhe de que todas devem ter tração nas quatro rodas, direção hidráulica e ar-condicionado. Para lidar com a plantação, as tribos querem 23 tratores de diferentes modelos e mais 20 barcos com cobertura e motor para poder transitar pelo Xingu. Ainda no quesito transporte, enumeram a necessidade de 12 micro-ônibus com capacidade de 20 pessoas em cada, nove ambulâncias e três motos. Para receber aeronaves, três aldeias exigem a construção de pistas de pouso asfaltadas. Todas cobram estradas devidamente pavimentadas até Altamira, principal município da região. Na moradia, nada de ocas ou palhoça. Os índios pedem 303 casas de alvenaria, todas com banheiro interno, infraestrutura de saneamento e energia elétrica, que deve ser gratuita enquanto durar o empreendimento. A garantia de comunicação entre as aldeias deve ser feita com a instalação de 12 antenas de telefonia celular e internet sem fio, tudo para suportar centenas de computadores portáteis e de mesa que também constam na lista. A pecuária não ficou de fora da lista. As aldeias pleiteiam quase 1,3 mil cabeças de gado e especificam que 770 delas devem ser de gado leiteiro e 520 da raça Nelore. O lazer também faz parte da relação. Na aldeia Mrotidjam, da terra indígena Xikrin do Bacajá, por exemplo, os índios querem a reforma do campo de futebol gramado, com instalação de iluminação e traves novas no gol, além de 30 freezers. Finalmente, cobra-se a abertura de uma série de contas bancárias em nome de cada aldeia. Os pedidos de depósito variam entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões para cada uma delas. Em algumas tribos, é exigido o pagamento de três ou quatro salários mínimos por mês para cada família indígena do local, valor a ser pago enquanto a água de Belo Monte for convertida em energia.








[Meu compatriota acima difere de mim por dois motivos: 1) O notebook dele parece ser mais chic do que o meu. 2) Eu NÃO SOU OBESO]

[Alguns comentários do autor deste blog:
1) Lembro-me que certa vez li um comentário de um importante indianista brasileiro, que destacava a necessidade de se dar assistência completa aos índios, orientando-os até na hora do chefe da tribo distribuir os presentes levados pelos brancos, pois ao índio de quem ele gostava ele dava um rádio transistor e ao outro de quem não lhe era simpático... ele o presenteava com as pilhas do rádio; a outro com quem simpatizava dava uma faca e a outro não-simpático dava a bainha da faca... Pode parecer piada, mas a percepção de valores, necessidades, justiça... deles, certamente difere da nossa e por isso um dos nossos importantes papeis ao lidar com eles é, além de conhecê-los bem é saber orientá-los na integração ao "nosso mundo".
2) Todo índio tem direito a aspirar e ter bens iguais aos nossos e que atendam às suas reais necessidades. Exemplos: a lei obriga as empresas a proporcionar ônibus aos trabalhadores rurais, e é preciso saber porque eles têm tal necessidade; barcos também são seus meios de transporte; tratores e implementos agrícolas, acompanhados de assistência técnica, são essenciais; moradias: é bem possível construirem-se ocas e malocas seguras, confortáveis, contendo instalações adequadas... sem que se percam as características dos seus vínculos culturais, pois o turismo pode ser uma opção viável para eles (participação comunitária nas decisões e orientação são fundamentais).
3) Quem não precisa de telefonia hoje? E quem não assiste televisão? Quem dispensa o uso de computadores? Quem não gostaria de ser transportado por ambulância e quando necessário, por avião nas urgências e emergências? Quem não gostaria de ver seus filhos irem à escola para aprender a ler e escrever e saber enviar um "e-mail"? Quem nega que saneamento não é fundamental? E vacinas e medicamentos?
Em outras palavras: por que eles teriam que viver sem aspirações à vida moderna? Em 10/05/2008 postei neste blog "Meio Ambiente e Índios no Brasil".
4) Me parece que ar condicionado, carros com direção hidráulica, contas bancárias "gordas"... e outras das exigências listadas, se assemelham aos episódios de distribuição dos presentes, que relatei acima. Mas a tração nas quatro rodas nas picapes é importante (até para as autoridades de Belo Monte se deslocarem). Reivindicar assistência à saúde é "fundamentalíssimo"! É possível convencê-los de que é muito importante que eles tenham computadores de uso comunitário, pois esta concepção "comunitária" é uma forte e mui saudável peculiaridade de suas origens. E assim, um notebook para cada um seria desnecessário.
ORIENTAÇÃO, é a palavra-chave. Tudo isso é INTEGRAR]

Em 20/07/2011 postei neste blog um tormento vivido pelos empreendedores desta hidroelétrica, sob o título: "Belo Monte Traz Pesadelo Logístico para Empresas".

Mas é bem possível que tudo isso faça nossas autoridades repensar sobre a política energética brasileira (tema este aqui contemplado em várias postagens). Ou melhor: não estaria na hora de se começar a estimular as iniciativas de alternativas de energias eólica, solar...? Sugiro que tais autoridades façam "uma visitinha" à China, Espanha, Alemanha, Estados Unidos... Lá tais iniciativas já se concretizam.

Nem consigo imaginar quais reivindicações virão com as outras dezenas de hidrelétricas programadas para acontecer nos próximos anos!!!


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28 de jun. de 2012

SECA NO NORDESTE DEIXA MAIS DE MIL MUNICÍPIOS EM SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA

[Reproduzido de: http://www.correiobraziliense.com.br/]









Mapas do Brasil mostram a situação da seca no Nordeste, as áreas em vermelho. A imagem à esquerda (abril de 2011) mostra 15% da região atingida, já a imagem à direita (abril de 2012) mostra 80%.


Aumentou para 1.134 o número de municípios do semiárido brasileiro onde foi declarada situação de emergência por causa da estiagem. Na comparação com balanço divulgado na primeira quinzena de junho, 121 localidades passaram a integrar a lista da Secretaria Nacional de Defesa Civil. Imagens do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites da UFAL (Universidade Federal de Alagoas).

Este ano choveu pouco no interior do Nordeste em janeiro, fevereiro e março, meses em que seria normal haver precipitações no semiárido. “O interior não teve chuva na época tradicional e, agora, está ingressando no período de estiagem”, disse a meteorologista Márcia Seabra, do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), um dos órgãos integrantes do Comitê de Combate à Seca no Semiárido, divulgou hoje um balanço da aplicação do recurso extraordinário de R$ 2,7 bilhões liberado em abril para enfrentamento da estiagem.

A maior parte do valor – R$ 799 milhões – está sendo destinada à construção de cisternas. Do início de 2011 até junho deste ano, 123 mil unidades foram entregues a famílias do semiárido. A intenção é que o número cresça para 290 mil até dezembro. Também foram contratados 3.360 caminhões-pipa por R$ 164,4 milhões.

Dos recursos restantes, R$ 500 milhões foram destinados ao Plano Garantia Safra, de auxílio a produtores que perderam suas plantações; e R$ 200 milhões ao Bolsa Estiagem, de ajuda à população que ganha até dois salários mínimos. Por fim, R$ 60 milhões devem ser aplicados na recuperação de poços até o fim deste ano. A divulgação dos valores foi realizada durante reunião plenária do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea) para debater os impactos da seca em 2012.

A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, afirmou que as cisternas e caminhões-pipas são importantes porque viabilizam a convivência dos moradores do semiárido com a estiagem. “A gente não tem aquelas velhas cenas de êxodo rural, porque as pessoas estão conseguindo conviver com essa seca”, disse.

Prejuízo com seca no Nordeste supera R$ 12 bilhões, prevê ministro da Integração Nacional. – Os meteorologistas informam que essa deverá ser uma das mais severas secas dos últimos 40 anos. Estamos atentos e, se novas medidas forem necessárias, o governo tomará – afirmou o ministro Fernando Bezerra Coelho.

O ministro destacou que o governo contratou 2,6 mil carros-pipa para atuar na região sob comando do Exército. Informou ainda que está sendo oferecido milho a preço subsidiado, para que pequenos produtores consigam alimentar seus rebanhos.

– A presidente Dilma está antecipando o pagamento do Garantia Safra e vamos começar a pagar no início de junho o Bolsa Estiagem. Estamos também começando a contratar e liberar recursos através do crédito emergencial, R$ 1 bilhão estará à disposição dos pequenos agricultores e outras atividades produtivas. Essas medidas podem ser suficientes para injetar ânimo na região" – declarou.

[O curioso, ou quase trágico, é ler notícia como esta: "O conflito entre governo federal e a ASA (Articulação do Semi-Árido) envolvendo a construção de cisternas para armazenamento de água da chuva em regiões isoladas no semiárido brasileiro parece superado. Reunião entre representantes da ministra do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Tereza Campello, com representantes da ASA resultou na reativação da parceria por um contrato de R$ 138,7 milhões para a construção de cisternas e consultoria agroecológica no sertão nordestino, além de ter fechado um contrato de consultoria com a Fundação Banco do Brasil para gerenciar a instalação de outras 60 mil cisternas na região". POR POUCO UM PROJETO DA IMPORTÂNCIA DESTE, ESCAPOU DE SER EXTINTO]




[Lançado em 2003, o Programa 1 milhão de cisternas (P1MC) previa construí-las dentro de um prazo de 5 anos. As cisternas de placas (ver foto abaixo) eram a principal alternativa tecnológica para armazenamento da água de chuva captada nos telhados das residências no interior do Sertão nordestino até pouco tempo. Com capacidade para armazenar até 16 mil litros de água. Essas cisternas atendem as necessidade de consumo das famílias de cinco a sete pessoas no período de seca que ocorre no Nordeste. Até o momento já foram construídas 495.607 cisternas financiadas pelo MDS.]




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27 de jun. de 2012

ÁGUA: BRASILEIROS SABEM COMO ECONOMIZAR, MAS DESPERDIÇAM

[Reproduzido de www.wwf.org.br]




O brasileiro desperdiça água, afirma conhecer formas de economizar o recurso, mas não as coloca em prática. A pesquisa - que faz parte do “Programa Água para a Vida”, uma parceria entre o WWF-Brasil e o Grupo HSBC – mostra que 68% dos entrevistados em 26 estados do país reconhecem o desperdício como a principal causa para o problema de abastecimento de água no futuro.




Quase metade (48%) da população admite gastar água em suas casas com pouco controle. Há cinco anos, essa parcela representava 37%. Nos dois períodos, os entrevistados apontaram que diminuir o tempo de banho é a melhor forma de reduzir o consumo. No entanto, 30% informaram demorar mais de 10 minutos no banho em 2011, enquanto em 2006, 18% despendiam o mesmo tempo para a atividade. Estima-se que em um banho de 10 minutos sejam gastos 100 litros de água. Fechar a torneira ao escovar dentes, consertar vazamentos e não lavar calçadas com mangueira foram os outros meios destacados pelos quais o desperdício pode ser evitado.



Outra questão revelada pelo estudo é o baixo conhecimento sobre o consumo de água no país. Para 81% da população, residências e indústrias são os grandes usuários e apenas 16% avaliam – corretamente – que a agricultura é a grande consumidora de água no Brasil. A produção agrícola é responsável por 70% do uso do insumo e pelo maior gasto sem controle. Além disso, a indústria é vista como a maior poluidora (77%). Ainda é desconhecido, por exemplo, que a poluição das águas por uso doméstico muitas vezes supera a poluição industrial em grandes centros urbanos. “Esses dados demonstram que a percepção do problema se restringe ao ambiente onde vive a maioria da população do país: as grandes cidades. Não há uma visão integrada com a zona rural, onde estão as principais fontes do recurso, e do caminho que esta percorre até chegar às casas e apartamentos. O problema é visto da “torneira para frente” e poucos o reconhecem da “torneira para trás”, explicou Maria Cecília Wey de Brito, CEO do WWF-Brasil.




A pesquisa aponta ainda que 67% dos domicílios pesquisados no país enfrentam algum tipo de falta d’água. No Nordeste, já existe escassez constante do recurso em 29% dos domicílios. Apesar disso, o consumo médio de água diário por habitante no país (185 L) é considerado mediano, próximo do da Comunidade Europeia (200 L), mas muito distante do de regiões secas como o semiárido brasileiro, abaixo de 100 L, e partes da África subsaariana, abaixo de 50 L.

O levantamento mostrou também que 87% das pessoas não conhecem a Agência Nacional de Águas (ANA), órgão regulador do recurso criado pelo governio federal em 2000, e o desmatamento foi apontado apenas por 1% dos entrevistados como uma das causas do agravamento do problema da água no país. “O tema de água doce, seus problemas e oportunidades ainda precisam ser melhor compreendidos pelo cidadão brasileiro. A urbanização crescente nas últimas décadas fez com que mais de 80% da população passasse a morar nas cidades. O descompasso entre o reconhecimento do problema e a tomada de atitudes precisa ser compreendida. A visão sobre a água é limitada, assim como a percepção dos seus problemas”, completa Maria Cecília.

A pesquisa, encomendada pelo WWF-Brasil ao Ibope, ouviu 2.002 pessoas em novembro de 2011 em 26 estados da federação.


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26 de jun. de 2012

RIO+20: "A GRANDE DERROTA É A IMPOTÊNCIA DA ONU" (ENTREVISTA)

Rio+20: ”A grande derrota é a impotência da ONU para
enfrentar problemas”. Entrevista especial com Liszt Vieira. Alguns trechos estão aqui reproduzidos do site www.amazon.org.br.




Um dos pioneiros em discutir ecologia política no Brasil, o professor da
PUC-RJ argumenta que as conferências promovidas pela Organização das
Nações Unidas – ONU não avançam porque “as questões comerciais
também estão presentes, embora oficialmente não se trate de comércio”.

Além disso, enfatiza, a ONU, como organismo internacional, não consegue apresentar respostas aos problemas ambientais e sociais em curso. “O mundo mudou e a ONU não reflete a nova correlação de forças, que é o fortalecimento da sociedade civil e dos mercados, e o enfraquecimento relativo de muitos países. Essa ficção jurídica de que todos os países são iguais, de que cada país é um voto, leva à paralisia da ONU”.


Embora a consciência ambiental tenha aumentado nos últimos 20 anos, e a opinião de uma parcela da sociedade tenha sido representada na Cúpula dos Povos, Liszt assegura que a influência da sociedade civil “ainda foi pequena”.

Pergunta – Por que considera que a Rio+20 começou tendendo ao fracasso? Já é possível fazer uma avaliação da conferência?
Liszt Vieira – Porque os sistemas de decisão são baseados num consenso, e é difícil encontrar um consenso quando se envolve mais de 150 países: os interesses são diferentes, contraditórios. Esse sistema está falido, e a ONU está à beira da falência, por inoperância, falta de dinamismo interno para tomar decisões. Então, de antemão, já se sabia que a conferência poderia ser considerada um sucesso diplomático, mas um fracasso ambiental. Trata-se da crônica de um fracasso anunciado.

Desse ponto de vista, a governança global está posta na mesa e nem se quer foi discutida. A única coisa que os chefes de Estado recomendaram foi o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA. Os demais temas foram “arranhados” superficialmente para que se pudesse encontrar um mínimo denominador comum, o qual foi encontrado, mas que não correspondeu às expectativas mínimas e nem está à altura dos problemas ambientais que ameaçam o planeta.

Pergunta – A ONU ainda tem relevância internacional?
Liszt Vieira – A ONU não tem relevância porque não toma decisões. O núcleo duro da ONU é o Conselho de Segurança, formado por cinco países permanentes (EUA, França, Reino Unido, Rússia e China), os quais decidem por unanimidade depois da Segunda Guerra Mundial. Os países que perderam a Guerra, como Alemanha e
Japão, estão fora desse núcleo, e se um dos cinco países vetar algo, não há avanço. Não existe um sistema de governança mundial. Fora da ONU, existe a Organização Mundial do Comércio – OMC, que aplica sanções para o
bem ou para o mal, ou seja, estabelece as regras do jogo. Quem não cumpre as regras, pode ser sancionado. Então, a OMC tem uma efetividade. O Tribunal Penal Internacional julga e condena genocidas e tem alguma efetividade, mas estão fora do sistema da ONU. A ONU está em crise, paralisada. Claro que é melhor existir do que deixar de existir, porque o mundo é melhor com a ONU do que sem ela. Mas o problema é que ela não consegue dar respostas aos problemas que surgem
no mundo.

Pergunta – É possível fazer uma comparação entre a Eco-92 e a Rio+20? Diria que houve mais avanços há 20 anos?
Liszt Vieira – A Eco-92 tinha mais expectativas e esperança, porque houve a assinatura de convenções. Mas para poder assinar convenções do clima, por exemplo, os EUA exigiram esvaziá-la. Então, houve muita concessão em todas as convenções, seja do clima, da biodiversidade, da desertificação. Em relação às florestas, nem houve convenção, mas sim um protocolo, que é um grau hierárquico menor. Em contrapartida, na Eco-92 aprovaram uma Agenda 21 e uma Carta da Terra, então, houve mais seriedade nas conclusões finais, embora tenha havido muita decepção também, porque se queria que os governos estivessem à altura do esperado, e não estiveram. Mesmo assim, o resultado foi muito superior ao que se vê hoje na Rio+20, que teve um resultado desastroso, embora diplomaticamente todos os países assinaram o documento, e isso é muito positivo. Mas está longe de apresentar um esforço no sentido de equacionar os problemas do planeta.

Pergunta – Como vê a agenda ambiental brasileira, especialmente depois da Eco-92?
Liszt Vieira – O Brasil está bem e tem uma boa imagem em matéria ambiental, porque tem sua matriz energética renovável. No exterior, o país é muito respeitado. Na Inglaterra, menos de 3% da energia é renovável; na Europa, a média é cerca de 8%, enquanto que no Brasil, a média é de 50%. A hidrelétrica, em princípio, é renovável. Outro debate é discutir se Belo Monte deve ou não ser construída, porque tem de avaliar a relação custo/benefício: se o governo gasta muito e a capacidade energética é pequena, não vale a pena, mas se gasta pouco e tem uma capacidade energética boa, vale. O Brasil poderia assumir uma liderança ambiental maior, porque está numa situação relativamente confortável.
O grande vilão era o desmatamento, mas ele foi controlado, e a Amazônia está preservada [OBS./AUTOR DESTE BLOG: dizer que a situação foi "controlada", penso ser muito otimismo, uma vez que ainda há desmatamentos para expansão de uma agropecuária ineficiente onde a taxa de ocupação é de 1,4 cabeça por hectare contra 4,5 cabeças por hectare na região sudeste, por exemplo]. De um modo geral, olhando o mundo como um todo, o Brasil está bem. Obviamente, críticas podem ser feitas e o governo poderia ser mais agressivo na proteção das florestas, na ecologia urbana, em saneamento básico etc. Mas nos últimos 20 anos, o país cresceu, aumentou a renda, diminuiu o número de pobres. O problema ambiental é global, e não adianta um único país fazer o dever de casa. Mesmo que ele não polua nada, vai sofrer os impactos das mudanças climáticas. Por isso a solução tem de ser encontrada no plano mundial. A globalização não é só econômica, financeira, tecnológica.

Pergunta – Como vê a mobilização da Cúpula dos Povos? Essas manifestações têm algum impacto político?
Liszt Vieira – Elas terão impacto no futuro. No momento, a ansiedade e a angústia do governo brasileiro era chegar a um acordo, e que a Rio+20 não fosse vista como um fracasso. Por isso eles apressaram a conclusão de um acordo em detrimento da qualidade do texto. Mas a pressão da sociedade civil será muito forte nos países
onde os governos têm de se reeleger, e onde as organizações da sociedade civil têm peso de mobilização. Com o agravamento da questão ambiental, essas manifestações vão refletir num sentido de maior peso da sociedade civil nas decisões a serem tomadas. Mas, no momento, a influência ainda foi pequena.

[A entrevista se estende um pouco mais, concluindo com opinião do Dr. Liszt Vieira sobre governança global e sobre como um organismo internacional como a ONU deveria ser reestruturado]

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24 de jun. de 2012

O FUTURO QUE NÃO QUEREMOS

[Reproduzido de SOS MATA ATLÂNTICA: www.sosma.org.br, 21/06/2012]


Lideranças da sociedade civil criticaram duramente o documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – a Rio+20 – em carta divulgada na tarde desta quinta-feira. Intitulada “A Rio+20 que Não Queremos”, a carta foi apresentada em entrevista para a imprensa no Riocentro.

Thomas Lovejoy, Yolanda Kakabadse, Ricardo Abramovay, Fabio Feldmann, Roberto Klabin, Severn Suzuki, Bill McKibben, Fabien Cousteau e Jean Michel Cousteau (respectivamente neto e filho do famoso oceanógrafo Jacques Yves Cousteau), entre outras personalidades, assinam a carta. Eles destacam que os resultados são “fracos e muito aquém do espírito e dos avanços conquistados nestes últimos 20 anos, desde a Rio-92″.

Para Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, o Brasil “cozinhou um documento vazio que está em sintonia com as posturas do governo internamente, com o desmonte da legislação brasileira e a alteração para pior do Código Florestal”.

Para Severn Suzuki (foto), canadense conhecida como a menina que calou o mundo na Rio-92 com seu discurso aos negociadores, “a declaração que sairá da Rio+20 será a prova da falha do sistema de governança mundial”. Nos 283 parágrafos do texto, que deverá ser o legado desta Conferência, não há compromissos, metas nem previsão de recursos. “Não podemos aceitar esse texto”, disse Kumi Naidoo, ressaltando que o documento “carece de ambição, de visão”.




De acordo com a mensagem “A Rio+20 Não Queremos”, o acordo da Rio+20 lança “uma frágil e genérica agenda de futuras negociações e não assegura resultados concretos”. “A Rio+20 passará para a história como uma Conferência da ONU que ofereceu à sociedade mundial um texto marcado por graves omissões que comprometem a preservação e a capacidade de recuperação socioambiental do planeta, bem como a garantia, às atuais e futuras gerações, de direitos humanos adquiridos”, diz a carta. O documento será entregue aos chefes de Estado.



Leia abaixo a íntegra da carta:

______________________________________________________________________________________________

A RIO+20 QUE NÃO QUEREMOS

“O Futuro que Queremos não passa pelo documento que carrega este nome, resultante do processo de negociação da Rio+20.

O futuro que queremos tem compromisso e ação, e não só promessas. Tem a urgência necessária para reverter as crises social, ambiental e econômica e não postergação. Tem cooperação e sintonia com a sociedade e seus anseios, e não apenas as cômodas posições de governos.

Nada disso se encontra nos 283 parágrafos do documento oficial que deverá ser o legado desta Conferência. O documento intitulado O Futuro que Queremos é fraco e está muito aquém do espírito e dos avanços conquistados nestes últimos 20 anos, desde a Rio-92. Está muito aquém, ainda, da importância e da urgência dos temas abordados, pois simplesmente lançar uma frágil e genérica agenda de futuras negociações não assegura resultados concretos.

A Rio+20 passará para a história como uma Conferência da ONU que ofereceu à sociedade mundial um texto marcado por graves omissões que comprometem a preservação e a capacidade de recuperação socioambiental do planeta, bem como a garantia, às atuais e futuras gerações, de direitos humanos adquiridos.

Por tudo isso, registramos nossa profunda decepção com os chefes de Estado, pois foi sob suas ordens e orientações que trabalharam os negociadores, e esclarecemos que a sociedade civil não compactua nem subscreve esse documento.”

Signatários:

Aiton Krenak
Ashok Khosla
Bill McKibben
Brittany Trifold
Camilla Toulmin
Carlos Alberto Ricardo
Carlos Eduardo Young
Christina Robertson
Davi Kopenawa Yanomami
Ester Agbarakwe
Fabio Feldmann
Hamouda Soubhi
Ignacy Sachs
Jim Leape
José Eli da Veiga
José Goldemberg
Juan Carlos Jintiach
Kelly Rigg
Kumi Naidoo
Luis Flores
Manuel Rodrigues Becerra
Marcelo Furtado
Marina Silva
Marina Silva
Marvin Nala
Mathis Wackernagel
Megaron Txucarramãe
Michel Lambert
Mohamned El-Ashry
Nay Htun
Nitin Desai
Oded Grajew
Peter May
Pierre Calame
Raoni Metuktire
Ricardo Abramovay
Ricardo Young
Roberto Klabin
Rubens Born
Sara Svensson
Sharan Burrow
Sergio Mindlin
Severn Suzuki
Thomas Lovejoy
Vandana Shiva
Wael Hmaidan
William Rees
Yolanda Kakabadse

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Rio +20



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23 de jun. de 2012

AQUECIMENTO GLOBAL: "TIROTEIO ENTRE BRUXOS"???

De um lado os (hoje odiados, por muitos!) ambientalistas afirmando categoricamente que o aquecimento global é obra exclusiva do homem e fim de papo! Do outro lado os céticos opositores, afirmando também categoricamente que é tudo mentira e que tal aquecimento é obra dos destinos climáticos cíclicos da Terra! Um de tais opositores, aqui no Brasil, nega tanto esse fenômeno que chega a afirmar que nosso planeta enfrenta atualmente um "resfriamento"!

Enquanto isso os registros ou indicadores do aquecimento global descobertos pela ciência, mais uma vez (como vem acontecendo com as mutilações ao nosso Código Florestal) fica no meio desse tiroteio do "eu acho isso... eu acho aquilo".
Vou destacar alguns pontos de uma palestra que dei sobre este assunto, disponível para quem desejar conhecer pormenores em: GRISI (2009) http://db.tt/XivJKzH9

O “IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change” (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática) define mudança climática como “uma mudança no estado do clima que pode ser identificada (por ex., usando testes estatísticos) pelas mudanças na média e/ou variabilidade de suas propriedades, e que persista por um extenso período, normalmente por décadas ou mais” (IPCC, 2007). Entretanto, o órgão das Nações Unidas que lida com essa questão (em inglês, “UNFCCC – United Nations Framework Convention on Climate Change”) atribui a mudança climática direta ou indiretamente, à atividade humana que altera a composição da atmosfera global e que é adicionada à variabilidade climática observada durante períodos de tempo comparáveis.

Os primeiros sinais (globais) de um aquecimento. Investigações realizadas por pesquisadores russos na estação Vostok, na Antártica, em que perfuraram o gelo (até 2755 m de profundidade) no lago Vostok e fizeram um registro cronoestratigráfico do gelo nos últimos 160 mil anos, observaram que a Antártida oriental foi mais fria e seca durante a última glaciação do que nos últimos 11 mil anos, que correspondem ao atual período interglacial (PRESS et al., 2008). Temos então a sorte de estar vivendo num período interglacial, em condições climáticas relativamente estáveis. Daí o florescimento de uma agricultura e pecuária capazes de hoje poder manter uma população humana de 7 bilhões de pessoas, em que pese a má distribuição dos produtos obtidos dessa “grande revolução” humana.

Dentre as principais conclusões do relatório de 2007 do IPCC destacam-se (MILLER & SPOOLMAN, 2009):
• Entre 1906 e 2005 a temperatura média global da superfície da Terra elevou-se em 0,74oC, concentrando-se essa elevação a partir dos anos de 1980.
• As emissões de gases do efeito estufa de origem antrópica aumentaram 70% entre 1970 e 2005, com médias de concentração de CO2 mais elevadas do que as que têm ocorrido em 650.000 anos da história da Terra.
• Nos últimos 50 anos as temperaturas do polo Ártico têm se elevado quase duas vezes mais rápido do que as do resto do mundo.
• Em algumas partes do mundo as geleiras e o gelo flutuante nos oceanos estão derretendo e retraindo-se em taxas crescentes, os padrões pluviométricos estão mudando e as secas extremas e prolongadas estão aumentando.
• Durante o século passado a média do nível do mar elevou-se de 10 cm a 20 cm, devido principalmente ao escorrimento da água proveniente do degelo de altitude, em terra (montanhas) e à expansão da água oceânica pelo aumento da sua temperatura.

O gráfico abaixo mostra o crescente do aquecimento ao longo das últimas décadas.





As fotos a seguir mostram a geleira Muir, no Alasca, em dois períodos: a foto da esquerda foi obtida em 13/08/1941 e a da direita em 31/08/2004 (fotos do “NSIDC ─ National Snow and Ice Data Center” dos EUA; site http://www.nsidc.org/data/glacier_photo/repeat_photography.html; acesso em 11/04/2009). Observe que as fotos mostram substancial mudança (em curto espaço de tempo) na posição e tamanho da geleira. A paisagem muda, vendo-se na foto da direita um processo de sucessão ecológica.



Muitos outros dados são mostrados no conteúdo de minha palestra, acima mencionada. São indicadores na macroescala e na microescala do aquecimento global. Nesta microescala desenvolvi pesquisa (no meu pós-doutorado, na Inglaterra) comparando os efeitos do aumento da temperatura nos microrganismos de solos do Brasil e da Inglaterra (GRISI, 1997). Os resultados mostraram que os solos da região temperada (Inglaterra) aumentariam a emissão de CO2 mais do que os solos tropicais (Brasil) se ocorresse um aumento da temperatura global.

Estou sempre insistindo, quando este assunto é mostrado na televisão e meus alunos me perguntam, por exemplo, se uma certa emissora de TV não estaria com razão ao mostrar que o aquecimento global é invenção dos países desenvolvidos, para limitar o crescimento dos países em desenvolvimento!!! e arremato afirmando:

SE HÁ UM EFEITO CLIMÁTICO CÍCLICO QUE NÃO PODEMOS EVITAR, MAS HÁ TAMBÉM UM EFEITO ANTRÓPICO COMPROVADO CIENTIFICAMENTE, É SOBRE ESTE ÚLTIMO QUE PODEMOS FAZER ALGUMA COISA. VAMOS CONTROLAR AS EMISSÕES DE GÁS CARBÔNICO E, SE POSSÍVEL, A DE METANO. O resto, será por conta da Natureza.

Referências
GRISI, B.M. (1997) Temperature increase and its effect on microbial biomass and activity of tropical and temperate soils. Revista de Microbiologia, 28: 5-10.
GRISI,B.M. (2009) Indicadores ecológicos do aquecimento global. I Congresso Nacional de Educação Ambiental e III Encontro Nordestino de Biogeografia. João Pessoa (PB), 10 a 13 de junho de 2009. G.de F. Seabra e I.T.L. Mendonça (organiz.), CD Rom ISBN 978-85-7745-367-2, Vol. I, pp. 25-42. Editora Universitária da UFPB.
IPCC (2007) Climate changes 2007: synthesis report. IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change. IPCC Plenary XXVII (Valencia, Spain, 12-17 November 2007), Working Group contributions to the Fourth Assessment Report.
MILLER, G.T., Jr. & SPOOLMAN, S.E. (2009) Living in the Environment: Concepts, Connections, and Solutions. 16th ed. Belmont, Brooks/Cole, Cengage Learning, 674p.
PRESS, F.;SIEVER, R.; GROTZINGER, J. & JORDAN, T.H. (2008) Para Entender a Terra. 4a ed. (reimpressão). São Paulo, Artmed Edit. E Bookman Cia. Edit., 656p.


22 de jun. de 2012

RIO +20: POUCO PROGRESSO, APÓS 20 ANOS




[Baseado em postagem do site da BBC, Londres – 22 de junho de 2012]

Ban Ki-moon, Secretário Geral da ONU, apela para os governos (cerca de 130 chefes de estado presentes) para eliminar a fome no mundo. A avaliação geral, dos participantes de governos, é de que o encontro “careceu de liderança”. O primeiro-ministro inglês, Nick Clegg, classificou-o como “insípido”.

O objetivo principal do encontro, 20 anos após o ocorrido no governo de Fernando Henrique Cardoso e após 40 anos do encontro de Estocolmo, foi o de traçar rumos para uma “economia verde”. Mas os principais negociadores colocaram este item apenas como “uma possibilidade”.

Embora se possa afirmar que hoje exista mais alimento do que 20 anos atrás, a fome no mundo é maior do que quando os líderes se encontraram no Rio em 1992. Fernando Henrique afirmou: “Esta velha divisão entre meio ambiente e desenvolvimento não é o caminho para solucionar os problemas que estamos criando para nossos netos e bisnetos. Temos que aceitar que as soluções para a pobreza e a desigualdade residem no desenvolvimento sustentável e não no crescimento a qualquer custo”.

Acesso à água, alimento e energia pelos pobres no mundo inteiro era o grande passo esperado neste encontro pelo secretário Ban Ki-moon. Estima-se que hoje, quase 1 bilhão de pessoas (um sétimo da população mundial) viva com “fome crônica” e que 1 bilhão não receba alimentação adequada. Tanto nos países ricos como nos países em desenvolvimento, cerca de um terço da produção de alimentos, por diferentes razões, é perdida.

A imprensa brasileira divulgou as palavras de decepção do secretário sobre o encontro, que talvez por “pressão da diplomacia brasileira” modificou sua opinião posteriormente, afirmando que resultados positivos foram obtidos.
No geral, penso eu, pior teria sido se nenhum encontro nesse sentido a que se propôs o Rio+20 tivesse acontecido. Algo deverá ficar na mente dos reais mandatários dos destinos da humanidade, mesmo que a maior evidência seja “os protestos generalizados das sociedades pelos pobres resultados obtidos”.
Algumas entidades, empresas e governos em encontros paralelos, firmaram mais de 200 compromissos de ações voluntárias em diversas áreas relacionadas ao desenvolvimento sustentável.

Será que vamos ter que esperar mais 20 “aninhos”, quando a população humana no planeta chegar aos 8,3 bilhões!? Fala-se muito em falta de acesso à água, alimento e energia. Moradia não parece ter sido ponto de reivindicação de destaque. Nem tampouco acesso à saúde, educação... à qualidade de vida, enfim.

Espero que esse quadro mude, por razões que por enquanto ignoro completamente. Eu, pessoalmente, preciso ser mais otimista, ou “menos pessimista”!!!


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21 de jun. de 2012

RECICLAGEM DE LATAS DE ALUMÍNIO NO BRASIL BATE NOVO RECORDE MUNDIAL

[Reproduzido de ABRALATAS-Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade; www.abralatas.com.br]

Brasil reaproveitou 98,2% das latas, impulsionado pela retomada do valor da sucata.














A retomada do valor da sucata de alumínio, após a recente crise mundial, foi o principal fator para o estabelecimento do novo recorde de reciclagem de latas de alumínio para bebidas no Brasil, anunciado pela Abralatas e pela Abal (Associação Brasileira do Alumínio). O índice referente ao ano de 2009 ficou em 98,2%, mantendo o Brasil, pelo oitavo ano consecutivo, na liderança mundial, à frente de países como Japão (93,4%) e Argentina (92%).
Das 202,5 mil toneladas de latas vendidas no ano, foram coletadas e reaproveitadas nada menos que 198,8 mil toneladas. “Trata-se de um indicador que nos deixa orgulhosos, porque todo o processo é realizado sem qualquer interferência do Estado”, comentou o diretor executivo da Abralatas, Renault Castro. “O mais importante é que são toneladas de resíduos retiradas do meio ambiente, deixando de poluir matas, rios, lagos”.
O crescimento do volume reciclado (19,9%) entre 2008 e 2009 foi maior do que o crescimento do volume de latas vendidas (11,7%), o que revelaria, na opinião do coordenador da Comissão de Reciclagem da ABAL, Henio De Nicola, a inclusão de material coletado em 2008 e armazenado à espera de preço melhor para a sucata. “O cálculo agregou a sucata de latas que ficou retida nos depósitos em decorrência da queda do preço devido à crise econômica a partir do final de 2008”, observou.

Emprego e renda
A reciclagem de latas de alumínio movimentou cerca de R$ 1,3 bilhão na economia brasileira em 2009. Segundo cálculos da Abralatas e da Abal, se houvesse catadores que só coletassem latas de alumínio, seria necessário o trabalho de 216 mil profissionais para coletar o volume reciclado (198,8 mil toneladas). Isso significa dizer que, a reciclagem de latas rendeu, em média, o equivalente a cerca de R$ 500 mensais ao trabalhador.
“Não é um cálculo perfeito, porque não existe catador que recolha apenas lata de alumínio” [ver foto abaixo], ressaltou Renault Castro. “O que podemos dizer é que a lata de alumínio, por seu alto valor no mercado, é a grande responsável pela consolidação do sistema de reciclagem no país, porque viabilizou a coleta de outros materiais e promoveu a organização de profissionais em cooperativa”, completou, lembrando que o modelo existente no Brasil é considerado referência mundial de emprego verde pela Organização Internacional do Trabalho.

[OBS.: No Brasil predomina a necessidade de sobrevivência sobre a questão da consciência, no que diz respeito à reciclagem]


Recentemente, a Abralatas e a Abal defenderam em reuniões com o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis e com o Ministério Público do Paraná e do Rio Grande do Norte, mecanismos para que os catadores possam se organizar e vender diretamente para os recicladores. “A maior parte do volume adquirido pela indústria de reciclagem veio dos intermediários, que desempenham um papel importante na logística, mas tiram o lucro dos catadores”, avaliou Henio de Nicola.


Meio ambiente
Além da questão social e de retirar do meio ambiente quase 200 mil toneladas de resíduos, a reciclagem de alumínio colabora com a redução das emissões de CO2. O reaproveitamento da lata libera apenas 5% das emissões de gás de efeito estufa, quando comparado com a produção de alumínio primário (dados do International Aluminium Institute - IAI).

Outro fator importante é a economia de energia, com redução de 95% do que é consumido na produção da lata a partir do alumínio primário. A economia em 2009 foi de aproximadamente 2.922 GWh/ano, ou 0,8% do total de energia consumida no país. Isso é superior ao que será economizado com o horário de verão e seria energia suficiente para atender demanda anual de uma cidade de mais de 1,2 milhão de habitantes como, por exemplo, Guarulhos (SP).




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NA SIDERURGIA: CARVÃO VEGETAL PODE SER "MAIS ECOLÓGICO" DO QUE CARVÃO MINERAL

[OBS.: O conteúdo do EcoDesenvolvimento.org está sob Licença Creative Commons. Para o uso dessas informações é preciso citar a fonte e o link ativo do Portal EcoD. http://www.ecodesenvolvimento.org.br/noticias/pesquisa-avalia-o-uso-do-carvao-vegetal-no-brasil#ixzz1yS9qH3rv] [Com informações da Agência USP].


O carvão vegetal pode ser até 40% menos poluente que o mineral.








Uma pesquisa desenvolvida na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP avaliou o uso do carvão vegetal no Brasil e seus desdobramentos na economia, sociedade e meio ambiente. Os resultados mostraram que o biocombustível é uma fonte de energia alternativa que não intensifica tanto o aquecimento global e, com o aumento do uso de eucaliptos como biomassa, ajuda a diminuir o processo de desmatamento das florestas brasileiras.

A pesquisa foi o resultado do mestrado do economista Thiago Fonseca Morello, que estudou o uso e alguns problemas do eucalipto como fonte de energia para siderúrgicas. Intitulado Carvão vegetal e siderurgia: de elo perdido a solução para um mundo pós-Kioto, o estudo teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp) e buscou entender de que maneira o carvão vegetal e o uso do eucalipto como fonte de carbono trouxeram soluções para siderúrgicas que passaram a utilizar essa fonte de energia.

Segundo o pesquisador, um dos fatores que permite ao Brasil ser o único país do mundo a utilizar o carvão vegetal em siderúrgicas é a baixa quantidade de jazidas de carvão mineral no país. “Esse fato pode ser uma explicação para a insistência no uso de carvão vegetal. É necessário que as empresas importem o carvão mineral em grande escala, para baratear o preço, e isso tem uma série de implicações logísticas e ambientais. Por outro lado, somos um país rico em florestas e estas acabaram sendo utilizadas como fonte alternativa e mais barata de carbono”, explicou à Agência USP.

Fonte de energia renovável, o carvão vegetal ajuda a reduzir as emissões de CO2 na atmosfera devido à captura do gás carbônico pelas árvores durante o seu crescimento. Dados apontam que essa redução pode chegar a 40% em relação ao carvão mineral - combustível fóssil natural extraído do solo por processos de mineração e altamente poluidor.


O grande desafio hoje é controlar a devastação de florestas nativas para obtenção do carvão.

O fantasma do desmatamento


Apesar das vantagens, o uso do carvão vegetal é criticado devido ao desmatamento gerado pela busca por matéria-prima - geralmente em florestas nativas. Nesse quesito a pesquisa aponta que muitas siderúrgicas só passaram a investir no cultivo e manutenção das plantações de eucalipto quando perceberam a exaustão das florestas das quais costumavam retirar seu carvão.

Morello salientou que essa opção das empresas por cultivar sua fonte de carbono trouxe fatores positivos, como a diminuição do desmatamento da floresta, e aspectos negativos, como o aumento das grandes plantações e da concentração de terras.

“Com a opção de plantar eucalipto, as empresas têm vantagens em vários sentidos: em relação à qualidade, pois usam mudas geneticamente adaptadas a cada região, conseguindo assim o melhor rendimento possível. Há benefícios ambientais, pois evita a destruição da floresta a qual desempenha diversas funções ecológicas e também culturais para a comunidade local. Além disso, as indústrias estão, cada vez mais, se esforçando para se desconectar das florestas e do desmatamento, pois assim criam uma imagem mais favorável nacional e internacionalmente”, ressaltou o pesquisador.

[OBS.: e neste ponto eu acrescento: "É fundamental o zoneamento agroecológico definindo as condições adequadas, de solo principalmente, ao plantio de eucaliptos"]

Outros problemas apresentados pela pesquisa revelam que hoje já existe uma inversão do relativo de preço da década de 1980, quando o carvão mineral passou a ser mais barato do que o vegetal. Apesar disso, o produto segue em crescimento no mercado, especialmente devido ao seu poder de marketing.

“Um fato atual relevante é o de que as duas maiores siderúrgicas mineiras a carvão vegetal foram compradas pela maior corporação siderúrgica do mundo, a anglo-indiana Mittal Steel, a qual tem o interesse em ter sua imagem associada ao fato de existirem membros de seu grupo que produzem aço com base no carvão vegetal, dado que todos os demais membros dependem pesadamente do carvão mineral”, explicou o economista.


Com o aumento das cobranças internacionais por medidas que reduzam as emissões de CO2, o uso do carvão vegetal tende a crescer.

Fomento florestal

Um novo modelo de cultivo tem atraído investimentos de siderúrgicas. Trata-se do fomento florestal - uma alternativa ao cultivo de plantação de eucalipto realizado em escala menor àquela dos grandes maciços mantidos pelas siderúrgicas mineiras e que permite a pulverização das áreas de cultivo.

Apesar da siderurgia de carvão vegetal não chegar a 30% da produção de ferro-gusa e a 20% da produção de aço, o interesse das empresas por fontes alternativas de carbono tende a crescer enquanto houver cobranças internacionais relacionadas ao aquecimento global.

“O fomento florestal é interessante e pode ser estudado como uma possível trajetória para produzir ferro e aço de maneira a não intensificar o aquecimento global, mas não acredito que exista potencial para haver uma conversão em massa da siderurgia no mundo e no Brasil para o carvão de eucalipto. Entretanto, enquanto a temática ambiental e ecológica se mantiver relevante internacionalmente, o uso de carvão de eucalipto continuará existindo no Brasil”, conclui.






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19 de jun. de 2012

ATLAS DOS REMANESCENTES DA MATA ATLÂNTICA

SOS Mata Atlântica e INPE divulgam Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica em café da manhã da Frente Ambientalista




Divulgação do site da Fundação SOS Mata Atlântica, em 31/05/2012.

O Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, lançado pela Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), aponta para uma perda de 13.312 hectares ou 133 km² do bioma entre 2010 e 2011..

A taxa média anual de desmatamento reduziu 15%, comparado com os dois anos anteriores. Os Estados que mais desmataram, no período, foram Minas Gerais e Bahia.

De acordo com Márcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento, “o processo de perda da cobertura vegetal é um processo contemporâneo.” Ela destacou também que o resultado do estudo foi prejudicado por causa da cobertura de nuvens. “Estados que estão dentro dos limites do bioma, como Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe e Rio Grande do Norte não foram verificados.”

No total foram pesquisados 10 Estados, em uma área que corresponde 93% da Mata Atlântica. A avaliação apontou também os municípios que mais desmataram: Águas Vermelhas (MG), Canavieiras (BA) e Jequitinhonha (MG).

André Lima, consultor jurídico da Fundação SOS Mata Atlântica, demonstrou preocupação com futuro do bioma e demais florestas brasileiras com a aprovação do novo Código Florestal.

Segundo ele “a anistia presente em vários pontos no novo Código Florestal pode ter efeitos danosos, principalmente, à lei da Mata Atlântica.” Ele citou que nova legislação ambiental, da forma como está escrita, anistia ocupação de manguezais e prevê 35% a mais de ocupação em apicuns. Outro instrumento importante são os Planos de Recuperação da Mata Atlântica, previstos na Lei da Mata Atlântica (art. 38), que ficam comprometidos com o Código Florestal aprovado na última sexta (25 de maio).

Os dados foram apresentados por Marcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento e coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica, e por Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação.






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16 de jun. de 2012

VERDADE (?) CIENTÍFICA


“O VERDADEIRO PAPEL DA CIÊNCIA NÃO É O DE ABRIR PORTAS PARA A SABEDORIA INFINITA, MAS O DE ESTABELECER LIMITES PARA O ERRO INFINITO” (Bertolt Brecht).


Entre vários assuntos que geram discordâncias em biologia, como o uso de células-tronco de cordões umbilicais para cura de doenças, eutanásia, experimentos in vivo em animais, fecundação in vitro e abortos (sob qualquer propósito, até mesmo aborto de anencéfalos), um outro também gera críticas e descrenças. No presente ensaio comento sobre a postagem anterior neste blog: “O macaco bonobo, 98,7 por cento, igual a nós, nos ensina realmente paz e amor”.

Pra começo de conversa, não é à toa que enfatizo a afirmativa de Bertolt Brecht, destacada acima, que a meu ver, aplica-se muito bem ao caso das similaridades do bonobo com o ser humano. Aliás, Richard Dawkins, em seu extenso trabalho “A GRANDE HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO (2004), São Paulo, Cia. das Letras, 759p.”, afirma (p. 137): “... provas moleculares indicam que chimpanzés e bonobos são parentes mais próximos dos humanos do que dos gorilas”.

É importante observar, no entanto, o que afirma o próprio Richard Dawkins (p. 136): “Tudo o que eu disser sobre essa questão em breve estará ultrapassado, quando forem descobertos novos fósseis”. Esses indicadores de proximidade de parentesco e, consequentemente de similaridades estruturais, funcionais e até mesmo comportamentais, poderão ter outra ou outras interpretações. Se assim o diz o próprio Dr. Richard Dawkins, considerado um dos melhores biólogos evolucionistas (e uma das pessoas mais influentes do mundo pela revista Time em 2007) (também pudera! Escreveu um livro chamado “DEUS, UM DELÍRIO”; imagine se não ficaria famoso! Ou desprezado! Ou odiado!!!); quem sou eu, simples professor de ecologia para analisar criticamente essas novas descobertas sobre o genoma do bonobo e suas similaridades conosco.

Como a fossilização não preserva o DNA, será impossível utilizar essas duas ferramentas, prova molecular genômica e fósseis, para analisar e deduzir precisamente sobre nossas origens e nossas semelhanças com os demais primatas, nós hominídeos e micos, macacos, gorilas, chimpanzés (e bonobos), orangotangos, lêmures, babuínos...

Além disso, é importante observar o que diz Richard Dawkins (p. 226 e 227): “Até o presente o camundongo é um dos pouquíssimos animais, com exceção de nós [e agora do bonobo e chimpanzé] cujo genoma foi totalmente sequenciado. Duas coisas relacionadas a esses genomas recentemente sequenciados causaram uma surpresa infundada. A primeira é que os genomas de mamíferos parecem bem pequenos: da ordem de 30 mil genes, ou talvez até menos. E a segunda é que eles são muito semelhantes entre si. A dignidade humana parecia exigir que o nosso genoma fosse muito maior que o de um minúsculo camundongo. E não deveria ser muito maior do que 30 mil genes, afinal de contas? ... Se você imaginar o genoma como um gabarito, talvez espere que um animal grande e complexo como você tenha mais genes do que um camundonguinho, dotado de menos células e de um cérebro menos sofisticado. Mas... não é assim que os genes funcionam. A maior parte do genoma... não é um manual de instruções para construir um humano ou um camundongo...mas se parece mais com o dicionário de palavras disponíveis para escrever o manual de instruções. Quando uma pessoa é feita, ou quando um camundongo é feito, ambas as embriologias recorrem ao mesmo dicionário de genes... A diferença entre uma pessoa e um camundongo vem das diferentes ordens em que são dispostos os genes retirados desse vocabulário mamífero comum, dos diferentes lugares do corpo onde isso ocorre e da sequência dos fatos. Tudo isso está sob o controle de genes específicos cuja tarefa é ativar outros genes, em cascatas complexas e primorosamente coordenadas. Mas esses genes controladores constituem apenas uma minoria dos genes no genoma”.

Caros leitores, principalmente aqueles que se assustaram achando que no ensaio anterior eu quis mostrar que “somos todos iguais” e que (como afirmou Richard Dawkins, p. 137) “pessoas que talvez sigam a escola de pensamento do bestiário medieval, segundo a qual os animais existem tão somente para nos dar lições de moral”: prestaram bem atenção às últimas afirmações do Dr. Richard Dawkins? Principalmente as palavras destacadas em negrito?

Portanto, meus amigos, essa “reduzidíssima diferença entre nós e o bonobo, e entre nós e camundongos e outros mamíferos”, realmente FAZ A DIFERENÇA.

14 de jun. de 2012

O MACACO BONOBO, 98,7 POR CENTO IGUAL A NÓS, NOS ENSINA REALMENTE "PAZ E AMOR"





Seres humanos, chimpanzés e bonobos tiveram um ancestral comum há cerca de 6 milhões de anos passados na África. No tempo em que nosso Homo erectus vagava pelas savanas africanas, de uns 2 milhões a 1,5 milhões de anos passados, populações de chimpanzés e bonobos ficaram separados pelo rio Congo.

Os descendentes bonobos (Pan paniscus) desenvolveram padrões sociais distintos dos "primos" chimpanzés (Pan troglodytes). Diferentemente destes primos chimpanzés, eles se esquivaram da dominância "machista" violenta típica dos chimpanzés e ao invés disso, desenvolveram laços de partilha de alimento, brincadeiras e sexo descontraído!

Uma fêmea de 18 anos de idade teve seu genoma sequenciado por cientistas do Max Planck Institute for Evolutionary Anthropology (Leipzig, Alemanha). O resultado principal, publicado em NATURE (2012) doi:10.1038/nature11128, foi:
"O genoma da fêmea bonobo identifica-se 99,6 por cento com as sequências correspondentes nos chimpanzés e com 98,7 por cento das sequências no genoma humano". (Dois alelos em cópia única nas regiões autossômicas no próprio genoma dessa fêmea de bonobo identificaram-se em 99,9 por cento).

Os bonobos se desenvolveram em habitats com mais abudância de alimentos do que os habitats dos chimpanzés. Estes, tiveram que competir por alimentos com os gorilas, que habitam a mesma região norte do rio.

Os bonobos também desenvolveram um comportamento sexual que os fizeram receber o apelido de "macaco hippie" (ética da não violência). Enquanto os chimpanzés resolvem seus desentendimentos com agressividade e têm relações sexuais somente quando a fêmea está no cio, os bonobos praticam "paz e amor". O sexo é entre eles, um forte agente pacificador! Pode até ocorrer entre indivíduos do mesmo sexo. Os bonobos são menos hierárquicos e são matriarcais.

Os pesquisadores admitem no entanto, que genomas de outros bonobos precisam ainda ser sequenciados. Assim como os dos outros símios, chimpanzés e gorilas.

Mesmo assim, a pequena diferença de 1,3 por cento entre bonobos e seres humanos, certamente traduzida como o grande passo evolutivo que a Natureza nos contemplou (com o raciocínio, a inteligência, a linguagem...)nos trouxe o "outro lado da moeda": guerras, genocídios, atrocidades as mais diversas... E assim mesmo continuamos achando que somos os melhores em tudo, principalmente quando comparados com os irracionais!




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13 de jun. de 2012

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL É REALIDADE

Adeptos de mudanças no Código Florestal Brasileiro como único meio de promover crescimento via agronegócio, precisam ler mais e, pelo menos assistir vídeos sobre sustentabilidade, como este veiculado no Globo Rural:

Globo Rural investiga a relação entre a pecuária e a sustentabilidade - Globo Rural - Rede Globo - Globo TV

http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-rural/v/globo-rural-investiga-a-relacao-entre-a-pecuaria-e-a-sustentabilidade/1964898/






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NOSSAS CONTRADIÇÕES AMBIENTAIS NO CENÁRIO MUNDIAL

[Reproduzido, com modificações, de www.amazon.org.br, 09/junho/2012]



Na semana que antecede o início da Rio+20, um artigo publicado na renomada revista Nature avalia a política de conservação brasileira e aponta avanços e retrocessos feitos pelo país na área. A partir de hoje, quarta-feira, o Brasil enfrentará uma prova de fogo. O país finalmente cumprirá a tarefa de
sediar, presidir e ser uma das principais vozes da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que deve estabelecer parâmetros para o desenvolvimento aliado à preservação ambiental para, pelo menos, as próximas duas décadas.



Os analistas da Nature avaliam os prós e contras da política ambiental brasileira, que fazem com que, segundo os autores do texto, o país envie mensagens contraditórias ao mundo. Dois lados da política ambiental brasileira: enquanto o desmatamento da Floresta Amazônica (E) cai ano a ano, o país apresenta alto nível de poluição das águas [eu acrescento: degradação em geral, como desmatamento nas margens e assoreamento]. “A política de meio ambiente brasileira é esquizofrênica”, avalia Fabio Scarano, vice-presidente sênior para as Américas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) e um dos autores do comentário. Na visão dele, se em algumas áreas o país adota medidas altamente benéficas para o meio ambiente, por outro lado ainda bota em prática atitudes tidas pelos conservacionistas como antiambientais. “Há uma agricultura de baixo carbono que é exemplo internacional.

Por outro lado, a recente reforma do Código Florestal vai totalmente contra [ou iria] os interesses ambientais nacionais”, afirma.

O artigo, que mereceu chamada de capa na Nature, traz outros exemplos. Embora seja um dos países que mais utilizam biocombustíveis e energia renovável, o Brasil apresenta níveis altos de poluição das águas. E, enquanto o índice de desmatamento da Floresta Amazônica — a maior do mundo — vem caindo ano a ano, áreas de proteção ambiental, especialmente na Região Norte, são reduzidas para a construção de empreendimentos no setor de transporte e eletricidade. “Esse caráter duplo das políticas ambientais nacionais é fruto principalmente da falta de visão sistêmica e integrada das políticas públicas. Esse é um problema histórico do país”, afirma Scarano. Algo semelhante ocorre nas políticas de proteção das florestas. No primeiro ano do governo Dilma, não foi criada nenhuma área de proteção. Pelo contrário, algumas foram até reduzidas. Ao mesmo tempo, a Presidência
incorporou critérios de sustentabilidade nas compras públicas. Agora, para ser adquirido pelo governo, um produto não deve apenas ter um preço mais baixo, mas também ser sustentável.



Combinação única Scarano aponta ainda que o Brasil tem uma característica não encontrada em nenhuma outra potência econômica do planeta: “Além da pujança econômica, há um capital ambiental gigantesco”. Sozinho, o país é dono de 13,7% de toda a água potável do mundo. Estima-se que, nas florestas, mares, rios e demais ecossistemas nacionais, vivam entre 10% e 15% de toda a biodiversidade mundial. Algumas dessas regiões são "hotspots" — zonas que abrigam um nível excepcional de diferentes espécies de seres vivos. Só na região de Mata Atlântica do sul da Bahia, em cada quilômetro quadrado de vegetação, há mais variedade de árvores que em todo o continente europeu.

O pesquisador do Núcleo de Estudos Ambientais da Universidade de Brasília (UnB) Gustavo Souto Maior explica que, desde a ECO-92, quando as atuais diretrizes para o desenvolvimento sustentável foram desenhadas, o Brasil avançou muito do ponto de vista institucional. “Os principais órgãos estatais ambientais surgiram depois da conferência de 1992. Foram criados o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e uma série de dispositivos jurídicos que, em sua grande maioria, estão entre os mais avançados do mundo”, lembra. “O grande problema é que essas iniciativas não se traduzem em ações concretas. Prova disso são os orçamentos dos órgãos ambientais. O MMA recebeu cerca de 0,5% do orçamento da União, enquanto a Secretaria de Meio Ambiente do Distrito Federal ganhou 0,2%”, afirma Souto Maior.

O pesquisador da UnB cita as políticas de transporte e consumo como um dos diversos exemplos de como nem sempre o discurso é botado em prática nas políticas governamentais. “Enquanto todo o mundo está estimulando
seus cidadãos a utilizarem bicicletas e o transporte coletivo, o ministro da Fazenda vai à tevê anunciar a retirada do IPI dos automóveis”
, aponta. “É isso que está errado, a política econômica não dialoga com a ambiental. Com
menos impostos, estamos estimulando as pessoas a utilizarem o transporte individual, mais carros entopem as ruas e dificultam o trânsito das pessoas, poluem o meio ambiente.”




A reportagem procurou o Ministério do Meio Ambiente para comentar o artigo da Nature e a política ambiental brasileira de maneira geral, mas o órgão não se manifestou. Um dos caminhos defendidos por Fabio Scarano é a criação de um fundo nacional de pelo menos R$ 3 bilhões para financiar iniciativas que contribuam para o crescimento sustentável do país. “Esse fundo seria alimentado, por exemplo, com recursos das compensações ambientais de obras como a Usina de Belo Monte e com valores recolhidos com a exploração (de petróleo na camada) do pré-sal”, afirma o ativista. “Essa seria uma importante ferramenta para fazer com que o crescimento econômico seja voltado para o desenvolvimento sustentável”, completa.



[A criação desse fundo nacional me parece ser uma ideia importante, implicando numa espécie de contrapartida que, se administrada honestamente, poderia gerar efeitos práticos de sustentabilidade. Embora me venha a lembrança distorções, como a CPMF, que foi introduzida para beneficiar o setor da Saúde, era provisório e quase se tornou permanente e que foi repartido com outras finalidades, mas não integralmente para a Saúde]
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9 de jun. de 2012

SECRETÁRIO-GERAL DA ONU TENTA EVITAR FRACASSO DA CONFERÊNCIA RIO +20

Secretário-geral Ban Ki-moon diz que a falta de acordo na reunião será 'trágica' para nosso planeta.
[Reproduzido de http://g1.globo.com/natureza/rio20/noticia/2012/06/secretario-geral-da-onu-luta-para-evitar-fracasso-da-conferencia-rio20.html]

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, luta para tentar evitar o fracasso da cúpula Rio+20, que em duas semanas reunirá líderes de mais de cem países, o que seria, segundo ele, "trágico" para o planeta.

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável será realizada de 13 a 22 de junho, 20 anos depois da Cúpula da Terra que mudou o rumo das discussões sobre o clima e a biodiversidade no planeta.
A reunião deve promover a emergência de uma "economia verde" combinada ao desenvolvimento, à luta contra a pobreza e à proteção ambiental, e estabelecer uma nova governança internacional para o meio ambiente em um mundo de sete bilhões de habitantes, cujos recursos naturais se esgotam.
Apesar dos esforços de Ban Ki-moon, vários líderes mundiais estarão ausentes na Rio+20, como a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o Primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron. O presidente Barack Obama, dos Estados Unidos, ainda não confirmou sua vinda.
Do lado europeu, o francês François Hollande e o presidente russo, Vladimir Putin, confirmaram presença, bem como o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, e o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy.

Ban Ki-moon pediu em diversas ocasiões flexibilidade aos participantes nas negociações e que as coloquem "acima dos interesses nacionais ou regionais". Mas as discordâncias entre países desenvolvidos e pobres continuam, principalmente sobre a "economia verde" e o plano de desenvolvimento.




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CERRADO: UM DIA SUA DEGRADAÇÃO NOS DARÁ "O TROCO"

Vejam este mapa:




E agora, assistam ao vídeo e leiam a matéria completa aqui

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8 de jun. de 2012

DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA EM 2011 FOI DE 6.418 km2

Desmatamento na Amazônia em 2011 foi de 6.418 km2
[5 de junho de 2012, reproduzido de www.amazon.org.br]
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) concluiu o mapeamento e o cálculo da taxa de desmatamento na Amazônia Legal para o período agosto/2010 a julho/2011, atividades realizadas no âmbito do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal – PRODES.
O resultado final, obtido pela análise de 213 imagens do satélite Landsat 5/TM e DMC, computou o valor de 6.418 km2. Esse valor representa a menor taxa de desmatamento registrada na Amazônia Legal desde que o INPE começou
a medi-la, em 1988. O PRODES computa como desmatamento as áreas maiores que 6,25 hectares onde ocorreu remoção completa da cobertura florestal – o corte raso. A taxa de desmatamento consolidada pelo PRODES 2011 indica uma redução de 8% em relação à taxa do período anterior – PRODES 2010, em que foram medidos 7.000 km2 de desmatamento. O valor da taxa consolidada é 3% acima do valor estimado em dezembro de 2011, que foi de 6.238 km2, este gerado com base em 97 imagens Landsat que cobrem área onde foram registrados mais de 90% do
desmatamento no período anterior (agosto/2009 a julho/2010) e também os 43 municípios referidos no Decreto Federal 6.321 de 2007 e atualizado em 2009.
A tabela abaixo apresenta a distribuição da taxa de desmatamento nos Estados que compõem a Amazônia Legal:
Estado km2
ACRE 280
AMAZONAS 502
AMAPÁ 66
MARANHÃO 396
MATO GROSSO 1.120
PARÁ 3.008
RONDÔNIA 865
RORAIMA 141
TOCANTINS 40
Total AMZ. LEGAL 6.418




[Acho importante observar que apesar da redução comprovada, é preocupante o fato de que continue ocorrendo desmatamentos (Pará e Mato Grosso também continuam campeões de desmatamento); e com isso a somatória das devastações nesses 23 anos dos dados acima computados é, a meu ver, um forte empecilho ao projeto DESMATAMENTO ZERO.]
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7 de jun. de 2012

AVANÇO DE METAS AMBIENTAIS GLOBAIS EM 40 ANOS É QUASE NULO, SEGUNDO A ONU

[ROBERTA PENNAFORT / RIO - O Estado de S.Paulo]




Das 90 metas ambientais mais importantes traçadas pelos países nos últimos 40 anos, só 4 avançaram significativamente. Divulgado ontem, o diagnóstico fez soar o alerta a uma semana do início da Rio+20: de nada adiantam os acordos se não houver prazos, monitoramento e cobrança.

A conclusão é fruto do Panorama Ambiental Global (GEO-5), análise cuidadosa feita por cientistas de todo o mundo a cada cinco anos, coordenada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

O relatório, que consumiu dois anos e meio de trabalho de mais de 300 especialistas, enumera desafios já conhecidos, como as mudanças climáticas, a perda progressiva de biodiversidade e a escassez de água.

O diagnóstico será enviado aos mais de 180 representantes de governos presentes à Rio+20. A ONU espera que os dados - em sua maioria alarmantes, apesar de alguns aspectos positivos na comparação com os GEOs anteriores, como a redução do desmate na Amazônia e o esforço chinês para o reflorestamento, a diminuição da poluição do ar e os investimentos em energias renováveis - impactem as decisões. No entanto, não há garantias.

"Nos últimos 20 anos, muitos desses relatórios foram jogados no lixo. Mas hoje existe uma inquietação na sociedade que não permite que aconteça de novo", disse Achim Steiner, do Pnuma.

"As ações têm que começar ontem. Estamos vindo de uma inércia de 20 anos, e a Rio+20 é o momento de romper com isso. Em muitos aspectos já não há mais volta", disse Carlos Nobre, que representou o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Entre as 90 metas, as 4 mais bem-sucedidas foram o fim da produção de substâncias que destroem a camada de ozônio, a eliminação do chumbo em comestíveis, a melhoria do acesso à água e o incremento nas pesquisas para reduzir a poluição.

nas áreas de preservação de estoques de peixes e de freio nos processos de desertificação, secas e de mudanças climáticas não se avançou. Em 24 metas verificou-se pouco ou nenhum avanço e em 8, entre elas a relacionada às condições dos recifes de coral no mundo, uma piora do quadro em relação aos relatórios anteriores.

O capítulo dedicado à América Latina e Caribe - região detentora de um terço da água do planeta e um quarto das florestas - lista como maior problema a desigualdade social.




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5 de jun. de 2012

DOM ERWIN KRÄUTLER: "LULA E DILMA PASSARÃO PARA A HISTÓRIA COMO PREDADORES DA AMAZÔNIA"


O lendário bispo do Xingu, ameaçado de morte e sob escolta policial há seis anos, afirma que o PT traiu os povos da Amazônia e a causa ambiental. Afirma também que Belo Monte causará a destruição do Xingu e o genocídio das etnias indígenas que habitam a região há séculos. Há 47 anos no epicentro da guerra cada vez menos silenciosa e invisível travada na Amazônia, Dom Erwin Kräutler encarna um capítulo da história do Brasil

Alguns trechos da entrevista de ELIANE BRUM, publicada na revista ÉPOCA, em 4/junho/2012. A entrevista completa pode ser vista em:

http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2012/06/dom-erwin-krautler-eu-nunca-pensei-que-o-lula-pudesse-mentir-na-minha-cara-parte-3.html

Nesta segunda-feira, um homem grande, de sorriso caloroso e cabelos brancos, embarcou em um avião para o Brasil. Para o Brasil apenas, não. Para a Amazônia. Depois de 40 dias na Áustria, a terra onde nasceu, ele sente falta da geografia que escolheu para ser sua desde o momento em que, ainda jovem e tropeçando no português, descobriu maravilhado que o Reno é “um igarapé comparado ao Xingu”. Dom Erwin suspira de saudades do rio, das gentes, dos cheiros e até do clima da cidade paraense de Altamira, com temperaturas e humores tão intratáveis que só agrada aos mais fortes. Este homem, que circulava livremente por ruas imaculadas na primavera austríaca, onde foi garimpar recursos para projetos sociais na Amazônia, volta agora para sua rotina de prisioneiro. Há seis anos, Dom Erwin Kräutler, bispo do Xingu, não dá um passo no Brasil sem estar sob a escolta dos quatro policiais que se alternam para proteger sua vida.

Perto de completar 73 anos, Dom Erwin, que acolheu e depois enterrou a missionária assassinada Dorothy Stang, vive na mira de pistoleiros. Homens contratados por gente graúda para calar uma voz que há quase meio século eleva o tom na defesa dos mais pobres e dos mais frágeis, dos indígenas, dos ribeirinhos e dos extrativistas da Amazônia. Dom Erwin tem escrito, com rara coerência, um capítulo crucial de uma história pouco contada no Brasil: o papel da Igreja Católica, especialmente a dos religiosos ligados à Teologia da Libertação e às comunidades eclesiais de base, na proteção dos povos da floresta – e da própria Amazônia – a partir da segunda metade do século XX.

A cada ano, apesar da idade avançada e das dores na coluna, ele visita 15 paróquias do Xingu. Ao alcançá-las, peregrina pelas comunidades dos cafundós. Dorme no barco, dorme em rede. Acostumou-se tanto à dieta local, que fica feliz por comer peixe no almoço e no jantar, de segunda a segunda. É adorado pelo povo mais pobre – e odiado sem reservas por parte da elite paraense, que o ataca também pela imprensa de Belém do Pará.

Nesta entrevista, Dom Erwin diz o que pensa contra antigos aliados com o mesmo desassombro com que denunciou grileiros e estupradores no passado recente. Acusa o PT de “traidor” – e diz que alguns petistas são “fanáticos religiosos”. Afirma que Lula e Dilma implantaram uma “ditadura civil” ao “desrespeitar os direitos indígenas assegurados na Constituição”. E afirma que Lula passará para a História como “o presidente que destruiu a Amazônia e deu o golpe nos povos indígenas”. 

Às vésperas da Rio + 20, o depoimento de Dom Erwin Kräutler abre uma janela para a compreensão da história contemporânea. A entrevista a seguir foi feita na casa do bispo, em Altamira, com os policiais militares que o protegem do lado de fora da porta, mas atentos. Os quatro policiais demonstram uma preocupação que transcende o dever: adoram Dom Erwin, que conhece suas mulheres e filhos e escuta suas aflições de cada dia.
Em três horas de conversa, Dom Erwin não evitou nenhuma pergunta. Vale a pena abrir um espaço para escutar com atenção um homem capaz de apontar as contradições e ampliar a complexidade do momento estratégico vivido pelo Brasil, no qual as escolhas tomadas hoje determinarão o que seremos amanhã.

- O senhor é uma das vozes mais críticas contra Belo Monte. Por que o senhor não quer uma hidrelétrica no Xingu?
Dom Erwin - Altamira sofreu o primeiro "choque" com a construção da Transamazônica. Eu me lembro de quando chegou aqui o presidente Médici (Emílio Garrastazu Médici, general que foi presidente do Brasil no período mais violento da ditadura militar, de 1969 a 1974). Ele deu início às obras, no lugar chamado "Pau do Presidente". Você foi lá ver (o “pau do Presidente”)?
- Ainda não...
Dom Erwin - Não perde nada. Só ficou aquele tronco da castanheira, a placa roubaram... Eliane, você naturalmente sabe que aqui se usa essa expressão "pau do presidente" com certa malícia!

- Posso imaginar... O senhor presenciou a derrubada da castanheira?
Dom Erwin - Sim. Todo o pessoal delirando no palanque... delirando mesmo! Batendo palmas! Gente, derrubando uma árvore daquelas! E dizendo que era o progresso que estava chegando. Cortou-me o coração... Como é que pode? Aplaudir que a rainha das árvores do Pará ou da Amazônia tomba, e com um estrooondo tremendo. Como é possível? Está escrito na placa que roubaram: "O presidente da República dá início à conquista deste gigantesco mundo verde". E havia uma placa em uma das três colunas feias, bem feias que fizeram: “Depois de XX meses o presidente voltará para inaugurar, dando mais um passo para integrar...”. Era essa a época: "Integrar para não entregar" e "Brasil, ame-o ou deixe-o"... Coisas desse tipo. Eu vi.

[A entrevista é longa.A Parte 3 tem por título: " Dom Erwin Krautler: “Eu nunca pensei que o Lula pudesse mentir na minha cara” - No final o bispo do Xingu concluiu afirmando que muitos pesquisadores mostraram a inviabilidade de Belo Monte. Mas a decisão política prevaleceu sobre a técnica. E que os diálogos iniciais com Lula, "foram um show para agradar o bispo"].

DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE: 5 DE JUNHO

Acessem o endereço abaixo e, se acharem pertinente, apoiem o GREENPEACE.

http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Blog/zerar-desmatamento-para-zerar-as-emisses/blog/40620/

Olá:

Hoje é um dia muito importante para o nosso planeta: é o dia do Meio Ambiente. Esta data é ideal para repensarmos nossas atitudes e irmos em busca de soluções para os problemas ambientais.

Você que já assinou a petição pelo Desmatamento Zero e quer reverter as mudanças feitas pelo Congresso no Código Florestal, pode dar um passo a mais na conservação de nossas florestas.

Nesse dia especial, dê um presente mais especial ainda para o Brasil e junte-se ao Greenpeace. Só assim poderemos continuar protegendo as florestas brasileiras.

Um grande abraço,

Tatiana de Carvalho
Coordenadora da Campanha Amazônia
Greenpeace Brasil







SE CONTINUAR ASSIM... SEM POLÍTICA DE ENERGIA ALTERNATIVA...


[Reproduzido do site: www.wwf.org.br; de 25/abril/2012]
Na foto vê-se o Salto Dardanelos, situado próximo à cidade de Aripuanã, composto de uma sucessão de cachoeiras num desnível de 150 m.


O Governo Federal estuda, atualmente, a possibilidade de construir sete hidrelétricas na bacia do rio Aripuanã, na região situada entre os Estados do Amazonas, Mato Grosso e Rondônia. As sete hidrelétricas vão gerar 2.790,8 megawatts e trarão impactos numa área que se estende por 14 municípios dos Estados citados e abrange uma população de 112 mil habitantes. Além disso, vai atingir diretamente 11 áreas protegidas, entre Unidades de Conservação de Proteção Integral e Terras Indígenas.

A informação foi divulgada na metade do mês de abril, quando a Empresa de Pesquisa Energética do Ministério de Minas Energia (EPE/MME) realizou, em Manaus (AM) e Cuiabá (MT), audiências públicas para socializar os resultados da avaliação ambiental integrada da bacia do rio Aripuanã. O estudo teve como objetivo avaliar se o meio ambiente daquela região teria condições de “suportar” os impactos trazidos pelos empreendimentos.
18 impactos; apenas 2 positivos
O inventário divulgado trouxe uma série de informações sobre a bacia do rio Aripuanã, que fica à margem direita do rio Madeira. Além de levantamentos técnicos referentes àquela região (abordando questões como geologia, hidrologia, relatórios de flora e fauna, dados socioeconômicos das populações locais) o documento traz também uma descrição dos 18 impactos que serão causados pelas hidrelétricas – e apenas 2 deles são positivos.
Entre os aspectos positivos das hidrelétricas são citados o incremento da arrecadação municipal das cidades atingidas, pela compensação financeira que será trazida pelo setor elétrico às prefeituras [aliás, uma obrigação prevista em lei]; e a melhoria da estrutura viária da região, já que, para operar e receber insumos e equipamentos, as hidrelétricas precisam de vias e estradas trafegáveis durante todo o ano.
Dentre os impactos negativos previstos no inventário estão: interferência em ambientes ricos em biodiversidade, desaparecimento de espécies da fauna e flora, interrupção de rotas migratórias de peixes e supressão de vegetação marginal; além de perda da navegabilidade para escoamento da produção local. Outras consequências das instalações das usinas são perda de recursos genéticos, alterações na dinâmica ecológica da área, além da interferência em políticas públicas de conservação e desenvolvimento sustentável.
No âmbito social, as consequências previstas são o acirramento de conflitos, principalmente sobre populações indígenas ou tradicionais; interferência no modo de vida dessas populações, intensificação de invasões e apropriações indevidas de recursos de uso dos povos indígenas, além de interferência nas atividades econômicas rurais tradicionais.
As hidrelétricas
Segundo o inventário divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética, das sete hidrelétricas consideradas, três serão instalados no curso do rio Roosevelt - Cachoeira Galinha, Inferninho e Ilha São Pedro – e as outras quatro serão instaladas no rio Aripuanã (Prainha, Ilha Três Quedas, Quebra Remo e Sumaúma). A elas, somam-se a Usina de Dardanelos e a Pequena Central Hidrelétrica (PCH) de Juína, que já se encontram em funcionamento na região.
As áreas protegidas que serão atingidas serão o Parque Nacional dos Campos Amazônicos, o Parque Estadual do Sucunduri, o Parque Estadual do Guariba, o Parque Estadual Tucumã, a Estação Ecológica do rio Roosevelt e a Estação Ecológica do rio Madeirinha.
Entre as Terras Indígenas, serão impactadas a Terra Indígena Arara do rio Branco, Terra Indígena Serra Morena, Terra Indígena Aripuanã, Parque Indígena Aripuanã, Terra Indígena Tenharim do Igarapé Preto e Terra Indígena Zoró.
Conhecendo a região
A bacia do rio Aripuanã situa-se na região de transição entre os domínios biogeográficos da Amazônia e do Cerrado. Por estar localizada numa área de difícil acesso, é considerada uma das regiões mais bem preservadas da Amazônia, principalmente em território mato-grossense e rondoniense. No entanto, sofre forte pressão de atividades humanas e não por acaso situa-se dentro do “Arco do Desmatamento” – local famoso pelos altos índices de desmatamento, queimadas e conflitos fundiários.
A bacia do rio Aripuanã está dentro da área do Mosaico da Amazônia Meridional e do Mosaico do Apuí, dois conjuntos de Unidades de Conservação cujo objetivo é combater a degradação da área. As atividades econômicas mais importantes da bacia são a extração de madeira, a agropecuária e serviços. Os conflitos entre grupos populacionais diferentes – ribeirinhos, indígenas, grileiros, fazendeiros, pecuaristas, extrativistas, entre outros – também são uma das características mais marcantes daquele local.
Esta região é também a mesma em que, numa expedição promovida pelo WWF-Brasil em 2010, foi encontrada uma nova espécie de macaco, nas proximidades do rio Roosevelt.
[Em resumo: 1) Após Belo Monte, muitas outras hidrelétricas estão surgindo e, enquanto não se der atenção à política de energia alternativa, muitas outras virão. E com elas, degradação ambiental, perda de biodiversidade, conflitos socioeconômicos... 2) E conforme divulgado no blog sosriosdobrasil, tem razão o sub-coordenador do Centro Estadual de Mudanças Climáticas (Ceclima), vinculado à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), Anderson Bittencourt, especialista em energia e fontes renováveis, quando diz: “são importantes os estudos de inventário para conhecer o potencial energético da região, mas sou contra o modelo de hidrelétricas que afetam a população local. Além de não estarem incluídas nos projetos de desenvolvimento, permanecem sem o principal resultado esperado da obra, o suprimento elétrico. Isso mostra que o planejamento da matriz energética deveria ser mais diversificado, distribuindo melhor os impactos e as oportunidades socioeconômicas que existem, tais como, o aproveitamento de outras opções de geração de energia, como turbinas hidráulicas e energia de biomassa e solar, ao invés de sempre optar por grandes obras hidrelétricas, que não é uma alternativa ambiental viável a longo prazo”. É só escutar quem entende!!!].

4 de jun. de 2012

AS TRÊS "BOLHAS" DO PLANETA TERRA





[Reproduzido do site do USGS – United States Geological Survey]

Se considerarmos toda a água do nosso planeta (oceanos, calotas polares, lagos, rios, água subterrânea e atmosfera, além da água contida em todos os seres vivos), em proporção ao volume do próprio planeta, teríamos uma “bolha d’água” que na figura representada [após clicar em Visualizar, clique em Fazer Download no Formato Original], seria a “bolha maior”. Tendo esta um diâmetro de 1376 km e um volume de 1.364.124.232,95 km3 [= 1 bilhão 364 milhões 232 mil e 95 quilômetros cúbicos]. “Furando-se esta bolha” a água nela contida se espalharia por 70 por cento da superfície da Terra. Porém, 98 por cento dessa “bolha maior” é de água salgada.
E agora pergunta-se: quanto de água está disponível para os seres humanos (e demais seres vivos, é lógico!)?. A água disponível está representada na figura por aquela “bolha menor”, que tem 271,2 km de diâmetro e um volume de 10.444.019,59 km3 [= 10 milhões 444 mil e 19 quilômetros cúbicos].
E finalmente a pergunta crucial: e quanto de água está diretamente disponível para consumo direto pelos seres humanos (e animais terrestres em geral)? Para consumo direto, proveniente de rios e lagos. Está representado por aquela “bolhinha diminuta”, que tem um diâmetro de 55,84 km de diâmetro e um volume de apenas 91.166,4 km3 [91 mil e 166 quilômetros].
Comparando-se esta “bolhinha” consumível com aquela “bolhona” de mais de 1 bilhão de km3... percebe-se quão precioso é este líquido que parece abundante no nosso planeta.
Para se ter uma ideia de consumo, vejamos um país desenvolvido altamente consumidor: nos Estados Unidos (estimativa do USGS, para 2005), foram consumidos por dia 1.241.615.070,4 m3 de água de superfície e 310.403,76 m3 de água subterrânea.
Impactos climáticos, alterações na dinâmica de ciclagem da água (dos oceanos, rios e lagos para a atmosfera e de volta às suas fontes, incluindo a subterrânea e das calotas polares), assim como a água retida na fitomassa (principalmente nos grandes ecossistemas florestais) e emanada pela transpiração para a atmosfera... são processos que requerem muita atenção por parte da humanidade para a conservação permanente deste recurso que é o mais precioso à vida na Terra. Preocupa não somente a quantidade disponível de água consumível, mas também sua qualidade.