Total de visualizações de página

29 de mai. de 2016

PERU DECLARA ESTADO DE EMERGÊNCIA POR CONTAMINAÇÃO DE MERCÚRIO NA AMAZÔNIA

Reproduzido de www.amazonia.org.br



O Peru declarou estado de emergência em 11 distritos da região amazônica de Madre de Dios (sudeste), ao detectar níveis de mercúrio acima do permitido na população – conforme publicação no Diário Oficial.

A alteração nos níveis desse elemento decorre da intensa atividade mineira artesanal na zona, que também destrói rios e solos.

Segundo relatório apresentado ao governo por autoridades ambientais, foi detectada a “contaminação por mercúrio nas águas dos rios, em espécies hidrobiológicas e na população, com níveis superiores aos limites máximos permitidos”.

Diferentes etnias do departamento de Madre de Dios apresentam altos níveis de mercúrio no organismo, “o que acarreta problemas de saúde sérios, crônicos e complexos – particularmente em crianças e grávidas”, diz o relatório.

O texto acrescenta ainda que o problema é consequência de “práticas inadequadas utilizadas pela mineração ilegal e informal durante a extração e o beneficiamento do ouro aluvial”.

A contaminação também está no ar e em peixes, principalmente nos da espécie piracatinga (Calophysus macropterus), parte da dieta habitual da população de Madre de Dios.

“Recomendamos que não se consuma essa espécie”, disse em coletiva de imprensa o ministro do Ambiente, Manuel Pulgar-Vidal.

“A consequência da atividade mineira em Madre de Dios vai nos acompanhar pelos próximos 80 anos, e isso deve ser combatido na raiz”, ressaltou o ministro.

“Declarar o estado de emergência implica em ações de saúde, hospitais móveis, levar alimentos como peixes não contaminados, entre outras coisas”, completou.

Há outros locais afetados na Amazônia peruana. Em março passado, foi registrado que membros da etnia nahua, que habitam a comunidade nativa Santa Rosa de Serjali, em Ucayali (sudeste), também apresentavam mercúrio no organismo.

A presença de mercúrio no sangue pode afetar órgãos vitais, como pulmões e rins. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o elemento está entre os dez mais problemáticos para a saúde.





28 de mai. de 2016

PROPOSTA DE "AFROUXAR" O LICENCIAMENTO AMBIENTAL PRECISA SER COMBATIDA

Núcleo ambiental da PUC-Rio lança petição para barrar PEC 65


O NIMA-Jur, grupo de Estudos de Direito Ambiental da PUC-Rio, lançou um abaixo-assinado contra a PEC 65, através da plataforma online Avaaz. De acordo com o texto da petição, a emenda “contraria frontalmente toda legislação relativa aos instrumentos de controle ambiental” baseados nos princípios de prevenção e precaução.

A PEC 65 gerou uma reação contra ela dos movimentos ambientais. A razão é simples.  De acordo com o texto da emenda, o licenciamento deixará de ser necessário. Basta apenas o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA), encomendado pela própria empreiteira da obra, para validar o prosseguimento da construção.

Virgínia Totti, coordenadora do NIMA-Jur, explica que a PEC 65 traz implícita a ideia de que a legislação ambiental é um obstáculo para o desenvolvimento econômico. "Isto precisa ser combatido", diz ela. "Se o processo de licenciamento precisa ser aperfeiçoado, que seja amplamente discutido, mas colocar a questão em termos de agilidade, tal como vem sendo apresentadas as propostas de emenda à Constituição, os projetos de lei e revisão das resoluções do CONAMA é retroceder, e muito, na garantia de nossos direitos difusos e sociais”.

A campanha tem o apoio da Associação de Moradores do Alto Gávea, da Associação de Amigos do Museu da Cidade do Rio de Janeiro, da Asimaba-DF, do Grupo de Pesquisas Direito e Meio Ambiente Nas Cidades - UFMG, da Associação de Professores de Direito Ambiental do Brasil, do Fórum Amazônia Oriental, e do Grupo de Estudos Em Meio Ambiente e Direito - UFF.

Outras organizações também já se posicionaram contra a emenda. O Instituto Pólis também iniciou outro abaixo-assinado para tentar derrubar a proposta. E, no começo de maio, o próprio Ministério Público Federal divulgou uma nota técnica em que esclarece a inconsistência jurídica e constitucional para a justificativa das alterações previstas pela PEC 65.

Virgínia ressalta que “a PEC 65 talvez seja a mais radical das propostas, mas há outras que representam retrocessos". Ela coloca nessa lista a PEC 215, que altera o processo de demarcação de terras indígenas; o projeto de lei 654/2015, que pretende estabelecer um procedimento de licenciamento ambiental especial para empreendimentos de infraestrutura considerados estratégicos e de interesse nacional; e o projeto de lei 3200/2015, que facilita o registro de agrotóxicos.

O NIMA-Jur espera que a petição online obtenha uma numerosa adesão. “Quanto mais pessoas entenderem o que está em jogo, maiores são as chances de barrar estes retrocessos que terão impactos ambientais e sociais incalculáveis”, diz Virgínia.

22 de mai. de 2016

METAIS PESADOS NA FOZ DO RIO DOCE: MAS NÃO PODE SER AFIRMADO QUE PROVIERAM DO DESASTRE CAUSADO PELA MINERADORA SAMARCO

Como não era feito controle de qualidade das águas da foz do rio Doce, a mineradora Samarco tem o direito de negar que a presença de tais metais seja de sua responsabilidade

Laudo indica metais cancerígenos na foz do Rio Doce

Por Vandré Fonsecahttp://www.oeco.org.br/noticias/laudo-indica-metais-cancerigenos-na-foz-do-rio-doce/


A Foz do Rio Doce, entre o litoral Norte do Espírito Santo e o Sul da Bahia, apresenta concentrações de metais cancerígenos muito acima dos limites permitidos. A constatação está em um laudo preparado pela Rede de Pesquisas Coral Vivo ao ICMBio, que indica níveis de arsênio, cádmio e chumbo acima do tolerável na água e nas espécies marinhas da região .

Foram coletadas amostras do ambiente e de organismos vivos, como pescado e zooplâncton. Três espécies de peixes e duas de camarão foram analisadas. A concentração mais elevada foi encontrada no peixe roncador: 140 microgramas de arsênio por quilo. O limite permitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) seria de 1 micrograma. Os níveis de cádmio (0,6 µg/kg) e chumbo (1,7 µg/kg) também ultrapassavam os limites, 0,005 µg/kg e 0,3µg/kg, respectivamente.

Na água, a partir da Foz do Rio Doce em direção ao Sul, além dos três metais citados, foi encontrada também concentração de cobre acima do tolerado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). “Alguns desses metais quando presentes em excesso podem causar câncer em vertebrados marinhos”, alerta o professor da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Adalto Bianchini. O professor é um dos autores de um estudo, publicado em 2015 pela revista científica “Aquatic Toxicology”, que apresenta uma relação da formação de tumores em tartarugas marinhas após acumulação de concentrações elevadas de ferro, chumbo e cobre no sangue.

Laudo do Coral Vivo

O laudo foi apresentado em audiência pública, na comissão externa da Câmara dos Deputados que trata dos desdobramentos do rompimento da barragem da Samarco.  Os resíduos de mineração derramados na Bacia do Rio Doce atingiram o oceano. O estudo, porém, não é suficiente para determinar se a contaminação foi provocada pelo desastre.

“Nós mostramos que há uma grande concentração de metais no Rio Doce, alguns associados à mineração, como o cromo, o ferro e o manganês”, afirma Bianchini. “Ainda nos resta saber se já se encontrava esta concentração anteriormente ou apenas após o acidente”, completa.  

A coleta foi realizada durante uma expedição de dez dias, entre os meses de janeiro e fevereiro, coordenada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O monitoramento continua. Estava prevista uma nova expedição, entre abril e maio, para fazer coletas e avaliar também a concentração dos metais antes do desastre. 

Comissão Externa

O deputado Sarney Filho (PV-MA) deixou a comissão externa na quinta (12) sem que o relatório final, preparado por ele, fosse aprovado. Agora, um novo relator deve assumir a função, com a possibilidade de apresentar outro texto aos deputados. 

relatório feito pelo agora Ministro do Meio Ambiente responsabiliza a empresa Samarco Mineração pela tragédia e pede a apuração das responsabilidades dos órgãos de licenciamento e fiscalização. Apesar de destacar que o desastre não teria acontecido se a legislação atual fosse respeitada, o deputado propõe também três projetos de lei que mudam a legislação ambiental. Os projetos visam evitar novos desastres e alterar a proposta do Código de Mineração, em tramitação na Câmara.

Entre as propostas do relator estão o aumento de multas em até cem vezes o valor máximo em caso de desastre ambiental, e que o pagamento da multa não desobrigue o infrator a reparar os danos causados. 

O desastre ocorreu na tarde de 5 de novembro de 2015. A barragem de rejeitos de Fundão, em Mariana (MG) se rompeu e derramou 34 milhões de metros cúbicos de lama sobre o vale de um subafluente do Rio Doce. O desastre matou 19 pessoas e afetou outras 1.640.

A lama percorreu mais de 600 quilômetros, afetando a fauna e flora da região e comprometendo o abastecimento de água em várias cidades de Minas Gerais e Espírito Santo. Depois de 16 dias, chegou à foz do Rio Doce, no oceano Atlântico. A Samarco Mineração é controlada pela Vale e pela BHP Billiton.

17 de mai. de 2016

SUCURIS: ANIMAIS QUE ELAS MATAM E PORQUE OS SERES HUMANOS AS MATAM

Reproduzido de:



As sucuris causam um impacto significativo aos agricultores ao comerem animais domésticos, e este é um fenômeno bem conhecido nas áreas úmidas da América do Sul. Porém, as causas dos abates de sucuri feitos por agricultores ainda são pouco documentadas. Para fazer essa investigação, surgiu a ideia de fazer um estudo baseado em vídeos da internet. Os resultados são surpreendentes.

Iniciado em 2014, o estudo usou vídeos públicos, gerados espontaneamente, que flagram interações entre as pessoas e as sucuris. Eles permitem aos pesquisadores monitorar as reações a esses animais, e o que acontece em seguida.

Como me especializei em predadores, notei que era uma questão de tempo até as sucuris serem incluídas na lista de espécies que causam conflitos homem-fauna, no jargão dos cientistas. Esses são conflitos derivados do choque de interesse entre os bichos e gente. Elefantes se alimentando de arrozais e gaviões comendo pintinhos são exemplos conhecidos. O prejuízo no bolso do agricultor costuma ser pago com a vida dos bichos.

Sucuri encontrada por pescadores em praia do nordeste

A oportunidade de coletar dados sobre o problema na internet evitou as potenciais distorções de entrevistas diretas com os produtores. Vídeos de pessoas perturbando ou matando sucuris são comuns, assim como registros de sucuris usando animais domésticos como alimento. Mas precisávamos criar um método padronizado de coleta dados. Essa modalidade de pesquisa está se tornando mais comum e é conhecida como ciência cidadã, no nosso caso, gerada espontaneamente. Nesta pesquisa, a vantagem foi poder atingir uma área ampla, acessando contexto sociais variados, e em dez países.

Coletamos em paralelo dados sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da área onde cada incidente ocorreu, além do resultado do encontro entre agricultores e sucuris. O IDH é uma estatística composta pelo nível educacional das pessoas, assim como pela expectativa de vida e renda per capita. Desta forma, foi possível comparar entre locais de IDH alto e baixo a chance da sucuri ser morta.

Para nossa surpresa, não foi a predação de animais domésticos o fator que tornava a morte da sucuri mais provável. Esta variável foi o IDH, independente da sucuri estar ou não se alimentando de animais domésticos. Quanto mais baixo o IDH, maior a chance da sucuri ser morta. Aprendemos que as pessoas não estão matando as sucuris em retaliação. Mais parece, que em áreas de baixos índices educacionais, elas o fazem por considerarem esses animais perigosos.

Predação de animais domésticos

O estudo também lançou luz sobre o padrão de ataques a animais domésticos. Christine Strüssmann, Professora da Universidade Federal de Mato Grosso, explica que os dados da internet ajudaram a explicar como as sucuris podem sobreviver em ambientes urbanos: “Nós confirmamos 78 registros de predação, e em 23 deles as sucuris haviam consumido animais domésticos. Mas, apenas 21% das sucuris que comeram animais domésticos foram mortas, enquanto populares mataram 28% das sucuris que predaram animais silvestres”.

Os dados indicam que as sucuris comem animais domésticos numa escala muito maior do que supunham os cientistas. Na natureza, as sucuris geralmente se alimentam de aves semiaquáticas, além de mamíferos e répteis. Porém, em áreas urbanas e rurais, um terço das presas eram bichos como cães, galinhas, patos, bezerros e gatos. A presa silvestre mais comum foi a capivara. Mas as sucuris também foram flagradas comendo animais pra lá de inesperados, entre eles uma jiboia e um ouriço!

Falsa ameaça

O estudo também mostrou que ataques não provocados são raros. Em 330 amostras, apenas um ataque a humanos não provocado foi registrado. O caso é bem conhecido, de um menino mordido e constringido por uma sucuri enquanto tomava banho em um córrego em São Paulo. O avô da criança matou a serpente com um facão, enquanto o neto precisou tomar alguns pontos após se recuperar do susto. Nos vídeos, outras duas pessoas foram mordidas após cutucar sucuris na natureza. Enquanto isso, 52 sucuris foram mortas por pessoas, principalmente as maiores.

Animais de maior porte em regiões de baixo IDH são os principais alvos de abate indiscriminado. A alta probabilidade de morte para sucuris grandes confirma os resultados do IDH. "Indivíduos grandes são percebidos como os mais perigosos para as pessoas e, logo, têm uma grande chance de serem mortos”, diz Christine Strüssmann. “As maiores sucuris, no entanto, são fêmeas, e estas produzem a maior parte dos filhotes”. Quatro espécies de sucuris ocorrem na América do Sul. As fêmeas são muito maiores que os machos, e quanto maior a fêmea, maior o número de filhotes, que pode passar de 80.

A pesquisa foi financiada pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico) e FAPEMAT (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Mato Grosso)e faz parte de um projeto maior com sucuris, no Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade da UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso).

Os próximos passos envolvem conversar com os produtores de forma a medir a percepção de risco, a escala real da predação de animais domésticos por sucuris e as práticas de manejo dos produtores. Queremos entender como essas características afetam o consumo de animais domésticos, questões que estão sendo abordadas por um estudo de campo no Pantanal.

Espera-se que desses esforços surjam técnicas de manejo para evitar o ataque a animais domésticos. Nós também também pretendem educar os agricultores sobre as sucuris e o baixo risco que representam para as pessoas.

Junto com Christine, estou comprometido com a conservação das sucuris. Aumentar o conhecimento sobre o animal e suas interações com o Homem pode ajudar a encontrar um futuro sustentável para a maior serpente do mundo.

12 de mai. de 2016

ENERGIA ALTERNATIVA: BRASIL VETA E ALEMANHA SUPERA METAS

Recorde: Alemanha cobre 95% da demanda de energia elétrica com fontes renováveis


Veto do governo brasileiro:



Matéria completa (abaixo) em:

http://canaltech.com.br/noticia/sustentabilidade/alemanha-cobre-95-da-demandade-energia-eletrica-com-fontes-renovaveis-65953/

O conteúdo do Canaltech é protegido sob a licença Creative Commons (CC BY-NC-ND). Você pode reproduzi-lo, desde que insira créditos COM O LINK para o conteúdo original e não faça uso comercial de nossa produção.




A Alemanha, um dos países mais industrializados do mundo, mais uma vez se fez um bom exemplo e atingiu um marco histórico na geração de energia. No último domingo (8), o país supriu 95% da sua demanda por energia elétrica com fontes renováveis. O recorde foi alcançado por causa das condições meteorológicas ensolaradas e com fortes ventos. 

A demanda de 57,8 gigawatts foi suprida em 45,2% por energia solar, 36% por energia eólica, 8,9% por biomassa e 4,8% por usinas hidrelétricas. "Os preços chegaram a ser negativos por algumas horas", comenta Michael J. Coren, da Quartz, o que significa que os consumidores receberam para consumir eletricidade. 

Atualmente, a Alemanha está em curso de uma iniciativa de transição energética, pela qual o governo pretende reduzir a emissão de gases de efeito estufa de 80 a 95% e atingir a meta de 60% de uso de fontes de energias renováveis.

Depois da tragédia de Fukushima em 2011, o governo alemão decidiu acabar com as usinas termonucleares até 2022. Hoje, o país se divide com turbinas eólicas ao norte e usinas solares ao sul. Essas posturas adotadas são vistas com bons olhos por especialistas, que esperam que a Alemanha se torne um modelo para o mundo. 

Energia renovável pelo mundo

Outros países têm atingido bons níveis de uso de energias renováveis. Em 2015, a Escócia gerou mais da metade de sua energia com esse tipo de usina. O Uruguai atinge os 95%, enquanto grande parte da Áustria já alcançou 100%.