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27 de abr. de 2011

ENERGIA NUCLEAR: TER OU NÃO TER!!! EIS A QUESTÃO

CAPÍTULO I ─ BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE SUAS VANTAGENS E DESVANTAGENS E COMPARAÇÕES COM OUTRAS FORMAS
Solução energética ou “coisa do diabo”! Se você desejar ver o quadro histórico da utilização desta fonte energética, de alta tecnologia, de grandes vantagens em termos de potencial e riscos “maiores ainda” (segundo seus opositores), visitem o site da BBC: http://www.bbc.co.uk/news/world-13159407.
Seus opositores questionam: “por que optar por essa forma de energia que é a mais cara, a mais “devagar” e mais inflexível e de maiores riscos financeiros e suscetível a acidentes”? Mas seus defensores argumentam: “a opção nuclear tem a menor pegada ecológica (contribuindo positivamente para o controle do aquecimento global), há menor impacto ambiental em sua implantação, os reatores modernos são perfeitamente seguros e a energia gerada é sustentável a um custo competitivo com outras formas. Observação minha: não entendo porque “competitivo”, com os gastos vultosos de implantação e tratamento dos resíduos radioativos (lixo atômico) que as usinas nucleares requerem!!!
Mesmo distante de entender com profundidade este assunto “energia nuclear”, mas fundamentado na literatura e colhendo opiniões de especialistas, via sistema internet, arrisco-me a prover alguns comentários.
ENERGIA NUCLEAR VERSUS ENERGIA HIDRELÉTRICA. Não há dúvidas de que o impacto causado pelas UHE ─ Usinas Hidrelétricas é grande, em termos de extensão e modificações dos ecossistemas em que são instaladas. É preocupante o recente caso de Belo Monte (ver “Precisamos de Belo Monte. Mas não assim”; site www.exame.com.br). Essa UHE fica na parte paraense do rio Xingu. Nesse artigo é mostrado que o Brasil necessita acrescentar anualmente ao seu potencial energético 5 mil megawatts. Se não houver esse acréscimo de pouco mais de 11 mil megawatts de Belo Monte (Itaipu gera 14 mil megawatts), estaremos com déficit de energia elétrica a partir de 2014. Estima-se que até agora aproveitamos 26% do nosso potencial hidrelétrico e que a maior parte dele está na Amazônia.
Portanto, é grande a preocupação que temos ao se programar UHEs e maior ainda o discernimento que devemos ter sobre onde e como instalá-la. Às vezes um mau planejamento acarreta prejuízos financeiros e ambientais enormes. Uma mudança no planejamento da UHE Jirau, no rio Madeira, deslocando 12,5 km do seu eixo, proporcionou uma economia de R$ 1 bilhão. Os ecossistemas onde serão instaladas devem ser escolhidos com muito critério técnico-científico. Estudo sócio-ambiental é parte importante da viabilidade de cada projeto. A área a ser inundada por Belo Monte totaliza 516 km2, mas alguns estimam que o desmatamento indireto, se não for controlado, se estenderá por 5 mil km2 (www.amazonia.org.br). Há 30 anos que se desenrola o plano para construção de Belo Monte, que pretende ser a terceira maior UHE do mundo (Três Gargantas na China é a maior, seguida por Itaipu de Brasil/Paraguai). As discussões e desentendimentos vão desde a licença e autorização para sua construção, aos direitos dos indígenas que habitam a região e os ribeirinhos, até o “imbróglio” de construtoras concessionárias e subsidiárias que executarão as obras. Além do interminável ritual de processos na Justiça Comum e na Justiça Trabalhista.
Vamos agora imaginar o que deverá acontecer quando o governo puser em prática a construção das 62 UHEs previstas para o Pantanal!!! O rompimento de uma das mais importantes características ecológicas do Pantanal, a “pulsação” dinâmica de cheias e secas periódicas, certamente ocorrerá (ver vídeo da série Globo Natureza: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/04/custo-ambiental-de-hidreletricas-no-pantanal-nao-compensa-os-beneficios-diz-engenheiro.html). As cheias proporcionam as águas que se distribuem nos corixos e lagoas antes de fluírem para o rio Paraguai. Flora e fauna do Pantanal estão adaptadas a essa “pulsação” de cheias e secas. O Ministro de Minas e Energia afirma:”Se nós abdicamos daqui, abdicamos dali e abdicamos dacolá, sob os mais diferentes argumentos, ainda que alguns deles procedentes, como é o caso por exemplo do Pantanal, vamos acabar não cumprindo o nosso planejamento energético brasileiro”. Das palavras do Ministro deduzo minimamente que: 1) Tal planejamento é imutável. 2) Alternativas energéticas: não estão nos planos! 3) Ou será assim ou o plano para construção de usinas nucleares deverá ser ampliado.
O QUE JUSTIFICARIA ESTAR CONTRA AS USINAS NUCLEARES. Esclareço que não me compete, como “reles professor de ecologia” e muito longe de entender de planejamento de matriz energética, dizer o que deve ser feito a esse respeito. Apenas sugiro que se considerem os seguintes aspectos, que poderiam desfavorecer a ideia de exploração da energia nuclear no Brasil. Tudo somente “fundamentado” nos meus 67 anos de vida como brasileiro e uns 40 anos de vida profissional em ecologia, que me “autorizam” a dizê-lo: 1) Qualquer empreendimento aqui no Brasil é conduzido sob denúncias de corrupção; ou seja, qualquer obra ou não é feita plenamente como deveria ser ou se o for custará bem além do planejado! Seja ela de iniciativa municipal, estadual ou federal. 2) Não devemos menosprezar o fato de que é muito difícil para o povo brasileiro entender que o uso racional da eletricidade é prioritário e que isso controlaria o aumento da demanda; e que se assim não acontecer, a opção de governo pela matriz energética brasileira poderá ser: degradar construindo hidrelétricas ou impor altos custos e riscos construindo usinas nucleares. É muito triste afirmar isso: “já está incorporado na nossa cultura o desperdício com alimento, água, eletricidade, recursos financeiros etc.”. Nosso sistema educacional não está preparado para informar nem tampouco formar cidadãos. E não são muitas as autoridades que sabem disso! 3) Rever todo o plano de uso da energia nuclear, como sugerido pelo físico especialista em energia, José Goldemberg, não parece estar nos planos do governo. 4) As alternativas: energia solar, eólica, biocombustíveis... serão sempre consideradas como “complementares” aqui no Brasil (uma lástima; veja alguns dados abaixo sobre energia eólica). 5) Segurança das usinas nucleares: todos os especialistas envolvidos, aqui no Brasil, acham que o nosso sistema é muito seguro (as autoridades japonesas também diziam a mesma coisa!). Não deve ser esquecido que o “lobby” dos interessados em tirar proveito financeiro dos altos custos de implantação das usinas é intenso.
O Brasil, segundo dados da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.asp) vem gerando, em megawatts: Usinas hidrelétricas 77.290; Usinas termelétricas 30.172; Pequenas centrais hidrelétricas 3.537; Usinas termonucleares 2.007.
Para aqueles que não acreditam no potencial da energia eólica e subestimam sua potencialidade, visitem o site http://www.wwindea.org/home/images/stories/pdfs/worldwindenergyreport2010_s.pdf, da WWEA - World Wind Energy Association. Transcrevi desta associação os seguintes dados de energia eólica gerada em megawatts, em 2010, pelos principais países geradores: China 44.733; Estados Unidos 40.180; Alemanha 27.215; Espanha 20.676; Índia 13.065.
Considerando que a eletricidade total gerada no Brasil, por suas várias formas conforme divulgado no site da ANEEL mostrado acima, é de 114.105 megawatts eu pergunto: “por que muitas pessoas ainda consideram que a energia eólica é apenas uma forma complementar de geração de eletricidade”?
Finalizando (este capítulo): a usina nuclear projetada para o nordeste, a de Itacuruba, a 470 km do Recife, será implantada na margem esquerda do rio São Francisco. Os opositores destacam que em caso de acidente, as águas do rio espalharão a radiação ao longo dos estados de Pernambuco, Bahia, Alagoas e Sergipe. Um projeto estimado (inicialmente) em R$10 bilhões para gerar 6.600 megawatts de energia..
Last but not least”: e as nossas leis? Vão nos proteger? Ah! nossas leis! São as melhores do mundo!!! A esse respeito eu acho que nos cai muito bem o que disse Publius (or Gaius) Cornelius Tacitus (AD 56 – AD 117): “corruptissima republica, plurimae leges” (= quanto mais corrupto o país, mais leis ele tem). Isso pode não justificar. Mas explica muita coisa!!!
[No CAPÍTULO II - EXTRAÇÃO, PROCESSAMENTO, UTILIZAÇÃO E ALGUNS REVESES]

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