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21 de jan. de 2013

IMENSO POTENCIAL ECONÔMICO BRASILEIRO: PRESERVAR FLORESTAS E REVITALIZAR AS DEGRADADAS

Este tema também não pode ser "perdido de vista"!!!

Parece ser, para muitos brasileiros,  um pouco difícil entender que "explorar recurso natural" não é somente extrair minérios (ferro, alumínio, terras raras,  petróleo...), madeira, expandir a agropecuária, obter pescados... mas é também saber ganhar dinheiro com "florestas em pé", desenvolvendo ecoturismo e lucrando com créditos de carbono. E assim, PERPETUAR OS LUCROS!!!

  [Reproduzido de www.planetasustentavel.abril.com.br]

Créditos de Carbono

Como transformar ar em dinheiro

Cada vez mais empresas brasileiras estão participando do bilionário mercado mundial de créditos de carbono

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Por José Alberto Gonçalves
Guia Exame de Sustentabilidade 2007
Em menos de uma década, uma atividade inexistente transformou-se num colosso que movimentou 30 bilhões de reais em 2007. Trata-se do mercado mundial de créditos de carbono, que consiste em um fenômeno ainda pouco compreendido: a transformação de ar em dinheiro. Parte dessa conversão se dá quando empresas de países emergentes diminuem suas emissões de gases de efeito estufa e obtêm créditos, aprovados segundo o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), uma das peças-chave do Protocolo de Kyoto.
Esses créditos são então vendidos a empresas de países ricos com metas de baixar níveis de poluição em 2006, essas negociações foram de 6 bilhões de dólares.
É justamente nesse mercado que atuam as companhias brasileiras. Em 2004, o Brasil registrou o primeiro projeto de créditos de carbono do mundo, o do aterro sanitário Nova Gerar, uma associação entre a inglesa EcoSecurities e a S.A. Paulista, no município fluminense de Nova Iguaçu.
Hoje, o país tem 240 iniciativas nas várias fases de aprovação pelo conselho do MDL, na Organização das Nações Unidas. Caso todas elas sejam aprovadas integralmente, a atividade pode gerar quase 2 bilhões de dólares em receitas para as empresas brasileiras. Esse volume coloca o Brasil na terceira posição mundial em participação nesse mercado, atrás de China e Índia.
O caminho até a venda de créditos de carbono pode ser longo, exaustivo e caro (veja o passo-a-passo abaixo). Um projeto leva de dois a quatro anos até ser concluído por uma grande empresa. Para que saia do papel e se torne realidade, as empresas desembolsam entre 40.000 e 200.000 dólares.
O esforço vale a pena. O valor da venda de créditos pode superar em até três vezes o investimento para sua realização. Além disso, a iniciativa em geral reduz custos como o reaproveitamento de gases antes lançados na atmosfera como combustível em fornos industriais.
A redução de emissões também representa uma vantagem de imagem. "Para essas empresas, projetos relacionados ao meio ambiente passam a ser vistos como investimento e oportunidade, e não apenas como custo", diz Marcos Fujihara, diretor da consultoria Totum, especializada em créditos de carbono.
O primeiro passo e também o mais crítico é demonstrar que o projeto resultará, de fato, na redução das emissões de gases de efeito estufa. Para isso, a empresa precisa de uma metodologia aceita pelo conselho do MDL. Existem duas maneiras de obter uma metodologia: desenvolver uma a partir do zero ou escolher alguma entre as já registradas.
Hoje há 85 metodologias publicadas, sendo que a maior parte envolve aterros sanitários e mudanças de matriz energética. Todas foram elaboradas pelas próprias empresas participantes do mercado (a partir do momento em que uma metodologia é aprovada, ela se torna pública e disponível na internet, mas a empresa não ganha um tostão com isso).
As companhias que se dispõem a criar uma nova metodologia precisam de uma boa dose de paciência e empenho. "Cada processo pode levar até dois anos e há sempre o risco de que seja reprovado", afirma Marcelo Theoto Rocha, pesquisador da Universidade de São Paulo e consultor na área de crédito de carbono.
A Aracruz, uma das maiores produtoras de celulose do mundo, sofreu o baque de gastar milhares de dólares num projeto rejeitado. Em outubro de 2005, a companhia submeteu uma metodologia para defender a redução de emissões causada pela mudança no sistema de transporte de matéria-prima (que deixaria de ser feito por caminhões e passaria para navios). O projeto levou um ano e meio de estudos e custou à companhia 100.000 dólares.
"Pagamos um preço pelo pioneirismo", diz Rosane Monteiro Borges, gerente corporativa de meio ambiente da Aracruz. Agora, a Aracruz está conversando com outras companhias interessadas em desenvolver uma metodologia semelhante e, assim, dividir o risco de uma nova tentativa.
MERCADO AQUECIDO
Definida a metodologia, é hora de detalhar o projeto que deverá ser validado por uma consultoria externa credenciada pelo conselho do MDL e encaminhado à instituição responsável no país por uma espécie de análise prévia, chamada de Autoridade Nacional Designada (AND).
Aqui começa uma das fases mais burocráticas de todo o processo. No caso do Brasil, a AND é uma comissão coordenada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Hoje há sete profissionais para analisar centenas de projetos do MDL submetidos à aprovação da comissão nacional. Cada um deles leva até seis meses para ser avaliado.
Na China, por exemplo, o prazo de análise é de dois meses; na Índia, não ultrapassa três. Ao final, o parecer é enviado ao conselho do MDL, que pode aceitá-lo ou não.
"A comissão brasileira pede um sem-número de documentos para investigar qualquer deslize ambiental da companhia", diz Flávio Pinheiro, da consultoria Econergy, especializada no mercado de carbono. "A vantagem de tanto rigor é que dificilmente os projetos brasileiros são barrados pelo conselho do MDL."
A última etapa, antes da venda dos créditos, é monitorar a redução das emissões algo que deve ser acompanhado por uma auditoria (também reconhecida pelo MDL). O relatório é enviado ao conselho do MDL e só então são emitidas as chamadas reduções certificadas de emissões (RCEs), que podem ser vendidas no mercado internacional.
"O mercado está tão aquecido que há fundos comprando créditos antes mesmo da emissão oficial", diz o consultor Fujihara. Apesar do assédio, algumas empresas têm sido cautelosas.
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Laboratório da Solvay: expectativa de que os preços subam ainda mais
É o caso da indústria química Solvay, que acaba de emitir seus primeiros créditos, pela substituição de óleo combustível por gás nas caldeiras de sua fábrica em Santo André, na Grande São Paulo. No total, o projeto eliminou a emissão de 64.642 toneladas de carbono e seus créditos valem cerca de 3 milhões de reais. "Não venderemos agora o total de créditos obtidos", diz Paulo Schirch, presidente da Solvay. "Vamos esperar que os preços subam ainda mais." Há duas opções para vender os créditos: bater à porta dos mais de 100 fundos compradores de créditos de carbono ou pedir ajuda a uma consultoria. Como são raras as negociações diretas entre empresas, esses "intermediários" ganham cada vez mais força.
No Brasil, o número de consultorias que ajudam a estruturar projetos e vender créditos de carbono está se multiplicando. Recentemente, o ex-ministro do Desenvolvimento Alcides Tápias, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e o ex-embaixador Rubens Barbosa montaram empresas especializadas em vender esses créditos.
A gigante francesa Rhodia montou uma parceria com o banco Société Générale, em julho de 2006, e criou um novo braço de negócios para vender os próprios créditos e também os de outras empresas. O Brasil desempenha um papel central nesse novo mercado.
Um dos maiores projetos da empresa no mundo nessa área, equivalente a cerca de 1 bilhão de reais em créditos, está em Paulínia, no interior de São Paulo. "A demanda aumentou tremendamente nos últimos meses", diz José Borges Matias, vice-presidente do grupo Rhodia para a América Latina. "E há sinais de que estamos apenas no começo."
O PASSO-A-PASSO DO CRÉDITO DE CARBONO
Como obter créditos de carbono pelas regras do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), do Protocolo de Kyoto
1. MetodologiaÉ necessário criar um novo método para calcular a redução de emissão de carbono (e submetê-lo à aprovação do MDL) ou utilizar um dos mais de 80 já existentes e disponíveis na internet. O projeto precisa da validação de uma auditoria independente
2. AprovaçãoUma equipe coordenada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, em Brasília, avalia o relatório e o encaminha ou não ao conselho do MDL
3. RegistroO conselho do MDL analisa o projeto e pode rejeitar o pedido de registro, pedir uma revisão ou aceitá-lo
4. MonitoramentoA empresa monitora a redução das emissões de gases de efeito estufa após o registro, com o acompanhamento de uma auditoria externa
5. Emissão dos créditosO conselho do MDL emite os créditos de carbono, na quantidade equivalente às emissões informadas pela auditoria na fase de verificação
Fonte: especialistas
Uma rota alternativa
A entrada na bolsa de Chicago costuma ser mais simples - mas lá os créditos valem menos
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Floresta da Aracruz: uma das nove brasileiras associadas à bolsa
As empresas que não conseguem aprovar seus projetos pelas regras estabelecidas em Kyoto podem certificar e vender créditos de carbono nos mercados voluntários ou seja, em que os compradores não são signatários do protocolo, como os Estados Unidos.
O principal deles é a Bolsa de Clima de Chicago (CCX). O caminho para entrar nesse mercado costuma ser menos árduo do que as etapas de ingresso no MDL. Na CCX, o processo leva em média um ano metade do tempo consumido no mercado regido por Kyoto.
O custo de todo o projeto também tende a ser mais baixo, com um teto de 100.000 reais ante os 200.000 no caso do mercado europeu. "É uma boa opção para casos em que há mérito ambiental, mas sem aprovação em Kyoto em virtude de problemas com a comprovação da metodologia", diz Walfredo Schindler, diretor-superintendente da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável.
Criada em 2003, a CCX tem a adesão de grandes empresas, como Ford, Motorola e Cargill.
O volume de compra e venda da CCX movimentou, porém, apenas 30 milhões de dólares no primeiro semestre de 2007. Como é um mercado de adesão voluntária, os preços em Chicago são muito mais baixos em comparação aos outros e essa é a principal desvantagem da bolsa.
No final de novembro, a tonelada de gás carbônico era negociada a 2 dólares, ante uma média de 32 dólares na Europa. Hoje, nove empresas brasileiras estão associadas à CCX.
A maioria delas atua nas áreas de papel e celulose, como Klabin e Aracruz, que tradicionalmente não conseguem aprovar seus projetos florestais segundo as regras de Kyoto. Ainda que os critérios para aceitar esse tipo de proposta sejam mais flexíveis em Chicago, a auditoria dos projetos florestais pelos órgãos credenciados pela bolsa demora mais do que no caso dos demais (de 12 a 15 meses), por causa da complexidade dos cálculos do estoque de carbono da floresta.
A Aracruz aguarda para o final de 2007 o relatório da auditoria iniciada em outubro de 2005 em suas fábricas e florestas de eucalipto plantadas na Bahia e no Espírito Santo. "Precisamos ter paciência", afirma Rosane Borges, gerente corporativa de meio ambiente da Aracruz.

BIBLIOGRAFIA (algumas publicações, em pdf, importantes): acessar
 https://dl.dropbox.com/u/43607288/REDD-desafios-oportunidades.pdf
https://dl.dropbox.com/u/43607288/REDD-suinocultura.pdf
https://dl.dropbox.com/u/43607288/MANAUS-Beneficios%20economicos%20de%20areas%20protegidas.pdf

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